terça-feira, 31 de maio de 2011

As Pernas


Da série, vale à pena postar de novo.

Sou totalmente contra aquela frase que diz: perna é a primeira coisa que se põe de lado numa transa. Afinal de contas, trepar sem olhar uma perna tesuda é o mesmo que beber coca-cola sem gás...
Viciado em bondage como sou, não seria leviano afirmar que uma das melhores imagens de uma amarração perfeita começa pelas belas pernas, juntas ou cruzadas numa sintonia geométrica.
Mas há detalhes nas pernas das princesas os quais evidenciam onde cada um tem a sua preferência. Que me desculpem as lindas meninas de pernas cabeludas, mas a sensação que tenho ao tocar numa perna cheia de pelos é a mesma de transar com um zagueiro do Madureira!
Mulher nasceu lisinha e tem que permanecer assim a vida toda, bem depilada como uma bola de encher de festa infantil. A meia de seda desliza melhor, a pele fica cúmplice dos beijos e carícias, enfim, são inúmeras as vantagens que compensa o sofrimento que a cera quente causa a algumas. Eu disse a algumas porque as que gostam de uma dorzinha devem apreciar esse “castigo”.
Na adolescência tinha um vicio incontrolável de olhar as pernas das professoras na sala de aula, tanto que um dia cheguei a levar um esculacho da cara cair. E as colegas de saia justa e plissada com a meia enrolada no tornozelo valiam umas três masturbadas diárias.
Morder uma batata da perna lisinha é uma sensação tão gostosa que deveria ser degustada de joelhos em reverencia ao indescritível momento. Quando tem marquinha de corda então, sai de baixo, é paudurescência na hora!
Chego então à iminente conclusão que sou um “Pernólatra”.
E se esse termo ainda não faz parte do glossário BDSM não se preocupem, pois acabei de inventar.
Faz uns três anos estava indo para Petrópolis com minha namorada e paramos num restaurante chamado de Casa do Alemão. Quem mora aqui no Rio de Janeiro conhece bem o lugar. Mas em determinado momento fui surpreendido por um beliscão porque estava de olhos grudados num belíssimo par de pernas em cima de um salto perfeito...
É... Sou mesmo incorrigível...
Perna em bondage é um fetiche perfeito. Diria que são coisas que se combinam. Quando a mulher está com as pernas suspensas e toda amarrada pelos tornozelos, gera uma sensação de impossibilidade de reação capaz de levar a loucura qualquer bondagista que se preze. O efeito da exposição e vulnerabilidade é passível de coisas que até o diabo duvida.
Muitas mulheres ficaram famosas ao longo dos anos por terem pernas consideradas irretocáveis, mas imagine amarrar as pernas da Ana Hickman? Um metro e vinte centímetros de pernas, ta lá no Guinness Book, seria preciso alguns bons metros de corda pra sessão ficar perfeita. Um sonho de consumo...

Devaneios a parte, prometo nos próximos dias bolar um set fotográfico no Bound Brazil fazendo diferentes amarrações nas pernas de uma das modelos, claro, com uma canja pra galera que freqüenta esse blog. Pode deixar que arranjo com o Evandro Papa Mike pra colocar num link para download.
Resumindo, as pernas podem não ter o mesmo apelo de uma bunda, nem tão pouco ostentam o titulo de preferência nacional, mas garanto e assino em baixo que elas tiram o sono de muitos pernólatras como eu, afinal elas começam quando o sonho dos podólatras termina e

deságuam as portas do paraíso.
Ou alguém aqui duvida?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Bizarria e Lucidez


Várias são as formas como manifestações fetichistas chegam ao conhecimento das pessoas.
Uma foto numa revista, uma reportagem ou até mesmo um canal de opinião pode ser o responsável por levar o assunto a uma platéia predisposta a escutar ou ler.
Então me deparo com um email hoje pela manha de um leitor, amigo do blog e assinante do site Bound Brazil, com um link sobre uma matéria expondo o fetiche de bondage num local de livre acesso, onde é possível colher diversos tipos de opiniões distintas sobre o tema.
A diferença fica clara. Aqui ou nos diversos canais que postam sobre o assunto as pessoas de antemão sabem valorizar o que se escreve a respeito de bondage e outros elementos que costumamos chamar de expressões fetichistas. Por outro lado, num endereço eletrônico onde diversos artigos são abordados, a possibilidade de divergência de opiniões é imensa e altamente preconceituosa.
O artigo assinado por uma jornalista chamada Thais Pontes é interessante. Aborda uma conversa informal com uma modelo que pratica bondage com o namorado fotógrafo e tem pleno conhecimento do assunto. A explicação sobre o fetiche é bem óbvia, mas eficiente e consegue, em minha opinião, alcançar o que principiantes esperam do fetiche.
Os vídeos dos “Two Knotty Boys” apresentados são comportados e passam a idéia de que praticar bondage é como realizar um numero de mágica, aliás, como tudo que esses caras produzem, mas mesmo assim os comentários sobre o assunto são totalmente desconexos.
Vá lá que se leve em conta a popularidade dos links do Yahoo onde a freqüência é medida em sua grande maioria por adolescentes que brincam com assuntos sérios. Mas mesmo assim é possível ter uma idéia de como os jogos sexuais consentidos afetam o comportamento do ser humano.
A conclusão que se chega é simples: o senso bizarro está tão implícito nas opiniões que chega a ser hilário as comparações traçadas. Não há lucidez, não existem perguntas que demonstrem o mínimo interesse de buscar qualquer informação sobre o artigo.
Durante todos esses anos de estrada fetichista fui testemunha de como qualquer jogo sexual adulto mexe com a capacidade do ser humano em imaginar coisas absurdas. Em quase três anos escrevendo aqui no blog, vários foram os comentários preconceituosos e emails com o mesmo conteúdo que recebi por falar de fetiches. Por isso, nesse mundo de sociedade perfeita e opinião padronizada nada mais me assusta.
Claro que incomoda. É triste pensar que a sociedade banaliza os temas e exclui de seus quadros qualquer pessoa que tenha um pouquinho de desvio do que eles apregoam ser politicamente correto.
Noves fora o artigo citado é impossível praticar sexo como um ato de amor se amarro a minha parceira? Quer dizer, as cordas machucam, maltratam, causam dor, mas enfiar um nabo com força no rabo da minha esposa em casa é uma cena do filme Love History?
Nada contra quem pratica sexo anal, com ou sem fetiche, mas a impressão que se tem é que as pessoas chamam de “nojento” o que elas querem classificar como tal. Um amigo costuma dizer que praticar sexo com cordas é um ato de baixaria, é humilhar a parceira, no entanto, este mesmo indivíduo em meio a conversas tomando cerveja se vangloria em afirmar que quando sua mulher evacua em cima dele após uma sessão de sexo anal é uma medalha. Onde está a lógica? A nojeira? Merda agora é ouro, prata ou bronze?

É preciso entender onde está o prazer de cada um antes de tecer comentários ofensivos às preferências alheias. O telhado é o mesmo pra todos, tem o mesmo tipo de vidro.
Por essas e outras que cada vez mais tenho a sensação de que numa terra conservadora e hipócrita como a nossa é melhor habitar um gueto do que sair por aí com uma bandeira na mão. Por isso, recuso sistematicamente todo e qualquer convite para entrevistas e até mesmo essas tais matérias de universidade. Se há um circo lá fora pronto pra gargalhar na cara de quem se expõe, com certeza não serei eu o

Palhaço novamente.
O link da matéria citada: http://colunistas.yahoo.net/posts/11241.html

