segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Castidade Preservada


Passaram-se os séculos e o cinto de castidade ainda coexiste em algumas práticas de sadomasoquismo. Masculinos ou femininos, o castigo é a palavra chave, em quem recebe ou para quem impõe.
Dizem de sacanagem que o abridor de latas foi inventado após o advento do cinto de castidade, que no passado tinha um significado totalmente diferente de hoje em dia.
Antes, nada era consensual, o guerreiro viajava e preservava a castidade de sua amada através de um instrumento trancado a sete chaves.
Nos dias de hoje, praticantes de BDSM utilizam-se dessas engenhocas para punir com claros intuitos fetichistas. Verdadeiras obras ornamentadas são vendidas pela internet em lojas especializadas e, também, é possível encontrar auxílio para criar essas peças.
Mas se no passado representava um martírio sem fim a utilização desses cintos, hoje em dia funciona como um objeto de prazer para pessoas que tem fetiches dominantes e submissos.
Explique-se: em algumas relações desse tipo é comum a elaboração e o cumprimento de tarefas indicadas pelo fetichista dominante. Por isso, a pessoa submissa é obrigada a utilizar o cinto por dias, por horas, dependendo do grau que atingem durante essas práticas.
Alguns cuidados devem ser observados por quem deseja utilizar cintos de castidade em práticas fetichistas: a higiene e o ponto de saturação. O primeiro aspecto dá conta de esterilização do instrumento antes e depois de ser utilizado, evitando bactérias ou doenças sexualmente transmissíveis quando não existe monogamia entre os praticantes.
A saturação deve ser preservada e ninguém deve suportar o uso do aparelho quando existam desconforto e dores intensas. Lembre-se que Gangrena é uma necrose isquêmica que pode aparecer devido ao uso indiscriminado destes cintos.
Conheço submissos que atingem um nível de satisfação intenso quando o pênis é colocado num desses suportes e trancafiado. Nas submissas o tesão está no impedimento do coito já que o cinto cobre o orifício anal e o vaginal.
Essa tendência de utilizar objetos medievais em praticas de BDSM não modifica com o passar dos anos, por essa razão certos instrumentos da época em que se torturava amparado na legalidade tem tamanha representação.
A atração, o feitiço, daí a origem da palavra “fetiche”, funcionam como um imã ligando o passado e o presente de forma direta. Assim explicam-se as velas, as camas de pau, as cangas, correntes e outros instrumentos.

Enfeitiçados por cintos de castidade e loucos por práticas em ambientes que lembrem antigas masmorras de palácios, fetichistas apostam suas fichas nessa química entre prazer, luxuria e equipamentos para garantir cenas que esbanjam criatividade.
A grande vantagem dessa união entre épocas é a garantia de que tudo acaba numa palavra de segurança (safe word) ou quando os sorrisos remetem ao presente, denunciando que tudo não passou de uma simples brincadeira entre adultos.
Assim se vive uma fantasia, um jogo entre pessoas que estejam dispostas e combinadas a participar de alguma coisa em prol de aumentar o prazer e não sucumbir à rotina do sexo sem tempero.

Portanto, tudo é importante para quem tem simplesmente prazer em realizar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Downloading Nancy (2008)


O cinema costuma pregar peças.
Não me refiro aos espectadores de uma forma geral, mas alguns diretores têm o hábito de brincar com os críticos, principalmente quando suas obras são apresentadas em exibições oficiais. Mostras e festivais são o palco predileto.
A atriz Maria Bello é daquelas inquietas. Normalmente as atrizes de sucesso não aceitam determinados papéis, ainda mais quando se trata de temas controversos, mas ela apostou na idéia do diretor Johan Renck e estrelou Downloading Nancy.
O roteiro fala numa mulher que quer ser ouvida dentro de um casamento fracassado. Mas ao mesmo tempo ela não se esforça e acaba falando com as paredes. Daí o diretor inicia a brincadeira porque joga com o fato de Maria Bello ser esposa de um milionário com um perfil totalmente submisso ao poder do marido.
Esse filme é bem denso, não fica nos poros e nem na pele, ele entra no músculo e nos tecidos.
Também não é um dramalhão qualquer, ele tem pedigree BDSM. Dá pra estranhar pelo começo da conversa? Pois dá.
Entretanto a nossa heroína resolve brincar com coisas reais, com sede de morte e devido a sua vida sem sentido resolve se matar. Mas não pense que ela está prestes a estourar os miolos. Ela quer uma morte lenta e encomenda o serviço a um sujeito que se apresenta para o trabalho cheio de taras que vão confundir a cabeça da personagem, dos espectadores e, principalmente dos críticos.
Porque Nancy começa a experimentar um sentimento estranho ao qual nunca foi apresentada, e descobre o prazer adormecido e sepultado por toda a desilusão de sua vida através da dor.
Isso mesmo. Ela se vê hipnotizada quando é abusada sexualmente por seu algoz antes do golpe fatal.
A trama chega ao seu clímax quando Nancy percebe que está totalmente apaixonada por seu assassino e vive um caso real cercado de ações de bondage e sadomasoquismo. O que vem depois é melhor não contar e estragar a brincadeira
Invariavelmente o cinema abusa de ações as quais denominamos fetichistas. O BDSM pra alguns diretores é uma terra desconhecida que eles habitam e tiram doses de sucesso surpreendente, com o agravante de fazer com que estas produções resistam ao tempo. O cinema considerado “Cult” sobrevive.
Gozar com a dor é sinônimo de sofrimento? Até onde sofrer é igual a doer? Quando isso se mistura, qual o gozo que se tira disso? Amar é sofrer?
Quando se aprende a amar por uma via é preciso muito esforço pra conseguir conhecer outras vias possíveis. Tudo depende do sofrimento. Só decidimos mudar se estamos sofrendo muito, não há outro antídoto. E se você pensa dessa forma deve estar assumindo certa predileção por um masoquismo essencial. O amor e o sofrimento na história de Renck andam de mãos dadas e não se desgrudam até que o personagem faça definitivamente a sua escolha.
Por isso, para os que apostam em levar fantasias de jogos de BDSM para suas transas o filme é altamente recomendado. Ele não fotografa apenas o BDSM como fetiche que é, mas ele brinca com dor e prazer de forma totalmente metafórica. Vale o esforço pra comprar esse DVD e arranjar um lugar de destaque na sua coleção, mesmo que seu fetiche não alcance a linha que o diretor resolveu traçar como parâmetro.

Downloading Nancy foi produzido em 2008 e estreou por aqui um ano depois sem muito alarde. A crítica acompanhou o que os gringos andaram escrevendo sobre o trabalho de Johan Renck e viu um cenário muito confuso.
Pode ser que muitos praticantes de BDSM não vejam o filme como um divisor de águas, e tão pouco coadunem com a teoria de Renck, mas as cenas sem sombra de dúvida chamarão toda a atenção possível e poderão funcionar como uma razão pra refletir cobre certos aspectos.

Fiquem com uma bela edição de uma parte do filme e tenham um ótimo final de semana!


