sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Exposed" (Diary of a Rape) 1971


Lena (Cristina Lindberg) está sozinha na cidade enquanto seus pais estão de férias.
Ela está dividida entre seu namorado inocente e um sociopata quarentão (Heinz Hopf) mais experiente do que seu príncipe consorte, mas muito sádico. Em conversas com seu namorado ela chega a falar a respeito de Helge, o sádico. Ele fica bravo e lhe desfere um tapa. Atordoada ela foge e pega carona com um promíscuo, porém simpático casal, Lars e Ulla, que ela havia conhecido no verão.
De volta a cidade é atraída por Helge com quem se envolve até o final da trama.
As voltas com chantagens através de fotografias comprometedoras ela se submete aos seus caprichos.
O diretor Gustav Wiklund bolou uma trama interessante.
Como fundo, a expressão fetichista em detalhes perfeitos. Como base, a beleza estonteante de Cristina Lindberg que por unanimidade de crítica ofuscou totalmente o enredo.
O filme em verdade consegue ser mais do que um simples e típico filme de sexploitation. A trama em si não é tão ruim e existem algumas performances decentes.
A primeira impressão é que o caráter do personagem de Lindberg teria traços marcantes de roteiros anteriores, muitos chegaram a imaginar uma homenagem ao BELLE DE JOUR de Buñuel, mas o filme funciona.
As sequências de fantasia são fantásticas. Há tanto esmero nos detalhes que segundo a crítica Wiklund chega a pecar por excesso, o que pra nós fetichistas é uma blasfêmia. As cenas de bondage são vigorosas e atingem a perfeição em determinado momento. Não há bondagista na face da terra que possa pensar em criticar tamanha benevolência com o fetiche como nessa obra. Imagine mais de sete minutos de um filme dedicados a fantasia.
Um delírio!
Este clássico Sueco do começo da década de setenta foi banido em 39 países. Acreditem.
O título sugeriu diversas traduções por onde foi permitido rodar. O mais lógico é procurar por “Exposed” simplesmente ou tentar a sorte buscando por “Diary of a Rape”, ou seja, o diário de um estupro. Não é complicado encontrar a versão inteira disponível na Internet. Trata-se de uma obra de anos atrás.
É interessante ver a interpretação da jovem Lindberg se transformando em cena. Ela, certamente, nos faz cuidar de sua personagem devido à forma como encena a menina em perigo na cama de um sádico.

O maior problema com este filme e muitos outros filmes de sexploitation é que não há apenas as seqüências que nos despertam o óbvio. Eles precisam durar os minutos todos e as tomadas manjadas e sem sentido atrapalham um pouco. Mas no nosso caso, bastam estes sete minutos de perfeição. Recomendo atenção absoluta na última parte, pois dará total sentido ao final da trama.


Como brinde posto aqui as duas seqüências incríveis de “Exposed”. Um tributo ao fetiche de bondage em toda a sua expressão. Impossível assistir e não rever pelo menos duas vezes.

Um ótimo final de semana a todos!



quinta-feira, 28 de julho de 2011

As Pulgas


É incrível a atração que o fetiche exerce em quem vive com ele.
O aprendizado é eterno e por mais que alguém afirme do alto de sua experiência que conhece tudo, que já viu ou provou de todas as emoções, tem sempre uma coisa nova batendo na porta.
Nesse oceano de desassossego, os fetichistas embora muito parecidos têm características impares. Enquanto tudo é restrito a papo, palestras ou encontros há muita concordância, mas basta haver conjunção de corpos e desejos que o beato solta fogos.
Nessas horas vale à pena deixar um pouco de lado a lógica em nome da percepção.
A idéia aqui não é colocar apenas uma pulga atrás da orelha dessa gente bronzeada que se esbalda com práticas fetichistas e de BDSM no hemisfério sul. Minha intenção é colocar um cachorro cheio delas atrás da orelha atenta do povo que comunga da mesma corrente de pensamento.
Exemplos não faltam e são fartos. Duas amigas submissas chamadas a uma sessão com um dominador estavam devidamente preparadas para viver o que se espera de um encontro assim. Agonia, desejos e realização. Tudo pronto até descobrirem que o objetivo do dominador era ser humilhado pelas duas moças numa tarde que parecia perfeita.
Prontamente recusaram tal oferta e já que estavam com os hormônios em festa partiram para uma cena lésbica. Melhor gozar entre elas do que com a cara do sujeito que pelo menos deveria ter dito a verdade.
Daqui se resume o seguinte: desejo fetichista ninguém inventa. Ele está inserido no contexto do prazer de quem busca a prática. Infelizmente alguns praticantes faltam com a verdade na hora de abrir o jogo e tudo termina numa grande cagada.
Razão de sobra pra pulga estar bem no cantinho da dobra da orelha.
Por outro lado a pulga pode ter um efeito contrário à desconfiança. A presença do inseto sem asas da ordem siphonaptera no pavilhão auricular estaria mais inclinada à curiosidade do que a qualquer dúvida. Por isso, existem os desencontros. E como seria? Simples, algumas propostas negociadas que terminam em envolvimentos fetichistas acabam por não suprir as necessidades de quem se aventura a ter a relação. Inevitavelmente o tempo e a falta da realização de certos desejos minam o relacionamento e o castelo desmorona.
Mas nem tudo está perdido quando o assunto é a obsessão por fantasias.
Acharam a palavra forte? Obsessão? Mas não é, porque em alguns casos o fetichista assume a tara dentro de si e corre todos os riscos para tirar uma lasca daquilo que ele supõe ser o nirvana. Quebrou a cara? Só resta levantar e partir pra outra recolhendo as lembranças. Alguma coisa boa sempre fica ainda que nem tudo tenha sido o sonhado mar de rosas...
O ideal é ter equilíbrio. Discernir entre os prós e contras e aceitar quando nada sai como planejado. Tudo que é obsessivo é demais.
Nesse meio fetichista conheço muita gente que já pode vivenciar parte desse dilema. O certo e o errado simplesmente passeando a luz de seu pensamento. Gente capaz de conviver com uma incontrolável vontade de experimentar as duas faces da moeda, misturando desejo e apreensão em doses idênticas.

Por uma dessas pessoas eu tenho uma admiração que transborda. Talvez por conta disso tenha decidido dedicar esse artigo de hoje a ela, quem sabe por que ela costuma guardar dois cachorros infestados de pulgas em cada orelha ou simplesmente porque ela jamais se omite quando a ordem é verificar onde está a pedra que risca o chão e dispara a faísca.
Esteja perto ou distante pouco importa. É possível materializar sua veia fetichista através de um simples “affff” ou um longínquo “*pisc”.
Ternurinha, as palavras de hoje são pra você minha grande amiga, por tudo que representou como inspiração para que eu pudesse

desenvolver esse tema. Não tem erro: é a tua imagem e semelhança, ainda que as pulgas atrás de tua orelhinha estejam com os dias contados.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cartas de Amor de uma Freira Portuguesa (1977)


Faz bem pouco tempo escrevi aqui no blog sobre o diretor Jess Franco e uma de suas obras.
Do simples desafio do cinema novo dos anos sessenta a maturidade na década seguinte, Franco se firmou como um diretor prolixo.
Contestado por boa parte da crítica que insistia em classificar suas obras como de segunda categoria, o chamado cinema B, Jesus Franco pouco se importou e seguiu apostando em temas pouco conservadores sempre colocando uma pitada de BDSM explícito em suas narrativas.
Em “Love Letters of a Portuguese Nun” ele vai de encontro aos dogmas religiosos e desafia a ordem estabelecida. Reparem que estamos falando de trinta e quatro anos atrás.
Na trama, uma inocente jovem chamada Maria é uma noviça do convento de Serra D'Aires, secretamente dirigido por satanistas.
Seu confessor está em conluio com a madre superiora e todo um cenário macabro comanda o roteiro. Maria é torturada, forçada a fazer sexo com homens, mulheres, o diabo com chifres, e completamente envolvida pelo que a cerca só consegue se ver livre através dos sonhos.
Desesperada ela escreve uma carta a Deus e implora que algum cavaleiro venha resgatá-la, apenas para não cair nas mãos da Inquisição e ser colocada na fogueira e condenada à morte como Joana d'Arc.
"Cartas de amor de uma freira portuguesa” é um filme de horror com doses de erotismo totalmente baseado no contexto do BDSM. Geralmente os filmes de Franco apresentam uma trama muito delineada e cargas de sexo, mas desta vez é o contrário. Claro que há muito espaço para o sexo, principalmente quando envolve a questão fetichista do espectador, mas é definitivamente um elemento secundário na trama.
Esse filme se encaixa no gênero horror conhecido como "nunsploitation” se analisado à luz da crítica cinematográfica. A história de Maria, uma menina que é forçada a entrar para um convento sabendo que o mentor usou de ma fé e manipulou sua mãe utilizando-se de tal fato para que ela admitisse um suposto conluio entre a jovem e o diabo, o que obviamente a destinaria diretamente para o Inferno.
No entanto, Serra D’Aires não é um convento cristão e em vez de adorar a Deus todos pregam o satanismo como norma. Depois de ser forçada a realizar atos pecaminosos com vários membros do convento (incluindo o Príncipe das Trevas), Maria tenta escapar e a trama tem um final inusitado.
Jess Franco soube aproveitar todo o clima envolvente dos cenários da idade média para criar seu laboratório de horrores, ao mesmo tempo em que provoca praticantes de BDSM a seguir seu relato, porque ainda que não exista consentimento nas cenas apresentadas, sabe-se que estamos falando da sétima arte, onde tudo é possível dentro de um rolo de filme.
O filme carrega todos os aspectos de seu criador. Funciona como um atestado do diretor Jess Franco que ao longo de mais de quarenta anos produziu uns duzentos filmes, e é um dos cineastas mais originais e iconoclastas no subgênero denominado Cinema B.