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Erotismo


Erotismo é o conjunto de expressões culturais e artísticas humanas referentes ao sexo. A palavra provém do latim “eroticus” que por sua vez advém do grego “erotikós”, que se referia ao amor sensual e à poesia de amor. (Wiki Concept)
A palavra grega deriva-se do nome de Eros, o Deus Grego do amor, Cupido para os romanos, que com suas flechas unia corações, significando amor, paixão e desejo intenso.
Este conceito cabe no contexto do BDSM? A pergunta tem lógica, embora alguns possam imaginá-la até inadequada, porém a existência do conjunto de praticas que dá origem à sigla BDSM se baseia dentro de um conceito puramente erótico. O BDSM sem uma carga erótica eficaz fica inerte, sem vida e sem cor.
Existe uma corrente de pensamento que insiste em ligar erotismo apenas a pornografia.
As manifestações fetichistas ligadas ao sexo têm um caráter totalmente erótico, e não poderia ser diferente, uma vez que ao despertar interesse por um ato isoladamente o ser humano aprofunda sua identificação com o apelo erótico de tal expressão. E até em casos diferentes é fácil perceber as práticas comungando com o mesmo instinto.
Um podólatra sente atração pelos pés e por um conjunto erótico a sua volta. Calçados, anéis, coloração de esmaltes, aromas, sabores, são algumas regras essenciais que ligam estes fetichistas ao seu objeto de consumo. Claro que os pés para o aficionado funcionam como uma atração irresistível, porém, uma vez adornados o campo magnético amplia consideravelmente.
Da mesma forma em que os amantes de jogos de sadomasoquismo sentem-se atraídos por determinados objetos que compõem um cenário de erotismo intenso. Velas, couro, látex, correntes, chibatas, tudo isso é a expressão liquida e certa de que sem as doses exatas de erotismo suas cenas seriam nuas, insossas.
Normalmente os praticantes de BDSM, ou fetichistas simplesmente, derramam erotismo toda vez que se vêem envolvidos com suas fantasias. Mas há um grupo que transborda erotismo pelos poros: as submissas.
Essas mulheres de comportamento único e altamente interessante mostram-se sempre dispostas a exercer seu costumeiro fascínio exaltando o erotismo no próprio comportamento. Em eventos, blogs ou até mesmo durante as práticas, elas conspiram eroticamente em busca da cena perfeita.
Observadoras, as submissas constroem um castelo de desejos com intensidade. Não abrem brecha, guardam seus pensamentos entrincheirados. Para conhecer uma submissa é preciso fazer uma leitura além das linhas que escrevem.
As submissas se adaptam, mas não são mutantes. Desenham a forma como desejam ser domadas e cultuam o erotismo desde um beijo na boca até um gozo intenso arrancado de uma prática que ela idealiza.
Costumo dizer que a presença do erotismo nas praticas de BDSM deixa a expressão fetichista com curvas, intensifica o cenário e transforma simples fantasias num ato intenso de prazer.
Imaginar uma mulher amarrada sem uma pose erótica seria indiferente ao bondagista, por outro lado, ao vê-la entregue à cena há o delírio, a magnitude de saborear o que o fetiche tem de melhor.
Portanto, não existe uma regra definida que possa exemplificar o erotismo dentro do BDSM.


É preciso imaginar o cenário e compor uma trama que possa alcançar o objetivo. Aqui, a criatividade é posto e as coisas têm um resultado ainda mais atraente quando ambos decidem pela mudança de hábitos simples e partem na direção de decisões ousadas.
De nada adianta esconder desejos ou dar as costas a planos mais atrativos por medo do desconhecido. Uma pratica de BDSM é mais que um simples ato sexual permissivo, é uma conjunção de desejos que evoluiu ao longo do tempo encarcerado em pensamentos considerados obscenos, mas que podem dar vida ao que personagens escolhem representar.
Não há BDSM sem sexo. E sexo sem erotismo é simplesmente uma bosta!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Escolha


Ano passado a galera chegou junto a ajudou o Bound Brazil a levar o premio de oitavo melhor site do planeta no Bondade Awards 2010.
No conjunto da obra outras premiações vieram e todas estão na entrada do portal representadas pelas respectivas medalhas. Os agradecimentos de minha parte foram fartos e legítimos.
Pois este ano dou aos amigos que ano passado foram imprescindíveis, a tarefa de ajudar a escolher dentre as modelos do site as três representantes a serem indicadas de acordo com as regras da premiação. Eles selecionaram oito meninas para que dentre elas três sejam as escolhidas para a indicação do site.
E todos podem votar.
Numa iniciativa brilhante do meu grande amigo VH, que disponibilizou um de seus blogs para acolher tal votação, peço aos amigos que dêem seu voto e ajudem a escolher as três modelos até o dia 30 de Junho, considerada a data limite para a indicação.
Para votar é fácil.
Basta acessar o link: Blog do VH
Na ordem, as meninas estão aqui para ajudar na escolha:
Débora, Jamylle Ferrão, Jordana, Lia, Luana Fuster, Nany, Terps e Vani.
Conto com sua participação. E boa sorte as meninas.








quarta-feira, 25 de maio de 2011

Apenas por um dia


A idéia é botar a cabeça pra pensar e imaginar uma coisa que você gostaria de fazer pelo menos um dia, ainda que fosse uma única vez. Claro que vale tudo ou pelo menos algo que seja relevante realizar.
E dentre tantas coisas quando essa idéia caminha pro lado do sexo, fetichistas ou não podem cair na mesma fantasia. Quer um exemplo? Toda – ou quase toda – mulher gostaria de ser uma puta por um dia! Essa fantasia não carrega instintos de BDSM necessariamente, pode ser somente na pura essência e nada mais.
Parada numa esquina, dentro de uma discoteca ou retocada por photoshop numa página de internet qualquer, as mulheres escondem esse desejo. Importante perceber que não estou me referindo a atitudes na hora do sexo ou a comportamento noturno na relação, porque muitos costumam atribuir a esse tema aquela velha retórica da mulher ser uma dama durante o dia e uma puta de noite.
A fantasia seria viver mesmo um dia de prostituição. O que não é novidade alguma, visto que até o cinema reproduziu essas aventuras e certas vezes com brilho.
Diriam as mais conservadoras que ainda que houvesse um sonho desse tipo o mesmo seria considerado impossível. Alegam questões morais ou pessoais, uma vez que o fator traição é irreversível ou até a exposição pesaria na hora de realizar este desejo, mas é inegável que esta fantasia martela muita mente por aí.
E no instante que um desejo considerado estranho como esse perturba pensamentos chamados de baunilhas, podemos considerar que a perversão muda de lado, ainda que restrito ao que se pensa e não vira realidade.
Que fique bem claro que não tenho nada contra as moças de vida horizontal, muito pelo contrario, entendo que se elas fazem esta escolha algum motivo muito forte as leva a tomar tal decisão, por isso, as respeito acima de tudo. E como o preconceito em mim passa bem longe acho que entenderia de quem quer que fosse qualquer necessidade de realizar essa fantasia. (Segura a onda dona Sub, estou falando de uma forma geral hein?)
Muitas histórias chegaram ao meu conhecimento. Algumas são fantásticas, e docemente constrangido confesso que custo a acreditar, mas outras em meu modo de ver são passíveis de ser verdade.
Uma conhecida jura que realizou a seguinte fantasia: como o consentimento total do parceiro contrataram uma menina de programa para uma transa a três. Detalhe, ambos se dizem baunilhas. Tudo bem, se ménage não é fetiche, eu a partir de agora acredito no coelhinho da Páscoa. Tudo correu bem, mas não ficaram plenamente realizados. Achavam que poderiam ousar um pouco mais.
Com um alto grau de intimidade com a cafifa que mandava as moças ao encontro de ambos, o cidadão conseguiu convencer a dona do site a inserir a parceira num programa desde que fosse uma chamada para duas, ou seja, iria à menina do site e a parceira como uma moça nova ainda sem as fotografias no portal.
Em troca, ele pediu apenas que a garota da “casa” tirasse fotografias de sua parceira durante o tal programa. Foi tudo perfeito. Planejamento e execução como o combinado. Ela realizou a fantasia com o apoio irrestrito do parceiro e ele ao concordar com os desejos dela ganhou de presente outros tantos desejos que ainda restavam a ser postos em prática.

Os dois garantem que a aventura não deixou seqüelas ou saudade. Foi um sonho realizado por apenas um dia, numa única vez e que, segundo eles, não vai se repetir ou virar rotina. Quando casais possuem este entendimento esse tipo de ato funciona, mas é preciso muita confiança e coragem pra viver um momento deste.
Guardaram as fotos e vez por outra relembram.
E você, já decidiu que fantasia realizar apenas uma vez?
Conta. Sou todo ouvidos...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Retratos


