quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Eficaz


Eu não imagino dar início a qualquer coisa sem pensar na eficiência vindoura. Claro que existem os prós e contras. Mas se tudo que se organiza é passível de dar certo, por que não apostar que o que se imagina também pode ao mesmo tempo ser eficaz?
Viajei na maionese?
Nem tanto. Pensem bem. Um casal se prepara dias para um encontro tratado e marcado, se esmeram em detalhes pra deixar a noite perfeita, criam as cenas que num mundo imaginário são corretas. Conclusão: tem tudo pra dar certo. E não há ventania que possa atrapalhar esse objetivo, porque basta haver concordância e desejo pra ser eficaz.
E cá pra nós, pensar em fetiches sem eficácia é andar em linha turva...
Lógico que em se tratando de tempo e convivência tudo pode derrapar, alguns inconvenientes da vida acabam por criar barreiras que impedem uma preparação adequada para certos atos, entretanto, se houver capricho sempre dá pé.
Basta dar o tal jeitinho.
Daí eu vou mais além. Fetichista gosta de cenário. E não me refiro ao local apenas, mas aos adornos e aos próprios trajes de irão compor o chamado dia do dia que seria o dia mais feliz nas nossas vidas. Portanto, se o cidadão pede a dita cuja que se apresente perfeita pra festa não custa nada dar uma caprichada e também atender aos anseios da senhorita.
Agora, cabe as senhoritas o papel de exigir isso aos que tanto exigem.
Exemplos não faltam e tudo é muito simples: se os caras piram as moças também têm que pirar.
Hoje mesmo troquei idéias com um parceiro que é podólatra quando acorda, quando caminha nas ruas, quando dorme e quando sonha. Esse é raiz fincada na podolatria. Atuante e parceiro, ele anda surtando com sandálias havaianas. Deu um tempo nos saltos e agora prega as legítimas como seu sonho de consumo. Acho que o verão forte no Hemisfério Sul andou mudando os ares do sujeito ou ele deu uma guinada violenta, e, por isso, ele anda pirando por sandálias de borracha.
Nesse caso o cenário pede bermudas, vestidinhos e sandálias rasteiras. No entanto, não deixa de ser um cenário que diante do sonho de momento do meu camarada é o que fará a sua cabeça e se tornará eficaz quando posto a prova. Isso corrobora com a tese de que nem sempre o mesmo cenário é obrigatório na festa.
Esse é um caso, poderia citar outros tantos em que a mente fetichista conspira contra seus próprios conceitos em fração de segundos.
Diria minha impecável amiga Lady Vulgata que as pessoas devem se apresentar para a labuta fetichista em trajes de gala. No que concordo; desde que os trajes estejam de acordo com a ocasião. Imagina se o bondagista anda pirando por mulher vestida de chefe de torcida americana? A moça tem que por um tênis e saia curta. E se o bondagista tem podo misturado com cordas em suas entranhas? Terá que se contentar com o que criou e apostar na eficiência do tênis em lugar do apreciado salto alto.
Se a vida é uma troca a união fetichista é troca em dobro.

Daí a moça pensa em ter o sujeito de terno preto, camisa branca e gravata vermelha pra noite de prazer. Lá fora, um calor do cacete, de tirar o couro. Porra, leva na mala, se vira, dá um jeito e agrada a quem te agrada. A piração da moça por mais excêntrica que seja é a salvação do marmanjo em busca de dias felizes.
A tendência fetichista na maioria das vezes é cartesiana, mas os delírios são mutantes. De tempos em tempos a imaginação caminha por um lado e cria objetivos sem conexão com outros anteriores que costumavam comandar a brincadeira. E se cena fetichista é um jogo de adultos, está mais que na hora de elaborar um plano e seguir a risca o roteiro.

Dessa forma não há mar que vire o barco e nem maré que mude o curso.
Com certeza, tudo caminhará pra um final bem feliz...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

No Limbo


Geralmente não gosto de usar esse espaço onde leitores esperam por fatos fetichistas com comentários sobre o que se passa no universo BDSM aqui por essas bandas.
Mas infelizmente, fatos esdrúxulos e inconcebíveis aparecem vez por outra e extrapolam a inteligência alheia. E ultimamente, o que mais me irrita é falta de bom senso no meio. Lógico que estamos falando de um meio totalmente espoliado por conta da mídia que se acercou desse canal que antes apenas representava um gueto social.
A propaganda traz a novidade aos quatro ventos e com isso arrasta pessoas para esse espaço por mera curiosidade que podem até ter pensamentos alinhados, mas sem nenhum critério. E as redes sociais são hoje o maior elemento onde é possível mostrar serviço.
Entretanto, há que existir limite de quem solicita um enlace em canais tipo o Facebook. No meu caso, por exemplo, não faço distinção e coloco a minha fotografia e o nome real incluindo minha escolha fetichista em minha vida privada. Portanto, aceito a adesão de amigos do universo BDSM em minha página, ainda que estas pessoas optem por não exibir seus nomes e tão pouco suas próprias fotografias.
A única e crucial distinção que faço por razões óbvias tem a ver com a postura de certos amigos virtuais. Ora, sabedores que exponho meu nome e rosto e que a pagina é franqueada a familiares e amigos de fora do meio, não está certo que estas pessoas que se mostram fetichistas solicitarem a amizade virtual para postar em seus status fotografias pornográficas. Conclusão: Minha página vira um valhacouto de patifaria visível.
Nada contra imagens fetichistas de bom gosto, me refiro a situações onde mulheres achadas na rede aparecem lambendo caralhos e enfiando objetos em partes íntimas. Se a intenção for postar esse tipo de imagem, poderia haver a opção por abrir um grupo do Yahoo e convidar a quem queira assistir sem impor aos adicionados de uma rede social certos desejos.
Não sou puritano e não tenho preconceito por nada, muito menos faço pré-julgamento de ninguém, mas convenhamos que há pessoas que deveriam tomar um chá de simancol quando despertam.
Ok, basta cancelar a assinatura de fotos ou de status, mas o que irrita antes desse ato que considero um absurdo visto que houve uma solicitação de amizade, é a forma escrota como as pessoas se comportam expondo fotografias que sequer lhe pertencem, ou seja, funciona como uma prateleira onde artigos que agradam são expostos sem o menor constrangimento.
Existem sites apropriados para esse tipo de comportamento. O Fetlife é um deles, mas tomem cuidado, porque exibir fotografias desautorizadas em sites Norte-americanos é crime passível de punição e mesmo que nos perfis constem avatares e apelidos os caras rastreiam e deletam, a principio. A insistência causa denúncia.
Considero que a facilidade acaba por se tornar um caminho mais curto para a exibição do pensamento. A pessoa que faz isso normalmente possui um perfil criado do nada, com um nome inventado ou composto de acordo com seu desejo e outro trancado a sete chaves onde tem seu rosto e nome preservados. Perfeito, legitimo. Então, por conseqüência deveriam solicitar o adicionamento de usuários com as mesmas características, respeitando também a privacidade alheia.
Essa discussão é infinda e vem de anos.

