quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dos Arquivos de Memória


Diz o dito popular que o criminoso sempre volta à cena do crime. Nesse caso, o crime foi perfeito.
Muita gente curte historias fetichistas outros nem tanto. Porque é complicado escrever sobre algo real e conseguir passar a impressão de que o fato realmente existiu. E esse aqui não chegou por email ou apareceu através de um papo fetichista numa mesa de bar no meio da madrugada. Ele vem lá dos meus arquivos de memória.
Foi mais ou menos assim.
Não é muito a minha praia dar uma de cupido. Esse negócio de apresentar fulano a beltrana soa a forçação de barra e intromissão. As pessoas se acham por meio de vários detalhes que irão compor um todo e se aproximam. Mas faz um tempo, meio que por acaso, entrei numa.
Uma amiga tinha insight de dominatrix. Estava na veia e toda vez que o papo era fetiche mordia os lábios diante de uma cena onde uma mulher mantinha outra em servidão.
Era lésbica de berço, aliás, muitas amigas dominadoras o são. Nada a estranhar.
Naquela época a vida era rodeada de boas play-parties. Acho que toda a saudade que o fetichismo me causa está nessas plays. Nada é tão intimista como o confronto face to face.
Aquele cheiro de couro misturado com o odor das velas ardendo com um som underground no fundo remonta um quadro. E essa pintura estampa essa amiga alta e muito magra com um olhar profundo e direto. Talvez meu respeito por suas taras a trouxessem ao meu convívio, ou quem sabe, tenha ido com a minha cara, vai saber...
E numa dessas festas no bairro de Moema em Sampa rolou uma troca de olhares e, por uma feliz coincidência, eu estava no centro do conluio. O alvo era uma masoca nova no pedaço com quem já havia trocado algumas referências. Senti o açodamento em segundos. Havia o flerte.
Claro que não sabia se do lado de lá existia a homossexualidade pulsante. Minha ligação com a domme era bem mais estreita e permanente, enquanto que do lado de lá apenas umas parcas conversas num antigo chat fechado por senha num provedor de internet chamado Mandic.
Tempos idos.
Entretanto havia uma chance. E não existia local melhor que uma bela play-partie cheia de gente autentica e decente pra os pólos tomarem seus lugares no contexto. Empurrei a pedra.
Deixei-as posicionadas no tabuleiro e bati em retirada. Naquele jogo eu não era mais o coringa, pois havia cumprido a minha parte. Mas lá pras tantas, minha amiga me puxou pelo braço e cochichou que ousaria tentar uma cena com a moça masoca. Perfeito – disse – quem não iria gostar de ver? A conspiração era farta e a audiência garantida.
No entanto, ela queria algo parecido com uma fotografia que eu lhe havia passado por email.
Certo que havia pirado com a tal sugestão fotográfica de um antigo site que já bateu as botas.
Só que a masoca era gordinha, aliás, demais até, e não ficaria em sintonia com a imagem já que deveria ser bem magrela pra dar liga. Mas mesmo assim ela insistiu. Que jeito!
Lá fui eu catar um pedaço de sisal e cumprir com minha sina de “fantasy maker”. Porém, criar uma cena com uma gordinha em strappado (mãos atadas nas costas e presas em suspenso), é tão complicado quanto um destro escrever com a canhota. Fiz o melhor que pude.
E rolou a cena. A galera parou e viu uma mulher expondo seu lado domme junto a uma masoca em pleno exercício do prazer através da dor. Voaram alto.
Fiquei observando e imaginando quantas batidas daqueles corações pulsavam. Me senti privilegiado por fazer parte da felicidade alheia, não por vocação, mais por uma incrível coincidência de estar na hora certa e no lugar certo.

Depois disso acompanhei a distância. Problemas conjunturais do BDSM causaram uma ruptura momentânea depois desses eventos, um fato que tem a ver com outra história que algum dia eu tiro dos meus arquivos e posto por aqui.
Meus dias de cupido terminaram e o acaso não me trouxe outras possibilidades iguais.
Talvez um dia alguém me cante a pedra e eu receba um empurrão desses em reciprocidade.