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

I Love Bondage


Hello Crazy People!
Uma super dose de bondage pra vocês.
Tudo que de mais novo rola na rede.
Grande sites, grandes amigos.
Você vai ver as musas do Bondage Divas, Paragon, Fetish Folios e British Bound Damsels.
Divirtam-se. Vale a canja.




quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O que dizem as imagens


O desejo não culpa ninguém e muito menos exime de culpa.
O desejo pode começar num simples pensamento, do nada, ou aparecer depois que uma imagem traduz o que a pessoa espera em algum momento sentir. E desperta, cativa.
O fetiche é o desejo simplificado. A pessoa escolhe determinada situação e por ela se apaixona e nunca mais consegue se separar.
Pode até andar esquecido num canto numa fase em que a vida não sorri. No entanto, uma imagem pode ser capaz de trazer a realidade de volta num clique. Eu costumo dizer que jamais me separei das imagens que me seduziram ao longo do tempo, mesmo que elas tenham ficado guardadas. A memória é capaz de reproduzir coisas que a gente nem imagina.
E não renego o novo. Acho a novidade relevante.
Momentos distintos são capazes de unir o concreto e o abstrato num mesmo tom.
O fetichista é incansável. Ele procura brechas no universo onde a energia dos olhos capta o que ele espera ter em mente nos próximos anos. Pouco importa se o que ele vê foi gerado por ele próprio ou por alguém com a mesma intuição, porque agrega.
Muita gente gosta de ler sobre fetiches, mas também gosta de ver o fetiche.
Há pessoas que procuram as imagens e delas esperam um texto condizente com a impressão que ela passa. Então eu poderia postar qualquer imagem fetichista pra dar consistência à matéria, mas como lido com isso e as produzo, ousei exibir o que essa semana fará parte do meu acervo e de tantos outros como eu que têm o bondage correndo nas veias.
Que me perdoem os que para eles esta imagem não significa tanto...
Se alguém me perguntar como posso transcender a visão fetichista através de um quadro eu diria que o óbvio está retratado na imagem que a Isabella me deu de presente. Porque ela simplesmente fala com os olhos num instante que seus lábios selados a impedem de dizer o que sente.
É preciso entender o fetiche antes de tudo pra apostar na força da imagem. Ter uma noção básica de bondage, neste caso, é fundamental pra compreender o que a cena tem de especial. Funciona como uma troca de energia positiva.
O ideal seria apresentar neste espaço um imenso painel onde cada um pudesse expor a imagem que mais lhe atrai e assim se criaria um senso comunitário expressivo. Funcionaria como um elo que uniria as pessoas em seus segmentos sem distinção. As imagens de bondage como as que aqui ilustram o artigo podem dar uma sugestão de continuidade em se falando de fetiche capaz de criar uma linha de pensamento infinita e sem parâmetros.
Imagine um jogo. Neste game inusitado cada um teria que montar um quebra-cabeça com pedaços do que esta bela mulher imobilizada nos brinda. Vale tudo, dos pés à cabeça.
Fetiche é isso, a importância de cada detalhe em total harmonia com o desejo.
Por isso, a imagem fala para cada um que tem a veia fetichista. Porque o imaginário é capaz de produzir gostos efêmeros a partir da beleza explícita.
Alguém pode levantar o dedo e afirmar categoricamente que uma mulher subjugada é uma perversão. Pra quem pensa dessa forma a imagem não traduz a beleza fetichista, mas o preconceito de quem não consegue perceber que o mundo é feito pra todos.

É... Eu fui feliz no que produzi. Modéstia à parte cheguei a esta conclusão ainda que de forma solitária. Outros olhos na certa terão a mesma percepção que tive quando analisei profundamente o bondage e a Isabella. Dessa forma a cena valeu.
É importante deixar bem claro que a imagem não é tratada com os recursos tecnológicos possíveis. A extração do fetiche é cem por cento real, sem sombreamento ou subterfúgios que realcem a beleza da modelo e a expressão do fetiche.


Chego à conclusão de que não existe renovação capaz de refazer conceitos fetichistas. O fetiche é passível de releitura, aprimoramento e evolução. Mas a essência permanece intacta e sobrevive ao tempo e alcança diferentes gerações.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Fetiche por Axilas


Você pode achar sinistro, inusitado, mas gostar de axilas suadas é um fetiche até comum. Normalmente mantido em anonimato e cercado de mistérios e segredos, o fetiche por axilas é um exercício de excitação pra muita gente.
As pessoas têm por costume esconder seus fetiches e alguns mais bizarros não escapam ao sigilo, principalmente para fugir de atos preconceituosos. Pois é, sempre o preconceito, o maldito preconceito.
O “underarm fetish” não é muito difundido em sites especializados, talvez por ter um pequeno numero de adeptos assumidos e por conta disso não desperta interesses comerciais. Se houver um paralelo comparativo o fetiche por axilas suadas atrai muito mais as mulheres, e algumas chegam a perder o equilíbrio em transportes públicos quando deparam com um sujeito com fortes odores.
Em alguns paises da Europa é comum ver algumas mulheres que apresentam axilas cabeludas, muitas por questões culturais e outras para despertar interesse em homens que têm atração por axilas que além de suadas devem estar peludas.
A razão cientifica para as atrações por odores é chamada de olfatofilia, que é uma espécie de comunicação que atrai os seres humanos. São os feromônios, que influenciam os gostos e por sua vez detectam uma ligação entre a pessoa e os odores misturados ao ar.
Da mesma forma, esses feromônios que são produzidos pelo próprio organismo se tornam um pólo de atração com o sexo oposto, ou em alguns casos a pessoas do mesmo sexo quando há tendências homossexuais. Hoje existem pesquisas para a produção de essências que podem gerar perfumes com alguns desses odores.
Cheiro e sabor são sentidos muito parecidos, e da mesma forma que o cheiro atrai, a vontade de sentir o sabor aumenta consideravelmente. É fato comum no fetiche por axilas generosas lambidas que levam praticantes ao delírio extremo.
Junte-se ao fetiche o “sweaty fantasy” que é a atração por pessoas que apresentam a roupa marcada pelo suor nas axilas. Existem sites especializados em fotografar celebridades flagradas com aquelas rodelas de suor ao redor do sovaco.

Mas o problema acontece quando é a hora de confessar, de dizer a parceira ou ao parceiro onde está o tesão. Sei de casos de algumas pessoas que vão aos poucos, procuram a hora certa, inventam razões para transar após uma longa caminhada, uma manhã de exercícios, coisas do gênero, daí literalmente tiram suas “casquinhas”.
Porém, ao serem “percebidos” preferem não assumir o gosto e por vergonha terminam desistindo, deixando o relacionamento acabar e desaparecem sem deixar rastros.


Por isso insisto na mesma tecla e acho que nessas horas a vergonha tem que entrar na gaveta e deixar à mostra toda a obscenidade que deve imperar entre quatro paredes.
Se for necessário expor o desejo que seja feito no ato, sem temor, porque se o trem sair do trilho que seja no começo da viagem, assim não haverá conseqüências maiores.
Ninguém precisa assumir publicamente o fetiche por axilas suadas, mas na intimidade é melhor morrer tentando do que se arrepender de nunca ter dito.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Visitas Íntimas


Pra quem acha que conhece o glossário fetichista de ponta a cabeça aqui vai uma nova.
Quer saber? Mulheres viciadas em ter visitas íntimas com presos.
Se o assunto tivesse alguma relação com as namoradas de quem se encontra em presídio seria um fato normal, mas o inusitado desse fetiche é que certas mulheres nutrem um desejo quase incontrolável de ter relações sexuais com detentos que sequer conhecem, a não ser por intermédio de cartas ou bate-papo de celular.
Ainda que as dificuldades sejam grandes, elas ultrapassam tudo com muita calma e paciência. Chegam a se cadastrar no sistema penitenciário para ter direito a visitar os detentos.
E o que leva determinadas mulheres a este tipo de atitude?
Os motivos são vários, desde simples curiosidade a uma verdadeira tara de estar ao lado de delinqüentes condenados e se possível famosos, com algum poder.
Este tipo de fantasia pode ser comparado ao fetiche de WiP (women in prison) que reúne uma quantidade incrível de adeptos loucos por filmes de sexo e fetiches realizado por mulheres atrás das grades? Não, eu diria que não. Porque o WiP normalmente é uma fantasia retratada em filmes e a realidade, neste caso, passa bem longe de existir.
Já a fantasia por sexo com presidiários em visitas íntimas é um caso real onde a ficção não passa perto. As mulheres se deslocam, travam contato e vivem experiências reais, em carne e osso. Independente se exista sessões fetichistas ou não durante o ato sexual, a escolha por transar com desconhecidos aprisionados dá o tom da fantasia.
Essa história não é fruto da minha imaginação. Ela existe e me caiu no colo através de um depoimento de uma pessoa que resolveu contar suas aventuras pelos cárceres da vida.
Os detalhes são impressionantes, desde a destreza de se aventurar pelo submundo dentro de um presídio até as condições de como se processam estes encontros. Um pavilhão com camas tipo beliche são improvisados como uma espécie de cabines onde os casais têm pouco tempo pra transar. Não há individualização, todos dividem um cômodo imenso e os sons se misturam como se fosse tudo normal.
Normalmente quando se fala em fantasias é comum imaginar um ambiente de sonhos, seja qual for à idéia de viver o sexo de forma diferente. Entretanto, o fetiche de ter relações íntimas com detentos é totalmente contrário a essa regra. A idéia é que tudo aconteça da forma mais natural possível, justamente como ocorre com os casais que se encontram separados por este tipo de problema e só podem se encontrar nos dias e lugares possíveis.
No meio disso tudo há o perigo do envolvimento que pode acontecer antes, durante ou depois dos encontros. Alguns detentos são perigosos e não aceitam que após dois ou três encontros a pessoa que está ali apenas realizando uma fantasia se afaste.
Essa pessoa que me contou suas aventuras mencionou sobre ameaças depois que decidiu nunca mais voltar a se encontrar com o delinqüente que escolheu para o fetiche.
Hoje, ela não se envolve mais com estas pessoas e decidiu restringir suas aventuras depois do nascimento do filho. Sabe de pessoas que ainda insistem com estas fantasias e não tem conhecimento de desfechos felizes que terminaram em romance após o detento alcançar a liberdade.