Dificilmente pessoas que estão há tempos no meio utilizam desse artifício. O BDSM é um meio onde o preconceito de fora pra dentro é algo ululante, portanto, as pessoas ligadas aos aspectos que compõem o universo em que habitam devem sempre se preocupar em preservar o chão que lhes serve de base, evitando que gestos inconseqüentes acabem por jogar algo solido e construído por pessoas sérias no limbo.
Não me importo em ter em minha rede escravos e dommes na lista. Senhores e submissas também são bem vindos, desde que postem

imagens condizentes com o BDSM sem expor quem recebe a atualização de seu status.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mimos


Quem não gosta de receber um mimo?
Uma prova de carinho, gestos que sobrevivem ao tempo e até as nossas próprias lendas porque são guardados pra se tornarem eternos. E quando o papo é fetiche um mimo cai como uma luva. Porque todo fetichista que se preza tem seu lado voyeur, é inegável.
Ver a imagem que provoca a tal atração fatal protagonizada pela parceira (o) é algo pra se ter em conta. É observar com cuidado e deixar a imaginação fazer seu papel.
E convenhamos que hoje essa forma de realizar um desejo, ou quem sabe provocar uma atitude, está muito mais fácil de ser concretizada. Imaginem alguns anos atrás e pensem no transtorno que era bater uma foto, levar pra revelar e mandar pelo correio ou mesmo entregar em mãos. Isso sem contar com a provável exposição que uma foto mais ousada seria capaz de causar uma vez em mãos estranhas.
O mundo digital que tem seus defeitos nessa é só virtudes.
Até um bom celular é capaz de reproduzir uma cena bombástica pra um parceiro e depois ser deletada em questão de segundos. Claro que a pessoa a qual o mimo é endereçado deve ser merecedora de total confiança de quem se presta a ousar em poses nada convencionais. Confiança é algo que não se vende na farmácia e não se toma a força, simplesmente se conquista.
O melhor dos mimos fetichistas é aquele que carrega a surpresa. Concordam? Tentem captar a cena: a mulher sabe dos seus desejos mais ardentes e se prepara, escolhe uma ou duas roupas diferentes, e realiza sua fantasia através de poses que irão provocar o desejo imediato em fração de segundos. A satisfação mutua é total. De quem envia o mimo e de quem recebe.
Nesse caso, um vídeo ou umas fotos bem feitas são capazes de reproduzir o clima perfeito e ainda de quebra podem servir de pano de fundo para futuras masturbações quando a saudade aperta. Pessoas que se relacionam e vivem em lugares distantes usam os mimos em caráter de aproximação.
É lógico que a bravura de quem se dispõe a enfrentar o desafio de protagonizar um mimo fetichista deve ser enaltecida em gênero, numero e grau. É fato, pois algumas cenas quando realizadas de forma solitária são complicadas. Um self-bondage (o ato de se auto-amarrar), por exemplo, complica o set fotográfico se a pessoa não dispuser de um equipamento que produza disparos automáticos. Mas mesmo assim sou testemunha de mimos muito bem produzidos por quem se dedica a agradar a quem gosta.
Dos mimos fetichistas mais populares estão as fotos de pés. Diversos portais disponibilizam de forma gratuita onde mulheres sem rosto postam mimos para ilustres desconhecidos. Esses seriam mimos generalizados, diferentes dos mimos enviados de pessoa a pessoa.
Na verdade, o mimo enviado “door to door” aumenta a cumplicidade totalmente necessária entre parceiros que prometem colocar fetiches em suas vidas, e quando ele é concedido de uma pessoa considerada de fora do circuito fetichista o valor é em dobro, porque comprova a possibilidade de criar um elo entre o que pra muitos é um tabu e pra outros funciona como impulso.
O muro do preconceito e do “achismo” sem conteúdo está cada vez mais vulnerável...

Portanto, da próxima vez que houver a incontrolável vontade de mandar um mimo ao seu parceiro ou a sua parceira, em se tratando de fetichismo, deixe as lindas paisagens de fora e aposte em algo mais íntimo, ainda que concebido de forma “indoor”, e que de preferência possa aguçar o desejo de quem é merecedor de sua capacidade de criar um evento particular.
Os mimos fetichistas representam uma aproximação incrível, ainda que algumas pessoas duvidem desse efeito quase devastador.
Uma relação apimentada com ares de cumplicidade começa com o retrato das intenções.

Quer apostar?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Podolatria e Bom Senso


Se existe algo que gosto muito de fazer quando o assunto é falar de fetiches com seriedade é estender a palavra a quem sabe o que diz relativo ao assunto que lhe é de total interesse.
O texto a seguir não está solto no ar, ele faz parte do livro “Pés e Podolatria” enviado gentilmente por meu brother SensooBR .
Claro que muito já se disse aqui sobre isso nas tantas matérias do blog, entretanto não se trata apenas de uma idéia, mas de um conceito, baseado num estudo que ele desenvolve e desenvolveu sobre o tema.
Interessante para os que comungam do mesmo poder de sedução que os pés exercem dentro de um erotismo frenético e atuante, cada vez mais evidente na mídia, tanto para as meninas que vez por outra dão de cara com alguém que passa a admirar uma parte de seu corpo até então desconhecida por ela mesma, ou desprezada em certos casos.
Abaixo seguem os links onde é possível estabelecer uma linha de contato com o autor do livro e seus ótimos e eficientes conceitos.
Aspas pra ele.

“Lembro bem que lá nos idos da infância, me descobri com um tipo de interesse, no mínimo incomum por causa da pouca idade, relacionando um pé feminino a uma irrecusável e inexplicável sensação de satisfação interior. Eu tinha como brincadeira predileta ficar passando a mão nas solas ásperas e grossas dos pés da minha babá.
Com o passar dos anos, tal interesse foi se manifestando mais claramente, inicialmente ancorado apenas sob o aspecto visual, na medida em que eu me pegava sempre bisbilhotando discretamente os pés das mulheres, julgando suas aparências estéticas, classificando pés bonitos, pés feios e pés normais (ou desinteressantes). E isso acabou inclusive se tornando motivo de chacota entre meus amigos que me gozavam abertamente por causa desse meu interesse tão pouco convencional.
Mas na verdade era apenas os pés feios que me afetavam diretamente, provocando em mim uma absoluta rejeição inclusive sob o aspecto sexual, este conectado diretamente à minha libido. Nunca fui capaz de concretizar uma relação sexual com uma parceira de pés feios.
Com o advento da internet acabei descobrindo que eu era na verdade um “footlover” mal resolvido, pois se aqui em pindorama o fetiche dos pés era um autêntico tabu, no resto do mundo isso era absolutamente normal e, para meu espanto e surpresa, bastante divulgado, apreciado e até muito bem discutido na grande rede.
Desde então o fetiche dos pés femininos gradativamente deixou de ser apenas o “feetfetish” para vir a se tornar a podolatria, um neologismo que acabou se consagrando entre nós.

Hoje em dia, folgo em assistir aos avanços com que o assunto é tratado, mas percebo que ainda existe bastante preconceito entre nós em relação ao fetiche dos pés femininos. E, por se tratar de uma questão séria, e não simplesmente um tipo de parafilia, foi que resolvi mostrar e dar a cara a tapa e sair em busca de espaços midiáticos para divulgar e discutir abertamente essa questão tão polêmica.
Além do YouTube, onde mantenho um modesto canal para divulgar a podolatria, agora também me decidi enveredar pelo caminho do Facebook, onde acabei conseguindo amizade com o titular

desse grandioso blog, que me honrou com o convite para postar essas linhas e quem sabe até futuramente vir também a apresentar e discutir alguns conceitos relativos a esse empolgante e bastante controverso assunto.”

