terça-feira, 14 de maio de 2013

Valores


Quem dera…
Desejar é legítimo e às vezes pessoal demais. Querer é muito mais que desejar e sentir é ter.
Seria muito mais simples se tudo funcionasse como um quebra cabeças de fácil encaixe. As peças se juntariam e formariam um mosaico perfeito. Mas fazer o que quando a distância interrompe o pensamento ideal?
Normalmente os fetichistas lidam bem com suas distâncias. Alguns menos favorecidos, recorrem ao mundo virtual e deixam nele suas melhores idéias. Outros reúnem tempo e condição de estar onde o artista tem de estar.
Fato é que morar fora do eixo onde as coisas acontecem é complicado.
É verdade que existe um contexto, porque o fetichista termina por fazer sua cama longe do sereno e encontra seus pares. Mas a necessidade de estar próximo ao meio muitas vezes traz uma piração.
Entretanto, o fetichista precisa estar antenado e atento ao que rola e é sinônimo do seu desejo. Porque pouco importa se ele está próximo ou longe daquilo que ele olha na rede e se sente atraído, afinal, a festa pode ser completa onde for desde que haja quorum.
Ele não deve abdicar de seus valores.
Ser fetichista não é insano. É natural que a vida siga por dois caminhos já que a sociedade não compreende um olhar diferente de ter tesão. Normalmente quem tem um primeiro contato com esse universo acha tudo muito estranho, louco, primitivo e vulgar. Mas a vulgaridade está na mente de quem acha que atos mais conservadores ficam distantes das experiências que rolam por essas bandas.
Quem escreve de forma livre e tenta formar uma opinião acaba se expondo.  Depara com conceitos dos mais variados tipos. Pessoas que tentam se achar de alguma forma num canto qualquer das fantasias e aventuras que compõem esse cenário fetichista, e de gente que é taxativa e não economiza adjetivos depreciativos quando de uma forma ou de outra é apresentada a esse mundo.
Não há antídoto pra esse tipo de preconceito.
A discriminação chateia, aborrece. Mas isso não pode jamais gerar a inibição, principalmente pra quem vence tantas etapas ditas aqui, como distanciamento e a luta por realizar desejos. O fetichista precisa assumir o fetiche pra ele próprio antes de tentar encontrar alguém que também faça disso uma fonte de prazer. Quem sabe o que quer consegue coisas incríveis.
E quando tal fato ocorre, o mosaico perfeito a partir do quebra cabeças começa a se desenhar com facilidade. As peças se tornam visíveis e o fetichista encontra o caminho.
A partir deste passo não vale apenas desejar.
É necessário ousar e realizar sem se preocupar se fulano ou beltrano faz melhor ou pior que você. O fetichista precisa lembrar que a cena, a fantasia, é dele e de quem está no mesmo barco. Portanto, se alguém mostra alguma expertise diferente não imagine que você é inferior por causa disso. O importante é alcançar o objetivo traçado e ser feliz.

A cadeia alimentar fetichista apenas seleciona os pares. Não há comparativo. 
O prazer é pessoal e intransferível. Basta apenas encontrar a pessoa certa onde as fantasias se acomodam.
Por isso, existem as tendências nas quais sempre me baseio quando procuro escrever.
Procure dar ênfase às suas tendências. 
Não importa se seu legado está bem longe ou muito perto. Apenas as oportunidades serão escassas à distância, tornando-se mais velozes quando mais próximas.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Na Espreita


“Não fui eu quem montou a cena, mas a cena foi montada pra mim”
Desta forma o sujeito consegue descrever sentimentos. Sim, o seu sentimento solitário.
Aliás, todos os sentimentos são solitários até serem divididos.
É o que pensa o voyeur em seu momento único. Afinal, assim como quem gosta de observar, quem em uma tara, um fetiche, algum dia brotou através de uma imagem ou de uma visão. Porque isso vem do berço ou aparece em algum momento da vida. Pra alguns é momentâneo, pra outros, definitivo. As expressões fetichistas são assim mesmo.
E o que passa na cabeça de um voyeur? Sim, todo mundo tem seu instante voyeur, isso é fato.
Mas o sujeito que se conserva na espreita e tira o desejo apenas de observar tem um feeling diferente de quem vez por outra curte ver uma cena.
Conheci um camarada que adorava ver mulheres amarradas e não possuía aptidão para criar os nós, os chamados aprisionamentos perfeitos. Então, ele apenas observava as cenas de uma forma que só em sua imaginação cabia. E a frase que começa este artigo cabe de maneira exata na definição do seu pensamento.
E por que só observar quando se pode ter, tocar, sentir?
Uns vão dizer que a sensação de prazer está apenas em observar e outros apostarão na observação pra aumentar a libido. Mas isso cabe em cada um que utiliza deste artifício pra entender sua própria fantasia.
Uma amiga me falou que um amigo voyeur declarado argumenta que a timidez excessiva o impede de dar um passo além da simples observação e assim ele realiza seus sonhos. Pode ser. A introspecção é natural de alguns seres humanos.
No entanto, o bom voyeur, aquele que preenche suas lacunas dos desejos observando, sabe tirar proveito toda vez em que num súbito consegue uma imagem. Evidente que existe um desafio nisso. Veio com ele, carregou desde a adolescência como um bondagista traz a heroína dos filmes de TV ou cinema em apuros. É inegável.
E este voyeur não gostaria de assistir a uma cena montada. Ele que roubar a cena. Ficar na espreita e comemora jamais ser flagrado com a boca na botija. Faz parte do fetiche, da fantasia. Talvez por isso, pouca gente compreenda as atitudes de um bom voyeur. Um buraco de fechadura, uma janela indiscreta, um telhado, são artifícios que tornam o jogo fetichista emocionante pra quem possui esse tipo de fantasia.
Existem portais ou páginas em redes sociais especializadas neste argumento.
Como os caras que enlouquecem por pés quando os vêem na rua sem serem notados observando. Isto é um tipo de voyeurismo. Os sujeitos desligam os flashes dos celulares, abaixam qualquer ruído, fingem que estão conectados, e basta uma mulher descalçar os sapatos que eles estarão na espreita, e no dia seguinte, a fotografia anônima aparecerá num portal destes e fará um grande sucesso.
E, claro, outros tantos adeptos repetirão as peripécias e mandarão seus souvenires.

Em resumo, este tipo de cena não pode ser calculada e sequer combinada. Deve existir um fator que crie esse elo entre a coragem de não ser flagrado e a imagem conquistada através da ousadia, ainda que a resolução não seja a melhor e o ângulo não mostre os detalhes perfeitos.
Há exibicionistas que gostariam de ser observadas por um voyeur. Um completa o outro e a relação se repete como a do sádico e da masoquista. Entretanto, são pólos distintos que se alinham em determinadas virtudes, mas por sua vez, têm focos diferentes.
Quer um exemplo? A exibicionista abre a cortina à procura de um voyeur, mas não sabe exatamente onde ele está.
Então moças, é bom tomar cuidado sempre que a janela estiver aberta ou quando sentarem em algum bar de maneira relaxada e ousarem descalçar um sapato. Pode existir alguém muito interessado observando.
Bom ou ruim cabe no conceito de cada um.


Bom final de semana a todos!