É... Quem sabe?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Doméstica


Luiz não gostava de BDSM.
Seu impulso fetichista não passava por pés, saltos, látex, nada disso. Muito menos tinha o pensamento lotado de coisas bizarras. Ele era viciado em empregadas domésticas.
Quem lê pode achar normal, básico. No entanto, ele abraçou a “causa” na adolescência e nunca mais se livrou do vício porque simplesmente nada funcionava se não houvesse a relação com uma empregada doméstica de verdade.
Os mais próximos, a quem confessava suas taras, lhe davam conselhos. Eu mesmo sugeri que ele pedisse à namorada que se vestisse como tal. Há fantasias aos montes à venda, coisa simples. Mas ele sempre foi resoluto e fazia de tudo pra sair com uma empregada doméstica real, e segundo as más línguas, chegava a pedir a carteira assinada – fato que acho folclore.
E ele não pirava no uniforme. O barato era a profissão mesmo. Houve um tempo em que andou saindo com uma garota e garantiu que era “meio-doméstica” por se tratar de uma babá.
Durou certo tempo, mais ou menos alguns anos em que ficamos sem contato.
Pode ser que esse caso tenha a ver com impulsos colhidos na fase adolescente. No caso do Luiz, foi tão forte que ele não achava a libido em outro parâmetro. A pessoa se liga de tal forma em suas relações primitivas que se torna complicado aceitar o reverso da moeda.
Na única vez que aceitou ter uma relação com uma mulher que não era doméstica o tiro foi curto. Na verdade ele abriu o jogo, foi claro e ela topou a aventura ao ponto de esperar pelo cidadão munida de artefatos de limpeza e, segundo ele mesmo afirma, esfregava o chão pra criar o tal clima que ele precisava pra entrar em alfa.
E cá pra nós, boa vontade não faltou.
Entretanto, a onda fetichista do sujeito era outra e as coisas não progrediram.
Entendo que o fetiche e o fetichista formam uma relação inseparável. É fato. Mas se não houver compreensão de quem tem a fantasia quanto ao mundo em sua volta tudo vira uma clamorosa doideira e explode em lances infelizes sem remendo.
Porque algumas fantasias são desprovidas de quorum.
Alguém pode levantar uma questão até certo ponto banal. Por que o Luiz não se casou com uma doméstica? Perfeito, também pensei assim. O problema é que o ilustre fetichista chegou a namorar com domésticas em algum ponto dos seus cinqüenta e poucos anos de idade e a idéia de manter essa relação passava direto pelo fato de terem que deixar o emprego. Complicado...
O cara flertava, saia com a empregada doméstica e depois não aceitava que ela seguisse em seu trabalho. Nesse caso, das duas uma: ou o Luiz é um demente completo, ou apenas imagina a vida sem um compromisso, ou ainda, tem algum problema passível de tratamento.
Alguém chegado me garantiu que além do casamento o relacionamento mais longo com uma empregada doméstica real não passou de seis meses. Dizem às fontes que tinha tudo pra dar certo, as coisas estavam a mil por hora, porém, a moça era empregada de sua irmã e com receio da noticia se espalhar com força na família ele abriu mão de ser feliz.
Seria mais fácil se o Luiz gostasse de amarrar na hora do sexo, flertasse com uns tapas aqui ou lá ou babasse por pés. Mas ele foi parar noutra vertente e complicou sua guerra.

Semana passada em meio a compromissos intermináveis aqui na empresa que me impediram de postar por dois ou três dias topei com o Luiz. A mesma atmosfera de quase trinta anos atrás e ainda os mesmos sonhos, planos e dúvidas. Batemos um papo rápido num café aqui perto, no Centro, e ele deu mostras de que não abre mão do que ele hoje chama de consciência fetichista. 
Assume a tara na maior naturalidade e insiste em suas convicções.
Toda consciência fetichista é legitima. Concordo. Mudar o rumo é complexo. Os anos de convivência com as fantasias são responsáveis 

pelo aprisionamento do fetichista às suas práticas, mas cabe a quem tem o entendimento do óbvio, lutar para que haja uma adaptação a sociedade em que se vive.
Toda realidade que a fantasia exerce sobre o fetichista quando bem desenvolvida, pode ter início num grande teatro onde ele desenvolve suas melhores obras.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Novatos e Curiosos