Links para o SensooBR:
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003301924345
Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=6-1Ik5_2R3g&feature=share

Um ótimo final de semana a todos!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sobre Nascer e Crescer


Num dia desses alguém me questionou sobre o fato de algumas pessoas nascerem fetichistas e outras somente encontrarem com esse estranho desejo anos mais tarde. Confesso que minha resposta teria necessariamente que passar por minha própria historia de vida.
Porque dentro do meu conceito tudo passa pelo desenvolvimento ao longo dos anos de um desejo que chegou aos primeiros lapsos de consciência.
Desde as brincadeiras infantis que a inocência escondia a fantasia latente, quase inconsciente e às vezes inconseqüente, aos primeiros contatos com uma aventura em preto e branco que aparecia na TV. Qual bondagista não gostaria de ser o vilão num filme de Hollywood? A mocinha amordaçada na cadeira e a índia amarrada numa árvore no meio do deserto inspiravam a velha teoria de Shakespeare: ser ou não ser.
Realmente, a idéia de ter o santo e o profano por dentro delimita a adolescência de qualquer um. Os dias e noites se alongam a propagam a velha dúvida que se carrega no peito. O fato de “não ser normal” amedronta e renegar é sempre a primeira medida. Afinal, seria muito mais simples descobrir certos gostos diferenciados quando se tem plena consciência dos sentimentos. É quando aparece a pergunta comum a um subconsciente corrompido de desejos esquisitos: por que eu sou diferente?
Na verdade, ser diferente é bom demais, é direito, legitimo, mas isso só fica claro quando os anos mostram um horizonte definitivo, quando nada é tão escondido e a fantasia já não se mostra no escuro. Mas enquanto tudo é um delírio disfarçado entre brincadeiras inocentes o sentimento tem mão única, é indivisível e muitas vezes ineficaz.
Qualquer fetichista que carrega consigo um desejo vive a sombra da dúvida até encontrar um rumo. Seja qual for à fantasia que o atrai, ele percebe que de fato o caminho que o trouxe até aqui, ao pleno entendimento, vem desde a maternidade.
A grande vantagem – talvez a única – que o fetichista que traz nas entranhas o desejo leva sobre os demais é justamente o caminho percorrido que vai se somar aos anos de experiência que virão a seguir. A utilização de fantasias oriundas dos sonhos que ao longo do tempo habitaram os pensamentos em segredo aflora anos mais tarde através das práticas. A criatividade tem uma razão de existir.
A lógica atesta que não há diferenças entre quem tem o fetiche marcado na certidão de nascimento e os que encontram esse sentimento muito tempo depois. São fatos isolados e que diferem apenas pela questão cronológica como um todo. O que pode existir é um acumulo de cultura fetichista capaz de transformar quem está a mais tempo na estrada num conhecedor pleno do que gira em torno dos seus próprios desejos, no caso de haver interesse pela pesquisa, porque a sabedoria se toma em doses diárias e o tempo não tem tanta influência assim.
No frigir dos ovos acho que respondi a pergunta de como tudo isso apareceu do nada pra um dia vir parar aqui nessas linhas. Do fetiche embrionário passando por experiências que marcaram e ainda em busca do que considero a cena perfeita. E essa procura não inclui datas e nem pessoas, é algo que trago comigo e ainda consigo dividir com quem durante anos troquei segredos: a minha própria consciência.

E dentro desse critério, o mais importante é ter pleno entendimento do que representa a razão maior do desejo e não abrir mão dos planos em hipótese alguma, mesmo que isso represente horas de procura ou até mesmo alguns dissabores.
A vida não é uma ciência exata e por conseqüência os sentimentos também não serão.
Porque se ainda a pouco falei na tal cena perfeita significa dizer que por mais perfeccionismo que haja no próprio desempenho, sempre haverá lugar para saborosas variações que façam com que algo que vem de tão longe realmente valha a pena.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Como Um Virus


Foi-se mais um Carnaval.
Mas a alegria segue viva, pulsante. E na verdade, a alegria deveria ser como um vírus, como uma gripe dessas de inverno que se propaga. Como a felicidade de ficar quatro dias ausente e dar de cara como minha caixa de emails cheia de boas histórias fetichistas e alguns pedidos pra postar no site.
O povo imaginativo esse fetichista!
Imaginem que tem marmanjo sugerindo que eu coloque uma menina amarrada dentro da geladeira, de porta trancada, de biquíni de preferência porque ele quer ver a moça tremendo de frio em pleno verão. Fora isso, diversas sugestões de artigos pra escrever aqui e filmes que alguém viu e achou interessante ler uma critica a respeito.
Me anima isso. E como dizem que o ano só começa mesmo depois do Carnaval vamos a ele.
O resumo dessa diversidade de conversas fetichistas é simples: a fantasia vem da cabeça e salta os olhos quando se revela. Desde a mulher amarrada na geladeira, passando pela leveza de uma tatuagem bem colocada até enredos bem elaborados de fantasias.
No universo fetichista cabe tudo, desde o carrasco encapuzado a simples brincadeiras inocentes de seqüestros lúdicos. (A namorada amarrada na mala do carro – imbatível). Basta se espremer que tem lugar pra todos. E sem essa de achar que fulano ou beltrano não deveria estar na lista de convidados, porque qualquer preconceito tem a entrada negada, é considerado “persona non grata”.
E mesmo depois da folia de Momo eu ainda aproveito o gancho pra dizer que vou colocar meu bloco na rua esse ano. Com certeza absoluta eu gravo meu segundo longa metragem no primeiro semestre. Os planos são ousados e vou exibir em primeira mão na Fetish Con em Julho na Flórida. Tenho uns quatro roteiros sugeridos e estou pensando em fazer uma compilação de todos pra criar uma historia bem bacana.
Daqui a pouco esse blog completa quatro anos de existência e chego aos mil artigos escritos e publicados. E com todos dentro de um mesmo tema. Nem eu mesmo acreditaria nisso há quatro anos atrás. Mas as boas novas não param por aí.
Em breve o site Bound Brazil vai estar repaginado. Novos cenários, meninas que chegam e provam cada vez mais que bondage não faz mal a ninguém, que não existe razão pra ter vergonha de ficar amarrada e se contorcendo diante de uma câmera. A fila está batendo na porta, as garotas querem um espaço na galeria de modelos que fazem sucesso mundo afora.
Mas tudo isso é efêmero, porque na verdade a minha real vontade é de que todos achem seu espaço e seus pares esse ano. Que o fetiche e as fantasias sexuais deixem de ser um tabu pra fazer parte do cotidiano de quem não quer ver sua relação indo pro ralo por conta da monotonia. Que novos “baunilhas” dêem as caras e apimentem mais ainda essa festa e que a inibição fique de vez trancada no armário.
E se esse blog e outros tantos estão na rede pra dar uma mãozinha que se cumpra a profecia.
Porque leitura é legal e conhecimento também, mas sem pratica nada disso funciona. Como fetiche de uma pessoa só. Até dá pro gasto, mas masturbação em demasia acaba inibindo a busca por dias melhores e aventuras eloqüentes.

Daí o artista escreve assim: “cara, hoje topei com umas solas de pés rosinhas, num par de Havaianas brancas. No tornozelo três estrelas tatuadas, um delírio. A vontade que tive foi de meter a boca naqueles pés e ficar horas me deliciando... “
Pois é brother, imaginar é perfeito, delicioso, mas cá pra nós: corre atrás da dona desses pés e das tatuagens ou ela pode te escapar. A chance às vezes é única e nem sempre é o dia da graça.
Portanto, vamos ousar e fazer da alegria a bandeira pra colorir os dias que estão por vir.
Quem sabe a vida não programa uma viagem

maravilhosa que começa logo ali, na próxima parada, no muro da estação?
Tem lugar nesse trem?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Shallow Ground (2004)


