quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Shallow Ground (2004)


De um filme com um orçamento beirando os oitenta mil dólares não se pode esperar tanto.
Portanto, até os cinéfilos amantes de filmes de horror serão obrigados a quebrar a cabeça no intuito de decifrar o que o diretor Sheldon Wilson tinha na cabeça ao filmar “Shallow Gorund” ou Terra Rasa como foi traduzido quando exibido por aqui em 2004.
Lógico que nossa procura quando o papo é cinema se resume a tentar encontrar cenas de lindas donzelas em perigo, as chamadas “damsels in distress” que justificam o próprio conceito do fetiche de bondage, mas bem que algumas dessas obras poderiam ter por conseqüência um conteúdo mais agradável e, de preferência, descomplicado.
O que não é o caso, definitivamente, de Shallow Ground.
A história se baseia numa louca tentativa de provar que existe vingança vinda do passado quando um menino sujo de sangue aparece numa delegacia de polícia justamente um ano depois de um brutal assassinato de uma jovem da cidade ainda sem pistas.
Mas o roteiro é bem estranho, pois inclui seqüências de mau gosto e completamente incoerentes. Quando constatam, por exemplo, que o garoto sujo de sangue é, na verdade, um pouco de cada uma das pessoas mortas e desaparecidas na região, e sem entender nada o espectador fica de queixo caído ao ver a maneira como chegaram àquela conclusão: vendo cerca de 10 fotos, o policial surtado identificou um pequeno detalhe do garoto em cada uma das fotos.
Como se alguém simplesmente pensasse: "Nossa, como o lóbulo da orelha dele é semelhante ao dela!". Pouco a pouco, a história vai se desconstruindo e eventos de um passado nem sequer mencionado surgem para que nós pensemos que foi justo o que aconteceu com um ou outro personagem. Nessa mesma cena - a que o policial morre - surge uma imensa incoerência. Ele morre devido ao fato de ter matado um bandido que não lhe passava o dinheiro (propina) e esse mesmo bandido reaparece na forma do "garoto-sujo-de-sangue".
No entanto, o primeiro garoto do filme era um misto de várias pessoas "injustiçadas", então, por que o assassino do policial é exatamente o mesmo que ele matou? Seria mais racional, então, pensar que cada uma das pessoas que foram mortas pelo assassino encapuzado resolvessem acertar suas contas com ele.
Por outro lado, em meio a esse emaranhado de incertezas, surgem algumas cenas que nós cinéfilos fetichistas apaixonados por ver lindas atrizes americanas correndo perigo ficamos atentos. É quando a bela Natalie Avital resolve dar um show particular pendurada numa árvore mordendo uma mordaça de pano preto...
Valeram os incontáveis minutos pra ver essa cena?
Talvez sim, porque a grande coerência entre o que o cinema mostra em relação ao fetiche de bondage se resume nesse cenário. Nenhum fetichista em sã consciência é um psicopata prestes a explodir ou em meio a um plano sórdido de seqüestrar a vizinha mais próxima.
O cinema aproxima o que os fetichistas gostariam de ver.

Claro que, com a popularização da internet e o aparecimento de milhares de sites que exibem o fetiche sem ter todo um enredo de escolta diminuiu esse flerte, mas pra muitos, ainda vale a velha essência capaz de transformar um filme de quinta categoria em algo que pelo menos em poucos minutos valha a pena.
Resumindo, se sua onda é misturar trilher de terror e fetiches talvez Shallow Ground tenha alguma chance de ir parar dentro de sua coleção, mas se você aprecia a união de imagens de donzelas em perigo e um razoável

conteúdo é melhor passar batido ou salvar o que presta nesse pequeno clipe que eu posto a seguir.
Porque pensando bem, alguma coisa teria que prestar.


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