A atuação da jovem Susan Hemingway em “Love Letters of a Portuguese Nun” merece destaque, assim como de todo o elenco.
E já que estamos falando de uma obra de mais de trinta anos aqui vai à dica para baixar o filme inteiro pelo link: http://www.filestube.com/l/love+letters+of+a+portuguese+nun
Existem muitas outras opções na rede onde é possível conseguir o filme completo.
De lambuja uma cena na íntegra com muito BDSM só pra dar água na boca da galera.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Enlevo


Ainda que não seja um roteiro de filme minhas linhas algumas vezes transmitem devaneios.
Basta estar inspirado com a luneta apontada na direção do desejo que a mente pervertida se encarrega do resto.
Daí me deu vontade de ter umas aulas.
Aulas fetichistas ministradas por uma bela e encantadora dama de óculos, bem ao estilo professorinha, pronta pra me ensinar os caminhos da perdição absoluta. E o que traria essa linda mulher ao cair da tarde? Bem, olhando a fotografia aqui ao lado acho que os ensinamentos dão conta dos meus próprios sentidos.
Fita adesiva fotografada juntamente com um olhar de incerteza.
A ela foi decretada a lei do silêncio. Precisa ensinar com os olhos, até os gestos são restritos e sobra somente o balanço do dorso completamente limitado pelo que criei. Assim o bondagista tece sua teia.
Então é possível seguir o roteiro de acordo com a sua própria vontade. O filme é seu e a sessão é totalmente interativa, mas neste caso, eu dou as cartas e projeto horas de angústia e, talvez medo, que se transformam em momentos de pura emoção, o chamado “a taste of excitement“.
Afinal, pra que serve a fantasia de bondage? Muita gente indaga a esse respeito e por mais que existam conceitos e opiniões os valores se alternam. Bondage talvez seja o fetiche onde a verdade não tem dono, onde não existe um livrinho de regras e os limites são infinitos. O sujeito é doido por cócegas? Tá legal amarra ela primeiro. Pode ser que o cara seja apenas um bondagista com raízes fincadas em damsels in distress, ou seja, a menina em perigo em meio a uma trama qualquer. Certo, cordinhas pra começar. E assim sucessivamente.
E vale tudo: algemas, zippers, lenços, qualquer objeto que possa funcionar como uma abraçadeira de dois pulsos ou tornozelos.
O básico é o aprisionamento, a restrição dos movimentos e a privação dos sentidos.
O que vier adiante fica por conta do desejo maior de ambos os praticantes. Por isso, não é complicado falar de bondage já que tudo é muito amplo e abrangente.
Enquanto eu desando a escrever sobre o fetiche a professorinha continua sua saga.
E nos minutos ou nas horas que vão preceder o que se denomina de “gran finale” eu posso tudo. Mas posso porque a mim foi dado esse direito por puro consentimento, de outra forma a cana seria dura e terrível o que jamais me passou pela cabeça, aliás, de todos nós que habitamos esse universo da fantasia e sabemos como conviver dentro dele.
Está na hora de seguir delirando pra perceber onde eu quero chegar.
Me dou conta que tenho outro presente me esperando, desta vez na sala. E a moça está devidamente acomodada num divã. Parece engraçado; muito fetichista algum dia já foi aconselhado por alguém a deitar num divã diante de um analista pra, quem sabe, ceifar o tal mal pela raiz. Brincadeira? Que nada, conheço fetichista que já foi parar até em casa de reza pra afastar demônio. A chapa esquenta...
Olhando o divã e esquecendo o analista caio na real e pressinto que a dama tem um olhar pedinte, desejoso. Deixo a professora de lado e resoluto parto em busca daquilo que esse fim de tarde de inverno me reservou: o fetiche é agora, deixar pra depois por dúvida ou incerteza é ver a vida passar pela janela.

Se fosse tudo verdade realmente eu estaria nas nuvens.
Mas sonhar é grátis, faz bem e pode ajudar na sua próxima aventura. Por isso, não me farto de criar meus roteiros na frente ou por trás das câmeras, ainda que tudo não passe de uma grande ilusão que duas fotografias publicadas por um parceiro conseguiram trazer pra minha imaginação.
Só me resta agradecer ao Kevin por esse momento mágico e esperar que qualquer dia destes eu possa transportar para uma bela cena de bondage real.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Se For Capaz


Uma brincadeira que pode dar certo, por que não?
Basta dar uma paquerada na foto ao lado e entrar no clima. Daí estenda um convite a sua parceira e coloque em prática.
A idéia é simples: desafiá-la a descobrir por meio do tato o brinquedo mais interessante.
Só que o tato aqui não tem nada a ver com o toque das mãos, ou seja, o brinquedinho tem que ser aplicado na “zona do agrião” e de lá certamente virá à resposta. Certo ou errado, dependendo do que ela diga a brincadeira termina ou recomeça.
Claro que você não vai dar mole e certamente fará uso de brinquedinhos novos aos quais ela nunca teve acesso, o que vai tornar o joguinho interessante. E como bem disse um amigo altamente piadista e pandego, se ela possuir a visão do terceiro olho poderá adivinhar a cor...
Posso garantir uma coisa: se sua parceira é daquelas que delira com esse tipo de jogo erótico e com a utilização de brinquedos durante as fantasias, ela vai adorar cada minuto e você como bom bondagista ou dominador terá a sua musa encantada com o game adulto e o que é melhor ainda, ao seu inteiro dispor.
A galera que curte trazer parceiras baunilhas ao universo fetichista não pode deixar de anotar essa dica. Garanto que a curiosidade e prazer andarão de mãos dadas no jogo. Um detalhe: jamais aceite revanche ou você vai estar em maus lençóis.
O premio para o vencedor fica a critério do casal. O que é combinado não sai barato e nem caro, portanto, acerte na escolha pra não se arrepender depois. Procure desafiar de forma branda, suave, para evitar o famoso pulo do gato feminino. Lembre-se sempre que a mulher tem alguns aspectos sombrios e muitas vezes vingativos, por isso, esteja certo quanto à primeira regra: o desafio é seu o qual não cabe recurso.
Se ela vencer, venceu e pronto. Parabéns. Aproveitou cada minuto e saiu com os louros da vitória. Aqui vale a velha teoria do sujeito muito amigo do vampiro: “tudo certo, mas não me venhas com beijos ao pescoço!”

Retorno

Um grande amigo está de volta para delírio da galera que é louca por bondage.
O Dale, do site paragon e gaggedwomen, colocou o pé na estrada e está reabrindo os portais aos assinantes.
Parece uma tarefa simples, mas não é. Embora os portais já tenham anos de existência, por muito tempo o Dale apenas publicou seus trabalhos em lojas do “clipe4sale” ou através de tokens, ou seja, quando você vende um ensaio avulso na rede.
Em breve uma galeria de seu trabalho estará disponível aos assinantes do Bound Brazil como convidado. Faço questão de dar as boas vindas a esse amigo de longa data que retorna a um lugar de destaque o qual ele nunca deveria ter se distanciado.
Me sinto feliz por ter incentivado esse retorno, porque independente do fator concorrência todo trabalho de excelência deve ser admirado como arte, e o Dale é um desses caras que nasceu pra fazer bondage.
Be welcome back my friend!