De um filme com um orçamento beirando os oitenta mil dólares não se pode esperar tanto.
Portanto, até os cinéfilos amantes de filmes de horror serão obrigados a quebrar a cabeça no intuito de decifrar o que o diretor Sheldon Wilson tinha na cabeça ao filmar “Shallow Gorund” ou Terra Rasa como foi traduzido quando exibido por aqui em 2004.
Lógico que nossa procura quando o papo é cinema se resume a tentar encontrar cenas de lindas donzelas em perigo, as chamadas “damsels in distress” que justificam o próprio conceito do fetiche de bondage, mas bem que algumas dessas obras poderiam ter por conseqüência um conteúdo mais agradável e, de preferência, descomplicado.
O que não é o caso, definitivamente, de Shallow Ground.
A história se baseia numa louca tentativa de provar que existe vingança vinda do passado quando um menino sujo de sangue aparece numa delegacia de polícia justamente um ano depois de um brutal assassinato de uma jovem da cidade ainda sem pistas.
Mas o roteiro é bem estranho, pois inclui seqüências de mau gosto e completamente incoerentes. Quando constatam, por exemplo, que o garoto sujo de sangue é, na verdade, um pouco de cada uma das pessoas mortas e desaparecidas na região, e sem entender nada o espectador fica de queixo caído ao ver a maneira como chegaram àquela conclusão: vendo cerca de 10 fotos, o policial surtado identificou um pequeno detalhe do garoto em cada uma das fotos.
Como se alguém simplesmente pensasse: "Nossa, como o lóbulo da orelha dele é semelhante ao dela!". Pouco a pouco, a história vai se desconstruindo e eventos de um passado nem sequer mencionado surgem para que nós pensemos que foi justo o que aconteceu com um ou outro personagem. Nessa mesma cena - a que o policial morre - surge uma imensa incoerência. Ele morre devido ao fato de ter matado um bandido que não lhe passava o dinheiro (propina) e esse mesmo bandido reaparece na forma do "garoto-sujo-de-sangue".
No entanto, o primeiro garoto do filme era um misto de várias pessoas "injustiçadas", então, por que o assassino do policial é exatamente o mesmo que ele matou? Seria mais racional, então, pensar que cada uma das pessoas que foram mortas pelo assassino encapuzado resolvessem acertar suas contas com ele.
Por outro lado, em meio a esse emaranhado de incertezas, surgem algumas cenas que nós cinéfilos fetichistas apaixonados por ver lindas atrizes americanas correndo perigo ficamos atentos. É quando a bela Natalie Avital resolve dar um show particular pendurada numa árvore mordendo uma mordaça de pano preto...
Valeram os incontáveis minutos pra ver essa cena?
Talvez sim, porque a grande coerência entre o que o cinema mostra em relação ao fetiche de bondage se resume nesse cenário. Nenhum fetichista em sã consciência é um psicopata prestes a explodir ou em meio a um plano sórdido de seqüestrar a vizinha mais próxima.
O cinema aproxima o que os fetichistas gostariam de ver.

Claro que, com a popularização da internet e o aparecimento de milhares de sites que exibem o fetiche sem ter todo um enredo de escolta diminuiu esse flerte, mas pra muitos, ainda vale a velha essência capaz de transformar um filme de quinta categoria em algo que pelo menos em poucos minutos valha a pena.
Resumindo, se sua onda é misturar trilher de terror e fetiches talvez Shallow Ground tenha alguma chance de ir parar dentro de sua coleção, mas se você aprecia a união de imagens de donzelas em perigo e um razoável

conteúdo é melhor passar batido ou salvar o que presta nesse pequeno clipe que eu posto a seguir.
Porque pensando bem, alguma coisa teria que prestar.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Fantasias nas Prateleiras


É cada vez mais popular a utilização de brinquedos eróticos quando há vontade de criar nas noites de sexo. Antes o que era considerado um tabu os sex shops viraram moda.
Opções não faltam e as amostras que lotam as prateleiras ou as vitrines virtuais pela internet cada vez mais aguçam a curiosidade de pessoas que são chamadas de baunilhas. Não há uma lista dos mais pedidos. O povo abocanha aquilo que a mente dá como dica, e a variedade é grande e oportuna, desde consolos de todos os tipos e tamanhos a lingeries sensuais, passando pela inevitável vista a objetos utilizados em sessões de BDSM.
E a galera que nem sabe o que significa essa sigla se esbalda com seus sonhos antes considerados impróprios e mundanos. Por que não colocar uma máscara negra, subir num salto, um par de meias finas e um chicotinho na mão numa pose de dominatrix?
As algemas são sugestivas e embora a grande maioria das lojas ofereça as de trava de segurança que possibilitam escapar em casos de desistência representam um fetiche.
Ousar é a palavra da moda. Foi-se o tempo em que utilizar esses jogos em transas gostosas era papo pra gente tida como pervertida como nós. Tem gente que aposta nesse esquema e de tanto que aproveita repete o que aumenta consideravelmente suas visitas aos sex shops.
E se há uma turma que não abre mão de gastar uma graninha nessas lojas de conveniência sexual são as meninas. Elas levam de tudo, desde calcinhas apropriadas com furinhos em locais exóticos aos potes de gel que esquentam e gelam na hora do “vamos ver”.
A febre é tamanha que tem menina vendendo de porta em porta produtos que antes só se achava em lojas escuras e ocultas num canto de uma galeria não muito povoada. As “sacoleiras do sexo” oferecem os mesmos produtos com direito a catálogo e encomendas e ainda aceitam chequinho pré-datado ou carregam a maquininha do cartão pra parcelar. E isso eu não escutei falar apenas, eu sou testemunha, porque algumas modelos do site Bound Brazil vendem essas peças às colegas de filmagem.
Me faz lembrar de um tempo, tipo metade dos anos oitenta, quando essas lojas abriram as portas por aqui. Tinha gente que nem olhava com medo do preconceito. Entrar? Nem pensar...
Se alguém falasse que na esquina havia um sex shop era execrado socialmente e taxado de tarado. Hoje, até em cidades do interior, onde nunca se imaginou existir, essas lojas faturam cada vez mais. Sinal dos tempos...
E as idéias fervem. As dicas na Internet sobre como utilizar os brinquedos das prateleiras dos sex shops em sua próxima transa são fartas e visíveis. Basta visitar um blog fetichista, um site de opinião feminina, que os relatos são intensos e até didáticos. A imaginação aflora, o coração acelera e com jeitinho rola um papo com o parceiro - ou dele pra ela - marcando no próximo final de semana algo que vai gerar energia capaz de manter o que de uma relação se espera: a chama acesa.
Portanto, não economize nas idéias. Deixe o pensamento fluir e se descubra através de jogos.
Sexo sem uma apimentada é como comida sem sal e tempero. Até desce, mas não dá vontade de repetir. E vá aumentando as doses aos poucos, saboreando pelas beiradas sem deixar cair nada pelo canto da boca.

Mas preste bastante atenção, porque se pintar uma rejeição logo de cara a proposta que você vai colocar sobre a mesa não desista. Porque a timidez às vezes é um obstáculo a ser ultrapassado e com calma e papo de pé de ouvido tudo se ajeita.
Agora, se a pessoa começar com historinhas de que isso é coisa de pervertido, de gente sem moral ou coisa assim, fique de antena ligada, porque com certeza seu parceiro ou parceira anda comendo a melhor parte do fruto bem longe de casa...
Quem valoriza a pessoa que tem ao lado escolhe pra realizar com ela as melhores aventuras da

vida, sejam elas sociais ou sexuais. E foi sempre assim, desde que o mundo é mundo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Days of Joy