Não é difícil ouvir ou ler queixas de fetichistas quanto ao assunto relacionamento.
Cada um conta uma história, das mais simplórias às cabeludas. Casos e infortúnios que fazem deste universo ainda mais confuso do que parece.
E os lamentos se baseiam em sua grande maioria nos perfis. Por quê? Porque alguns fetichistas na ânsia de buscar seus desejos deixam pegadas pelo caminho que muitas vezes fogem ao seu próprio instinto. O chamado erro consciente atrapalha a ambos e se reflete lá na frente quando tudo que se imagina são flores.
O jogo fetichista é apenas sinônimo de brincadeira sexual. Ninguém deve jogar ou brincar com os sentimentos alheios em troca de boas doses de sexo e fantasia quando não pode, ou não quer, atingir os objetivos do parceiro ou da parceira.
É simples, a conta tem que fechar. Porque o direito de alguém termina onde o de outro começa. Parece simples, ou deveria ser, mas nem sempre o pão cai com a banda cheia de manteiga pra cima. O que deve ser levado em conta na hora de montar um perfil, de postar uma apresentação, é que tudo que for dito ou escrito será o retrato do que vai aparecer no cadastro do fetichista no universo que ele busca habitar.
Seja num blog, grupo de discussão, rede social, aonde for, a repercussão é a mesma.
O mundo hoje é conectado. As pessoas se contatam pelos diversos meios existentes na mídia.
A confidencialidade vaza hoje em dia em questão de segundos. Por isso, a importância de manter o que foi previamente estabelecido como o próprio conceito. Praticar BDSM é muito mais que uma simples atração por imagens e pseudas experiências, porque quando a vida sai da tela de um computador para encontrar parceria na vida real a chapa esquenta, e a possibilidade do erro aumenta em proporções altíssimas.
Por mais abrigo que encontre no seio das amizades construídas em anos de contato com o planeta fetiche, o praticante sai chamuscado. Alguém dará um tapinha nas costas, escreverá centenas de palavras de incentivo na esperança de levantar o animo de quem se machuca numa relação fetichista que não deu certo. Mas as marcas ficam e só desaparecem quando uma nova história passa a ser vivida na plenitude.
Portanto, pra começar a dar os primeiros passos é preciso preencher com cuidado o formulário chamado “quem sou eu”. Vale lembrar que todas as informações precisam ser verdadeiras. E neste momento não cabe imaginar que suas escolhas serão alvo de critica ou não, porque sempre haverá quem delas faça seu porto seguro.
Os personagens que povoam a comunidade fetichista têm suas características. Não basta ser um dominador, uma submissa, um sádico ou uma masoquista. Cada um tem uma forma de ver o fetiche de um ângulo único, com tendências parecidas algumas vezes, mas diferentes em outras tantas.
Por essa razão meu quadro de avisos é claro: sou um bondagista, gosto de nós, de atormentar uma mulher amarrada pelas mais variadas formas que minha mente sexualmente pervertida me permite. Meu toque de sadismo está explícito. Não cruzo a própria barreira que eu mesmo construí. Bater numa mulher pra mim nunca foi um privilégio e sim uma ação que provoca um ato imediato de broxura. Acredito no castigo das cordas, e numa bela mordaça num rosto assustado. Deliro com ela se movendo, gemendo, tentando em vão se livrar do que eu inventei para deixá-la totalmente a minha mercê. E que ela possua batatas de perna lisas e pés bem cuidados para serem a cereja do bolo de uma bela posição hogtie.

Preservo meus instintos e não violento minhas fantasias.
Não perco o sono com criticas ao que gosto e muito menos tais atitudes abrandariam minhas rugas. Apenas respeito o que os outros pensam e, principalmente, a pessoa que potencialmente estaria disposta a dividir comigo essa aventura.
E caso alguma coisa diferente venha do outro lado eu tento encaixar meu perfil.
Não deu certo?
Eu passo!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Imagens Perfeitas


Nada melhor pra começar a semana...
Quatro cenas do site Bound Brazil em 2010.
Na ordem: Thayani, Lolita, Barbara Lopes e Becky.
Um colírio em hogtie!




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Fantasia e Realidade


A mensagem começa assim:
“Acho que sou maluco, pervertido e ordinário. Sou um aficionado por bondage e na semana passada houve um caso estranho (...). Uma amiga, pessoa quase da família, vivendo uma intensa crise de nervos precisou ser internada. Ao visitá-la no hospital não pude deixar de reparar que ela tinha os pulsos e tornozelos atados à cama. Naquele momento me vi alucinado e com uma ereção surpreendente meio que sem querer. Não me perdôo por isso.”

O assunto é muito complicado...
Não é a primeira vez que leio ou ouço esta espécie de relato capaz de trazer uma irremediável aversão nas pessoas acometidas por este tipo de impulso. Porque é normal que um fetichista extraia das cenas da vida real, do cotidiano, as imagens preferidas de sua fantasia.
Entretanto, quando se trata de um caso como o relatado por nosso amigo de Portugal, o fetichista renega com veemência e é acometido de um arrependimento tão profundo capaz até de afastá-lo da sua própria rota.
Seja através de um noticiário de jornal ou televisão relatando uma cena atroz ou um crime bárbaro, dentre tantos que a realidade nos mostra no dia a dia, ou numa questão de enfermidade como a que ele nos fala. O que fazer? Como controlar estes impulsos?
A primeira providencia que o vem à cabeça é renegar o fetiche e admitir uma perversão fora de qualquer parâmetro. A pessoa se sente suja. Incapaz de controlar suas próprias emoções e entre em colisão com os sentimentos. Mas como dizer ao subconsciente que é preciso dividir as coisas? Separar a fantasia da realidade é muito complicado.
Se ainda fosse num filme de ação seria mais fácil de diluir o assunto. Ali, onde as cenas são fictícias é fácil deixar a mente vagar e abraçar a fantasia, afinal, tudo é mágico no mundo do faz de conta. Mas a realidade é cruel e quando existe uma imagem que dispara o gatilho despertando o fetiche do indivíduo é necessário esforço para compreender as duas metades.
Muitos fetichistas convivem com estes impulsos, embora alguns não assumam isso.
Um amigo podólatra me confidenciou que certa vez na saída de uma balada entrou em transe ao ver uma amiga passando mal. Nada a ver com o que estava ocorrendo com a saúde da moça, mas segundo ele conta, ela foi deitada no carro e ele sentado no banco traseiro do veículo ficou fascinado com os pés da garota repousados em seu colo.
Por maior que seja a rejeição por sentir atração sexual num momento delicado, a cena fica registrada em algum canto da memória. E desde que não haja abuso por quem está passando por um momento difícil, o conflito fica restrito a quem está atento ao que se passa.
Qual bondagista não se interessaria em ler uma noticia sobre o seqüestro real de uma jovem bonita? Ok, você sabe separar as coisas, mas lê!
Portanto meu grande amigo de além mar, o que ocorreu contigo naquele hospital não é exclusividade sua. Muitos passam pelo mesmo problema várias vezes e a experiência ensina que tem que existir autocontrole e discernimento. Uma vez restringido ao seu pensamento fetichista o fato não causa transtorno a ninguém e, como bom fetichista, apenas entenda e aprenda a conviver com este e outros assuntos que sempre aparecerão ao seu redor.
Como eu, como todos!

Podo

Impossível de não mencionar meu lado sádico nesse vídeo do Bound Brazil.
A imagem ao lado é capaz de deixar os amantes de podolatria de cabelo em pé. E quando isso acontece entre duas lindas garotas dentro de uma cena de bondage, é pura maldade.
Lovett e Lia protagonizam uma daquelas histórias criadas por minha imaginação fértil e, por que não dizer, maquiavélica... Quase doze minutos de cordas, podolatria e sensualidade.


Para assistir a esta obra basta assinar o Bound Brazil. O vídeo “forced bound feet” está hoje na tela, acompanhado de belas imagens num incrível photoset.

Um excelente final de semana a todos!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Arte


É como pintar um quadro, fazer nascer uma escultura.
A arte é admirável quando passa aos olhos de quem vê uma mensagem. Há diversas formas de apreciar uma obra de arte, desde o olhar critico, talvez de espanto e do prazer.
E nós, intrépidos bondagistas sedentos pela perfeição todas as semanas apresentamos o nosso trabalho. Pouco importa se há problemas ao redor, se chove ou faz sol. O que importa é jamais abrir mão do compromisso de fazer bem feito.
Parece estranho assumir o quanto é satisfatório admirar a obra do vizinho, ainda que ele seja um concorrente em potencial, mas tal atitude apenas contribui para que se firme um pensamento totalmente positivo, onde a arte sobrepõe qualquer espírito de disputa.
Patético e ignorante seria o individuo que fecha os olhos ao belo. Porque se o ato de imobilizar fosse apenas à aposta a ser feita, serviriam somente amarras de aço com uma boa tranca e a chave atirada num ralo qualquer. Mas não é bem assim quando se fala de nós de bondage, porque ainda que haja o interesse fetichista por instrumentos imobilizadores, como algemas, correntes e couro, a flexibilidade das cordas ainda é o melhor argumento.
Basta que haja vocação. A habilidade de lidar com as cordas vêm com o tempo de prática.
É como dirigir um automóvel. No começo tudo é complicado, os obstáculos ficam bem próximos e é comum ver novatos ao volante pelas atitudes e olhares. Com o tempo, porém, basta ligar a chave e tudo se torna automático e nem se percebe que um dia a tensão era a grande inimiga. Com uma imobilização de bondage é a mesma coisa.
Hoje quando inicio uma prática apenas observo os detalhes do corpo da parceira ou da modelo. Braços e dorso são meticulosamente medidos e traço o desenho antes de iniciar. E já nem me dou conta de que um dia isso foi uma tarefa árdua...
Nasce então uma imobilização que em meu entendimento é a mais correta. Penso na impossibilidade de escape, imagino a distancia dos dedos para os nós, e dessa forma, a obra toma corpo e a lente registra.
Já ensinei o oficio, posso ainda repetir a dose a quem se habilite, mas de antemão deixo claro que em quem o ato não desperta um algo mais toda vez que há um novo começo, é melhor desistir. Porque o fetiche necessita de causa e efeito para existir, tanto de quem produz a cena como pra quem a cena é concebida.
A troca de energia é vital para a existência do fetiche de bondage.
Mas o fetiche não é restrito aos riggers, os construtores dos nós. Qualquer um pode se arriscar imobilizando, porque no caso de bondage o aprisionamento precede uma cena onde a parceira ou o parceiro devem estar sem possibilidade de reagir ante o que é previamente combinado entre os praticantes. A fantasia viaja desde o aprisionamento para jogos de SM ou simplesmente relações sexuais mais apimentadas e cheias de aventura.
O que nós produzimos é apenas um exemplo de como alguém pode estar totalmente imobilizado. Daí surge à técnica necessária que é capaz de causar uma simetria tão perfeita que em determinados momentos lembra uma obra de arte.
Algumas passagens nestes tempos de fetiche me deixaram com o orgulho massageado. Desde um escultor que criou uma pequena estatueta em São Paulo há mais de dez anos espelhada numa fotografia de uma imobilização criada por mim, até os comentários de mestres bondagistas sobre meu trabalho. Gente que há anos está na vitrine e que conhece cada atalho de uma cena perfeita.