Pra encerrar, uma desculpa pública a minha amiga Bela e a todos que foram ao mega evento do 24/7 neste último final de semana em Sampa: problemas particulares impediram que eu estivesse presente como prometido.
Claro que seria muita pretensão achar que fiz falta, ao mesmo tempo em que afirmo que a festa em si fez muita falta para mim e como todos às vezes anteriores eu gostaria de estar presente. Entretanto, não deu. Lamento, muito mais por mim mesmo que me privei de estar num evento que é a célula mater do calendário fetichista por aqui.
Beijo Bela, na próxima eu vou!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Original


Gosto de bondage faz tempo.
Desde os tempos em que as mulheres eram – digamos – mais naturais, talvez originais.
Os seios eram reais, a bunda era idêntica como veio ao mundo e não havia traços musculosos excessivos nas coxas e pernas.
Um tempo em que não se dava muita bola se a simetria das cordas era perfeita, e tão pouco se notava uma qualidade detalhada de iluminação nas fotografias. Tudo era mais simples como fosse feito dentro de casa e servido numa página de revista com esmero aos nossos olhares atentos.
Os filmes em VHS chegavam pelo correio em envelopes pardos forrados com plástico bolha.
Uma hora de belas imagens e um bom roteiro. A gente guardava as histórias na cabeça.
Um tempo em que o sonho de consumo era amarrar a musa do calendário, de ficar na fila pra ver o próximo filme do Zé do Caixão e torcer pra que o Mojica mostrasse duas belas mocinhas amordaçadas e em perigo.
Dias em que se comprava cordinha de algodão, dessas de levantar secador de roupa e pra ter dez metros era preciso fazer um nó pra se chegar à medida. Tempos em que ninguém sabia o que significava “bondage” e não era comum conhecer fetichistas, por isso, era possível achar que além de nós não havia mais ninguém em todo o planeta com as mesmas idéias na cabeça.
O fetiche se apresentou a mídia e a mulher que pra nós bondagistas é a razão de existir da brincadeira escolheu novos visuais. Nunca perderam a beleza, mas esqueceram de ser originais, genuínas.
Época de parcerias inenarráveis com os azulejos do banheiro, verdadeiras testemunhas de bronhas homéricas em homenagem à mulher comum que vivia na vizinhança, que passava todo dia e embalava a imaginação. Dias difíceis, porém saudosos, um tempo de muitos conflitos, de sonhos perfeitos e desfeitos, demônios vivos atentando pensamentos juvenis.
Anos de magia...
Hoje as fotografias que esse tempo não apaga trazem de volta todo o fascínio e renova a insanidade de ter o fetiche na veia. Estas linhas não são devaneios de um saudosismo vazio e não significam fechar os olhos às mutações tão naturais como os novos tempos. Gostar do passado e admitir a beleza que os olhos fotografaram não traduz mediocridade. São apenas razões e inspiração.
Nada retrata melhor a saudade do que uma foto, um aroma, um sabor ou uma canção. Feliz daquele que pode admitir sentir saudade, porque se existe esse tipo de sentimento é a prova fidedigna de um amor incondicional. O mesmo amor que não desaparece com o tempo, que enxerga no futuro tudo que o passado ajudou a construir.
E lá se vai o tempo...
O que hoje está na moda um dia será relíquia dentro de um pensamento fetichista, clandestino ou não, o que não lhe tira a graça desde que seja sincero. Não é preciso exteriorizar aquilo que sentimos, por isso, a sinceridade pode ficar trancada dentro das gavetas que nosso “HD” armazena.
Andam dizendo por aí que é Cult gostar de “vintage”. O fetiche não envelhece e muito menos as nossas idéias com relação a ele. O que produzimos, profissionalmente ou não, leva a nossa marca, o carimbo em forma de assinatura. Se publicado corre o risco de virar arquivo de alguém e um dia se transformar em saudade. Se guardado é uma parte da nossa própria história de vida, a qual podemos nos espelhar mais adiante ou simplesmente saber que existiu.

Talvez esse tempinho escroto me tenha deixado um pouco sensível e me guiado por uma viagem “meu eu” adentro, ou pode ser que eu não esteja satisfeito com alguma coisa que tanto planejei, quem sabe...
Na verdade, senti falta de algo que sinceramente não sei o que é ou onde está.
Melhor admitir que a chuva junto com as fotos me trouxe uma puta lembrança e resolvi dividir com todos aqui.
É muito melhor.

Um excelente final de semana!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Mundo Amador


Bondage também é exibição.
Nem sempre as melhores cenas estão confinadas em sites especializados.
Aqui uma amostra do que rola pela rede, do que o mundo amador anda produzindo.
Confira. Belas imagens!




quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Normalista


Seis meses de namoro. No ar ainda havia o aroma de conto de fadas. Aquela sintonia perfeita que parece que nunca terá fim. Quem nunca passou por isso?
Um dia ele tocou num assunto delicado e falou em ter fantasias. Ela mostrou-se tímida. Ainda que tivesse algum conhecimento sobre o tema confessou que temeu por sua sorte naquele papo, afinal, qualquer afinidade com fantasias e afins, em sua opinião poderia causar dúvidas no namorado recente sobre algumas experiências passadas.
Achou bastante criativo da parte dele o pedido para que ela usasse um uniforme de normalista. Resolveu, então, caprichar no visual como se fosse um traje de festa. Correu pra cá e pra lá e, finalmente, montou o visual. Completíssimo, com direito a sapato boneca, meias três quartos e saia plissada.
Recebeu um telefonema por volta das cinco da tarde do dia marcado quando ainda estava na luta, no trabalho. Do outro lado da linha ele mandou a sentença: “passo as oito e te pego”.
A mulher deu uma tremida estranha. Apensar de ter plena consciência que os seis meses de envolvimento ainda não representavam uma cumplicidade total e irrestrita, preparou-se para o que chamou de noite mais importante. E era!
Colocou cada peça da roupa e em pleno final de verão arranjou um sobretudo longo que pudesse esconder o que trazia no corpo.
Entrou no carro e apesar da intimidade construída ao longo de um semestre não conseguia esconder a ansiedade. O cara notou e procurou acalmar a parceira. Tentou dar uma olhada no que ela trazia, mas ela, inteligentemente, escondeu. Havia que despertar o tesão máximo no sujeito e ser cúmplice na brincadeira de adultos.
O namorado babou quando ela já no motel deixou escorregar o sobretudo e mostrou o uniforme que ele pedira. Tinha até gravatinha, mínimos detalhes buscados com maestria.
Sem dar tempo pra piscar ele arrebatou-a e transou sem tirar uma peça da roupa de normalista. Caiu prostrado ao seu lado. Toda a delicadeza que mostrara anteriormente se preocupando com o sexo e a necessidade de prazer de ambos foi pro espaço. Literalmente o cidadão deu uma de galo e realizou a fantasia.
Ela confessa que foi a maior desilusão que viveu. Imaginou centenas de coisas, cenas tórridas, talvez a realização da fantasia com detalhes, até mesmo que ele pudesse ser um professor enérgico, mas tudo que viveu foi como um estupro desordenado no qual não foi possível ter qualquer reação.
Tirou o traje enquanto ele já refeito falava em pedir o jantar ali mesmo. Conta que diversos pensamentos rondaram enquanto com carinho juntava as pequenas peças. Ouviu quieta a reclamação do namorado por ela não ter trazido a roupa em separado par que pudessem sair de lá para outro lugar. A grande noite foi um desastre!
Por conta da decepção esfriou totalmente em relação ao cara e na primeira tentativa de sexo após aquele dia mostrou-se fria e distante. O sujeito demorou para acusar o golpe, mas preferiu se afastar a buscar o diálogo.
Depois disso procurou literatura na Internet que falasse sobre o assunto até vir parar aqui nas páginas do blog e tomar ciência de casos, ou até de alguns pontos que a fizeram entender esse tipo de tara que as pessoas carregam.

Trocamos algumas mensagens e aos poucos ela pode descobrir que diante de tantos casos alguns sobrevivem, entrelaçam casais e chegam a ajudar a remendar relacionamentos partidos. Não sei se ela acredita no que escrevo aqui no blog ou nas palavras que lhe mandei nos emails, porém, a realização de fantasias quando respeitados os limites e atendidas às necessidades de ambos que se propõem a consentir um jogo de adultos na hora do sexo é um exercício pleno de prazer.
O segredo para que tudo se encaixe se resume em três palavras: desejo, respeito e consenso.


As pessoas que gostam e praticam fantasias devem ter essa conscientização para fazer com que esse tipo de prática possa se tornar um fetiche extremamente apreciado e bem vindo nos próximos encontros.
A fantasia proposta pelo namorado era muito legal, mas só faltou combinar com ela que era só pra ele.

terça-feira, 19 de julho de 2011

The Bunny Game (2010)