Tudo acaba ali, na fantasia e o final pouco importa.
Pra cada mulher que tem essa fantasia na mente o final feliz é importante. Ela sabe que brinca com o desconhecido, tem consciência de que se aproxima de pessoas que estão ali por conta de uma pena social por transgredir as regras da sociedade, mas ainda assim insistem nas aventuras sem medir qualquer conseqüência futura. Independente do perigo que representa esta fantasia deve fazer parte do desejo de alguém que ansiosamente espera pelo próximo dia de visitas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Por que não tentar?


Ela andava reclamando que o sexo estava previsível demais.
Nada de novo além de coisas que faziam há mais de dez anos, com menos repetições, é lógico. Tal fato assusta?
Lendo aqui nem tanto, mas se alguém encomendar uma pesquisa de opinião e as pessoas forem sinceras em suas respostas, vários serão os exemplos que irremediavelmente farão parte dessa constatação.
Na opinião da minha amiga uma chacoalhada na relação já não era o suficiente. Segundo ela, já existia vergonha entre o casal de tocar em certos assuntos. Contou que lá no começo chegaram a viver enquanto namorados algumas fantasias. Nada demais, ou nada além de um banho de Martini ou Chantilly nas preliminares. Mas funcionava. Tanto que terminaram se casando.
O sexo quando se torna previsível está no CTI. Grandes são as chances de sucumbir e criar uma bela amizade dentro de um casamento. Em pensar que ela teve a chance de levar um fetichista para o altar... Não era eu, claro, mas teve sim, e o cara pagava mico por ela. Mas a vida tratou de selar outro destino. Escolhas...
O importante é que as pessoas quando chegam num estágio de vida como esse, devem compreender que ainda existe uma luz no fim do túnel, tanto para tentar remendar uma união partida como para dar inicio a uma vida nova. A idade, para alguns, passa a ser um fato complicado. Chega a assustar muitas pessoas que por uma tola desistência ignoram que apesar de estar em idade madura ainda são capazes de despertar em outros tantos interesses que na juventude as fariam imbatíveis.
Dizem que as mulheres envelhecem mais cedo que os homens por razões naturais. Pode ser, mas ela sempre será capaz de ser sensual e atraente se não se entregar a própria incapacidade. Os homens também precisam entender que brilhar é sempre possível, principalmente se as idéias permanecerem arejadas e modernas.
Por que não tentar?
Reinventar a própria relação ou partir para uma totalmente nova, esquecendo preconceitos e se agarrando a vontade de estar vivo, latente e vibrante. A vida é feita de ciclos, tal e qual a idade cronológica das pessoas. Se uma etapa está com os dias contados é hora de fazer um ultimo e derradeiro esforço para recolocar as coisas em seus devidos lugares ou partir de cara contra o vento com a missão de ser feliz.
É o momento de aditivar a vida. Criar coisas novas, abraçar fantasias, se despir de conceitos arraigados implantados por uma sociedade hipócrita que delimita o papel de cada um num contexto criado por alguém que nem está mais entre nós. Escolha um fetiche, qualquer um que agrade, desde roupas até sessões de BDSM. Qualquer hábito que faça com que as pessoas maduras saibam que o corpo envelhece e a mente sobrevive.
Este conselho vai para uma amiga que citei no começo do artigo. Ela deixou um casamento arruinado e agora espera que a vida passe diante de sua janela. Entretanto, da mesma forma que um casamento previsível fez com que ela decidisse por uma mudança radical, ela tem que entender que uma vida sem graça, sem emoção, pode até terminar antes do tempo.

Isso serve pra todos aqueles que acham que a vida impõe uma linha limítrofe que só cabe em cabeças sem um pingo de imaginação.
Às vezes viver coisas novas é um atalho para um novo caminho.
Por isso, criar fantasias durante o sexo é mexer com o tempo, manter a chama da juventude acesa dentro de cada um que por uma dádiva assistiu os anos passarem. Como disse o poeta, o futuro repete o passado, sempre. Então é hora de sair por aí e fazer uma releitura do que foi proveitoso, aparar as arestas, e tentar tudo outra vez.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Hitcher in the Dark (1989)


O diretor Umberto Lenzi bem que tentou usar cenas de “damsels in distress” em suas conhecidas tramas de terror italianas. Só que o tiro saiu pela culatra porque não é tão simples analisar um filme recheado de suspense com ares de comédia pastelão.
E tinha tudo pra dar certo. Um roteiro razoável e uma estrela de fazer cair o queixo, porque a beleza de Josie Bissett é alguma coisa de outro planeta e merece sim, um lugar de destaque.
A história gira em torno de um jovem cidadão totalmente perturbado que herda desejos sexuais doentios de sua mãe, daí perambula pelas estradas americanas em busca de moças bonitas para viver suas fantasias sexuais totalmente fora de contexto.
O sujeito é um psicopata.
Essas tramas sempre remontam alguma cena de infância que tenta justificar a insanidade do algoz, e noves fora várias cenas de terror excessivo, o aparecimento de Josie Bissett como protagonista quando cria uma seqüência de delírio para os que curtem algemas e mordaças em abundancia salva o filme.
Para sorte nossa, a semelhança da moça com a mãe do malfeitor o faz mantê-la mais tempo sob domínio, criando um elo entre o que a galera do horror quer assistir e o que nós bondagistas de plantão estamos ávidos para ver na telona.
Então é melhor que todos os que gostam de DiD aproveitem bem estes raros momentos, porque depois o bicho pega e o psicopata inicia uma série de assassinatos cruéis e passa a alimentar os crocodilos que encontra pelo caminho com os corpos mutilados de suas vitimas.
Se Lenzi tivesse produzido sua obra em quinze minutos o filme pra nós, amantes de DiD, seria uma maravilha. As cenas de Josie Bissett valem qualquer ingresso ou uma vasculhada pela Amazon em busca do DVD. Mas a obra completa tem noventa minutos e nossa utopia se desfaz quando se percebe que apenas o cenário de horror passa a dar as cartas.
Porém, existe um público alvo a ser alcançado por estas produções e Umberto Lenzi quis preservar seu segmento. O produtor de Cannibal Ferox não deixa barato e abusa de cenas que muita moça vira o rosto com o coração na mão.
E voltando aos tais quinze minutos de boas cenas fetichistas, recomendo uma análise da protagonista como damsel in distress. Perfeita. Como diria meu amigo Zé Maneco: “é assim que se faz”. E ela fez. Seduziu todos aqueles que quando se sentam pra assistir uma donzela em apuros querem guardar na lembrança.
O filme tem pontos altos, nomeadamente Josie Bissett com o foi dito, que apresenta um desempenho muito credível e um par de cenas de uma trama bem trabalhada. O problema é que a qualquer momento um toque genuinamente assustador ocorre e ele tem uma resolução inacreditável (especialmente o "road block", uma cena que me fez revirar os olhos e achar tão inacreditável quando ver o coelho da páscoa em pessoa).

O desempenho de Joe Balogh, que é bom no olhar vazio de olhos de um louco genuíno, e, infelizmente, nada mais, me irritou a cada minuto que o filme avançava. Este importante detalhe serve pra fechar a cortina, mandar todo mundo embora e ficar com as belas imagens de Josie Bissett e sua nudez plástica e vibrante.
Vinte e dois anos após estar em cartaz nas telas de cinema Hitcher in the Dark pode ser encontrado com facilidade na Internet, tanto na Amazon quanto na CD Universe. Uma vez editado, vale ter na estante.