Por isso, vez por outra eu posto aqui pequenos exemplos dos seus trabalhos. A idéia não é expor diferenças para que cada olhar tente desvendar qual é o melhor. A intenção é divulgar o que se faz aqui e do outro lado do mundo, e deixar claro que a ótica do fetiche é a mesma, ainda que haja diferenças de idiomas e pensamentos distintos sobre a posição das cordas.
E para aqueles que acreditam que uma cena de bondage é capaz de despertar a cobiça pelos detalhes, em meu nome e de todos os bondagistas deixo apenas um muito obrigado.

Fotos:
Luana Fuster por ACM
Ovara por Rope Expert

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Conseqüências


O primeiro encontro é sempre excitante. A voz ao vivo, a face, o movimento dos lábios diante dos olhos, é como se uma obra imaginada deixasse o anonimato em busca da fama.
E como um bom top ele tinha todos os planos em mente. Já haviam trocado tantas confidencias que tudo parecia uma representação de uma peça ensaiada com cuidado. A mulher em êxtase total e absoluto sequer raciocinava, apenas sentia e nada mais.
Em determinado momento despertou de um sono profundo quando seu parceiro disse com a costumeira voz firme: “abre a boquinha que eu vou terminar minha festa. Vou fechar com chave de ouro.”
Foi à senha.
A mulher arregalou os olhos e foi clara: “você não vai gozar na minha boca né?”
Ele – claro que sim.
Ela – mas você não me disse nada disso!
Ele – mas isso é normal, todo mundo faz e...
Ela – todo mundo é uma ova, menos eu!
Ele – por quê? Tem nojo de mim?
Ela – de você não, mas da coisa...
Ele – acho que não estou escutando isso. Você levou um monte de chicotada e não quer que eu goze em sua boca?
Ela – levaria o dobro, mas isso não dá. Eu... Eu enjôo!
Ele – cacete, passei a noite toda bebendo a sua e agora sem reciprocidade... Qual é?
Ela – é, eu vomito, fico verde, azul, sei lá, inventa outra.
Ele – até o Manel meu primo que não é fetichista goza na boca da mulher dele...
Ela – mas eu não sou a mulher do Manel! Esqueceu do consensual?
Ele – mas gozar na boca não é BDSM. Vai, tá me deixando louco!
Ela – é simples, eu chupo e na hora você tira rápido, mas sem pingar...
Ele – nem pensar...
Ela – poxa, foi tudo tão bom. Tivemos uma noite ótima, tudo deu certo, mas esse negócio não, definitivamente não.
Ele – relaxa amor, você ainda está algemada...
Ela – nem vem, se fizer a força eu mordo e arranco um pedaço!
Ele – você não é louca... Vá lá, não estraga minha festinha...
Ela – se o preço do ingresso for este, estou fora da lista. Já disse, não dá. Já tentei outras vezes e não deu.
Ele – tenta de novo.
Ela – me solta vai, acabou o tesão!
Ele – então tá, mas não reclama depois. Não vai sair por aí dizendo que eu só queria uma noite contigo. Você arregou!
Fecharam a conta.
Ela ainda insistiu com ele por um longo tempo em que ainda estiveram juntos. Tentou de todas as formas fazer com que seu parceiro não fosse pra casa com o saco lotado. Mas não deu em nada, ele se mostrou irredutível e tudo terminou naquele dia.
Inconformada ela buscou ajuda falando com as amigas intimas, mas não achou quorum nas queixas. Todas eram unanimes em dizer que era uma coisa muito simples demais pra ser o motivo de uma não continuidade.

O sujeito revoltado não deu mais as caras. Deu um tempo e desapareceu por um bom período.
O que prometia ser uma historia bacana, muito bem negociada através de diálogos intensos terminou como um enredo sem final feliz.

A moral da história é simples: no período de negociação de uma relação fetichista, os praticantes ficam atentos aos detalhes de suas fantasias, mas esquecem de mencionar coisas simples, que muitos casais praticam e passa longe imaginarem-se fetichistas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Na Contramão


Imagina se você chega cedo ao trabalho e dá de cara com uma mensagem assim:

- Prezado ACM. Somos duas mulheres maduras, e de um tempo pra cá, assíduas leitoras de seu blog. Gostamos do que escreve, sempre de forma objetiva e direta. Portanto, vou também direto ao assunto: faz parte de nosso desejo ter um homem a nossa inteira disposição. Isso mesmo, alguém que queria se submeter aos caprichos de duas mulheres experientes, uma viúva e outra divorciada. Prometemos total segurança e sigilo. Não importa que seja casado, nossa intenção não é um romance e sim uma aventura.
Por favor, publique o meu email para os interessados. Prometo o envio de fotos já num segundo contato. Somos do sul e aceitamos conversar com qualquer pessoa que se disponha a se deslocar ao nosso encontro. Caso haja interesse de sua parte, aqui fica o nosso convite, já que é uma pessoa que conhece bem esse caminho e poderia até nos dar umas aulas. Quem sabe não pensa com carinho? Beijos da Simone. Contato: simonne.santos41@gmail.com

Noves fora o convite, acho que esse espaço está cumprindo seu principal objetivo, estreitando laços e conectando os canais. As moças foram valentes e colocaram na mesa as intenções. Cabe agora aos interessados estudar a “proposta” com tranqüilidade e partir em busca da fantasia, participando da aventura das intrépidas sulistas.
Normalmente estes convites e desejos chegam de um público masculino. Poucas vezes as meninas mostram essa espécie de atrevimento. Embora não esteja autorizado a publicar possuo as fotografias das moças e posso garantir de trata-se de mulheres altamente interessantes, o que balança um pouco esse coqueiro cinqüentão aqui, e mesmo em se tratando de uma proposta na contramão, confesso que adoro coisas indecentes...
Porém – e aqui há mesmo um porém – tenho meus compromissos fetichistas e quem sabe outra hora eu possa pensar em ficar do outro lado da linha, se é que me entendem.
Pra ilustrar, a imagem acima mostra meu desejo com duas belas moças...

Então sigo checando o correio e deparo com outro email. Desta vez um sujeito que se intitula OZ, ou seja, submisso OZ, que manda essa letra aqui:

- Prezado Blogueiro. Lendo seus artigos gostaria de relatar um fetiche. Você pode até tornar público porque quanto mais opiniões forem colhidas, mais retorno eu terei. Não sou homossexual, mas tenho um fascínio por ser dominado por homens, não por mulheres. Aceitaria se fosse no máximo um casal, desde que ele assuma totalmente o comando.
Nunca tive desejo por ter relações com outros caras, entretanto, aceitaria ser penetrado por um homem durante uma sessão. Mas a minha principal tendência não é essa. Gosto mesmo de ser humilhado por outro cara. Já cheguei a pagar por esse tipo de serviço, mas foi uma merda. Os caras nem sabem do que se trata e eu perdi mais tempo ensinando do que fazendo.
Minha pergunta é: meu fetiche é anormal?

Bom meu caro OZ. A coisa toda aqui é anormal, desde que vista por uma ótica totalmente de fora do nosso universo. Porém, ao cruzar a porta de entrada para este mundo, o primeiro passo deve ser se sentir a vontade, acreditando que aqui desse lado pra toda ação corresponde uma reação, ou seja, por mais estranho que seja o desejo, sempre existe um fetichista interessado no mesmo caminho. Basta acreditar e tentar.
Aqui foram dois exemplos de duas moedas aceitas num mesmo lugar. As moças em busca de aventura e o submisso e suas dúvidas e, por que não dizer, desabafo.