Bunny, inerpretada por Rodleen Getsic, é uma viciada em drogas e prostituta presa num ciclo de abuso e autodestruição. Sua vida é cercada de monotonia e vício até que um caminhão conduzido por John Hog (Jeff F. Renfro) cruza o seu caminho e o estranho motorista apresenta-lhe um meio de existência totalmente inusitado.
Seqüestrada das ruas para o deserto implacável, a coelhinha é forçada a sofrer um tormento indescritível e humilhação nas mãos do Hog, que tem em mente algo muito mais sombrio.
Apresentado em Black and White (preto e branco), mas com ótima resolução por Adam Rehmeier, The Bunny Game mostra imagens de tirar o fôlego. Nota dez para a edição e performances ultrajantes dos atores Getsic e Renfro como o coelho e porco.
Poucos empreendimentos de baixo orçamento nos dias de hoje conseguem reunir bons atores e um roteiro até certo ponto convincente. Embora o filme apresente um diálogo muito curto não é complicado entender o que está transpirando através das imagens desde que você preste muita atenção.
Fiquei muito impressionado com este filme a nível técnico e não há nenhuma dúvida em minha mente que Rehmeier terá um futuro brilhante no cinema.
Dito isto, há detalhes no filme que eu gostaria de mencionar; sendo o primeiro que este filme sugere cenas do tipo “Vomit Gore Trilogy” de Lúcifer Valentine. Pode existir uma razão ou um enredo por trás de tudo, mas o que você realmente vê acaba parecendo mais com um vídeo de treinamento experimental BDSM e a relação Master/Slave.
Talvez seja uma das razões que possibilitem espectadores a se perder dentro do filme.
Para aqueles não familiarizados com BDSM e seus relacionamentos, a maior parte das cenas de práticas explícitas soam como "atrocidades". Mas o que você vê em “The Bunny Game” na verdade são atividades muito comuns, incluindo uma cabeça totalmente raspada e asfixia erótica que chega a ser abusiva em determinados momentos.
Se o cinema experimental com todos os seus ruídos exagerados ou nauseantes efeitos de câmera, iluminação de vanguarda, edições ligeiras, slow-motion e seqüências de pontuação monótona aparecem como o ponto forte, “The Bunny Game” ultrapassa esses pormenores para falar de BDSM puro, porém sem regras, sem consenso.
A intensidade das cenas de sadomasoquismo chega a extrapolar porque denotam uma condição de loucura, pelo uso de drogas excessivo dos protagonistas e por passar a impressão de que o limite não existe. Os envolvidos sugerem asfixia de forma insana o que dá até um tom decadente ao conteúdo que o diretor pensou em alcançar.
Em minha opinião é uma impressionante peça de Artsploitation com cenas fortes de BDSM. Certamente vale a pena conferir pelo realismo e a excelente performance dos atores e se você é, antes de tudo, um apaixonado por este tipo de cinema, esta é chance de agregar mais uma obra fetichista à sua coleção.

Assista ao trailer.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Encantador de Serpentes


Ele dava pinta de que um dia se postara nos corredores da rodoviária à espera de moças recém chegadas a uma metrópole para praticar a sedução. Tinha um punhado de argumentos prontos, frases feitas e uma alta capacidade de convencimento.
Assim se fez.
Um belo dia o BDSM lhe caiu no colo. Não se pode negar a imensa habilidade de construir um castelo sobre pequenos pormenores e, assim, atrair pessoas ao redor. Um homem maduro, conhecedor das suas próprias virtudes e, principalmente, com experiência necessária para lidar com o sexo oposto.
Certa vez disse assim: o bom do BDSM é a facilidade de se fazer conhecido no meio.
Usando determinada tática evoluiu. Aprendeu técnicas, falava com desenvoltura em encontros e pela Internet. Aos que argumentavam sobre a fragilidade de suas cenas ele alegava nervosismo de realizá-las em público. Mas sua lábia era realmente sua arma mais consistente.
Não havia encontro ou evento em que aparecesse sozinho. Intrigava aos demais. E independente de agradar a todos ou não, sempre criava seus números de forma particular. A única cerimônia ficava para o final. Uma ex-companheira de jornada BDSM me disse que se atrapalhava na hora de pagar a conta. Mexia daqui e dali e, por fim, não encontrava a carteira.
Porém, pouco se sabia do cidadão. Chamava a atenção que suas parceiras não eram freqüentadoras do nicho BDSM na época. Normalmente ele as introduzia e muita gente se perguntava sobre essa faceta do sujeito em angariar mulheres teoricamente baunilhas para o meio.
Uma dessas moças trazidas por ele se fez amiga de pessoas acostumadas a freqüentar os eventos e, certo dia, danou a se abrir com uma conhecida de longa data. Falou a respeito de chantagem através de fotografias, de grana sacada por conta dessa situação, ou seja, tal fato veio parar nos meus ouvidos e, ao mesmo tempo, de muita gente. Sabe-se que num ambiente de baixa freqüência as noticias se espalham...
Fossem os fatos verídicos ou não certo é que chamaram a atenção. E por uma estranha coincidência o cara deu um tempo nas aparições. Muita gente pirou com isso. Houve uma espécie de bafafá e naquele momento era extremamente necessária uma análise profunda dos fatos para evitar a sobrevivência de apenas uma versão da história. Muito se falou a esse respeito.
Passado algum tempo o intrépido reapareceu. Mas quem iria tirar a limpo um assunto que não lhe dizia respeito? Afinal, ele introduzia outra parceira desconhecida de todos e seguia realizando suas práticas em separado. Suas aparições, porém, se tornaram mais assíduas e ele se transformou num arroz de festa fetichista, desta vez com a parceira e uma suposta amiga lésbica.
O circo ferveu debaixo da lona. Junte-se a tudo o fato de BDSM ser um segmento de muita fofoca e verdades absolutas criadas a partir de simples boatos desconexos. Dá pra imaginar a gama de olhares atentos ao sujeito e suas criações.
Reza a lenda fetichista que algumas submissas cercaram a tal mulher no banheiro e lhe alertaram de fatos anteriores. Dizem que a tal mulher escutou atenta e depois nada de concreto se soube. Muitas histórias vieram à tona depois de sua ultima incursão no meio BDSM, inclusive com o aparecimento de supostas mulheres que teriam caído no conto do encantador de serpentes, mas nada foi oficialmente provado.

O tal cara desapareceu de vez. Seus escritos na internet foram apagados e o que restou ninguém mais se lembra do endereço eletrônico. Possuía um bom acervo. Se era derivado de práticas reais também é um incógnita.
Alguns amigos e amigas que lêem o blog devem lembrar o fato. Existiu, nada aqui é produto da minha imaginação ou fruto de uma historinha recebida por email. O caso serve de alerta a todos que se propõem a dar um passo adiante nesse universo fetichista, porque se há uma

imensa magia disponível no próximo encontro, tudo deve ser precedido de grande cautela, o que não faz mal nenhum.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Da Caixa de Correio


Pra quem gosta de praticar o bom e delicioso hábito de ler historinhas fetichistas, nada melhor que dar uma paquerada sobre o que chega à caixa de email deste blog.
Observações pontuais, porque o campo de visão de qualquer fetichista é amplo, abrangente e alcança detalhes inesperados que tantas vezes passa diante dos olhos de quem não os percebe e chega a causar espanto quando nos deparamos com eles.
Quer um exemplo? Um amigão aqui do Rio louco por pés reparou que de um tempo pra cá as moças, principalmente na área central da cidade, aderiram a uma moda – digamos – pouco convencional. Eles vão para o trabalho super bem vestidas e carregam o salto alto na bolsa, porque nos pés as sandálias rasteiras passaram a ser a preferência da mulherada.
Imagino que isto deve estar ligado ao conforto no translado entre a casa e o batente.
A condução por muitas vezes é ingrata, lotada e perde-se tempo à espera de metrô, trem ou ônibus. Talvez por todos estes percalços as meninas tenham feito esta opção.
Essa opinião é minha, nada a ver com o email que o sujeito enviou.
Em sua concepção ele apenas retrata as vantagens ou desvantagens do fato. De um lado ele acha ótimo. Os pés ficam expostos mesmo fora da temporada de verão. Ele delira com isso, e pasmem; o camarada tira fotografias sem prévio aviso e pensa em montar um blog com tal acervo.
Doido? Nem tanto, todos nós cometemos insanas loucuras...
O lado negativo desse novo hábito pelas ruas cariocas, segundo ele, corre por conta do desaparecimento da elegância das moças ao caminhar. É. Realmente o salto dignifica a mulher. Mas pra que ficar triste brother? Basta pedir que ela coloque depois e tudo certo.
Então vale essa dica pontual do amigo podólatra para passar a observar esse novo costume. Pra quem gosta de pés vale uma opinião a respeito, e pra mulherada que sempre dá o ar de sua graça por aqui enchendo de cores este espaço, a opinião sobre essa nova tendência é muito bem vinda.
Em outra mensagem, uma amiga muito especial me lembra por email que hoje é o dia do homem.
Pois é, a propaganda é zero e se ela não tocasse no assunto eu jamais saberia. Também, qual a graça de comemorar o dia do homem? Acho que o dia da mulher é charmoso, tem um apelo mundial por tudo que a mulher teve de ralar pra chegar até aqui, mas a marmanjada pra não ficar atrás também tem seu dia da graça.
E este cai justamente numa sexta-feira, o famoso dia internacional da chinelada!
Atenção senhoritas submissas ou masocas: a chinelada aqui tem outra conotação, não se empolguem! O clube das bundas rosadas deve se conter quanto a data.
Nada melhor pra enaltecer o dia do macho alfa e devorador de donzelas do que falar na razão de existir de todo sujeito que gosta da fruta: o Zé Mané lá de baixo, aquele que estrategicamente cresceu e evoluiu mais ou menos trinta centímetros abaixo da cintura. É. Ele mesmo. O caralho.
De que adianta todo o conhecimento e emoções fetichistas se não contamos com ele e sua presença ativa e pacificadora? Sim, porque “ele” pacifica e acalma mulheres a beira de um ataque histérico de um orgasmo reprimido. Por conta disso e devido à suma importância do dito cujo, é hora da galera se ligar e analisar como o está tratando. De nada adianta cuidar de tudo a volta sem dar a este companheiro de todas as horas todo o cuidado que “ele” merece.