Fiquem com algumas cenas desta Deusa.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sobre Anjos e Demônios


Alguma vez na vida cruzamos com anjos e demônios. Convivemos com eles de quem nada sabemos além daquilo que nos falaram a respeito, porém, entendemos que eles são a causa e muitas vezes as conseqüências.
Temos o costume de exorcizar os demônios e afagar os anjos.
Os demônios normalmente nos atentam e os anjos protegem contra os chamados males. A tentação gera penitencia, pura convenção.
Na verdade, todas as vezes que achamos que estamos cruzando a faixa ficamos imaginando um diabinho bem próximo da nossa orelha e um anjo de cara feia do lado contrário. Um cenário infantil no qual acreditamos um dia pra levar pra toda a vida. No entanto, nada disso é autêntico e muito menos real.
Anjos e demônios habitam dentro de nós. Simplesmente adotamos dar essa nomenclatura a fatos os quais consideramos de risco intenso, quando deixamos o lado conservador e partimos em busca do novo. Qual fetichista em sã consciência nunca lidou com conflitos desse gênero?
Porque não é fácil conviver com alguma coisa escondida que um dia é colocada sobre a mesa. Ninguém quer viver a sensação de ser o médico e o monstro, mas acontece, porque nós mesmos assumimos tal condição.
Eu nasci fetichista e fui obrigado a conviver com os demônios por muito tempo até achar coragem o bastante para tirá-los de vez da minha vida. Primeiro os mantive afastados ainda que de forma anônima, e mais tarde, por pura opção, os perdi em algum lugar que já nem me lembro onde foi.
Uma amiga me disse outro dia: “algumas coisas que li em seu blog me chamaram a atenção. Gosto de me sentir dominada, meio submissa quando faço sexo, mas nunca pensei que isso fosse um fetiche o qual as pessoas tanto admiram”. É fato, porque fantasias todos nós temos e elas obrigatoriamente passam a ser consideradas um fetiche quando de forma intensa fazem parte das nossas escolhas. Aqui começa o conflito a que se dá o nome de anjos x demônios.
Porque instiga, e se existe uma luta interna muito grande sobre praticar ou não é sinal que vai haver um fato capaz de se tornar um dilema.
O que não é tão complicado resolver desde que se faça uma opção. A partir daí começa um fator muito importante que é encontrar a parceria adequada, uma vez que ninguém pratica fetiche sozinho, pelo menos por vontade própria.
Novos anjos e demônios roubarão a cena neste momento e se o fetichista tratou de exorcizar uma meia dúzia desses demônios durante sua caminhada até aqui, ele conseguirá sair ileso deste novo conflito. Porque as fantasias precisam se encaixar e o alinhamento é parte de uma disputa sadia que se inicia no instante que é necessário se mostrar para alguém.
Portanto, os anjos e demônios que coexistem dentro de nós são frutos de dúvidas que nós mesmos estabelecemos. Não existe o bem ou o mal, os dois estão vivos e a nossa escolha determinará qual dos dois deve sobreviver.

Ser fetichista não significa ter o mal encravado nas entranhas, é apenas uma forma de ter prazer de forma diferente das outras pessoas que a sociedade considera normais. Jamais me considerei um anormal por não me alinhar com certos conceitos pré-concebidos ladeados por hipocrisia. Ninguém deve se sentir envergonhado ou menosprezado por ter um gosto raro, porque sempre haverá no planeta quem pense da mesma forma, basta ir em busca do chamado pote de ouro no final do arco-íris.
O fetichismo não pode servir de desculpa para o

rompimento de uma relação. Ele pode ser o alicerce da próxima, entretanto, existem vários fatores paralelos que destroem relacionamentos antes que alguém pense que a não inclusão de fantasias capazes de despertar maior interesse sexual numa união é a única causa de decretar um fim.
Anjos, demônios, nada disso é maior que a nossa própria consciência.
Leva fé nisso!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lentes Fetichistas


Houve um tempo em que ver uma fotografia de uma mulher amarrada era quase um mistério.
Não fosse alguma revista publicar uma foto tipo “screenshot” de um filme de sucesso com uma mocinha em perigo, imaginar uma atriz ou celebridade numa pose desse tipo seria como um sonho distante.
Hoje os fotógrafos apostam em ensaios que introduzem mulheres famosas na cena fetichista.
Claro que ninguém dá muita atenção à técnica, o que interessa é a questão da insinuação erótica causada pela ousadia que o fetiche traduz na imagem.
Isso prova que a mulher indefesa faz sucesso.
Será que eles sabem dizer o por quê? E as pessoas que compram as revistas, saberiam o significado do fetiche?
Depois de tantas celebridades aparecerem em fotos de bondage chegou à vez de Sabrina Sato.
O que me intriga é um site de grande audiência como o da Globo através do inoperante portal “Ego” atribuir ao ensaio do fotógrafo Gui Paganini o título de sadomasoquista. Porque roupas de couro são trajes fetichistas apenas e quem as utiliza num ensaio ou numa festa que seja, não está obrigado a praticar sadomasoquismo. Mas eles nem se importam com isso e o editor muito menos, porque deve entender tanto de fetiches como eu compreendo de motor de lancha de competição.
Alguém que viu o ensaio hoje por aqui me perguntou sobre as diferenças entre o que se mostra em sites comerciais de bondage e um ensaio deste tipo. O fator de maior relevância está no foco da cena. Enquanto os sites procuram exibir amarrações tecnicamente perfeitas e dão destaque à expressão facial de perigo na modelo, os ensaios fotográficos montados a partir destas imagens costumam trabalhar o cenário, explorar aspectos fotográficos com uma expressão de seriedade da modelo apenas. Notem que a grande maioria explora o fetiche em preto e branco, abandonando as cores.
Noves fora a ignorância de quem publica noticias sobre estes ensaios, a contribuição para que o fetiche coexista dentro da sociedade é visível. As coisas por aqui começam a evoluir e a grande interação das comunicações através da Internet é a causa principal.
O que era tabu virou moda. Por isso escrevi noutro dia sobre os ensaios que realizei em pessoas comuns fora do eixo fetichista durante os anos de existência do Bound Brazil. Algumas mulheres querem estar diante das lentes em poses fetichistas com mais freqüência. Querem levar pra casa e mostrar a quem quer que seja toda a capacidade erótica que ela é capaz de transmitir. E as modelos que emprestam seus rostos para o público fetichista de forma profissional, já não se importam tanto com o que hão de pensar de tudo isso.
Uma luz no fim do túnel começa a tirar o fetiche do escuro por essas bandas. E isso é bom!
Confesso que este tipo de trabalho explorando o fetiche em celebridades já me irritou. Principalmente pela imbecilidade dos textos que estes tipos de site como o “Ego” costumam identificar o trabalho que se faz. Uma modelo de um site fetichista pra essa gente realiza um ensaio pornográfico, enquanto uma famosa qualquer posa para a lente de um artista em movimento.
Pura bajulação cretina.