Confesso que faz tempo em que aproveito os dias de carnaval pra dar uma reciclada, renovar o espírito, a mente e o corpo. A folia de Momo, os dias de alegria que pareciam intermináveis se foram, deixei pra trás, mas as idéias ainda me remetem a fatos imaginados.
O carnaval é uma festa pagã. Todo mundo sabe disso e desde que esse evento se tornou algo a ser festejado as pessoas se liberam nos dias de folia. E muitos aspectos fetichistas tomam conta das ruas e praças nesse período.
Fantasias, máscaras e personagens brotam de todos os lados.
Qual fetichista desavisado nunca flertou com uma colombina amarrada? Uma linda garota vestida de policial com algemas penduradas no cinto? Pode ser até de mentira, bem falso mesmo, mas a fantasia remete diretamente ao fetiche. Porque o fetichismo nada mais é que a representação da fantasia na vida real através do imaginário das pessoas.
O bom do carnaval é que nesses quatro dias (ou mais em algumas cidades) as pessoas ficam mais soltas, a vergonha é deixada de lado e cada qual faz uso do que sonha pra por em prática num baile, num bloco ou até mesmo num passeio quando o verão por aqui está mais forte.
E essas fantasias podem se repetir quando os dias de Momo terminam. Basta que as pessoas mantenham essa energia intacta e transportem o carnaval pra dentro de seus dias onde a fantasia tem lugar cativo.
É o chamado vale tudo pra ser feliz. Saca?
Alguém pode contestar essa pequena tese e analisar pelo fato de que nem todos se fantasiam no carnaval. Perfeito, mas o espírito de festa às vezes tem o efeito de um traje bem bolado, sem contar que usar uma fantasia em público é uma coisa, mas entre quatro paredes é totalmente diferente.
E nesse imbróglio de teses é importante ressaltar como os fetichistas encaram o carnaval.
Alguém já parou pra analisar como um podólatra se sente nesses dias? Com o fetiche a mostra em qualquer calçada o sujeito pira e com certeza termina na Quarta de Cinzas com um puta torcicolo de tanto que se contorce em busca do melhor ângulo para admirar belos pés.
Um parceiro que por acaso me visitou hoje aqui na empresa me garantiu que seu fetiche é por mulher peituda. É, o cidadão é chegado a uma espanhola ou punheta russa em alguns locais, que nada mais é do que a utilização do membro entre os volumosos seios das moças. Pasmem, porque ele jura de pés juntos que o carnaval é a época perfeita pra admirar as meninas com camisetas regatas mostrando a protuberância saliente debaixo do sol...
Sim, porque o fetichista que se preza não é muito chegado a imagens na praia. Parece estranho, mas o interessante é que as imagens colhidas na rua, através de uma blusinha fazem mais efeito do que os seios apertados pelo biquíni.
Isso é comprovado através de papos com essa galera que gosta de fantasia.
Por tudo isso vale lembrar que se o carnaval é uma festa de alegria nada melhor que transportar essa mensagem pra sua próxima aventura que irá ser bolada entre quatro paredes.
E não precisa muita coisa não. Basta guardar a fantasia e reutilizar para outros fins. Deixar amarelar no armário é perda de tempo.

Essas linhas me fizeram lembrar uma amiga que há muitos anos se apaixonou por um sujeito fantasiado de carrasco nos tempos dos bailes de clubes. Me recordo que o camarada tinha um capuz e um machado de plástico na mão. Pode parecer hilário, aliás, nem me toquei na época, mas com certeza se ela teve essa intenção naqueles dias é capaz de ter uma veia fetichista até os dias de hoje. E quem sabe ela e o carrasco tenham vivido felizes pra sempre? Vai saber...
Portanto, se seu lance nesses dias que estão próximos é ficar de fora da festa como eu o

melhor é observar e reacender as idéias. Não custa nada, cada ano que passa as fantasias mudam e tem sempre uma idéia nova pairando no ar.
Mas se sua opção for cair na farra, lembre-se sempre que nada termina na Quarta-Feira se o carnaval dentro de nós perdurar por muitos dias.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Fruto Proibido


Faz tempo que as pessoas me perguntam sobre a realização do desejo numa fantasia sexual, principalmente no tocante à própria continuidade e na chegada dos chamados novos desafios.
Pois bem, eles existem.
Isso é parte do aperfeiçoamento, porque as pessoas de uma maneira geral aos poucos moldam seus próprios objetivos. No entanto, pode um fetichista vez por outra se interessar por coisas novas, trocar papéis e criar um novo cenário em suas praticas? Pode.
E desde que esse processo se dê com naturalidade e prazer nada tem de errado.
Esse exemplo se encaixa diretamente como resposta a consulta que recebi de um amigo, que gosta de dominar sexualmente a parceira e agora se vê atraído em ser dominado por ela. Antes há que esclarecer esse aspecto da dominação quando se fala em fantasias. Porque existem duas formas de obter prazer nesse quesito denominado de D/S.
A dominação e a conseqüente submissão podem ocorrer em sessões de sadomasoquismo com o emprego da dor e castigos por circunstância ou pode existir numa sessão de bondage, por exemplo, quando o que se espera é o domínio sexual apenas.
Normalmente as brincadeiras de seqüestro lúdico em jogos de bondage deixam claros os papeis a serem encenados. Alguém seqüestra enquanto outra pessoa se submete voluntariamente. Nesse caso, é mais fácil ocorrer à chamada troca de posições no tabuleiro e o domínio muda de mão.
Já dentro de um jogo de SM o processamento da inversão de comando só existe quando há nos participantes a veia chamada de “switcher” e ocorre em poucos casos, devido justamente às escolhas e vocação.
É evidente que alguns praticantes gostam de dar nomenclatura a tudo que encontram no universo fetichista, porém, não existe um glossário específico que possa traduzir os desejos de quem se apega a jogos de BDSM. Portanto, não é válido estabelecer um elo entre um praticante de bondage e lições de masoquismo. Porque a própria entrega deixa claro que não existe ligação entre a dor e o prazer que se deseja obter.
Uma amiga a quem considero bastante me falou certa vez que um parceiro se dizia praticante de jogos de bondage, mas gostava além das cordas de ter seus desejos negados quando estava sob seu domínio. Esse prazer de ter seus desejos negados seria uma expressão de masoquismo? Não, prefiro considerar que este praticante flertava com o desejo pelo fruto proibido, e tirava excitação através das negativas que sua parceira empregava durante o tempo que era mantido imobilizado.
Considero essa linha mais tênue, branda, e não teria um elo com o masoquismo como expressão.
É importante observar que um masoquista não gosta de sofrer determinadas situações de desgosto na vida como muitos leigos apregoam, e muito menos tira tesão quando espreme seu dedo na dobradiça da porta por acidente. Ele precisa de todo um contesto, cenário e vasto conteúdo pra assegurar a garantia do prazer que está em busca.

Concluindo, aperfeiçoar as práticas fetichistas não significa necessariamente mudar de conceito e muito menos optar por uma troca de posição na fantasia. O fetichista precisa administrar seus desejos e buscar a melhor forma de ter satisfação com as aventuras que cria dentro de um relacionamento, sem a necessidade de violentar sentimentos.
Algumas práticas fetichistas são tão importantes para algumas pessoas que elas chegam a praticar por conta própria quando não encontram parceria, por isso, é importante que estejam cientes e desejosos quando estiverem diante do que tanto procuram.