E a mulherada repara. Analisa, idolatra (às vezes) e, por que não dizer, enaltece.
Portanto, no dia dedicado ao homem fica aqui postado este sábio conselho. Cuide muito bem do seu parceiro de andar de baixo antes que seja tarde demais, e “ele” se recolha ao sono eterno.
Fechando este papo de hoje por aqui a lembrança de um filminho curta interessante que o Bound Brazil exibe aos seus assinantes: The Thief (O ladrão). Uma estréia (Julia Lemos) e duas participações importantes: Sally Pepper e Carlos. Este é daqueles que continua na próxima semana. Imperdível.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Succubus


Súcubo (em latim succubus, de succubare) é um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital.
O súcubo se alimenta da energia sexual dos homens, e quando invade o sonho de uma pessoa ele toma a aparência do seu desejo sexual e suga a energia proveniente do prazer do atacado. Estão associados a casos de doenças e tormentos psicológicos de origem sexual, pois após os ataques se seguiam pesadelos e poluções noturnas nas vítimas. A contraparte masculina desse demônio é chamada de íncubo. (Wiki Concept)
Com base neste conceito o diretor Jesus Franco criou em 1968 o filme Succubus.
Reuniu um elenco de primeira: Janine Reynaud, Jack Taylor, Adrian Hoven, Howard Vernon, Nathalie Nort, Michel Lemoine, Lina De Wolf e Américo Coimbra, pra contar a história de uma exuberante bailarina que trabalha no “nightclub” mais luxuoso da cidade de Lisboa nos anos sessenta, o Snob Clube.
E Lorna Green é uma artista performática cuja especialidade é o sadomasoquismo .
Contratada para trabalhar na boate, Lorna impressiona pela fidelidade de seus gestos e palavras. O proprietário da casa de espetáculos, porém, quer saber de onde vem a inspiração de Lorna e acaba se envolvendo com ela. Na intimidade Lorna demonstra uma personalidade perturbada e frágil. Suas alucinações tornam-se frequentes e ameaçadoras, pois envolvem assassinatos brutais. O problema torna-se real quando pessoas próximas a ela são mortas com requintes de crueldade. Sem estabelecer o limite entre alucinação e realidade ela acaba arriscando seu relacionamento amoroso e o pouco de sanidade que lhe resta.
O filme é cercado de um apelo estético interessante para a época. O roteiro impregnado de erotismo agradou em cheio no Festival de Berlim no mesmo ano.
Succubus supõe toda uma experiência nova para o espectador, graças ao equilíbrio entre a sensualidade e a morte. Eros e Thanos funcionam no enredo como uma balança do sadomasoquismo latente.
E o fetichista ávido por cenas de BDSM pulsantes também é agraciado por Jesus Franco.
A produção acontece justamente quando o cinema francês resolve dar as cartas. Um ano antes Buñuel havia mostrado sua Belle de Jour ao mundo ensinando que o cinema podia exibir sem censura e sem falso moralismo cenas do cotidiano relacionadas ao sexo.
O filme é dirigido de forma correta por Jesus Franco que optou por uma narrativa linear e uma fotografia desbotada para marcar os momentos delirantes da protagonista. Em resumo, é um bom filme do "tio Jess" que se notabilizou como um dos mais importantes realizadores do gênero "exploitation”.
Não é raro achar esta obra pelo subtítulo “necronomicon”, e a mesma é facilmente encontrada em DVD.
Assista ao trailer abaixo e confira este clássico que vale à pena ter na coleção.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Reminiscências


Ainda lembro daquela figura magra como um palito e sua parceira cheia de curvas.
Chuva ou sol, noite ou dia era um mero detalhe, porque os óculos escuros sempre escondiam seus olhos.
Num dos encontros na casa de um camarada em Sampa onde um grupo de fetichistas se reunia pelo menos uma vez por mês, ele chegou de preto assim como a parceira ao lado. Na maleta pedaços de casca de abacaxi, uma palmatória e um CD. Isso mesmo, um CD do Roberto Carlos. Estranho?
Mandou aquela mulher caladona abaixar as meias 7/8 e ajoelhar nas cascas de abacaxi que estendeu no chão. Todo mundo de butuca grudada, um deliro. O povo todo doido por uma cena. Aliás, fetichista principiante diante de uma cena real é igual criança no circo...
Pediu licença ao dono da casa e colocou a música “detalhes”. De palmatória em punho disse em voz firme: “canta, tudo, e se errar leva uma de jeito e volto a música”.
Pensei: cacete, nada contra a música e o cantor, mas se essa mulher errar a letra vamos escutar esta porra a noite inteira!
E rolou a canção. Ela cantarolava baixinho e por isso levou a primeira bordoada. Gemeu, mas seguiu na letra. E ele atento, como um professor corrigindo prova, manja? E ela lá, aumentando o ritmo e de olho naquela palmatória.
Aquela altura até deu vontade de ajudar a menina e puxar um coro, mas como estragar a cena do sujeito e suas idéias nada convencionais? Segui de olho. Bom, até o final da música foram umas três ou quatro deslizadas e por conseqüência as palmadas. Terminada a apresentação da dupla reinou um silêncio oco como um tronco de carvalho velho.
Tratou de se ajeitar numa poltrona e mandou a moça sentar no braço ao lado dele.
Todos conversavam, e vale ressaltar que não era um encontro de cenas, ou seja, o sujeito que pela primeira vez aparecera com a parceira que tanto falava havia quebrado o protocolo.
Me intrigava o fato da mulher ao lado dele permanecer calada e com os olhos voltados pra baixo. Deve ter olhado pra aquele par de sapatos umas trezentas vezes sem dizer nada. Finalmente ela levantou pra pegar uma bebida pra ele e voltou à posição de origem.
Deveriam ter umas quinze pessoas naquela sala grande, fácil. Ele pouco falava e a ela sem esboçar qualquer reação apenas o acompanhava com olhos quando ele entrava num assunto.
Já estava noutra quando percebi que o casal estava se despedindo pra partir. Ele é claro, porque aquela mulher não soltava um muxoxo sequer. E foram embora para outro compromisso como ele afirmou dizendo adeus.
Sobrou um clima estranho. As pessoas se entreolhavam doidas pra sentar o sarrafo no cara, dava pinta disso, mas ninguém começava a pintar a aquarela. Até que uma japinha nova no pedaço resolveu comentar que havia achado estranha a postura da moça. Voaram opiniões de todos os lados e naquele momento a onda era falar da vida alheia. Prós e contras eram incontáveis, fora os que mudavam de lado.
Calado estava e assim fiquei, até que o dono da casa quis saber o que eu achava daquilo tudo.
“Quer saber, acho que ela deveria ter participado da festa. O cara chegou, quebrou a regra (aquilo era o que se chama de “munch”) e realizou uma cena pra mostrar seus dotes. Se é um evento onde a conversa é participativa a todos ela deveria se manifestar”.
A maioria achava a postura da moça correta como submissa e outros aderiram a minha lógica.

Donde se conclui que: BDSM e opinião são pólos onde a divergência gerencia a aproximação e o afastamento. Noves fora o que seja do agrado da grande maioria eu sempre gostei de ter a minha opinião e acho que isso é sempre uma forma de expressão.
Portanto, discordar aqui é um direito de todos que se propõem a ler o que eu escrevo.
Peço apenas que deixem minha mãe, meu rabo e minha testa de fora das discordâncias. Minha opinião em nada reflete informação sobre minha genitora, minha sexualidade nem a fidelidade de minhas parceiras.

Info BDSM (Munch): munch é uma reunião social entre pessoas envolvidas ou interessadas em BDSM, geralmente em um restaurante. Quando disponível, munches costumam ser realizados numa sala privada ou até na casa de alguém. No Reino Unido, o local é geralmente um pub, e as pessoas são livres para chegar e sair dentro do horário estipulado.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Num dia destes…