Os braços do fetichismo são amplos. Abraçam e acolhem sem escolher.
Quem chega e sabe buscar um rumo normalmente encontra um mapa pra trilhar. Mas às vezes a curiosidade é tamanha que as opções se tornam cruéis. Dilemas.
Porque na verdade há dois tipos de curiosos: os que querem mesmo levar o que existe para suas vidas e os que dão uma passadinha e ficam com retratos e lembranças. A experiência e o tempo de estio me fizeram vivenciar os extremos.
Normalmente o BDSM não perdoa deslizes. Embora não haja uma linha de governo existem algumas eminências pardas que costumam pregar peças em quem se arrisca na trilha. Os novatos devem estar atentos a essas pegadas que seguem pra não cair na armadilha que os leve ao cadafalso da desistência.
A regra é simples e imutável: quem é experiente já foi novato e assim a banda toca e tocará.
É fato que recém chegados ou curiosos piram quando deparam com práticas plasticamente perfeitas. O atrativo visual do fetichismo é sempre um aditivo. Muitos chegam atraídos por belas imagens e fazem disso seu combustível. Escolhem um lado – ou ficam com ambos – e partem resolutos na direção do que os trouxe aqui.
Há, então, a extrema necessidade da leitura correta do que está em voga.
Concordo que a liturgia é extensa e rodeada de conceitos que nem sempre aplacam a ânsia de quem chega à procura de prazer. Mas alguns tutoriais são essências. Comportamento, segurança e outros, vão se tornar fundamentais quando o prazer for intenso. Porque a fantasia uma vez assimilada e adquirida pode ser tornar uma necessidade pulsante na vida de quem chega.
Não é demérito não saber. Estar próximo de quem sabe o be-a-bá de trás pra frente agrega.
Me lembro que lá atrás quando tudo era um mar de incertezas sobre como aprender a prática que carregava comigo desde a maternidade, minha ansiedade atrapalhou bastante. Com literatura parca a proximidade com pessoas experientes foi meu único caminho. Talvez tenha colhido conhecimento o bastante que me possibilitou escrever quase mil artigos dos mais variados assuntos fetichistas, justamente por me cercar de pessoas que tinham capacidade pra gerir minhas dúvidas. Lógico que meu faro contribuiu, da mesma forma que meu senso fetichista não me deixou sair dos trilhos.
Hoje, quando converso com pessoas que aparecem na janela do fetichismo procurando um lugar pra depositar seus sonhos, procuro materializar minha própria busca e através de experiências próprias passar um pouco do que aprendi.
Daí eu escuto algo assim: “eu levaria horas pra fazer com as cordas o que você consegue fazer em poucos minutos”. Porém, eu talvez tenha levado muito mais tempo do que esse alguém possa supor. Porque simplesmente a prática é o elo entre o embrionário e a plenitude.
O que deve nortear a presença do novato no universo fetichista é o estabelecimento dos seus próprios limites. Os limites são atenuantes quando se fala em BDSM. Através de uma linha imaginária pode-se conceder ou interromper. A ultrapassagem da fronteira deve se dar de forma lenta e consciente sem a necessidade de provar nada a ninguém ou a si mesmo.

Dessa maneira, é possível alcançar o entendimento entre o que se procura e aonde é possível chegar. Porque toda atividade fetichista começa no tesão e termina na prática.
A chamada cartilha do BDSM é genérica, mas a do praticante deve ser limitada.
E por mais que seu desejo sobreponha sua razão essa cartilha precisa estar guardada num canto qualquer pra te lembrar que todo prazer está dentro de nós, e por maior que seja a entrega a alguém ou ao próprio universo ela há de ser soberana e definitiva.

Dica literária: Techniques of Pleasure (Margot Weiss)

Um bom final de semana a todos!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Body Shot (1994)