Então, criar uma fórmula de manter sempre em constante ebulição tudo aquilo que emana de seus pensamentos, desde os tempos em que flertar com as fantasias de forma solitária era tudo o que se tinha.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

De Dentro pra Fora, De Fora pra Dentro


Demorou demais pra esquecer a timidez.
Pensou pra cacete, foram anos de escuro. Chances perdidas, relacionamentos pela metade, uma loucura fechada a sete chaves.
Lia demais, sabia tanto e guardava tudo e jamais dividia. As palavras nunca deixaram o pensamento. Era um fetichista completo, autodidata, e os textos e as fotos foram sua companhia nas noites sem sono.
Mas sempre existe um dia diferente quando todos os contos se tornam reais.
E numa dessas viradas da vida alguém interessante apareceu. Uma pessoa que preenchia o modelo tão desejado nas muitas noites de insônia. Uma mulher bonita, atrativa, inteligente, e o melhor, grande, com quase um metro e oitenta calçando trinta e nove e dona de pés que sua podolatria latente sempre andou a procura.
Mas a vida não é perfeita e muitas vezes o certo chega por caminhos opostos. A internet é vasta e reúne pessoas de lugares distantes, de norte a sul num país de dimensões continentais. E pra complicar mais ainda nosso personagem de hoje, ela pouco ou quase nada sabia sobre o assunto.
O cenário não era dos mais agradáveis, mas ele não desistiria tão fácil.
Primeiro conseguiu vencer a timidez que jamais lhe permitira sequer escrever o que tanto lhe encantava mesmo através da tela de um computador. Dado esse passo ele tinha plena consciência de que ela poderia lhe dar um fora e nunca mais voltar.
Mas ela queria saber. Ainda que de fora pra dentro do meio fetichista havia nela a intenção de conhecer aquele mundo e, principalmente o que movia seu habitante. Sagaz, ela cativava com as palavras escritas de uma forma direta. Mostrou os pés na câmera, exibiu fotos calçando botas de inverno e falou em cheiro, suor e desejos.
O cara pirou. Uma piração de fato e de direito que o levou imediatamente a esquecer o sono, só que desta vez por uma bela causa. O mundo se resumia a ele, ela e as telas de computadores.
O que era imprevisto virou realidade e ela, por sua vez, comia cultura fetichista em generosos pedaços através do que ele a indicava pra ler e por seus próprios instintos. Contou sobre vontades que teve, de desistências de pessoas as quais se relacionou e chegou ao ponto de dizer que este era um dos seus desejos escondidos.
Bendito segredo...
Pirou mais uma vez e blasfemou contra todos os analistas de sistemas por não terem inventado algo mais real dentro do mundo virtual.
Ela tinha que ser dele e ele queria se entregar a ela. Por completo, sem frações.
Fez as contas, calculou roteiros, reinventou dias de trabalho e descanso e plasmou um encontro a qualquer preço. Ela tinha duvidas. Sair da fantasia escrita e falada pelo telefone é complicado para uma mulher jovem e do interior. Brecou seu impulso e queria não querendo, se policiando, medindo, enquanto ele a queria de qualquer maneira.

Hoje ainda discutem formas e métodos que os aproxime. Ela já não faz tanta objeção assim de brincar com o novo, com o que já não é mais tão desconhecido assim. Ele elabora planos, pensa em largar tudo, noutras friamente percebe que o passo a ser dado além de definitivo tem que ser consciente.
São as melodias que a possibilidade do mundo virtual coloca na vida das pessoas e age como um vício, criando uma dependência muitas vezes cruel e desumana.
Mas há de chegar o dia em que ele a trará pra perto ou ficará bem longe, porém, muito próximo daquilo que ele sempre imaginou como ideal.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Desenvolvendo os Sentidos


A dica do assunto de hoje não saiu da minha cabeça. Vem de longe, do extremo sul, quase onde uma fronteira separa o país dos nossos “hermanos”...
Mas dessa mente inteligente e de um coração lindo e cativante, surgiu à idéia de falar sobre o desenvolvimento dos sentidos quando o assunto é fantasia sexual.
Sabiamente ela adota o pensamento que os adultos usam com as crianças, porque quando a mãe num ato autoritário diz ao filho que não toque em qualquer objeto ele olha, venera, mas aceita a ordem, justamente porque está em aprendizado.
E como eu sempre repito que um fetichista consciente deve estar em constante aprendizado é hora de saber se quem se dedica as práticas está desenvolvendo seus sentidos. Pra isso, basta uma voz de comando e alguém que assuma ser comandado. Claro que há receitas ótimas que podem adornar esse jogo, entretanto, o que prevalece é a intenção de fazer com que um sentido se ocupe do outro durante a tal proibição.
Ok. Vamos pra prática.
Experimente vendar os olhos da parceira e acabar com o sentido da visão ainda que momentaneamente. Dê a ela a chance do tato ou do olfato e procure fazer com que estes dois sentidos sobreponham à falta da visão. Na certa ela passará a desenvolver uma capacidade sensorial pra esse fim. Vale a experiência, por que não?
A diferença fundamental é que esse tipo de jogo pode aos poucos limitar alguns sentidos e aguçar ainda mais o desenvolvimento de outro. Utilizando a técnica de bondage, por exemplo, é possível imobilizar quem está sendo comandado na atividade e limitar ainda mais a sua capacidade. Sem visão e sem tato, restariam o olfato, a audição e o paladar.
Na verdade, quando se trata de fantasias ou jogos de adultos o mais importante é o fator criatividade. Quando a idéia nasce de um dos lados e é imediatamente aceita por outro a tendência é que haja o engajamento total de ambos na busca pelo desconhecido, com a clara intenção, nesse caso, de aumentar consideravelmente o prazer.
Não existe prática de BDSM que não busque o prazer como alvo.
Entra nesse jogo um componente importante que muitas vezes move o fetichista na constante busca dos seus próprios desejos. Porque vale ressaltar que alguns desses sentidos são fundamentais para quem se dedica a estas práticas. Não é difícil encontrar pessoas que se excitam com odores, bons ou considerados ruins, da mesma forma que a audição atinge em cheio o desejo de outros.
Claro que é complicado imaginar uma fórmula de limitar o olfato de alguém sem utilizar métodos perigosos como a asfixia. Mas vale uma tentativa de fazer com que quem está subjugado não tenha atendido seu desejo e tente através deste desenvolvimento de sentidos buscar outra aproximação com o que lhe causa o êxtase.
Ora, ele não pode naquele momento sentir o odor do sexo da parceira, mas tem total consciência do que lhe fascina.
Por isso, esse tipo de fantasia pode ser considerado um jogo de BDSM.

Não há receita certa e infalível para que essas fantasias tenham êxito total. O que conta é a capacidade de cada um em tentar novas fórmulas que garantam uma aproximação com novidades, desde que respeitados sempre os limites dentro daquilo que rege o principio da consensualidade.
Lembrando a adolescência, esse tipo de atividade fetichista nos remete às brincadeiras de tape os olhos e adivinhe o que tenho nas mãos. A diferença está na prenda do vencedor. O que antes valia um beijo inocente pode na fase adulta valer algo bem mais interessante.
Então? Gostaram da idéia da gaúcha?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Olgas’s House of Shame (1964)


Um filme lotado de cenas de BDSM em 1964 deve ter causado uma onda de terror e êxtase inimaginável ainda que tenha sido produzido em solo norte-americano.
O enredo é simples, básico até, e começa num clima de vingança contra a sociedade.
Uma cafetina chamada Olga é expulsa do bairro de Chinatown em New York e move seu elenco do bordel que antes dirigia para uma mina de minério num local bem afastado, desértico, e carrega consigo sua clientela de criminosos e vagabundos.
Mas o que chama a atenção na obra do diretor Joseph Mawra são as cenas de BDSM que ele se propôs a filmar numa época de muito contraste social entre as expressões fetichistas e as regras impostas pelo chamado “American Way of Life” em plena guerra fria.
Assistindo ao filme você não verá uma donzela em apuros, mas sim várias correndo risco nas mãos de homens sem nenhum escrúpulo ou critério. É tortura comendo solta, numa história bem real totalmente produzida com baixo orçamento e com câmera de mão.
A excelente narrativa e a musica de Wagner são destaques.
Esse é o terceiro filme de uma série e escrever uma critica sobre a obra como um todo é pura perda de tempo, quando nesse caso, as imagens são o ponto alto e com certeza levariam o fetichista a percorrer os minutos da película em busca das melhores cenas.
Costumo repetir aqui quando se fala nessa conjunção entre o cinema e o BDSM que via-de-regra é o primeiro canal que aproxima o fetichista daquilo que ele mais gosta; dos seus desejos. Com isso, fica evidente que cenas de impacto servem apenas de parâmetro para o que se busca de verdade. Porque não vai imaginar algum leigo que venha ler essas linhas que aqui se prega a violência gratuita e insana contra a mulher.
Portanto, assistir a um filme praticamente pioneiro o qual tem a premissa da narrativa, talvez na tentativa de deixar explícito aos espectadores o teor da historia é sempre uma busca, um aprendizado.
O diretor mostra que coragem não tem preço, aposta num roteiro que parece feito sob medida para um segmento e leva ao cinema. O resultado nem sempre é satisfatório já que alguns boçais se negam a enxergar certas diferenças, ainda mais em plena década de sessenta.