Eu largo tudo de lado e vou ser feliz.
Na certa acordaria bem cedo pra me olhar no espelho e ver a barba crescida.
Então eu toco um foda-se pro universo e apenas saio por aí. O trabalho que se lixe, os problemas que fiquem em cima da mesa e daqui a alguns dias eu volto e coloco tudo em seu lugar.
E aquilo que consome, que esmaga, e toma conta de todos os pensamentos ficará de lado, sem chances de achar uma brecha pra me desviar do que naquele dia eu pudesse sentir.
Por que nossos compromissos e problemas são tantos e os prazeres tão curtos?
Claro, a gente trabalha sempre, todo dia, e o prazer tem um limite de tempo. Não é assim?
Bom, se não é me explica. Eu trabalho doze horas por dias e meu gozo dura segundos...
Injusto não? Basta traçar um paralelo e verificar que nem tudo é perfeito. Tá bom, uma transa pode durar horas e com uma boa fantasia então pode existir por incontáveis minutos. E isto também é prazer. Mas compare essas horas com aquelas em que nos dedicamos ao trabalho, ao sustento. Some-se a isso os trezentos e sessenta e cinco dias num ano. O que sobra?
Pronto, não preciso mais buscar qualquer justificativa. O dia é meu.
Daí o outro me cutuca aqui e diz: um belo dia pra uma boa cena de bondage...
Respondo tranqüilo e calmo: também acho perfeito, melhor impossível. O sujeito insiste: vai filmar quem?
Digo: a mãe! O cara se ofende e diz que só queria ajudar...
Porque ele não entendeu que neste caso a araruta também tem seu dia de mingau e minha intenção é deixar tudo que possa significar trabalho e compromisso de fora. Filmar é ótimo, criar cenas também, mas o dia é meu e não me cabe, portanto, dividir com ninguém.
Se for pra filmar guardo pra mim.
De repente eu paro e penso: por que ele falou de fetiches? Quem sabe me passa pela cabeça um dia baunilha, sem aventuras ou sem emoções. Não, não dá...
Pra ser completo tem que rolar uma cordinha, uma fantasia de leve.
Arrependido chamo o cara de volta, peço desculpas e me culpo. É muito estresse!
E me vem à pergunta a qual repasso sem dó: bondage com quem?
Ele pensa, dá duas ou três dicas a já quero expulsar o cidadão de novo. Estou intragável...
O telefone toca. Uma dominadora do outro lado da linha. Que merda brother, adoro essa figura, mas a onda aqui é buscar uma vitima e não quem me faça de.
Três palavras e a conversa termina.
O parceiro tenta outra vez: tá foda hein brother!
O que? – pergunto. Ele com a cara lavada diz: você.
É eu mesmo. Larguei a porra toda e nem sei pra onde ir num dia que escolhi pra ser feliz. Merda! O grito ecoa e desaparece pela fresta da janela.
Eureca! Já sei, disse ao insistente bondagista parceiro. Uma suruba fetichista... Minha especialidade, ou seja, nada melhor pro meu dia feliz.
O advogado do diabo entre outra vez em cena: ué, não vai levar a patroa?
Patroa, que patroa cara? E ele ainda: tua namorada...
Mingüei. Ela jamais toparia. A solução naquele instante era começar a pensar outra vez.
Mas bem que ela podia abrir uma exceção né... (Pensei em voz alta)
Ele, o chato, disse: nem pensar, ela jamais entraria nessa!
Pô, precisava lembrar?

Só que a suruba não me saia da cabeça e naquele momento sequer poderia supor outro programa no meu dia perfeito. Olhei pro cara ao lado, o anjo bom, e nada. Nem uma palavra...
Entra na Internet, manda um email pra alguém – Ele disse.
Para quem? Vai nessa...
Estalou os dedos, abriu um sorriso maroto e mandou: liga pras putas!
Vai se fuder lingüinha.

Hora de voltar pro batente e um dia, quem sabe...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Sabor da Conquista


Reza a lenda que todo bondagista nasceu com a síndrome do garimpeiro.
E carrega isso com ele por toda a vida. Por quê? Porque independente do envolvimento com pessoas do meio fetichista ele é obrigado a garimpar o que gosta.
E essa sina vem desde os primórdios, desde os tempos da adolescência quando valia até amarrar a prima mais feia, sim porque segundo um amigo que tem várias primas, as bonitas não eram muito chegadas ao jogo.
Com o tempo o desbravador começa a tentar convencer as primeiras namoradas e quando se vê em apuros, sem êxito, ele ataca as famosas moças de vida horizontal, as prostitutas. E olha que convencer uma dama que aluga serviços sexuais não é tarefa fácil. Rola o medo, a desconfiança e, por fim, o valor. Claro, porque algumas aumentam os valores quando percebem a necessidade do individuo ávido por realizar seu desejo.
Quando o bondagista consegue ultrapassar estas barreiras fica evidente o sabor da conquista.
E quem não gosta de saborear uma vitória?
Me faz lembrar de um parceiro apaixonado por bondage que sempre alerta e vigilante guarda na mochila o que ele chama de “kit sobrevivência”. Pra despistar ele não leva nada que possa assustar a parceira num primeiro contato. Cordas são deixadas de lado e ele leva lenços, os famosos scarfs. Daí fica mais fácil inventar uma historinha e fazer a menina cair no conto do bondagista. E assim como este parceiro, todos têm as suas táticas perfeitas, ou pelo menos, sonham com dias felizes de realização plena.
Em se tratando de experiências com garotas de programa as opiniões divergem. Uns preferem colecionar conquistas. Apostam na diversidade e desprezam uma segunda tentativa, um segundo encontro. Outros preferem a repetição e o conseqüente aprimoramento das cenas. Insistem duas ou mais vezes até conseguir completar um ciclo, ou seja, uma afinidade entre o fetiche e a parceira.
É evidente que neste caso o sujeito não precisa ser um “Don Juan”. Ele não vai sair por aí com uma mochila lotada de apetrechos fetichistas e se plantar num bar ou na noite atrás da parceira ideal. Pra ele a remuneração é mero detalhe, porque até mesmo com as “moças” é preciso gastar saliva.
Lógico que num universo de bondagistas muitos não gostam de envolvimento com prostitutas. Embora pareça ser a saída mais fácil, alguns jogam suas fichas no convencimento num mundo baunilha. A namorada é o alvo. Ele se envolve e tenta aos poucos introduzir o fetiche na relação. Uns obtém êxito e outros até conseguem boas incursões no começo, mas se decepcionam ao longo do caminho. Claro que pra toda regra existe uma exceção, e em alguns casos, raros, o fetiche brota e cresce fazendo com que o relacionamento seja duradouro.
Se é tão complicado conseguir quórum no mundo baunilha por que não garimpar no universo fetichista? Não seria mais fácil, mais lógico? Nem tanto. Normalmente quem chega mostra suas credencias, diz a que vem e espera encontrar a realização de seus desejos. Muitas vezes há uma incompatibilidade de planos. O que você quer passa perto, mas não preenche os requisitos de quem se habilita a uma relação fetichista. A parceira admira o bondage, gosta, admite, mas espera por mais.

E na ânsia de aplacar sua tara o sujeito bate cabeça e sai muitas vezes chamuscado e sem rumo, abandonando o meio e vociferando contra pessoas as quais ele mesmo havia elegido como perfeitas.
Vale lembrar que este exemplo se aplica somente a casos onde bondage é único fetiche em questão.
Discussões a parte, gostar de bondage é bom demais e sem querer (já querendo) puxar a brasa pra minha sardinha, diria que a foto do Seether que ilustra esse artigo mostrando a garota amarrada num canto da sala sugere o começo de uma grande aventura, uma fantasia quase

perfeita, apenas esperando que ela consinta ser conduzida ao altar do “sacrifício”, ao qual pode ser levada no colo já que a cama é logo em frente!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fetiche na Gaveta


O que você guarda? Onde, como e por quê?
Guardar, colecionar é um fetiche. E quando se amealha imagens com ou sem movimento de cenas de fantasias sexuais se alinham dois fetiches. Mas o problema começa no exato instante em que quem se atreve a tomar tal atitude se candidata a ser devidamente desmascarado.
Sim, porque segredo de dois não existe certo? Só há segredo enquanto é restrito a quem sabe e mais ninguém. Porque no momento que alguém chegar perto e te disser que quer revelar qualquer coisa, deixou de haver o segredo.
Então, guardar imagens de cenas fetichistas é o primeiro passo para o fetichista se revelar.
Mas como viver sem elas? Todas. As próprias, as alheias, as que aos olhos agradam e precisam ser revistas?
Ok são dois casos. Concordo. Porque algumas cenas que a fotografia revela e, por sua vez, gostaríamos de rever é um lado da moeda, enquanto as que mostram nosso protagonismo nas cenas são aquelas que têm a fama de ficar guardadas a sete chaves. E nos dias de hoje as cosias são bem mais simples, uma vez que o mundo digital está ao alcance das mãos e cada vez mais barato. No tempo das diligências a banda tocava totalmente diferente brother.
Havia a temida revelação das imagens. Mãos alheias e curiosas que podiam reter a qualquer momento o que passava diante de seus olhos.
Ficava no canto da mente aquela sensação horrorosa de que alguém em algum lugar viu.
Íamos buscar as fotografias com aquele gosto de cabo de guarda chuva na boca. O cagaço estampado no olhar... E ainda inventaram umas máquinas nos shoppings onde as fotos deslizavam diante de qualquer mortal que ficasse de plantão de fronte a vidraça. Tempos difíceis...
Imagens guardadas no HD nos dias atuais são como aquelas que até bem pouco tempo se tinha numa gaveta qualquer. O risco agora é cibernético e antes era real. Porém a forma de afanar é a mesma. O gatuno pode estar dentro de sua rede de Internet enquanto no passado esperava à espreita por um momento de distração, de descuido. E quem tem o costume de armazenar imagens em DVD ou em “pen drives” corre os dois riscos.
E qual seria o melhor a fazer? Nada, infelizmente não há nada a fazer. Quer a prova?
Vai dizer a uma submissa que suas fotos com a bunda pintada de rosa choque devem ser apagadas imediatamente depois de vistas? Me faz lembrar outra vez o passado, alguma coisa como: “esta mensagem se auto-destruirá em cinco segundos”!
Experimenta chegar ao pé do ouvido de um bondagista, de um podólatra, de um dominador sádico com a lábia de que é perigoso deixar rastros e, por isso, tudo deve ir pra lata do lixo após saboreado?
Pois é, estamos diante de um quadro de paralisia coletiva onde nenhum fetichista acha uma resposta. Tá certo, sem dramas, melhor assumir mesmo e arcar com as devidas conseqüências. É uma saída, ou então negar. Negar com veemência, com atitude. Dar as costas a evidência e na maior cara de pau olhar e afirmar: “este aqui não sou eu, embora seja parecido”!
Qual a saída ou o resultado da equação? Não sei, aqui não há regra de três possível pra resolver a questão. Porque quem guarda, quem adquire amor por coisas consideradas especiais prefere correr todos os riscos possíveis e imaginários a abrir mão de imagens com um significado específico. O ser humano vive do que constrói durante a sua própria existência e o passado pode ter uma enorme representação em meio a tudo isso.