Às vezes o plano sai às avessas e a vida não escreve certo por linhas tortas.
Pelo menos nesse filme onde o diretor Dimitri Logothetis criou uma trama interessante.
Mickey Dane é um fotógrafo do tipo Paparazzi e sua obsessão atende pelo nome de Chelsea, uma elusiva cantora pop de quem ele tenta de todas as formas se aproximar para conseguir um ensaio. Mas sua pouca fama no meio o impede de chegar perto da Pop Star.
Ele bola um plano ousado a partir do momento em que dá de cara com uma sósia da estrela e monta um photoset inusitado, com várias cenas em que ela, a suposta cantora, aparece como menina em apuros. Então, rolam fartas cenas de bondage e a moça é fotografada amarrada numa cama de hotel.
Entretanto, o intrépido fotógrafo não contava com uma coincidência bizarra das mais desagradáveis e a verdadeira cantora pop é encontrada morta justo quando suas fotos estão espalhadas pela mídia. Ele terá que correr contra o tempo e provar sua inocência e usará as próprias fotos em busca das evidencias que o livrem da acusação.
O enredo é ótimo, a direção vigorosa e os atores compraram a idéia do diretor.
Pra quem se liga numa trama de suspense o inesperado está sempre à espreita pra causar dúvidas, cumprindo integralmente seu papel.
E nós, fetichistas convictos e farejadores de boas cenas de bondage que o cinema produz, colocando as mais belas atrizes da telona a nossa mercê em generosas poses amarradas e em perigo não ficamos de mão abanando. Claro que existe um hiato que pode causar distorções entre o que se busca como o fetiche de “damsels in distress” e o filme em questão.
As fotos, apesar de bem realistas, aparecem no filme como montagem. Portanto, não existe o perigo real que o cinema retrata e que tanto gostamos. Mas se for analisada a participação da estrela de Hollywood em poses de bondage vale assistir as cenas e os inúmeros replays que o diretor nos concede de bônus.
Esse “vale bondage” se personifica numa belíssima atriz.
Durante os dez anos que se seguiram a sua estréia bem sucedida representando uma adolescente desinibida em "Blame it on Rio"- Feitiço do Rio, contracenando com Michael Caine em 1984, Michelle Johnson não parecia ter sorte em qualquer papel que lhe incluíram.
Em seguida, casou-se com o astro de beisebol Matt Williams no início de 1999 o que parecia ser um impulso na sua carreira. No entanto, ela desapareceu aos poucos das telas e os diretores a deixaram de lado, porém, ela nos brinda com ótimas cenas da forma que gostamos muito de ver.
Pra galera que curte um jogo de BDSM interessante com uma ceninha que sugere uma inversão, vale ficar de olho nas imagens da não menos estonteante Emily Procter interpretando uma severa dominatrix.

Através de uma boa garimpada pela rede é possível encontrar o arquivo em torrent pra baixar.
Por aqui a versão em DVD é muito improvável de conseguir, mas a Amazon disponibiliza a edição remasterizada pra venda online.
E vale a pena ter essa obra na sua coleção.
Ela é capaz de navegar por vários mares do BDSM sem preconceito ou inibição.

Para as moças com um gostinho de poder eu posto um pedacinho do filme pra dar água na boca e, quem sabe, contribuir para sua próxima aventura fetichista. Desde que não me convidem, é claro!



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Puristas


Quando a fantasia entra com força nas atividades sexuais das pessoas é comum elas apresentarem determinado fetiche. Por isso, certas preferências não têm conexão com comportamento social ou afins. O papo é fantasia.
E dentro desse quesito existem aqueles abertos a negociar tendências, ampliar seus horizontes visando um melhor desempenho, e há os que são intransigentes quando se posicionam quanto a viver aventuras em suas experiências sexuais. Os chamados fetichistas puros, sem mistura, que se opõem a sair de seus conceitos são os chamados puristas.
Não há demérito ou mérito nessa escolha porque é apenas uma opção.
O sujeito cria sua fantasia, nasce predisposto a viver tipos de aventuras sexuais diferenciadas e não abre mão de suas convicções, ou pode, por outro lado, aderir a idéias que ao longo da vivencia fetichista podem ser simpáticas ao seu desenvolvimento.
Os exemplos são fáceis e fartos.
Vira e mexe alguém topa com um blog de uma submissa e lê em algum perfil ou em textos uma frase quase comum onde ela se apregoa submissa de alma. O que seria isso? Na verdade o conceito tem um aspecto único e fundamental: ela não aceita negociar em outras bases fetichistas de nenhuma forma. Tem a submissão sexual latente e se propaga em cada experiência que ela vivencia ao longo de sua caminhada. Ela não encontra a libido se não for na forma da submissão e na entrega que ela se dispõe a praticar com quem escolhe para possuí-la.
Aqui já não é apenas uma questão de conceito. Trata-se de um sentimento ímpar.
Conceitos puristas acontecem de outra forma.
Em bondagistas que de forma alguma aceitam cenas um pouco mais viris quando amarram uma mulher. Os aficionados pelo soft bondage dificilmente concordam em desferir um tapa na bunda da parceria ou um puxão de cabelos, ainda que esse seja um desejo dela quando se submete a uma fantasia dessa natureza. Esses bondagistas aceitam que ela faça movimentos tentando se desvencilhar das amarras, mas negam veementemente qualquer tentativa da chamada “pegada mais forte”, como as mulheres costumam nominar.
E conceitos puristas aparecerem em outras tendências de fantasias. O fetiche por pés, por exemplo, reúne correntes distintas cada vez que há uma necessidade de prática. Por se tratar de uma parte do corpo e ter por natureza contornos e aparências distintas, os pés quando funcionam como objeto de adoração na fantasia, costumam exercer um fascínio imenso nos adoradores e logo as preferências ficam evidentes. Há matérias aqui no blog enviadas por especialistas no fetiche que explicam melhor do que minhas poucas palavras.
No entanto, não é difícil existir adaptação quando a parceira não reúne as condições que o podólatra prega em seu manual fetichista. Não deixam de ser puristas quanto a utilização do objeto do desejo, principalmente quanto a aspectos que ele admite como essências. Pés limpos ou sujos em geral acentuam essas diferenças.
Esse é um debate que nunca termina. Não há certo ou errado, apenas a defesa de teses que acentuam a fantasia para o fetichista.