A semana está apenas começando, e vem muita novidade por aí. Aguardem!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A Caixa de Sonhos


Me lembro de ter assistido num espaço cultural um show de mágica. Faz anos, vivia em Amsterdam, e nessa época a vontade de aprender os segredos do fetiche de bondage interessava mais que qualquer outra coisa.
Mas nesse dia um mágico chamado Mário, convocou uma pessoa na platéia para amarrar uma jovem chinesa bem magra que em seguida foi colocada dentro da caixa para ser serrada. Claro que os truques são óbvios e um numero de mágica sempre tem o objetivo alcançado. E num mar de puro ilusionismo a única coisa que despertava interesse era saber como a chinesinha magrela conseguia se desvencilhar das cordas.
Levei comigo a curiosidade, porque os ilusionistas não costumam revelar seus truques.
Tempos depois, ainda em Amsterdam uma nova caixa de sonhos me chamou a atenção. Trazida por um conhecido produtor americano da indústria fetichista, a caixa desvendou alguns segredos que até hoje carrego comigo. Dentro havia várias revistas e filmes em VHS de seu trabalho. Ele estava ali como um verdadeiro mascate, um vendedor andarilho de desejos através das fotografias e vídeos que sua ótica fetichista produziu.
Esse herdeiro de Irving Klaw trazia o aprimoramento da idéia do mestre com uma técnica de causar inveja. E se a principio eu só tinha olhos para os nós e seus efeitos, ao ver o conteúdo da caixa outras sensações vieram fazer sombra aos meus anseios. O desejo de ser um “rigger” era mais amplo. Não terminava com o fim da festa ou entre as paredes do meu quarto. Era o começo do entendimento de que o conceito de bondage é mais abrangente e aquele material mostrava que todas as tendências devem ser respeitadas.
Ainda que tenha demorado alguns anos, naquele fim de tarde gelado me tornei um produtor.
O orgulho estampado no rosto daquele americano me fez achar um espaço, um rumo. Pouco importava pra ele se as capas dos trabalhos tinham um selo, uma marca, se havia comissões a serem pagas ou se ele era apenas uma peça de uma imensa engrenagem comercial. Seu feeling estava preservado e registrado nas cenas, no conjunto da obra.
Um bondagista ou “rigger”, se preferirem, nem sempre é um praticante de jogos de BDSM. Ele procura a arte, um desenho, um traço pessoal que identifica seu trabalho. Porém, para ser um produtor de imagens fetichistas com ou sem movimento, é preciso um pouco mais que uma simples demonstração de técnica apurada com as cordas. Faz-se necessário entender o que o espectador deseja assistir.
E esses caras intrépidos com jeito de desbravadores que chegavam à Europa com os conceitos da América de Irving Klaw, traziam na bagagem muito mais que complicadas imobilizações ocidentais ou orientais. Junto com eles aprendi um negócio chamado de essência, zelo, e, principalmente, aptidão.
Por isso, toda vez que me preparo para produzir um curta metragem semanal nem sempre coloco as cordas em primeiro plano.

Algumas vezes elas cedem espaço, terreno, e outros instrumentos roubam a cena e comandam o espetáculo. Lenços de seda, fitas adesivas e algemas são parte desse universo que reproduz cenas de captura consentida, aprisionamento induzido e fantasias com seqüestros arranjados dentro de casa.
Claro que muita gente aplaude uma bela amarração, da mesma forma que aplaudi de pé o mágico Mário e seu truque ousado com a chinesa imobilizada dentro daquela caixa cheia de adornos. Mas nem sempre esse tipo de mensagem é capaz de despertar o interesse de quem tranqüilo espera pelo que a cabeça de um produtor prepara com esmero.

As fotografias que ilustram a matéria de hoje indicam dois momentos diferentes de uma produção. Na foto acima Jamylle é imobilizada com fita adesiva (silver tape) num vídeo do Bound Brazil. Na foto ao lado, um assinante ilustra através de imagens enviadas ao site o desejo de ver uma produção onde duas modelos são aprisionadas pela mesma algema.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Imagens


Impossível falar de fetiches sem associar as tendências e as imagens.
A empatia entre estes dois pólos é severa. A manifestação do fetiche num individuo pode acontecer por diversos aspectos, desde o auditivo até o psicológico, mas nada separa o fetichista das imagens. Vale salientar que estou falando de imagens não de simples fotografias, desde as que antes eram gravadas em papel e guardadas para amarelarem com o tempo até as digitais de hoje que podem ser esquecidas em algum lado do disco rígido.
Às vezes nossos olhos fotografam algumas cenas que se transformam em imagens inesquecíveis armazenadas num espaço de nossa memória. Dessa forma o fetiche conspira com a eternidade.
E como um bom voyeur das minhas próprias aventuras, cultuo meus grandes momentos. Experiências fetichistas vividas que sobrevivem a todas as intempéries porque minha mente se nega a esquecê-las determinantemente. É claro que o momento do êxtase está acima de toda e qualquer conotação fotográfica, mas até mesmo a cena fatal é capaz de ficar registrada e permanecer por um tempo infinito. Diga que não!
Uma pessoa pode ao longo da vida perder tudo, se desfazer de muito, porém, se existe algo intocável e irremovível são as lembranças. Costumo dizer que até minhas calças podem levar, mas o que tenho guardado na mente vai ficar comigo pra sempre.
Pessoas sem intimidade com o universo fetichista têm uma ótica diferente e acham que por se tratar de uma mania intensa, ou uma tara, as imagens que este mundo projeta se tornam repetitivas. O que não é verdade, porque ainda que tenham uma dinâmica parecida cada fato se diferencia do outro, mesmo que sejam realizados pelos mesmos protagonistas.
Então, se parceiros fetichistas resolvem reinventar suas próprias cenas elas terão apenas um sabor de remake, e jamais deixariam a impressão de uma remontagem sem graça. Entretanto, não seriam iguais, ainda que as práticas se repitam. Seria como um grande pintor produzir o quadro duas vezes com o mesmo tema.
A minha opinião é simples: os fetichistas se renovam nas próprias práticas. O bondagista recria o traço e os nós, os sadomasoquistas aperfeiçoam as torturas, podólatras descobrem novos aromas e sabores, enfim, buscamos o aperfeiçoamento, mesmo que num âmbito geral pareça que estamos tentando complicar o que dá resultado.
A chamada evolução fetichista fica evidente nas imagens, gravadas ou não.
Há bem pouco tempo falava sobre esse assunto com um amigo bondagista. Porque as imagens produzidas comercialmente não fogem a essa regra. O que fiz há mais de dezessete anos torna-se diferente do que realizo atualmente por inúmeras razões, sendo que a principal delas é a busca pela perfeição, a correção do que eu mesmo criei. As sensações, porém, se repetem, à vontade também, mas a ótica acompanha a mudança que o tempo exige.
Daí eu me apego no mesmo panorama e trago esse conceito para o que fiz no intuito de realizar a minha própria fantasia, e descubro que é impossível prever se o que marcou tanto quando concebido de forma diferente teria um resultado melhor. E ainda sigo pensando...

Nessas horas é fácil perceber o final da equação. Fica óbvio que realizar a cena outra vez com a mesma parceira poderia até trazer um prazer maior, no entanto, a que ficou pra trás e deixou marcas profundas, jamais seria suplantado pela novidade latente.
Embora o fetiche quando misturado ao sexo seja um jogo de adultos, em busca de incrementar relações afetivas, algumas práticas podem ser consideradas uma arte. Seja pela plasticidade ou pela conjunção de movimentos, porém, capazes de refletir imagens belíssimas.
E essas imagens que foram tema do artigo de hoje devem ser preservadas por nós, fetichistas, que as fizemos nascer e ter vida própria, com isso, conseguem resistir por anos e anos...

Duas imagens produzidas por mim: Angélica em 1994 (Para Harmony Concepts) e Terps em 2011 (Para o site Bound Brazil) Analisem as semelhanças, diferenças e comentem.

A Culpa do Mordomo


Se o Google não seqüestrar outra vez esta postagem, está de volta por inteiro.