Entretanto, a contribuição silenciosa que estes ensaios trazem a quem gosta ou se dedica às cenas fetichistas é bem vinda, ainda que existam esses tropeços quase propositais quando esta gente aborda o assunto.
Desmistificar o fetiche hoje em dia é quase uma obrigação para a mídia de uma forma geral, pois é cada vez mais forte a presença de cenas de BDSM em ensaios e clipes musicais.
Para os interessados em assistir ao ensaio completo da Sabrina Sato basta entrar no site da revista da Joyce Pascowith através do link: http://tinyurl.com/3st5xgu
A partir da página 145 é possível assistir as

belas imagens da Sabrina Sato como muitos bondagistas andaram sonhando por aí.
Vale conferir.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sábado à Noite


A porta do elevador já estava fechando e escutei: “sobe?”
Apertei o botão e segurei.
Aquela mulher montada, vestida para matar, roupa justa num corpo perfeito e a quantidade exata de tinta nos longos cabelos, marcou o sexto andar, eu ficaria no quinto.
O elevador é moderno, mas lento, tempo suficiente pra sentir o bom perfume francês e olhá-la de cima abaixo enquanto ajeitava o cabelo.
Nunca a tinha visto por ali, aliás, morar num flat há três anos e meio não dá o direito de saber quem reside, quem passa ou quem simplesmente habita por uns dias.
O salto a deixava com quase um e setenta e cinco, uma bela sandália e os pés bem cuidados.
O vestido cinza com tons de preto, a boca marcada por um brilho suave.
Ela estava séria, nem olhava pra trás e parecia encantada com a cor metálica do elevador frio, sem vida, que subia e a deixava ansiosa por chegar.
Aonde iria? Havia uma festa? Era cedo demais pra alguém voltar pra casa e se estivesse rolando uma simples desistência, aquela mulher carregava uma desilusão. Era intrigante.
Pensei nos fetiches possíveis de serem imaginados com aquela criatura feita sob medida para alguém naquele lugar, naquela noite de Sábado, que não era eu.
Dizem que o “se” não entra em campo, mas ali parado num elevador voltando pra casa depois de um dia perfeito com a pessoa ideal, só me restavam dúvidas e curiosidade. E se ela chegasse para ver seu namorado? Se ela fosse garota de programa? (Não levava jeito não!). A mulher tinha o pecado tatuado nas costas pra chegar na casa de alguém atraída por um joguinho de cartas qualquer. (Bola fora!)
E se ela fosse uma dominatrix levando na bolsa chicote, velas e algemas para esquentar a noite? (Grandes chances, submissão passava longe...). Embora em alguns casos as aparências enganem a primeira impressão é mesmo a que fica quanto mais num plano totalmente criado pela imaginação.
A vida nos minutos que passam dentro de um elevador tem suas particularidades. Se você está apertado para chegar em casa e ir ao banheiro demora uma eternidade, mas se ao seu lado uma linda mulher exibir seus encantos, tudo acontece em preciosos segundos que se perdem num estalar de dedos.
E como tudo que é bom dura pouco, era minha vez de ir embora e deixá-la sozinha em busca da sua história. Pedi licença, ela chegou para o lado sem dar um sorriso, um olhar e continuei pensando nos fatos e possíveis conseqüências daquela noite. Meu destino estava traçado e um bom filme até chegar o sono era meu alvo.
Tentei esquecer o assunto, mas foi inevitável deixar de pensar na cena perfeita que já se formava em meu subconsciente. Então bolei um roteiro, pensei nela chegando com um sorriso largo na porta do felizardo que a esperava impaciente.

Bebeu uns drinques, foi se despindo e enchendo a cama com o cheiro de seu perfume.
Beijou, rolou sobre os lençóis e foi amarrada com as mãos abertas na cabeceira da cama.
Experimentou o fetiche pelas mãos de um eficiente bondagista que a fez ter certeza absoluta de que cada momento valeu as horas de preparo para ser a mulher fatal naquele Sábado.
Despertei num Domingo bonito e saí cedo pra aproveitar o dia.
Quando toquei no botão do elevador me veio à lembrança do que eu havia me permitido sonhar.
Daí percebi que devo estar tão ligado nesse tipo de trama que meus delírios viram histórias reais

num vídeo bem feito, quem sabe no mesmo elevador, um dia desses qualquer.
Mas a mulher não tinha jeito de dominatrix?
Só se for em outro enredo. Esse já foi planejado.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Do Meu Baú


Talvez por pura curiosidade eu vez por outra remexo meu baú.
Procuro apenas vasculhar na parte mais recente sem esquecer o passado distante, mas salvando-se o fato de que certas coisas deste tempo que vai longe são anônimas e assim precisam permanecer, o melhor é fuçar o que pode ser visto.
Então eu busco interagir com aqueles que se interessam por essas relíquias.
Pode parecer que os loucos por bondage estejam solitários na busca de imagens de um de seus correligionários que meteu a cara na vitrine e resolveu mostrar um trabalho por aí, entretanto, nossas musas, a razão pela qual inventamos nossos nós, estão antenadas nas armadilhas que o fetiche é capaz de criar.
É brother, as garotas se interessam sim por cenas de bondage, muito mais do que imaginamos.
Vejo isso pela própria repercussão que determinadas fotografias alcançam.
E para aqueles que gostam de andar pelos dois lados da rua, ou seja, querem estar na pele do captor e da vitima, elas andam doidas pra aprender como se faz e juram que de posse do conhecimento sairão à procura do par ideal para por em prática.
Mas ainda que as coisas do meu baú sirvam de inspiração para essas intrépidas damas e suas idéias malignas, o cardápio oferecido aos que se aventuram a conhecer é restrito, e mostra as moças devidamente capturadas para o delírio de uma platéia sedenta.
O legal de olhar em detalhes alguns trabalhos realizados é reviver um momento de rara inspiração. Porque na minha concepção o fetiche de bondage é uma arte, afinal o que se constrói com esmero e extrema paciência jamais poderia ser definido de outra forma. Que me perdoem aqueles que pensam de outro modo, mas uma imagem de bondage bem concebida pelo criador e pela modelo define o traço do fetiche de uma maneira elegante ainda que singela.
Alguém pode dizer: “bondage é um fetiche de pura exibição. O que se mostra pouco se pratica se for levado em conta o trabalho que dá”. A frase perfeita do advogado do diabo...
Diria que tudo pode desde que haja vontade e prazer pra tanto. Em se tratando de exibição é preciso concluir que o espectador da obra de bondage deseja ver a mulher prisioneira, e por conseqüência, com total impossibilidade de escapar. Essa é a razão de existir do fetiche. Por outro lado, não é necessário que o praticante reúna as condições de um mestre de cordas para montar sua fantasia.
Dá trabalho sim, mas há quem aposte numa seqüência quase cinematográfica pra tirar o coelho da cartola e se sentir plenamente realizado. Como também existem os que jogam suas fichas em imobilizações simples e de fácil realização.
Toda essa discussão é um reflexo do que se pode considerar como prós e contras. Não fosse um fetiche com certa difusão por essas bandas a coisa não daria tanto pano pra manga. Para que se tenha uma idéia da coisa como um todo, em mais de três anos realizando trabalhos de bondage para o Bound Brazil inúmeras vezes realizei sets fotográficos com pessoas que somente queriam guardar as poses em arquivo pessoal.
Portanto, há liga que faz com que a estrutura fetichista se sedimente cada vez mais e passe a ocupar seu espaço. O número de brasileiros assinantes do site vem aumentando gradativamente e as mulheres começam a perceber que de uma brincadeira simples de dois adultos bem humorados é possível tirar fantasias incríveis.

Não há como negar: o fetiche está cada vez mais vibrante por aqui.
Escolhi dois momentos do meu baú para ilustrar esse artigo.
No primeiro uma imobilização simples que qualquer um pode fazer com zipper, também conhecido como fitilho ou abraçadeira e fita adesiva com a Natasha em 2008. O segundo, uma imobilização simetricamente perfeita feita com mais de trinta metros de corda de juta crua com a Vaní em 2011. A escolha é livre.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Warm Up