Claro que viver pensando que há um bueiro explodindo na próxima esquina ou que a qualquer momento um piano pode cair na cabeça é o cumulo do pessimismo. Não estou inventando moda ou criando um conceito exagerado de pânico. Há que ter cuidado, patrulhamento, entretanto o melhor é viver os grandes momentos e guardar uma boa lembrança de tudo.
E se algum aventureiro quiser lançar mão de suas peças íntimas corra com ele, antes que estrague a festa e coloque a boca no mundo!
Um bom final de semana a todos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Corpos e Mentes


É comum escutar pessoas falando quando atingem determinada idade aquela velha teoria de que gostariam de ter de volta seus vinte anos com a mentalidade dos quarenta. As mulheres usam este tipo de reflexão com mais freqüência, mas os marmanjos também soltam suas pérolas.
Claro que num contexto a coisa tem certo sentido. A sabedoria que a experiência produz funcionaria melhor num corpo mais jovem, e, normalmente, o afã da juventude às vezes inconseqüente teria seu parâmetro. Muito se discute sobre isso, ouve-se lamentos e desejos arfantes. De minha parte fico com a manjada frase do poeta romano Juvenal: mente sã num corpo são.
E os fetichistas, como reagem a este tipo de reflexão?
Talvez de uma forma geral houvesse mais energia em suas práticas quando mais jovens, ainda que não existisse tanta compreensão de seus próprios instintos. Porque as práticas fetichistas ou de BDSM necessitam de tempo para se tornarem perfeitas. A repetição é importante. Evita erros, remorsos e às vezes excessos. Embora eu também seja totalmente simpático à tese de que dando cabeçadas se acha o caminho.
Neste caso alguns desvios são compreensíveis e até favoráveis. Claro que é extremamente fácil olhar pra trás e afirmar que se pudesse faria de outra maneira. O tempo conspira a favor.
Entretanto, algumas oportunidades são únicas e muitas vezes elas não se repetem.
Então o certo a fazer é cair de cabeça. Tentar estabelecer metas e critérios aprendendo bastante para evitar prováveis arrependimentos. O que não é exclusivo dos jovens, haja vista que muita gente madura comete erros sucessivos sem importar a data de nascimento ou há quantos anos a identidade reside na carteira.
Porque alguns fetichistas necessitam do próprio tempo para encontrar a brecha que lhes faz pertencer a este universo paralelo. É o caso, por exemplo, de mulheres que aparecem submissas e depois se transformam em implacáveis dominadoras de corpos e mentes. E este aspecto independe da questão que engloba maturidade e juventude.
Eu aprendi as técnicas de bondage aos trinta e dois, embora fosse praticante antes de ter conhecimento de detalhes importantes. Mas e daí? Tudo que eu pratiquei antes ficaria relegado a tentativas inglórias de viver grandes momentos? Não, porque guardo incontáveis boas lembranças de tempos em que o fetiche significava apenas a busca do prazer, sem se importar se o que eu fazia seria considerado perfeito aos olhos alheios.
A minha visão sempre foi fundamental, de outro modo eu jamais perseguiria o aprendizado.
Seria mais importante trazer para este debate a própria relação do fetichista com suas práticas e tendências. Em casos específicos onde é necessária uma técnica apurada para praticar o que se tem em mente, o que prova que o acúmulo de experiências é amplamente benéfico, e nem sempre em pouco tempo de relação com o que mais gosta vai atingir a sua capacidade plena.
Portanto, aliar energia e sabedoria é a questão.
Nos dias de hoje devido a expansão dos meios de comunicação é possível alcançar um nível mais elevado de cultura fetichista do que há anos atrás. E isso facilita a busca.
A quantidade de informações processadas em redes sociais destinadas ao assunto é cada vez mais consistente, e credencia o fetichista a se habilitar ao conhecimento de suas práticas sem importar a faixa etária. É lógico que o amadurecimento contribui para a compreensão do individuo diante da causa, ou melhor, àquilo que ele se propõe.

No fundo, pouco importa se o praticante está na faixa dos vinte ou dos quarenta, dos trinta ou dos cinqüenta se ele não estabelece um vinculo efetivo com seus atos ao admitir participar de experiências sexuais, ou fantasias, ligadas ao BDSM.
O ideal é ter a mente sempre aberta a novas descobertas o que facilita a manutenção da energia corpórea em qualquer idade. Através da releitura de sua própria atuação cada vez que a pessoa se dedica a uma cena é mais fácil analisar profundamente como se comportar no próximo encontro.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sonhos Ousados


Ela é uma daquelas pessoas que o mundo nos dá de brinde a cada cem anos.
Somos amigos e costumamos falar de fetiches. Não vivesse tão distante eu a veria mais vezes, mas a terra de Gardel que tanto adoro nem sempre está ao alcance dos olhos. Houve um tempo que o trabalho me empurrava mais vezes pra lá...
Nos falamos esta semana e ela me veio com uma que vale um assunto por aqui.
Me disse que o fetiche que existe mais próximo dela no momento – nunca teve outros – é ter um parceiro que aceite dividi-la com outros dois (gulosa a portenha!) de forma especial.
Num jogo de sedução extremo ela aceitaria ter apenas os olhos vendados para não saber quem seriam os tais convidados ilustres. Queria ser tomada à força por ele, seu parceiro e amante e pelos demais, sem cordas, mas empregando resistência até não poder mais lutar.
Então os três a dividiriam em partes iguais e fariam com ela tudo que suas mentes pervertidas pudessem criar.
Nas noites frias de Buenos Aires ela andou tendo espasmos noturnos de prazer com esses delírios e confessa que já despertou no meio da madrugada e se acabou em profundas masturbações...
O mais gozado de tudo isso é que essa amiga jamais assumiu ter qualquer tipo de fetiche por fantasias sexuais. Ela é jornalista, andou trocando de namorado nos últimos anos e nem mesmo em nossas muitas conversas revelou qualquer tendência a gostar de BDSM ou simples fetiches. A aventura brotou do nada, como ela afirma, e de um tempo pra cá se viu tentada a criar coragem e realizar a façanha.
Sua ligação mais próxima com este tipo de prática ocorreu faz dois anos quando a galera de lá lançou um programa de BDSM num canal de aluguel na TV a cabo, o que não durou mais de seis meses, mas me deu a oportunidade de conhecê-la e me tornar seu amigo.
Concluo da forma como sempre digo: as fantasias sexuais vez por outra povoam o subconsciente das pessoas sem a obrigação de se tornar um fetiche. Pra que isso ocorra, ou seja, para que se rotule alguém de fetichista por alguma atividade sexual especifica, é necessário que quem pratique o faça de forma freqüente e que a realização da fantasia seja uma condição básica para a obtenção do prazer.
No caso da Anabel ainda é um sonho ousado, um prazer a ser alcançado que pode seguir ou ser realizado somente uma vez. Por isso, é comum dizer que algumas pessoas se tornam fetichistas com o passar dos anos, se descobrem mais tarde, enquanto outros trazem a essência do berço.
Se desta experiência brotar outros desejos e aos poucos tudo tome forma e, principalmente, um prazer intenso, a linda Anabel ao largo de seus trinta e três anos será a mais nova fetichista da praça, com direito a carteirinha do clube.
Por enquanto ela apenas sonha e tenta encontrar coragem de falar com alguém cara a cara.
Me arisco a dizer que não toparia este tipo de fantasia, antes que alguém me pergunte. Por mais atração física e pessoal que possa ter por ela não acredito que violentar o desejo seja a melhor forma de praticar o fetiche. Um rosto lindo, belas pernas (por sinal... muito mesmo!), nada compensa a tentativa de realizar um sonho alheio, ainda mais nestas condições extremas.