Portanto, ter um filme desse nível disponível na coleção significa dar um passo em direção a própria essência que uniu e une o cinema e o BDSM. Agregar cultura nunca é demais, ainda mais quando está ligado a alguma coisa que se tem como princípio ou filosofia de vida.
Pra galera que gosta de um garimpo vários sites de download disponibilizam a série, porém, em baixa qualidade. Na Amazon ou na CD Universe é possível encontrar a bom preço a versão remasterizada desse clássico do BDSM

no cinema.
E fiquem atentos porque este em questão é o terceiro episódio.

Abaixo uma amostra de uma cena narrada.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Dependência


Engraçado como alguns termos do cotidiano conflitam de alguma forma e de outras eles são bem vindos. Dependência. Em se tratando de vários aspectos da vida a dependência é nociva.
A dependência química, por exemplo, é intolerável, aniquila até, mas a dependência fetichista e sexual é sadia e bem vinda.
Quer saber como?
Basta experimentar encontrar alguém que tenha o perfil sonhado, desejado e imaginado.
Pode ser que existam até diferenças esféricas, mas no olho do furacão algo apaixonante e talvez definitivo esteja a caminho.
É normal que se imagine que fetichistas costumam construir castelos. Evidente. Entretanto, quando existe a possibilidade da pratica em total harmonia, a simbiose é perfeita. Não estou falando de pessoas que cedem apenas em relação a fantasias e práticas, me refiro à cumplicidade total, quando dois corpos decidem dividir os mesmos sonhos e esperanças.
Ora, não é assim nos relacionamentos?
Se existem duas pessoas dividindo uma vida, um destino, é normal que busquem a totalidade. E nas expressões fetichistas nada é diferente, porém, precisa ser mais homogêneo. É a velha história da fome com a vontade de comer. É até admissível que a fantasia apresentada tenha sido para ambos ou não um simples devaneio esquecido em algum ponto perdido, mas quando praticada se produzir o efeito do prazer comum a dependência é certa.
Algumas pessoas se negam a estar dependentes de outros nessa questão. Acham perigoso, algo como se em perdendo dificultaria até mesmo se reerguer após um lamentado fracasso, mas isso, por outro lado, significa abrir mão do direito de ser feliz.
Dizem que as mulheres têm sempre uma reserva de sentimentos guardados para esses casos, mas isso não sou eu quem afirmo, ouve-se por aí. No entanto, esse é um processo de absoluto desgaste para os dois lados e qualquer reserva é incapaz de cobrir o rastro que sobra.
De mais a mais, seria estranho falar em ruptura quando existe a força de uma relação pulsando. Óbvio que as pessoas tendem a analisar as próprias vidas quando existe a possibilidade de se expor, se abrir ou se entregar. Mas não há outra formula capaz de fazer com que o útil se alinhe com o agradável e justificar a dependência afetiva é como desafiar a própria objetividade da vida.
A correlação nesses casos é bastante obliqua. Porque não é apenas um masoquista que depende de uma sádica ou um podólatra que depende de uma deusa que lhe ofereça os pés, esse tipo de dependência vai além das próprias necessidades básicas de enquadramento dos fetiches. É a síntese do envolvimento entre duas pessoas com um combustível a mais, pronto pra incendiar tudo em volta, porque deixa de existir o envolvimento apenas para a realização de práticas, ou seja, as pessoas passam a se envolver por todos os aspectos.
Paixão não se explica, ela apenas acontece...
Pois é, conheço pessoas que se envolveram pra brincar de jogos fetichistas e hoje são totalmente dependentes um do outro.

Claro que esse tipo de decisão é uma questão de foro intimo, e cada qual deve ser responsável pelos seus próprios atos. Há pessoas que aparecem no meio e se relacionam através de parcerias extraconjugais. Isso é comum, é fato. E a responsabilidade começa justamente nesse pequeno detalhe que pode ser responsável por uma mudança inesperada de rumo ou terminar como uma passageira paixão de verão.
Cabe a quem dá o primeiro passo decidir até que ponto quer chegar, porque se houver a entrega total com certeza a dependência vai estar inserida diretamente nesse contexto, aí brother, é hora de decidir o caminho certo na encruzilhada.
Portanto, se o oceano a frente estiver de acordo com o imaginado é hora de navegar e se pintar a dependência melhor, afinal, pra ser feliz não existe marcada...

Concordam?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Conduta


O fetichismo é um eterno jogo de perguntas e respostas.
Desde a descoberta, quando o fetichista faz as perguntas pra ele mesmo, pra seu subconsciente, até a fase de desenvolvimento quando ele precisa interagir em busca de um melhor desempenho.
E pra quem descobre que existe esse universo paralelo numa mesma dimensão as perguntas são intermináveis. A lista seria tão extensa que cobriria os mais de 400 quilômetros entre Rio e São Paulo. Porque além de analisar a sua participação em determinadas fantasias, ele quer entender o mundo a sua volta e de como as pessoas tiram prazer através de atos que até então eram inimagináveis.
Entretanto, o fetichista seja ele um curioso recém chegado, um iniciante ou até mesmo um experiente, precisa estar atento a sua própria conduta dentro e fora do meio. A exteriorização do fetiche em casos de exibicionismo é até certo ponto aceitável, porém, em alguns deles ela se torna intolerante. Porque existem abusos desmedidos principalmente da parte de alguns que por serem inexperientes procuram alguma forma de se exibir no meio em busca de certa projeção.
Ora, os fetiches sexuais são atos que de uma maneira geral estão ligados a relações íntimas, salvos alguns casos onde existe a exibição em locais apropriados, como um espaço reservado para um evento ou em sites comerciais. A exposição publica de práticas não cabe em mentes conscientes e maduras. Tá certo que o sujeito seja fetichista e goste de trampling, mas ir até uma sapataria com sua parceira e pedir que ela experimente um sapato dando pisões em seu corpo deitado na frente de uma clientela que não está lá pra ver este tipo de cena é um abuso, da mesma forma que seria um acinte o casal se despir no meio de um Shopping Center e começar uma transa.
Há que existir bom senso.
Atos desautorizados se tornam ofensivos aos olhos de quem não está interessado em assistir.
O exibicionismo é uma fantasia, assim como em certos casos de submissão ou masoquismo a humilhação também é. No entanto, vale esclarecer que as pessoas que se dispõe a assistir essas cenas devem conhecer do assunto e saber do que se trata. Leigos se assustam e aumentam ainda mais o sentimento preconceituoso que existe contra esse tipo de preferência.
As sociedades dos países latinos sofrem de um atraso considerável e não têm absorção pra esse tipo de pratica como em países desenvolvidos. Não que essas praticas sejam comuns a todos, apenas elas são toleráveis, mas mesmo assim as pessoas não aceitam que haja essa liberdade toda de se exibir em locais onde não exista complacência pra tanto.
Há outras regrinhas básicas de conduta dentro do fetichismo, ou do BDSM se assim preferirem, e elas devem ser interpretadas como condição única e aceitável para coexistir no meio. Até mesmo em espaços dedicados a esse tipo de assunto na Internet, como blogs e sites deve haver esse exercício de conduta também. Escrever sem responsabilidade é temeroso, porque pode uma pessoa com alguma simpatia encontrar aversão naquilo que lê.