Existem histórias que qualquer um duvida e esta aqui não foge à regra.
Aconteceu no “consultório sentimental” de uma conhecida. A moça, um belo exemplar de Balzac na casa dos trinta e tal se dedica a lavorar na horizontal. Pescou? A moça faz programas para sobreviver.
Pois conta que um cidadão muito estranho deu para aparecer de tempos em tempos lotado de idéias fetichistas na cabeça. As fantasias que o sujeito trazia no bolso eram fruto de um repertório intenso, totalmente voltado para o lado da submissão. Com o tempo de intimidades com a “atendente” passou a contar com a simpatia da moça e de suas duas colegas de trabalho que passaram a ser a platéia exclusiva de seu exibicionismo.
Exigente, o freqüentador da casa de massagem exigia que os pés de sua parceira estivessem sujos. Limpeza e asseio não faziam parte de seu glossário fetichista e o valente submisso chegava a oferecer boas gorjetas para satisfazer seus desejos.
Intrigada e sem muito conhecimento de fetiches e taras, aquela mulher aos poucos conseguiu satisfazer o exigente freguês que se tornou habitue do prostíbulo sempre no último horário, e assim, sem ninguém por perto, tinha tudo ao seu inteiro dispor. Mas nada aquietava sua parceira preferida que não entendia um único, porém, crucial detalhe: o cara ficava cerca de uma hora na casa, gastava uma boa grana e se retirava sem ejacular.
Certo dia não se conteve e perguntou ao rapaz a razão pela qual ele saia de lá em plena crise de paudurescência. Ressabiado, o fetichista confessou que estava em plena tentativa de engravidar sua esposa e como não havia reciprocidade quanto ao fetiche dentro de casa, ele realizava sua fantasia por lá e se mandava pra casa no intuito de completar sua obra.
Ela jura que este caso é real, sem retoques.
E mais, porque aos poucos o sujeito foi confessando sua saga. Admitiu ser o que se chama na gíria de “borracha fraca”, disse que seu cunhado pegava literalmente em seu pé por não conseguir engravida sua irmã e chegou ao cúmulo de sugerir que ele pedisse ajuda aos universitários, como no programa de TV.
Cansado de tanta abobrinha no ouvido resolveu ir à luta e tentar do seu jeito.
A tática do aquecimento antes da transa tem algum sentido nessa história. Se chegasse ao final da sessão colocando o tesão pra fora teria obrigatoriamente que dar um repeteco quando estivesse com sua esposa, e aí, na falta absoluta do fetiche não teria, quem sabe, a mesma inspiração.
O ideal seria levar seu fetiche para dentro de seu casamento, mas isso é uma matéria complicada que muito se debate por aqui. Normalmente este tipo de diálogo não deve e não pode esperar o tempo passar. As coisas têm que ser esclarecidas bem no início pra não dar vazão a alguns fatores complicados de explicar.

A desconfiança é o primeiro obstáculo. Porque se a confissão dos desejos e fantasias constantes ocorre depois de certo tempo de relacionamento, a pessoa que ouve os argumentos a principio vai imaginar que durante o tempo em que passou em branco algumas aventuras aconteceram pelo caminho. Sem contar o fato de haver rejeição total quanto ao que for apresentado como proposta de sexo.
Neste caso, a separação é iminente e as pessoas prezam por preservar a relação ante qualquer infortúnio, por isso, mantém o fetiche no escuro.
Ela contou que o fetichista há muito tempo não dá as caras.
Imagina que ele deve ter cumprido sua missão e, finalmente, engravidado sua esposa. Por outro lado, a procura do cidadão deve seguir seu rumo e talvez ele ande visitando novos lugares em busca de novas fantasias.
Um dia ele reaparece e ela vai contar o final da história.

É esperar pra ler...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A Dama da Zona


Era uma cidade do interior e bem perto da estrada que levava rumo à capital havia uma Zona de Meretrício.
Três amigos resolveram um dia afogar as mágoas no bordel, mas antes pararam num boteco para tomar uma cerveja já que o preço era dobrado no destino final. Daí conversa vai, conversa vem um deles, visitante, vindo da capital com novas idéias se declarou fetichista.
Risos, perplexidade, a isso seguiram perguntas inevitáveis que o fetichista, já declarado, nem pestanejou em responder. “Você vai pagar cinqüenta pratas pra levar uns tapas e beijar os pés da mulher? “.
Se houvesse a possibilidade não sobrava duvidas de que pagaria até o dobro ou mais, porém restava a incerteza cruel e incomoda de achar um bom fetiche naquele casebre de beira de estrada. Partiram.
Cada bordel tem sua peculiaridade, mas o ambiente escuro, quase sempre com um tom avermelhado é de praxe. Na jukebox baladas românticas que fazem as meninas lembrar de amores perdidos, viajar na melodia a procura de sonhos impossíveis, bebidas, pouca roupa e meia dúzia de caminhoneiros famintos. Aliás, por que caminhoneiro gosta tanto de bordel?
Seus dois amigos anfitriões mostravam-se conhecidos naquela Zona e logo buscaram deixar o fetichista embaraçado quando a primeira mulher sentou à mesa para dar as boas vindas. De cara, o fetichista foi devidamente enquadrado como aberração e passou a ter o desdenho da moça antes solícita.
“Tem a Daisy, ela já comentou comigo algumas coisas desse tipo, mas só falando com ela”. Sorriu e se foi...
Daisy era uma mulher madura na casa dos quarenta. Longos cabelos loiros fabricados pela farmácia mais próxima, unhas compridas pintadas em tom forte e com mais de vinte anos de experiência atestados em casas de tolerância.
A mulher chegou e não causou tanto entusiasmo no fetichista, afinal se vestia como as outras e se comportava igual, bebendo, sorrindo, beijando todos os homens como velhos amigos sem demonstrar-se a tão esperada rainha de copas que o cara ansiava.
Uma vez a sós, tocou-lhe de leve o braço e em tom forte perguntou sobre o que ele estava procurando naquele lugar. Desajeitado e com medo de se expor ainda mais ao ridículo, o sujeito comeu pelas beiradas deixando escapar pequenas gotas de um assunto que deveria ser direto.

Mas aquela Dama era experiente e sentiu que o gelo no olhar e o ar cabisbaixo queriam perguntar coisas estranhas àquele mundo onde ele estava de passagem. Tomou-lhe pela mão, o fez pagar o programa e subiu através de uma escada de madeira e estreita para um quarto de pouco conforto com apenas uma pia pequena para higiene.
A música vinha do salão em baixo. O local era limpo, porém com aspecto nebuloso devido a pouca luz. Nada além de uma cama com um colchão imperfeito e uma velha cadeira onde a roupa foi estendida.
Ela pediu licença, mandou que tirasse a roupa enquanto iria se trocar.
Foram longos e intermináveis minutos até que a mulher voltou trajando uma lingerie negra que lhe cabia bem, batom vermelho nos lábios, perfume forte e um belo salto.
O cara tremeu na base quando ela sentou na beira da cama, bem em frente à cadeira onde o fetichista incrédulo assistia a tudo passivo e espantado com a proximidade de realizar sua fantasia onde sequer havia sonhado.

Ordenado a ficar de joelhos perante sua rainha, chegou bem próximo a ela que com voz firme ordenou:
“Acenda meu cigarro!”.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

The New York Ripper (1982)


As histórias de tempos em tempos coincidem.
Basta voltar no tempo e num lapso esforço de memória trazer Jack o Estripador das ruas da velha Londres escondida pela neblina, para a cidade de Nova York nos anos oitenta.
Evidente que não é tão simples bolar um enredo que mostra um psicopata exercendo sua insanidade, munido com uma lamina afiada atrás de donzelas indefesas. Entretanto, Lucio Fulci quando decidiu abandonar a carreira de médico para se dedicar à sétima arte sabia o que estava fazendo. Porque ao produzir “The New York Ripper” conseguiu recriar o astuto estripador contemporâneo em ação na Big Apple perseguido pelos mais espertos detetives de Manhattan.
Um ano após dirigir um de seus maiores êxitos do gênero terror (The Beyond), Lucio partiu para exibir cenas reais de BDSM que começavam com lampejos de um “Love Bondage” consentido onde prostitutas encenavam as reais damsels in distress, e terminavam em cenas de torturas cruéis e reais, as quais nem de perto lembravam o princípio básico da consensualidade.
O enredo do filme deu liga.
A saga do psicopata que está à solta transformando as luzes de Nova York no vermelho do sangue de belas moças. A polícia segue seus passos através de pistas de suas carnificinas a partir do convés onde se embarca em Staten Island para os shows de sexo de Times Square. Cada assassinato brutal torna-se uma provocação sádica. Na cidade que nunca dorme, ele é o assassino que não pode ser parado!
Totalmente filmado nas ruas de New York City, “The New York Ripper” é um dos thrillers mais selvagem e controverso de Fulci e ficou caracterizado pela forma como foi censurado onde foi exibido. O filme é uma combinação entre cenas de BDSM, bondage e Damsels in Distress já que em todas as cenas as donzelas estão realmente em perigo.
Lucio Fulci faleceu em sua casa em 13 de março de 1996 aos 68 anos. Foi diabético a maior parte de sua vida adulta. Ele inexplicavelmente se esqueceu de tomar a insulina antes de dormir. Alguns consideram a sua morte um suicídio, outros acham que se tratou de um acidente, mas todos os seus inúmeros fãs estão de acordo que foi uma tragédia. Não há como negar que ele era único.
Apesar dos anos de ataques por muitos críticos de filmes, na seqüência de um grande renascimento no culto cinematográfico dos últimos anos, Lucio Fulci ganhou um novo aspecto, e é atualmente considerado como um grande diretor de cinema de Horror, com alguns filmes a serem proclamados "obras”. Ele também recebeu elogios por seu estilo único de filmagem.