Poderia citar vários casos onde a pureza do fetiche tende a estar imutável ou mutante, mas isso levaria páginas e criaria um cemitério de palavras sepultadas por conceitos dos mais diversos. Porque o fetiche é individual demais para ter balizamento.
Resumindo, um congresso de sádicos expondo suas habilidades deveria ser o nirvana de mulheres masoquistas ávidas por experimentar seus prazeres. Entretanto, nem toda prática sádica atrai a masoquista e vice e versa. Há detalhes que proporcionam as diferenças, que podem ter conotação banal a quem não está acostumado a lidar com o tema, mas é de suma 

importância para quem faz da fantasia seu canal de prazer.
De todos os fetiches o que mais evidencia o purismo é o voyeurismo, porque ele sabe o que está do outro lado da porta quando se põe a observar.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tarefas


Pode ser que esse assunto de hoje cause transtornos a quem pouco conhece do universo fetichista. E convenhamos que haja casos em que explicar torna-se uma tarefa complicada.
A dedicação muitas vezes apregoada por dominantes e submissos às vezes atinge um grau de entrega capaz de causar estrondo em mentes baunilhas. Porque imagine alguém que extrapola a barreira do fetiche como sexo e se coloca a disposição pra fazer a faxina da casa de quem ele intitula como dona?
É óbvio que num primeiro momento há o espanto. Não que seja alguma desonra fazer faxina na casa de alguém, pelo contrário, desde que este serviço como tantos seja devidamente remunerado. Ora, eu mesmo limpo minha casa. Porém, deve-se entender esse tipo de tarefa a qual se presta um submisso, precisa ser encarada como uma forma de agradar a quem ele cultua como possuidora de suas vontades.
Claro que quem se entrega a esse ponto espera um prêmio em reciprocidade. Há um jogo consentido em que existem dois extremos; quem dá as ordens e quem as acata. Muitos podem contestar e dizer que isso nada tem a ver com sexo, que é uma forma de se anular completamente em detrimento do desejo alheio. Em parte alguém se anula sim, mas o faz de próprio punho, por conta própria, sabendo exatamente os limites onde imagina chegar.
E o sexo, para os que venham a se perguntar, seria o tal bilhete premiado após a tarefa.
Lógico que existem casos de total cumplicidade e as tais tarefas domésticas soam como uma forma bem simples de realizar a fantasia, pois é muito mais sensato que tudo fique entre ambos e não faça parte de um mundo onde ninguém entenderia tal comportamento.
Mas nem tudo caminha as mil maravilhas nesse jogo.
Conheço uma dominadora que quando via a casa precisando de uma limpeza dizia na cara de pau que ligaria a um de seus escravos para realizar o trabalho. Nesse caso fica feio, ilegítimo e impessoal. A fantasia dá lugar à exploração, não só do trabalho escravo de quem se presta ao que ela planeja como da sexualidade do indivíduo que não tem idéia do plano real.
Ele faz porque gosta, venera, não pra ser apenas um joguete descartável.
E mesmo aqueles que tenham a humilhação como ponto base de suas fantasias fetichistas têm um divisor de águas na realização dos seus desejos. O submisso quer ser humilhado dentro de um contexto que ele imagina, por isso, negocia antes de ter um envolvimento com quem ele pretende realizar suas fantasias.
O fetiche é prático? Muitas vezes sim, mas até o coração se meter no meio. Daí...
Tudo que se realiza em termos de fantasias sexuais deve ser precedido de respeito. Não importa em que ponta do tabuleiro você coloque suas peças. A Rainha tem suas funções e o peão também. Os dois precisam de sintonia pra chegar ao ápice do que imaginam como sendo o prazer. E só quem tem respeito pelo desejo do parceiro alcança esse fim.
Portanto, mulheres e homens que se colocam como submissos dentro da cadeia fetichista são pessoas com desejos tão comuns como qualquer outro que goste de apimentar seu tesão. A libido se espalha por paredes muitas vezes estranhas a quem anda do lado de lá do muro.
Basta que saibam com quem lidam.