E não havia mais calor onde estavam...
O afeto tinha tirado férias, a louca vontade de encontrar, de sorrir e festejar chegava agora por correio dentro de uma caixa vazia.
O tempo era o mordomo. Não pouparam o infeliz que já fora sentenciado a morrer empalado num calabouço qualquer e ter o corpo, ou as sobras, atirado num oceano. Vá lá que a convivência é um erro quando não se está preparado pra tanto, mas se os cálculos não encerram em números corretos a ponte se parte e cessa o caminho, ceifando o destino.
Meu chapa, você voltaria no tempo se soubesse. Concorda? Se ela chegou de mansinho implorando por tua bravura, mão firme e voz imponente, jamais poderia se transformar no meio do enredo. A submissa que experimentou os dois lados e depois escolheu apenas um, nas tuas barbas, diante de teus olhos agora incrédulos quando antes eram de desprezo.
Pois é brother, ela se foi. Tomou o rumo que achou por bem seguir e te deixou na mão.
Agora você vai precisar do tempo outra vez. Ele será novamente o culpado, mas dessa vez, ao contrário, por passar tão devagar, tornado os dias mais longos e as noites sem fim. Porque aquela menina que você trouxe pra dentro da festa hoje empata contigo, dá as cartas, e você sem nenhum compromisso patético com mudança de identidade jamais se submeterá a ser dominado por ela. Logo ela!
Rapaz, o universo fetichista já publicou muitas histórias parecidas com essa. Parece coisa de doido, fica meio sem pé e sem cabeça no começo, mas toma forma, sai da fase ectoplásmica pra virar realidade logo ali na esquina. É ou não é a síntese do descompasso? O dom que virou sub, a sub que virou domme, a rainha esfolada no próprio trono assistindo ao dom levando uma inversão no tapete da sala...
Pois é malandro. Junte seu orgulho e toca o barco pra frente.
Se ela rachou a moringa é porque não existia mais um gole d’água pra beber.
Anos e anos, aprendizado, ensinamento, e daí? Ela está apenas exercendo o que se chama de direito de escolha, e você brother, nesse momento, não faz parte dos planos que ela traçou.
BDSM é fantasia cara! Aqui nesse cantinho escuro a escravidão não passa de um estado de espírito. Vai ver que ela gostou tanto do que viveu que resolveu experimentar o outro lado da moeda? E como você não lhe deu a mínima chance, ou quiçá esperança de um dia pular a cerca, ela entendeu que era hora de partir. E foi!
Tira umas férias, depois volta com tudo. Quem sabe vocês se encontram na próxima festa e...
Ta legal, você não vai querer ver essa cena, já sei. Pelo menos agora, o enterro foi ontem, mas lá na frente já com outra na ponta da sua coleira a cena nem te cause tanto embaraço assim.
Abre o olho brother! Olha pra tua identidade e verifica a data de nascimento. Agora pensa bem e analisa quantas vezes na vida isso já ocorreu? Não importa se tinha algum fetiche na história ou não, porque quebra de relação é a mesma coisa, aqui dentro e lá fora.
Bom, está ficando tarde. Vou partir.
Pede a conta e vamos rachar. Olha, conheço uma moça de vida horizontal que topa umas paradas mais ousadas, tipo submissa mesmo. Um amigo já foi lá e disse que é bater e valer.
Sem trocadilhos, certo?
Quer tentar? Nessas horas ajuda, dá uma força e você vai pra casa mais aliviado...

E tem outra coisa: pára de ficar pensando nela. Com quem ela está, como está e coisa e tal, porque até uma semana atrás o senhor estava literalmente cagando pra isso, portanto, não vá agora dar uma de bom moço hein?
Ah, já ia esquecendo. Esse negócio de afirmar aos quatro ventos que relação fetichista é diferente da vida real é papo pra boi dormir, concorda ou vai insistir nessa tese? Porque quando a coisa esquenta e existem duas vidas em jogo, uma delas vai vencer a batalha. Lembre-se disso e vai na boa. Abraços!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fetichismo na Gravidez


O fetiche por mulheres grávidas já foi tema de artigo aqui no blog.
O fato de uma mulher estar em gestação pode significar um ato de erotismo para vários homens. Nestes casos, algumas partes do corpo feminino podem despertar interesse da grande maioria. A começar pelo abdômen avolumado, o inchaço do corpo e até a fantasia pela falta de mobilidade que as mulheres costumam apresentar nesse período.
E como fetichista gosta de fantasiar, essa falta de movimentos pode ter o auxílio de cordas.
Não é difícil encontrar fotografias e vídeos de mulheres prenhas amarradas na rede. E como sapo não tem medo de sereno, resolvi atender ao pedido de uma grande quantidade de assinantes do Bound Brazil realizando um trabalho com a Anna, aproveitando o fato de a modelo estar exibindo seu belo barrigão no sexto mês de gestação.
Claro que realizei o trabalho com a cartilha debaixo do braço. E neste livrinho estão escritos todos os cuidados que devem preceder uma sessão fetichista com uma mulher neste estado.
Desde o laço com folga e sem estrangulamento de pulsos e tornozelos, até a não aplicação de cordas ao redor dos seios e, principalmente, do abdômen. Com isso, o ensaio transcorreu sem qualquer incidente e a Anna pode experimentar uma coisa rara, pois sequer imaginou que pudesse continuar posando para o site antes de dar a luz.
A tese da dificuldade de movimentos numa sessão de bondage não ocorre somente durante a gravidez, como comprova o leitor e amigo Orestes nesse trecho de uma mensagem: “minha namorada engordou mais de dez quilos e isso tem ajudado nas nossas brincadeiras de bondage. Não sou muito bom com os nós, e antes, magrinha, ela escapava com facilidade. Mas de um tempo pra cá, ela encontra dificuldade em se livrar das amarras e sei muito bem que meus nós não evoluíram tanto, apesar do capricho.”
No caso do Orestes a namorada não precisou ficar grávida para ganhar uns quilos extras que possibilitasse um melhor desempenho em seus jogos. Sabe-se que o fetiche de bondage quando realizado em mulheres gordinhas tem um resultado excelente, e aos poucos, vem se tornando um atraente canal fetichista. Pedidos de vídeos e fotos com meninas acima do peso não faltam no Bound Brazil, e aos poucos, vou atendendo esses assinantes.
Porém a maioria das mulheres não costuma bobear com o peso e busca a boa forma. A chance do bondagista sedento pela pouca mobilidade é encontrar espaço durante a gravidez de sua parceira.
E é neste período em que os cuidados devem ser redobrados, principalmente quando o bondage abandona as brincadeirinhas das inocentes capturas e dá um passo em relação ao sadomasoquismo. Se numa amarração de bondage o bicho pega, numa sessão de spanking eu nem sei como cornetar. Passo fácil. Melhor consultar um médico antes...
Voltando às cordas, alguns podem concluir que numa imobilização realizada em mulheres magras as chances de escapar aumentam. Mas não é bem assim. No caso, depende de como a imobilização é concebida e exemplos aqui no blog não faltam de como realizar uma boa amarração que mantenha uma mulher magra aprisionada para o sexo. 

Ainda que algumas maneiras de amarrar a parceira sejam reincidentes, durante a gravidez elas precisam ser abandonadas, por mais que excitem os praticantes. Por exemplo, a posição chamada de hogtie, onde a mulher fica de barriga para baixo. Sem chances de fazer um hogtie completo. A única maneira de unir mãos é pés de forma eficiente é colocando a parceira de lado, e mesmo assim sem apertar os nós em demasia, mantendo o cuidado de verificar a todo o momento se ela está passando por algum desconforto.


Portanto, não é necessário abandonar a prática fetichista num momento de pura felicidade para o casal. Desde que tudo ocorra em comum acordo e com absoluto respeito ao estado da parceira é possível obter ótimos resultados nesse período.
As fotografias da Anna são um convite aos praticantes de bondage durante a gestação e, por conseqüência uma ótima idéia para o próximo encontro.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ecos Imprevistos


Sinceramente não esperava que um artigo entrecortado pela apresentação de um filme curta metragem, pudesse despertar tanto interesse dos leitores e me dado a alegria de ver vários emails na minha caixa de correio.
Então vale a pena seguir a linha de raciocínio e esmiuçar melhor o tema comportamento. Mas antes é bom avisar a galera que é hora de pousar na terra pra perceber que falei de mim, minha ótica, visão e por que não, vivencia no BDSM. Portanto, não há critica a ninguém e muito menos a regras e conceitos.
O anarquismo dito é meu e nunca tentei subir num caixote em praça pública pra convencer fetichista nenhum a abraçar a minha causa. Seguir preceitos antigos não é de todo ruim. Uma coisa é a fantasia, daí vale tudo, sonhar é livre, grátis e realizar é melhor ainda. Mas permanecer arraigado a eles sem nenhuma movimentação, parado no tempo, é ficar pra trás, não enxergar o novo.
Tá legal, o casal quer viver numa masmorra estilo medieval. Ótimo, bela iniciativa. Mas tem que saber que isso é fantasia, nada existe de real nessa história a não ser os dois praticantes e os utensílios colocados lá. Não há luz elétrica e sequer computadores.
A diferença está no que se pensava naquele tempo e no que hoje é básico, porque o mundo evoluiu. Rituais são válidos e rimam com tradição. Mas quando acaba a brincadeira a realidade os espera na porta. Nua e crua.
O Marques de Sade já morreu e o Masoch também. O que deles brotou já existia em algum lugar de um tempo qualquer, só não havia sido divulgado. A teoria é importante e auxilia na compreensão do próprio fetiche. E quando é possível entender a si mesmo a fantasia aparece como um porto seguro, mas que fique restrita ao fantástico, ao irreal.
Não vai a moça sair na rua vestida em trajes daquele tempo de anágua e tudo. (Anágua, cacete, como eu fui lembrar disso?) Porque se não for Carnaval vai pagar mico.
Portanto, eu não sou um pervertido pervertendo a perversão. – Vale isso? Apenas acredito no que penso, nas coisas que aprendi com o tempo de prática. Claro que existem regras a seguir e o universo fetichista, apesar de pervertido, é civilizado. Conduta é seguir a cartilha da boa convivência no meio, comportamento é a maneira como o fetichista se porta diante dos demais.
Ora, ter boa educação significa saber conviver. Ninguém suporta um sujeito sem linha, sem escrúpulos e antipático. Falar ou escrever palavrão não é um ato de falta de educação. Disseram isso na escola, lá atrás, e pelo que eu saiba aqui só é permitida a entrada de adultos. O Google controla, ou pelo menos tenta.
Alguns, quem sabe, iriam preferir ler aqui assim: “a senhorita permite que eu introduza o com que mijo no por donde vós mijais? Pois isso é viver atrelado a formalidades desnecessárias usadas num passado distante. Ter bom humor não significa rasgar o dicionário e usar vocabulário inadequado, ou ofensivo somente. Concordo que as vezes extrapolo, aceito até alguns excessos, mas não violento a minha forma de escrever e brincar com o fetiche de forma sadia e, acima de tudo, honesta. Posso escrever cocô ou posso colocar aqui merda. É a mesmíssima coisa, apenas a grafia é diferente. Isso é brincar com a sinonímia.