Sua obra de maior destaque é Zombi, a volta dos mortos vivos.
Um fato importante a lembrar sobre este filme é para obtê-lo na versão sem cortes, porque nos últimos vinte e sete anos houve uma tonelada de versões cortadas do filme por aí.
Procure pela versão de noventa e dois minutos e você não irá se decepcionar.

Altamente recomendado para quem quer ter na estante um filme que consegue misturar terror e suspense com doses de bondage e BDSM ricas em detalhes.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Fallen


Diana finalmente encontrou o que queria.
O anjo caiu do céu. Era tudo verdade. Mas não caiu numa avenida movimentada de carros e cheia de gente por todos os lados. O anjo apareceu num desses sites que se dedicam a procura do par perfeito tão comuns hoje em dia.
Basta postar uma foto bacana, um perfil decente, se possível condizente com a verdade e tentar a sorte. A Diana fez isso. Mas antes do anjo dar às caras em sua tela a moça garimpou. Tremeu na hora da escolha – havia dado com os burros n’água umas duas ou três vezes – e, segundo ela mesma conta acertou na mega sena.
Claro que certas vezes, o melhor dos presentes pode vir com um pequeno defeito de fabricação e o anjo fetichista da Diana não fugiu a essa regra. Ela batalhou por um anjo submisso, flertou com o biótipo e levou o premio. Segundo a moça, o sujeito é seu número, nem mais nem menos, tem a aparência exata. Entretanto, o defeito do anjo vez por outra se faz presente e vira e mexe o cidadão deseja ver sua parceira numa cena de sexo com outro macho alfa diante de seus olhos.
A Diana topou, não tinha muita escolha, afinal, se você quer tem que ceder em parte.
Voltou ao mesmo website e vasculhou os arquivos a procura de pretendentes que antes haviam sido sumariamente banidos por apresentarem propostas indecentes. Alguém pode contestar, é lógico, porque a Diana também tinha a indecência na sua própria procura, mas ela por sua parte jamais imaginaria que algo totalmente fora de contexto estaria em pauta lá na frente.
Já se passavam três meses desde que eles iniciaram a relação. Um caso que parecia esculpido numa rocha de uma caverna há mais de três mil anos e que fora encontrado por arqueólogos. Porém, alguma coisa deixava Diana insegura, porque tinha que terminar o ciclo, provando a seu parceiro que sua fantasia tinha lugar, era factível, viável.
Dentre seus pretendentes mais incisivos, mais escrotos, Diana conseguiu o tão sonhado encontro a três. Marcaram num Motel conhecido e caro, onde era tudo por conta do casal. Esperaram cerca de uma hora além do horário marcado pelo sujeito e quando já estavam imaginando um bolo irremediável o solista apareceu. Diana e seu anjo se assustaram quando viram uma pequena possibilidade virar um fato real, palpável, o que fez com que o Anjo pedisse um tempo pra ir ao banheiro, mas assumiram a briga e abriram a porta para o convidado da festa.
Diana estranhou ao ver o cara dantes extrovertido em total timidez diante do quadro. Deu pra perceber que algumas pessoas têm dificuldade de lidar com a transição entre o virtual e a realidade, e se sentiu plena e consciente para comandar a festa.
O recém chegado sabia muito pouco ou quase nada a respeito de fetiches. Ignorava qualquer atitude de BDSM e quase foi embora quando viu Diana algemar seu parceiro numa cadeira diante da cama. O cidadão pulou feito pipoca. Se negou a tirar a roupa com medo de ser feito prisioneiro como o Anjo. Diana teve muito cuidado, explicou cada detalhe do que seria feito e a respiração do coringa do jogo voltou ao normal.
Claro que não se imagina uma cena de BDSM realizada pela metade, por isso, além de imobilizar o Anjo Diana lhe aplicou alguns castigos, um fato normal para quem está acostumado a lidar com este tipo de jogo. Atento a tudo, o convidado pediu arrego. Jurou de pés juntos que os dois eram loucos e que não iria fazer parte do circo montado. Bateu em retirada!

Decepcionados os dois terminaram aquilo que estava previsto e mesmo sem a importante participação do coadjuvante levaram a frente uma sessão redonda.
Os dois decidiram a partir de então buscar a parceria noutro lugar.
Passaram a freqüentar casas de swing e festas BDSM a com total cumplicidade realizar a fantasia de forma que agrade a ambos, sem a necessidade de correr contra o tempo inventando histórias impossíveis.

Um bom final de semana a todos!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Lendas Urbanas


Dizem por aí que um assunto quando é muito difundido, que passa de mão em mão através de emails ou simples informação é chamado de lenda urbana. Pois se trouxermos alguns fatos que freqüentam a comunidade fetichista – ainda que cibernética em 70% de seu total – certamente teremos as nossas lendas fetichistas urbanas.
É o sujeito que disse que aquela fulana não se acertou com cicrano por essas e por outras e uma penca de fatos comuns, que por conseqüência, acabam se tornando parte de imensos desafios. Digo desafios porque as pessoas normalmente pagam pra ver, analisam tais fatos em detalhes e terminam por comparar determinadas situações que nem sempre fazem parte de um mesmo enredo.
Porque se existem as tais lendas urbanas elas são criadas por nós e num universo de pouca penetração como o fetichista, os fatos que circulam sempre estão muito próximos. Dificilmente as pessoas não sabem da existência dos que habitam um mesmo nicho. Ainda que não tenham se falado ou visto, a existência é algo que é notícia. E apesar de serem personagens criados a partir de um apelido simbólico, possuem características próprias amplamente divulgadas por este ciclo de informação.
Lenda urbana é a fofoca que virou verdade absoluta!
Seria isso? Talvez neste meio sim. Como também acabam virando lenda alguns fatos que coincidem porque advém de um mesmo critério. Por exemplo, a tentativa de trazer pessoas que jamais imaginaram viver determinadas fantasias para o meio. Porque para se considerar um fetichista é necessário que a fantasia sexual seja determinante nas atividades de quem as pratica, caso contrário, serão simples aventuras vivenciadas num dia especial, como tantas que colecionamos ao longo do tempo para um dia lembrar em detalhes.
Os brasileiros de uma forma geral têm por bem entender que nada do que se faz por aqui tem o mesmo valor do que é exibido lá fora. Outra lenda. Verdade que os caras têm muito mais tempo de estrada e lá não existe tanta hipocrisia ao redor da questão fetichista, mas há que se ter em conta que o que se pratica por aqui é tão bom quanto o que se faz por lá.
Mergulhados neste complexo absoluto de vira-latas os brasileiros se sentem franzinos diante da mídia que os caras arrebatam por lá. Já vivi dias complexados como todos, mas alcancei a liberdade da minha própria expressão quando vi o site Bound Brazil crescer num lugar que antes era cativo de seus principais criadores.
Recebo por ano inúmeros convites de modelos americanas famosas para participar do elenco do site. Conheço várias, de longo tempo, bem antes até do site existir na rede, mas trato esse assunto com muito cuidado. Talvez para manter o fator exclusividade do site diante de tantos outros que disputam as mesmas modelos trezentos dias por ano ou outra razão qualquer.
Ontem cedi às minhas próprias convicções e acertei um plano de filmagem com uma amiga de muito tempo chamada Danielle Trixie. A galera do bondage sabe quem é a fera, mas em todo caso, usei suas lindas fotos do Fetish Folios para ilustrar a matéria.
Na certa alguém irá dizer por aí que o Bound Brazil em 2012 não será mais o mesmo e isto com certeza será mais uma lenda fetichista junto ao meio. Pouco importa se a presença de brasileiros signifique cerca de dez por cento do total de vendas mensais de assinaturas, porque o povo bondagista conhece o site, gosta, e às vezes não assina por uma série de fatores que varia desde o quesito da quebra de privacidade até a questão financeira.