Infelizmente o universo fetichista atrai pessoas inescrupulosas cada vez mais pela própria divulgação em filmes e novelas. As pessoas começam a investigar por redes sociais e se aproximam com dotes de picaretas no intuito de obter vantagens de gente que só deseja ser feliz.
Todo cuidado é pouco. Há casos incontáveis de gente que perdeu grana, tempo e até o amor pelo que sentem ao dar de cara com vigaristas escondidos em Nicks aparentemente inofensivos.

Quem deseja o domínio quer apenas o prazer e não quer ser feito de idiota.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Kidnapping


Vale se ligar na música e no clipe.
Pra quem gosta de bondage e música underground tudo a ver...


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Retribuição


Retribuir nem sempre significa um ato bacana. Às vezes a retribuição tem duplo sentido.
Daí hoje eu li algo assim: “ACM, sabe aquela posição que você colocou a tua modelo? Quero você igualzinho pra mim”.
Muitos esfregariam as mãos em sinal de total aprovação, claro, uma dominadora de tirar o chapéu mandando uma dessa é sinal que algo de bom paira no ar, mas nesse caso, eu tenho minhas crença e convicção definida porque conheço a moça e já fiz dois exames de próstata para saber como essas coisas funcionam.
Tá legal – soa hilário isso, mas não é a primeira vez e tão pouco será a ultima que uma mulher mandará um tipo de recado desses. Porque vira e mexe tem alguém me mandando uma que nem sempre tem o mesmo tom da dominatrix citada. Simplesmente porque minha amiga conhece o assunto enquanto outras fazem viagens desgovernadas. E pasmem, porque já levei muito esporro de mulheres por estar exibindo garotas em poses “inferiores”.
Vá lá que eu admita que tem gente que confunde mesmo. E se embaralha tanto que nem consegue alcançar o âmago da questão. Ainda que se tratasse de fotografias com caráter de submissão sexual, isso nada tem a ver com submissão social, complexo de inferioridade e outros elementos que componham esse quesito. E as fotos de bondage onde a mocinha aparece em perigo têm a ousadia de apresentar um fetiche que se chama “damsels in distress”, ou em bom português, donzelas em perigo.
Então, se a modelo está em perigo ela não está mostrando submissão alguma. E ainda que estivesse à submissão sexual é uma fantasia que nada tem a ver com inferioridade ou qualquer outra comparação esdrúxula.
Mas eu prefiro voltar ao que minha amiga me disse hoje. Melhor deixar de lado a opinião de pessoas que não se interessam em saber do assunto e saem vociferando asneiras.
Admito que toda fantasia precede de uma escolha, fato normal. A entrega deve se dar pela via do prazer, jamais por qualquer outro fator. Se fosse do meu interesse assumir o papel que ela propõe na fantasia tenho certeza que ela saberia como conduzir.
E assim todos devem proceder.
Qualquer fantasia sexual tem um grau de risco. Até uma simples brincadeira de bondage que parece inocente pode trazer danos. É preciso saber como se faz e acima de tudo respeitar os limites do parceiro. E quando essa química funciona não há quem derrube.
O fundamental de quem tem desejo de praticar fantasias sexuais com a freqüência necessária para se transformar num fetiche, é atentar para algumas regras elementares como a negociação certa na hora de escolher a fantasia. Mudar a cabeça de quem tem um desejo tão latente e essencial é complicado. Não diria impossível, principalmente para as pessoas que passeiam pelas avenidas do planeta fetiche. Existem casos de rompimento de desejos, mas são tão raros quanto políticos honestos e bem intencionados.
Admirar alguém pela conduta, beleza, simpatia e outros aspectos é normal. Eu sou fã de carteirinha das amigas que tenho com acento dominante, no entanto, não tenho desejos sequer escondidos de estar ajoelhado diante delas, da mesma forma que algumas se ligam na simetria dos meus nós, mas não se submeteriam ser imobilizadas por mim.