Desde que decidi criar esse espaço e escrever sobre tudo que aprendi foi com o intuito de praticar o fetiche através das palavras e passar um pouco da minha experiência, explicando aos novatos os detalhes que tanta curiosidade desperta. Além, é claro, de contar boas histórias, as minhas e dos muitos amigos. Desmistificar o fetiche sempre foi um objetivo e divulgar meu trabalho a quem gosta é muito mais, é um prazer.
Já dizia o poeta que não existe amor sem paixão, por isso, me apaixono a cada dia quando vejo gente chegando, a atmosfera latente

e o fetiche em órbita. Me exponho, dou a cara a tapa colocando a foto no perfil e espero que receba abraços, nunca detritos.
Portanto, a conclusão é simples: se estou na foto e não escondo o rosto, por que esconder o que penso, o que sou e o que fui?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Comportamento


Muito já foi escrito aqui a respeito de comportamento e conduta no BDSM.
Numa análise ampla posso dizer que vai além de uma questão de foro íntimo, porque da mesma forma que existem conceitos sociais também não se pode negar a existência de um conjunto de normas que rege o universo fetichista.
Então quer dizer que eu em sã consciência estaria negando meu próprio anarquismo? Não, tenho minha base, minha maneira de enxergar certas coisas, mas num computo geral costumo respeitar o que a grande maioria tem como regra, sempre enfatizando que se trata de um meio social, que requer conduta básica e necessária.
Portanto, se compareço num evento não desdenho do dress code, do negro, ou do que for estabelecido por quem promove o encontro. Por conseqüência, respeito à linha de pensamento das pessoas que estão a minha volta, com as quais convivo e divido minhas palavras e esperanças.
Entretanto, o fato de respeitar opiniões não significa seguir à risca o que as pessoas praticam.
Tenho minha visão pessoal, e talvez o tempo de convivência com este assunto tenha criado alguns registros no meu próprio entendimento. Por isso, não sou demasiadamente exigente numa relação dentro dos conceitos do BDSM, principalmente quanto aos dogmas, mas compreendo a necessidade de quem me acompanha em fazer uso de certos termos e comportamento.
Talvez isso explique o fato de aceitar que me tratem por Sr. ACM, embora prefira que me chamem apenas de ACM.
Costumo brincar com a semântica das palavras porque vejo tudo ao redor com um senso de humor elevado. Algumas pessoas confundem bom humor e ousadia com libertinagem, mas isso não me afeta. Prefiro seguir minha linha, meus versos próprios e faço uso das palavras sempre num sentido único, comentando as expressões fetichistas que compõem a sigla BDSM de forma direta e sem dramas.
Que mal há nisso? Desde que não exista falta de respeito com os semelhantes, e, principalmente, praticantes, sou apenas sincero quando uso as palavras para definir o que penso. Se soa mal, se a leitura é mal interpretada aqui peço desculpas.
Então recebo de uma amiga, uma pessoa a quem tenho profundo respeito e admiração, uma crítica construtiva a esse respeito. Falo construtiva porque foi mesmo e ponto. Uma rainha, pessoa do mais alto nível dentro do BDSM a quem tenho a honra de provar da amizade por longo tempo. Ela afirma que meus textos são altamente relevantes e elucidativos quando faz referencia ao BDSM, mas por outro lado, não aceita alguns termos chulos misturados aos conceitos que explico.
É importante esclarecer esse assunto, porque não é a primeira vez que vem à baila.
Esse fato corrobora para que este artigo não seja uma resposta a alguém em especial que faz parte do meu circulo de amizade, mas sim uma explicação pública as pessoa que aqui vêm em busca de aprendizado.
Meu senso anarquista nada tem a ver com desordem ou caos. Não tento desestabilizar nada ou debochar do que por anos a fio as pessoas construíram. Sou contrário apenas a qualquer conjunto de regras hierárquicas as quais não tenham liberdade para serem contestadas.
Pra mim BDSM é prazer e alegria antes de tudo, dentro ou fora de uma masmorra escura com ares medievais. Os conceitos é que precisam sempre ser reinventados, recriados, e não podem jamais estar presos ao tempo ou aos fatos de anos atrás.

Inspiração

E deu a lógica.
Depois de um período de auto-análise quanto à essência das cenas apresentadas no Bound Brazil, à inspiração está de volta. No vídeo curta de hoje, Vaní e Lia brincam com o fetiche de bondage com imobilizações de alto padrão: "Bondage for Fun"
Pra conferir basta assinar o site e aproveitar também as ótimas fotografias em alta resolução que estão na tela.


Se me permitem uma frase pra dar ênfase ao vídeo eu vos digo: isso é bondage!

Um ótimo final de semana a todos e em especial as mamães fetichistas!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Melhor dos Privilégios


Ok, você venceu!
Fica guardado, em segredo de Estado, mas falar da minha relação com o fetiche que me norteia seria o melhor de todos os privilégios. Porque ser fetichista já é um privilégio do qual nunca abri mão. E não existe uma data pra simplificar como isso tudo teve início. Foi numa época, num dia qualquer do calendário.
Dizem que a arte de fazer belos nós credencia quem pratica a ser um mestre. Mas se consegui chegar até esse ponto da escala muita água rolou debaixo da ponte. Da mesma forma que apesar de concordar com os diversos conceitos fetichistas que abraçam o fetiche de bondage, é imprescindível deixar claro que um mestre de cordas tem o traço dominante na essência. O ato de imobilizar em si só já o gabarita para tanto.
E foi dando nós por aí que construí a minha escada fetichista.
Entre a primeira e a última prática mudou somente a técnica, mas a virtude é a mesma e permanecerá intacta enquanto houver emoção e prazer ao realizá-las. Isso nada tem a ver com o aspecto profissional, ou seja, o que se faz por pura e simples exibição e entretenimento. Se um bondagista imobiliza sua parceira ele automaticamente a tem sob controle, dominada, exposta, entregue.
Não chega a ser um ato de violência explícita, mas apesar de consentido o fato de manietar alguém para privar-lhe os sentidos é uma imposição. Gostosa, saborosa, eficaz quando causa as sensações e os efeitos desejados, estimulando através da impossibilidade de participação de quem está imobilizada. Reparem que aqui eu uso o termo no feminino, claro.
Porque esses fatos me remetem a tempos de certeza absoluta quanto a minha própria escolha, e ao mesmo tempo, de incertezas quanto às práticas. Nunca é demais lembrar que um fetichista caminha em direção ao abrigo e nem sempre existe um teto logo ali, disposto a te acolher.
E como fantasia o fetiche de bondage é totalmente bilateral.
Inventa-se uma história, transforma-se um cenário. Os praticantes dão vida aos personagens que escolhem representar e deles retiram o melhor. O olhar amedrontado de quem está sob domínio contrasta com o brilho dos olhos de quem se passa por algoz.
É preciso colocar em prática uma proposta convincente que faça a parceira se entregar. A mão firme que ordena, que seduz e que realiza uma condução eficaz de quem quer ter os desejos negados e atendidos na mesma proporção, como um poema de rimas fáceis. Ainda que não se intitule uma submissa, ou tenha a chamada alma submissa, a mulher que aceita participar de um jogo erótico de bondage quer se sentir indefesa diante de um ataque consentido por ela, e, talvez, elaborado a quatro mãos e duas mentes.
Ela anseia que o bondagista faça. E ele, o autor intelectual da captura precisa ser eficiente, sentir o momento e conhecer os sentidos da parceira mesmo que seja apenas a primeira vez que se toquem. Os nós não precisam ser belos, basta que sejam corretos. O que se espera é as cordas prendam e tirem da parceira toda a capacidade de decisão nos momentos que está literalmente subjugada.
As minhas melhores cenas de bondage jamais foram encenadas na tela. Delas sequer tenho fotografias, quiçá um vídeo que as delate. O importante é que permanecem vivas dentro de mim e me fazem sempre buscar o melhor que possa oferecer a quem comigo divide o cenário. Um ensaio particular ainda é a grande sacada.