Vale o papo, a amizade, confiança e perfeita sintonia, o que se torna fundamental para uma pessoa que embora viva distante se torne próxima, possa expressar um pedaço de seu sentimento. Com a dificuldade de entender o português a Anabel é leitora do blog vez por outra e garante que se diverte tanto com as histórias fetichistas escritas aqui quanto com os comentários da galera.
É linda amiga, talvez do lado de cá, mais ao norte, a questão populacional seja o coeficiente que indique mais adeptos fetichistas do que na sua linda cidade que tanta falta me faz, ou quem sabe a galera aí ande um pouco escondida,

porém, desejos não dão árvores ou postes, e nós seres humanos, somos capazes das mais loucas vontades que por muitas vezes chegam a nos assustar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Curtas


Se essa moda pega…

Ao suspeitar que seu namorado a estivesse traindo, a americana Sabrina Renne Robinson, de 33 anos, resolveu se vingar em grande estilo.
O que seria uma noite de "sexo selvagem" proposta ao companheiro, de 41 anos, virou um pesadelo entre quatro paredes, após a mulher o amarrar na cama e começar a torturá-lo - espalhando cera quente por seu corpo, acertando seu rosto com uma arma e ameaçando "destripá-lo como um animal".
Durante a tortura, Sabrina chegou a ligar para a suposta amante do namorado, que ouviu os gritos do homem do outro lado da linha. O homem conseguiu escapar durante um breve tempo em que foi deixado sozinho e, em seguida, foi encontrado vagando, nu, entre arbustos.
Presa, Sabrina foi acusada de ameaças terroristas, agressão armada, seqüestro e lesão corporal.
Mais tarde, o namorado confessou estar traindo a agressora.

Bound Brazil

E enquanto a produção do longa metragem anda a mais de mil o site Bound Brazil apresenta algumas novidades de inverno. Aqui, uma pequena amostra do que os assinantes têm a disposição essa semana.
Toda a categoria da Lilith e a novata Brigite pra esquentar uma noite fria.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Respeito de Bondage...


Dentro de um apartamento conjugado, num canto da sala ou até dentro do armário.
Bondage é assim. Não importa muito onde, como e por que. Basta colocar a imaginação pra funcionar e rola um motivo.
A famosa “girl next door” nem sempre aparece na próxima avenida. Os homens sonham com suas heroínas e as mulheres imaginam ser essas musas. Tudo pertence ao universo que o ser humano cria em suas fantasias mais loucas, e são assim consideradas por quem normalmente não possui atração por este tipo de fetiche.
Noutro dia numa conversa com pessoas de mente aberta foi necessário esclarecer alguns pontos sobre estas fantasias. Nada demais, apenas porque existe um encontro casual entre pessoas comuns que jamais tiveram acesso a tudo isso. Esse fato surge pela segunda vez, justamente quando é preciso explicar a profissionais que atuam no ramo de cinema aquilo que se pretende realizar como entretenimento.
Daí as pessoas perguntam: mas existe tesão por este tipo de “coisa”? Claro, assim como o sujeito sente prazer por mulher peituda, bunduda, e as garotas gostam de homens assim e assado. Mas na prática a exposição é bem interessante porque cria o debate. E quando existem pessoas dispostas a ouvir uma face da moeda não me furto a conversar.
Aliás, como faço aqui, quase todos os dias. E quem vier e estiver disposto a ler um pouco sobre o assunto é muito bem vindo.
Então é comum em meio às conversas alguém pegar um pedaço de corda e dizer que vai experimentar qualquer dia com a parceira ou o parceiro. E se for mesmo verdade, se houver o interesse de provar do veneno, estes praticantes de primeira viagem montarão suas cenas e elas farão parte de uma ou duas noites de extrema curiosidade, despertadas por um contato ligeiro durante um trabalho profissional com gente que procura fazer disto tudo uma arte.
Entretanto, falar de bondage é sempre um bom papo.
Que me perdoem os radicais ou os extremistas, mas sempre achei os papos com o mundo baunilha muito interessantes quando o assunto é fetiche. Sei de pessoas que se negam a dialogar de assuntos do meio com pessoas de fora, se trancam e procuram deixar o tema restrito aos amigos que fazem no universo fetichista. Talvez assim as coisas tenham uma fluência maior e a troca de experiências seja benéfica a ponto de anular a participação de pessoas alheias a tudo isso.
Claro que não existe o intuito do convencimento. Ninguém está aqui discursando sobre angariar adeptos através da divulgação, do marketing. Deve ficar claro que existem pessoas e pessoas. As que se interessam em saber por mera curiosidade e outras, talvez, por interesses que podem até mesmo estar acima do nosso próprio entendimento.
No caso específico ao qual me refiro, eram pessoas que trabalham com mídia. Quem sabe acostumados a todo tipo de contato com as coisas mais estranhas e bizarras que podem surgir em nosso pensamento, ou ainda, profissionais de reconhecida bagagem que lidam com todas as formas de cultura que se tem noticia. E via-de-regra quem se entrega a um trabalho procura saber como tudo se processa, sobre o público alvo e até sobre o comportamento destas pessoas. Eu também ficaria curioso, assim como me aguça a curiosidade saber de outros fatos.
Nem sempre é fácil explicar o feeling do fetiche. Aquilo que sentimos muitas vezes é inexplicável e até pra nós mesmos leva um tempo para processar.

Por isso, certas perguntas sobre coisas que eu mesmo crio várias vezes as deixo sem uma resposta, no entanto, tenho a absoluta certeza de quem eu quero alcançar com a cena.
Em resumo, talvez para o sujeito que monitora o áudio de uma cena o ruído do salto alto no chão não faça o menor sentido. Ele poderia captar esse barulho até mesmo num corredor de um edifico movimentado. Mas quando esse som provém de uma bela mulher se aprontando para uma aventura fetichista, pouco importa se há uma razão, porque nós, desse lado, sabemos perfeitamente onde começa ou termina a história.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os Sete Pecados


Segundo o Evandro Ynno, eu tenho que filmar isso!
Imaginem um cara cheio de tesão, fetichista, que finalmente conseguiu quorum para suas aventuras. Tudo pronto, preparadíssimo nos mínimos detalhes. A casa em ordem, meia luz, algumas velas aromáticas queimando e após intermináveis negociações pela Internet, tem a parceira em carne e osso num alinhado vestido negro a sua frente.
Acometido de uma intensa crise de paudurescência aguda, o cidadão chega bem perto, cola a respiração e beija a boca da moça com um desejo infinito. No corpo-a- corpo ela percebe a protuberância de seu instrumento. Tudo pronto, a perfeição é logo ali.
A volúpia lhe faz puxá-la pelos cabelos e ele passa um pouco das medidas, afinal, estamos num jogo de sedução dentro de um BDSM totalmente consentido. Mas de repente o sujeito leva um susto porque traz nas mãos um pedaço do cabelo da parceira. O aplique é desfeito em segundos e um enorme vazio toma conta do ambiente.
Que atmosfera...
Do outro lado da cidade, uma esbelta dominatrix marca uma sessão com seu parceiro.
Escolhe com cuidado tudo que vai usar. Roupas e acessórios separados com calma. Elegante, como sempre, ela coloca o melhor perfume, quer estar preparada para exercer sua veia fetichista como deve ser.
O rapaz chega. Pronto pra saborear cada fatia daquilo que esperou dias para conseguir. Ela tem uma mesa preparada em seu dungeon. O coloca de costas, arranca-lhe a camisa negra e bem passada e prepara o açoite. Com a costumeira voz firme e segura avisa: “hoje você vai pagar por seus pecados”.
Ele desce os olhos, aceita ser subjugado, punido, açoitado. Ela empunha o flogger e quando levanta em direção ao submisso as tiras saltam e ela fica com o cabo na mão. O que dizer? Como reagir?
Um pecado...
Poderia citar aqui neste artigo outros cinco pecados. O bondagista que ao amarrar a parceira acaba se enrolando nas cordas, cai no chão, bate com a cabeça e a festa termina com um gigantesco galo na testa. O casal que ao usar velas incendeia o quarto ateando fogo na cortina, enfim, uma gama de gafes e mancadas que num passe de mágica transformam cenas fetichistas em tragédia.
Todos nós temos nossos momentos de desastrados. Alguma vez na vida pagamos mico. Isso é comum. Claro que ninguém vai deixar de ser fetichista por conta disso e muito menos esquecer que gosta de BDSM por conta dos deslizes possíveis de ocorrer. Mas a idéia poderia virar um filme? Fazer comédia com manifestações fetichistas seria algo gostoso de assistir, rir um bocado, ou soaria como uma sacanagem irreversível sobre fantasias sexuais e seus praticantes?
Este roteiro está escrito e guardado a sete chaves. Num momento de total envolvimento com uma produção do site esse questionamento sempre me vem à cabeça. Talvez o público ligado em fetiches não esteja totalmente preparado para assistir a algo hilário relacionado com suas fantasias e eu, solenemente, seria linchado em praça pública. Mas, por outro lado, a idéia seria em si uma grande sacada se surtisse o efeito desejado. Uma incógnita que persiste e cada vez que toco no assunto ganha ares de um imenso desafio.
Continuo pensando nisso...

E enquanto o longa metragem não aparece na tela, sigo fazendo a roda do fetiche girar no Bound Brazil. Esta semana o site exibe aos seus assinantes Dominique Estrela.
Vale muito assistir essa moça bonita e totalmente identificada com o fetiche numa cena de biquíni bondage.
É ver, saborear e guardar!
Em vídeo e em fotos.

Um excelente final de semana a todos!