A principal fonte de consulta do fetichismo é a literatura, farta nos dias de hoje e imperceptível em tempos idos. Porém, o próximo passo de quem encontra interesse pelo tema é a aproximação com pessoas que possuam um grau de entendimento suficiente para servir de interlocutores entre o recém chegado e o meio.
Portanto, ser coerente numa hora dessas é tudo que se espera de pessoas que de um modo ou de outro tiveram acesso há mais tempo.
Não existe verdade imutável e tão pouco alguém que se apregoe o dono dela.
Fetichismo é antes de tudo uma conjunção de desejos e o objetivo a ser alcançado é o prazer.
Fora disso, é conversa jogada fora ou pura falta do que fazer, já que os mesmos anjos e

demônios que habitam esse universo fazem parte do mundo como um todo.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Uma Certa Batata da Perna


O encontro entre o fetichista e o objeto do desejo ocorre do nada. Algumas vezes descompromissado, noutras premeditado, mas o certo é afirmar que é um choque de intenções, ou melhor, de boas intenções.
Como foi numa certa vez em que um toque numa batata de perna causou arrepios.
Era lisa como um papel de seda e pedia algumas cordas em volta. Era o plano, porém, alguém precisaria lembrar a dona da batata onde estava escondida a tal fórmula. Evidente que se a batata sequer me pertencia haveria um abismo entre a vontade e a razão, quanto mais pensar em atos fetichistas que até aquele momento seriam quase apavorantes.
Mas um fetichista real não larga a bandeira ou abandona a luta.
O sentimento de solidão é tão intenso que um Robinson Crusoé em meio a uma ilha deserta em algum ponto do oceano seria o príncipe consorte. Porque primeiro você tem que explicar como tudo funciona, aonde a chama acende e o que faz pra que isso aconteça, e depois de tanta lábia haverá um momento em que entram historias que nunca ensinaram pra ela na escola, ou sequer ouviu num entreouvidos num bar de esquina.
Tá certo que o ser humano é mutante e inúmeras vezes se arrisca em prol da própria capacidade de entender certas questões. Mas nem todas são fáceis de explicar ou diluir num papo de pé de ouvido. E nessas horas, toda paciência conota sabedoria e a experiência diz quando e como se arriscar.
Essa historia não tem um final. Será feliz ou infeliz o bastante, porém vale lembrar.
Como tantas em que o mundo deu voltas, pra mim ou pra qualquer um de vocês.
Toda lenda fetichista, urbana ou não, sobrepõe uma cantada barata. Normalmente as pessoas procuram o que desejam através de simples combinações, afinidades que aparecem quando os assuntos começam a emergir. Os hábitos ultrapassam os anos e de geração em geração o interesse por quem se deseja está sempre em voga.
Mas quando o que está em jogo é a conquista e a perpetuação dos desejos através de jogos ou fantasias, o buraco é literalmente mais embaixo. Que me contradigam todos que já se aventuraram por aí atrás de suas próprias historias e lendas. Nunca foi fácil ou será fácil estabelecer um critério que possa suprir toda a ansiedade que o momento traduz.
Não há uma regra básica que possa servir de roteiro.
Você precisa conquistar a pessoa e deve saber o momento certo de colocar seus argumentos, mas sempre falando a verdade ainda que isso signifique o maior fora que você já escutou em toda a sua existência. E não se sinta diminuto ou como se dentro de você existisse um médico e um monstro. O que existe é apenas sentimento e um desejo incontrolável de realizar o que a vida te fez acreditar ser a melhor das aventuras.
O resumo da ópera é bem simples: não pode haver desistência.
Porque basta acreditar que tudo é possível e um dia será. Assim como será com a dona da batata da perna ou aquela que tem os pés que você sonhou, ou ainda, a musa perfeita pra ser a donzela em perigo dos seus sonhos.

Alguém me disse outro dia que até gostava de ler meus artigos, mas na verdade achava que o mais importante era pode praticar o que se lê por aqui. Certo, estou de pleno acordo, mas nem tudo é tão simples quanto parece ou muito complicado como se mostre.
Uma vez que exista interesse dos dois lados tudo será belo no reino da fantasia e tão real assim que as pessoas se decidam a afagar seus próprios anseios.
Portanto, da próxima vez que estiver diante do objeto de desejo maior use a sabedoria e a perseverança. Um dia a batata será minha e nela darei tantas voltas de corda quanto couber na

minha imaginação fetichista.
Faça isso, sonhe e abuse.
Um dia tudo se torna real.

Um excelente final de semana a todos!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Spun (2002)


Tá certo que as pessoas que se interessam saiam por aí garimpando pra encontrar o que o cinema mostrou sobre BDSM. Na verdade, o primeiro contato do fetichista e suas fantasias vêm do cinema, por isso não é raro encontrar fetichistas ligados à sétima arte.
Dito isso, o pesquisador do BDSM no cinema é atraído em primeiro lugar pelas fotografias que fazem parte da divulgação do filme, só depois ele procura saber sobre o conteúdo da obra.
E nossa história de hoje faz alusão ao filme Spun, dirigido por Jonas Akerlund do ano de 2002.
Num universo confuso rodeado por drogas, traficantes e rock and roll, esse cara tirou ótimas cenas de bondage com pitadas de SM. Parece mentira, mas o roteiro é algo tão indecifrável que talvez um sujeito totalmente drogado fosse capaz de desvendar o que a direção quis mostrar ao espectador.
O filme mais se alinha com um estudo do caráter e conduta dos personagens do que com uma trama de suspense ou horror. A atuação dos atores é de dar dó, porque soam estar tão drogados como os personagens que representam. Claro que a beleza de Chloe Hunter não pode passar despercebida. A menina é um caso a parte e no papel da donzela em perigo está perfeita.
O que o filme tenta mostrar é uma odisséia de três dias de sexo, drogas e rock and roll. Alguma coisa com traficantes perigosos aparece como pano de fundo, entretanto, o que vê são rostos deformados pela quantidade excessiva de drogas consumidas e uma orgia sem nexo.
Subtrair algo de bom além das cenas de bondage é complicado.
A grande vantagem pra quem gosta do fetiche é a duração das cenas em que Chloe Hunter aparece algemada e amordaçada na cama. O diretor deu uma canja pra essa gente bacana que se posta na turma do gargarejo em busca do fetiche. Dá pra tirar o chapéu e bater palmas pra ousadia do cara, no entanto, a coisa pára por aí.
Se alguém decifrar o enigma que o cidadão criou em Spun eu aceito a critica.
Talvez um misto de cenas de velocidade irresponsável e falta absoluta de moralidade seja a idéia principal. Ou quem sabe algum conceito escondido não tenha me chamado a atenção.
Porém, se sua fantasia é imobilizar uma mulher por um longo tempo e deixá-la a sua mercê não tenha duvidas de que esse é o seu filme. Os detalhes das partes imobilizadas da bela atriz me remetem aos filmes de bondage.
Aqui minha nota é dez.

E pra ter na coleção somente por esse critério. Qualquer outra intenção de tentar convencer que esse filme vale a pena como obra cinematográfica cairia por terra.
A versão em DVD com ótima resolução é fácil de achar em sites como o Amazon.
Na rede, não encontrei nada que possa passar como dica para quem prefere no 0800. Nem em arquivo torrent eu achei. Fiquem com um pedaço do filme e reparem numa cena fetichista muito legal.