Nada representa tão bem uma cena de bondage quanto se embriagar com os desenhos que as cordas deixam numa pele marcada.
É a chamada prova de fazer bem feito.
O passado e o presente muitas vezes me visitam nos sonhos. Às vezes relato algumas dessas histórias aqui. Das que vivi guardo as melhores lembranças e das que ainda virão procuro colher ensinamentos do passado para chegar a desejada plenitude no presente e no futuro.
A conclusão é simples: o fetiche de bondage é uma delícia! O resto à gente inventa...
Me ajudaram a construir esse artigo: Luana Fuster e Dani. Belas imagens do Bound Brazil.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Day to Remember


Coisas do cotidiano…
Existem dias pra serem lembrados. Por coisas boas que aconteceram e pelas más. Eu prefiro lembrar sempre do que foi bom, talvez na esperança de que se repita, afinal, sou antes de tudo um otimista e meus olhos seguem sempre em busca do que há de melhor.
Mas nem sempre é assim brother, e algumas lembranças um tanto desastrosas rondam e se fazem presentes de tempos em tempos.
E não é que prestes a encarar pela segunda vez o cadafalso através do meu segundo exame de próstata marcado, relembrei da primeira vez? Nessa altura, com cinquentinha, não há como correr. Por conta disso, o dia a ser lembrado infelizmente não traz uma imagem fetichista deliciosa ou algo alentador, o que ficou gravado na memória foi a estranha sensação de cagar pra dentro...
E o pior é que te colocam numa posição fetal super incomoda, fazem discurso sobre a masculinidade preservada, e em seguida buzuntam o fiofó de creme e enfiam o dedo acabando com a virgindade da prega rainha. E não dá pra pedir pra esperar, tentar tomar um ar ou achar mais coragem na esperança de que te esqueçam pra sempre. Chegou, dançou e depois só resta sair com a impressão de que todos na rua estão sabendo que você acabou de levar uma dedada!
Alguns dirão que muitos homens sentem prazer com o famoso fio terra e isso realmente não lhes afeta a masculinidade. Concordo, e embora não tenha essa tendência fetichista, não posso imaginar que um sujeito seja capaz de sentir prazer com essa prática realizada num consultório, ou laboratório, às nove da manhã. O fetiche rola no ato sexual e só.
O melhor é escutar quando tudo termina que está tudo bem e que teu órgão segue normal, e o pior é ter a certeza de que cinco anos depois você vai voltar e passar por tudo outra vez.
Confesso que a primeira vez cheguei com o medo aflorado. Ao sair me senti orgulhoso, feliz, impávido, me achando o máximo por ter levado uma dedada no rabo e ter sobrevivido. É incrível como o ser humano é capaz de transformar algo tão constrangedor num ato de bravura...
E se o exame é frio e sem sentido que tal criar uma atmosfera que possibilite diminuir os efeitos negativos? Como bom fetichista, e com plena consciência de que o exame seria inevitável, introduziria uma ou duas dominadoras para que realizassem o trabalho. Elas seriam especialistas, mas teriam na veia fetichista o princípio de tudo. A consensualidade ficaria garantida já que estaria lá por vontade própria, ou necessidade no caso, mas não seria a contra gosto. Por outro lado, haveria a chance de transformar o cenário para que pelo menos os efeitos não fossem tão negativos assim.
Pensando bem seria como o espermograma. Antigamente o cara te entregava um vidrinho, mostrava o caminho do banheiro e você entre quatro paredes pequenas descabelava o palhaço e enchia o recipiente de esperma. Mas até dar liga a coisa era complicada...
Hoje, existem lugares que fazem o sujeito sentar numa confortável poltrona, assistir a um vídeo erótico (eu preferiria de bondage, claro) e calmamente ejacular no tubinho. Não é bem melhor? Então, que a técnica do exame de próstata seja modificada e o cadafalso seja menos pavoroso.

Basta contratar um fetichista pra cuidar do assunto.
Os laboratórios estão com muita grana e podem pensar nesse tipo de investimento. Talvez isso trouxesse homens sedentos por realizar exames de próstata semanais, o que seria um exagero, mas de uma forma geral seria eficiente e tranqüilo.
E enquanto essas idéias são apenas sugestões é melhor me preparar bem e encarar o que vem por aí. Com certeza será menos doloroso e nem tanto estranho, afinal a primeira vez é sempre quando a barra pesa mais...Wish me luck!

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Castigo a Cavalo


A idéia do artigo não é contar a história de um vídeo que eu tenha produzido no qual uma linda donzela em perigo estaria amarrada em cima de um cavalo, tal e qual os filmes antigos, e seguiria em apuros na disparada do animal com ela no lombo. Não.
Fica a dica, como sempre, mas a parada aqui é falar dos castigos que se antes chegavam a cavalo agora alcançam o intrépido cidadão de supersônico.
Rogar praga virou moda. Me lembro de uma vez, ainda guri, quando a minha bola caiu na casa de uma cartomante e ela me rogou uma praga. Vivi anos pensando naquela profecia maluca, e se um dia tornou-se realidade nem eu mesmo consigo lembrar. Mas tem praga que pega. Vixe! Sai pra lá...
Quem nunca conviveu com isso? Pois hoje, exatamente no mês de Maio completo três anos de trabalhos realizados para o site Bound Brazil. Porque se o portal comemora o terceiro aniversário em Novembro há que se ter em conta que a produção começou seis meses antes de mostrar o que foi produzido.
E justamente nessa época uma pessoa a qual dediquei muito carinho rogou uma praga dizendo que este site jamais sairia do papel, ou do sonho. Bom, se a tal praga tem efeito retardado pode ser até que ainda venha dar alguma notícia, caso contrário foi mais uma entre tantas...
Mas prefiro pensar que a tal criatura teve um problema na língua ou perdeu os dentes ao proferir palavras vazias. Aí então seria a velha lei da física: pra toda ação corresponde uma reação, ainda que alérgica, mas corresponde sim.
E nesses três anos, com ou sem praga, muita coisa aconteceu. Conceitos mudaram, pessoas vieram e foram, enfim, o que era apenas uma idéia de um maluco encravado no hemisfério sul ganhou o mundo e hoje aparece na preferência de centenas de assinantes todo mês.
O interessante neste tipo de trabalho é não deixar que tudo se processe como obrigação. Quando uma atividade exige empenho pessoal e constante aprimoramento de idéias, tudo deve ser norteado pela capacidade de realização de quem se entrega ao empreendimento. Ainda que exista a necessidade de reinventar o que se apresenta, fica evidente que a regra básica é o amor à obra.
A evolução é óbvia, ela está em todos os segmentos de qualquer atividade, fetichista ou não, entretanto, alguns aspectos devem seguir uma lógica que o passado foi cirúrgico ao trazer a ribalta. Cultuar produções antigas e ídolos da indústria não significa fincar raízes e utilizar antolhos perante a novidade. Pequenos detalhes são importantes, desde o material empregado para as cenas de bondage até a parte tecnológica. Ninguém sobrevive ao atraso.
Em vias de gravar um segundo filme de longa metragem de alto padrão sinto-me gratificado com o que realizei até aqui. Claro que há muita coisa a ser consertada e também desenvolvida, mas tudo isso é parte de uma grande esfera que junto com as pessoas que ajudam a tocar o barco sigo a busca constante do equilíbrio, porque temos a exata consciência de que a perfeição está ao lado, cada vez que as cordas desenrolam e a câmera começa a gravar.
O aumento gradativo de assinantes mostra um resultado positivo.
Colocar um site na rede não significa encontrar um pote de ouro no final do arco-íris. A ralação é constante e o compromisso pontual. Errou dançou, descumpriu perdeu. A lei da selva aqui é pior que dentada de pitbull.

Muita gente pensa que o ACM é o cara mais feliz do planeta. Amarra mulheres lindas, faz o que gosta e ainda ganha grana com isso. Se fosse assim brother...
Não dá pra dizer que o site me deixa infeliz, muito pelo contrário, mas também não é essa maravilha toda. Envolve muitos aspectos que passam ao largo de realizações fetichistas...
Passados três anos o compromisso que tenho é o mesmo. Talvez a construção dos nós tenha evoluído e alcançado um nível acima quanto ao padrão de qualidade. A parte tecnológica ainda é uma busca, uma missão a ser cumprida. Mas o trem segue...

Na foto ao lado Lia. Mais uma estréia de gala no Bound Brazil.