Resumindo, em mais de vinte anos militando no mundo fetichista no Brasil muita água rolou por debaixo da ponte e fui testemunha de fatos. Alguns se tornaram as tais lendas urbanas fetichistas as quais me referi no texto, outros, ouvi dizer. Na verdade, essas histórias vêm à baila quando alguém por encanto deixa um espaço antes preenchido no meio, e, através da desistência destes personagens algumas passagens são criadas do nada, ou de casos verdadeiros, mas em sua grande maioria distorcidos.

Welcome Danielle!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Síntese do Fetichismo


Acho que ser fetichista é mais ou menos isso: dar erotismo a pequenos detalhes.
Dizem que o diabo habita os detalhes e se isso é mesmo verdade, que cada detalhe destes seja sagrado, jamais profano.
O fetichista foge do lugar comum. Prioriza a causa e o efeito. Acha magia onde nunca se imaginou existir.
Não existe um universo paralelo. Só há um mundo e cabe a nós fetichistas nos acomodarmos nele. Buscamos pessoas que possam ter a capacidade de entender que nem todos são iguais. Que não damos a mínima para clichês, que apenas vemos graça naquilo que queremos.
Ninguém está obrigado a pertencer ao nosso universo e nem fazer dele seu caminho. Mas é livre pra co-habitar, saber, entender e também participar.
Algumas mulheres se acham estranhas ao ninho num mundo recheado de falsos conceitos. Pensam que por uns peitões é ser a dona do pedaço, a desejada, a que anda na linha e está na última moda. Acham que ter uma bunda grande saciará os desejos de um macho criado sobre a batuta de bordões. Entretanto, quando deparam com alguém diferente acham graça. Preferem vulgarizar o que escutam, diminuir, ironizar, achar que toda a loucura não merece perdão.
Como pode esse cara achar tesão no meu pé? Sempre achei meu pé esquisito, estranho... (Elas chegam a debochar disso). Mas de repente, alguém passa a se interessar por eles, delira com cordas ao redor dos tornozelos. Fazer o que?
Aqui vale a velha retórica: a beleza do detalhe é fundamental. E só há beleza no que a vê.
Todas as mulheres deveriam ter uma experiência fetichista antes de chegar aos quarenta. Isso é fato, é certo. A mulher costuma se desvalorizar cedo, o que é errado, insano. Acha que só há beleza entre os vinte e os trinta. Se alguém descobre coisas belas em seu corpo na maturidade ela desconfia e ironicamente não percebe a importância nessa questão. É preciso ter inteligência pra perceber onde tudo começa e onde tudo pode chegar.
Antigamente a mulher só se achava gostosa quando escutava um assovio na rua, quando passava diante de uma obra e os peões se dobravam pra admirar suas curvas. Ela jamais se negava a dar bola a alguns detalhes de sua aparência apreciados por uma minoria insignificante. O fetiche era apenas um tabu.
E por que usar apenas a mulher como exemplo? Afinal, o fetiche é ambíguo e gera atração em ambos os sexos. Entretanto, é inegável que a mulher tem por conseqüência genética a carga positiva que cria uma espécie de fantasia na mente masculina. Porque mulher não nasce para ir à caça, ela é caçada e está sempre disposta a se esquivar. E embora eu pertença a uma geração que tentou mudar o mundo, jamais tive essa pretensão e acho muito pouco provável que tal fato venha acontecer.
Por tudo isso, estou plenamente convencido de que a mulher leva na alma o impulso fetichista. Não há como negar que nós homens em algum momento também somos passíveis de despertar a fantasia erótica adormecida numa mente feminina, porém, a balança neste caso é altamente tendenciosa.
Como uma amiga, por exemplo, que cria incríveis fantasias eróticas com homens suados e sovacos mal cheirosos. É dela, é pessoal e intransferível. Aqui o erotismo dirige a fantasia e abraça o fetiche de corpo e alma.

Portanto, ser fetichista não é bom e nem ruim, é apenas ser.
Ao longo dos anos conheci pessoas que abraçaram a causa depois de serem devidamente apresentados ao assunto. Não nasceram com o fetiche na veia, mas o introduziram com o passar do tempo e dele não abrem mão.
Existem pessoas que pensam que um fetichista nasce com uma marca gótica num canto qualquer do corpo. E como toda expressão fetichista começa na imaginação fértil das pessoas, quem pensa assim tem grandes

chances de dar os primeiros passos em busca deste destino.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

BDSM no Cinema


O BDSM é um conceito que abarca o SM ou sadomasoquismo, a disciplina erótica e fetichismo sexual, a dominação ou flagelação erótica e o bondage. Como tal, se viu refletido na filmografia de duas formas bem diferentes, tanto na ordem cronológica como no aspecto contextual.
Reproduzindo exclusivamente alguns dos conceitos ou práticas englobadas no BDSM, em especial o sadomasoquismo, mas também a Flagelação, o cinema historicamente, mostrou sua forma de falar sobre o BDSM que começou já no nascer das primeiras obras cinematográficas, a partir de 1920, e vai até princípios dos anos 90. Um bom exemplo desse período e dessa forma de encenar, são os filmes como Martha do diretor alemão Rainer Werner Fassbinder (1974) ou Belle de Jour, dirigida por Luis Buñuel (1967).
Desde os anos 90, com a difusão do conceito BDSM como elemento integrador da cultura do sexo não convencional, aparecem filmes que relatam palcos generalizados e de síntese, empregando uma visão do BDSM como filosofia de vida, como modelo de atuação pessoal que transcende o meramente sexual. Um exemplo desta filmografia atual pode ser encontrado em 24/7 - The Passion of Life, dirigida por Roland Reber em 2005.
Os critérios dessa relação não são tão simples.
Encontrar obras, diretores e atores que tenham um elo com a cultura BDSM como um todo. Não é válido citar filmes que meramente participam de certa estética superficial ou usam de alguma cena tópica, mas sim, filmes que tratem de forma fundamental ou exclusiva o tema do BDSM ou alguns de seus aspectos parciais, ou ainda, obras que sem se dedicar centralmente à temática, contenham um importante número de cenas da mesma.
Outro aspecto relevante dá conta da metragem das obras relacionadas diretamente ao BDSM (deve superar os 55 minutos de duração), o que faz com que, por exemplo, os capítulos de CSI e do Comissário Rex, que refletem parte da temática BDSM, não figurarem nessa pesquisa. Leva-se em conta também, que esses longas devem ter sido exibidos necessariamente nos circuitos comerciais ou em televisões abertas ou a cabo. Ficam à margem, as séries do tipo "Arquivo X".
Filmes com muitas referências da literatura do gênero, como O último tango em Paris, Emmanuelle, Instinto Selvagem, A Laranja Mecânica ou A História de O, são à base de sustentação de qualquer enfoque sobre o cinema e o BDSM.
As obras não fetichistas, os chamados filmes de aventura ou terror, estariam inseridos neste contexto? Creio que não. Não basta que o enredo tenha uma donzela em apuros amarrada num porão qualquer, ou esteja vestida de branco presa por correntes e pronta para ser sugada por Christopher Lee interpretando o conde Drácula.
Apesar do fetiche de bondage fazer parte da nomenclatura BDSM, qualquer divisão que se faça soa como tendência, não como forma de expressar a cultura. A prova disso é o aparecimento da cena na tela, ou seja, em cinqüenta e cinco minutos de filme somente três são dedicados ao fetiche.

É importante frisar que os alicerces de muitas produções com temática BDSM advém das páginas de livros. Escritores ou escritoras, como Pauline Réage que nos brindou com uma trama incrível a qual resiste ao tempo e sobrevive às tentativas de recriação, funcionam como fonte de inspiração e garantia de sucesso. Se o livro vende o cinema fatura.
A velha ordem capitalista também abriga o BDSM debaixo das asas.
A relação é extensa. O enfoque sempre é muito particular.
Embora alguns possam citar obras como Lua de Fel, A Secretária, O Colecionador e outros, o importante é perceber o filme como um todo, a forma como ele expressa a cultura do sexo não convencional. Se serve como parâmetro, somente o espectador que carregue consigo a veia fetichista, pode analisar de maneira firme e correta.

Que a sétima arte continue trazendo aquilo que queremos assistir.