Há a recíproca, mas não há a retribuição fetichista.
A reciprocidade existe quando dentro do fetichista mora um desejo chamado “switcher”.
E quando isso acontece basta jogar a moeda pro alto pra saber quem comanda a cena.
Dito isso, posso até dar umas aulas pra essa pessoa maravilhosa a quem me referi na matéria de hoje e por tabela me inspirou a escrever essas linhas. Mas, além disso, o bicho pega...
A gente não deve cuspir pro alto e tão pouco dizer que jamais faria certas coisas, mas nesse instante meu instinto e faro bondagista não me fazem um bondageiro...

Beijo pra você!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bondage Awards 2012, você de novo com a gente


No ano passado não houve votação.
Mas esse ano novamente haverá a escolha dos melhores sites comerciais que oferecem aos assinantes o fetiche de bondage. E, claro, o Bound Brazil estará outra vez entre os candidatos.
Em 2010 faturamos o prêmio de oitavo melhor site do planeta e estamos de novo na vitrine pra tentar seguir entre os dez melhores. Mas pra isso, precisamos dos amigos tanto nessa primeira fase quando existe a escolha dos que serão avaliados pelo júri, quanto nas subseqüentes onde haverá a votação popular dos melhores entre os mais pedidos.
Este ano vamos concorrer apenas em três categorias: melhor site pago, melhor filme e melhor rigger (bondagista). Tomamos a decisão de não indicar modelos para a votação. Penso que seria injusta essa escolha, haja vista que por mais que o site tenha predileção por essa ou aquela, ou eu mesmo como rigger também possa ter um critério de escolha pessoal, caberá aos assinantes ou simpatizantes e amigos a indicação daquela que achar conveniente.
Os links para votar estão abaixo:
Para a escolha do melhor site pago: http://www.bondageawards.com/nominations_step2.php?catID=4 (Basta selecionar a opção Bound Brazil e votar quantas vezes quiser)
Para a escolha do melhor bondagista (rigger):
http://www.bondageawards.com/nominations_step2.php?catID=2 (Basta selecionar a opção ACM e votar quantas vezes quiser)
Para a escolha do melhor filme:
http://www.bondageawards.com/nominations_step2.php?catID=97 (Basta selecionar a opção The Resort e votar quantas vezes quiser)
Pra quem manja de Inglês e quiser justificar seu voto nesta edição do Bondage Awards é possível escrever algo a respeito, entretanto, não é um campo obrigatório. É apenas necessário clicar na tecla (submit) no final e seu voto será computado com ou sem justificativa.
Devido ao grande número de sugestões que o Awards recebeu no ano passado, essa edição traz uma reformulação nos quesitos a serem avaliados. O campo é abrangente e vai procurar atender a todos que nas edições anteriores se sentiram prejudicados por não existir a opção de voto para as categorias desejadas.
Por essa razão, decidimos apenas pela inscrição do site nos critérios informados aqui.
Muitos amigos que hoje lêem o blog não estavam por aqui há dois anos atrás, mas vale lembrar que o pedido tanto aqui quanto junto aos assinantes do site, e a boa recepção da galera foi responsável pela nossa indicação ao prêmio.
Por isso, a notícia da premiação foi dada em primeira mão aqui e o agradecimento está registrado em Maio de 2010. Pra conferir, basta fazer uma pesquisa pelo blog que é fácil encontrar pela data.

Então vale renovar meu pedido pessoal para que meus amigos e amigas dêem uma força para que o trabalho seja novamente reconhecido, e o fetiche que se produz por aqui possa ser outra vez destaque lá fora. Pode parecer que a vitrine não tenha a visibilidade que se espera, mas para o público fetichista o Bondage Awards sempre será uma fonte de consulta e um caminho para estar entre os melhores.
Como foi dito na reunião da galera do site ainda a pouco aqui, entramos em estado de alerta.
E, como sempre, eu trago o assunto pra pauta num lugar onde tenho a absoluta certeza de que serei correspondido.
Assim como em 2010 espero comemorar o bom resultado anunciando o novo longa metragem que com certeza estará em destaque na próxima edição do Bondage Awards.
Agora é com vocês.
A votação está aberta e se perde pouco tempo na escolha.

Desde já, meu muito obrigado.