sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Maestro Fetichista


Mathias Pilipoulos apesar do nome não é grego.
Nasceu no Bom Retiro em São Paulo, um lugar que abrigou a emigração de Gregos para o Brasil após a guerra civil no começo dos anos cinqüenta. Conta que seu pai influenciado pelos comerciantes da região resolveu lhe batizar com esse nome. Mas não se importa com isso.
Formou-se em musica e depois de longos anos passou a dirigir uma orquestra.
Descobriu gostar de bondage muito cedo, e como quase todo bondagista teve nos filmes e seriados na transição entre a infância e a adolescência seu maior incentivo. Assim como qualquer fetichista escondeu o desejo atrás do armário, deixou lá guardado como um segredo.
Só que Mathias não imaginava ter um flerte com a mocinha das séries, ele queria ser ela. Reprimido dentro de uma homossexualidade trancada a sete chaves, passou praticamente duas décadas resumindo suas buscas sexuais que satisfizessem seu lado gay. De fetiches nunca falou.
Anos mais tarde já com a orquestra sob sua batuta, uma jovem musicista se sentiu atraída por ele, e claro, sem perceber sua escolha sexual já totalmente definida. Sentiu-se embaraçado com a situação e já estava sem saída devido ao assédio que já era de conhecimento de toda a orquestra.
De repente descobriu uma fórmula: abrir o jogo e falar do fetiche. Isso, em seu pensamento, com certeza afastaria a jovem e daria fim ao assunto. Marcou um jantar. Aquela mulher mais jovem e muito bonita chegou com um sorriso no rosto e ele, finalmente, esperava se ver livre da pressão.E depois de duas taças de vinho se sentiu a vontade pra falar em relacionamento, envolvimento, até chegar ao objetivo.
Ela lhe olhou séria, não esboçou reação positiva ou negativa.
Diante do dilema tentou desviar o assunto, mas ela forçou a conversa. Pediu que explicasse melhor a questão e quis saber de todos os detalhes sobre algo novo que nunca tivera acesso.
Mathias relata a parte fundamental do diálogo: “você quer me amarrar e me bater, é isso?”
Ele engoliu seco e disse que o fetiche de bondage nada tinha de sadomasoquismo. Tentou teorizar a conversa e chegou a passar horas falando do tema que conhecia de anos e anos.
Até que chegou o momento de ir para a próxima página, ou seja, dizer aquela mulher com ares de recatada que ela tinha que tomar as rédeas, e que ele, o Grego, seria a verdadeira donzela em apuros da história.
Findo o assunto seria possível escutar uma mosca caso não estivessem em local público.
Na manhã seguinte Mathias foi surpreendido com um email da amiga falando do fetiche. Buscou literatura na Internet e praticamente deixou o caminho aberto para que ele tomasse o rumo e selasse o relacionamento. Mathias se viu numa encruzilhada quando pela primeira vez na vida seria obrigado a revelar a alguém sua opção sexual além do fetiche.
O Grego sofreu...
Mas como escrever é muito melhor que falar ele abriu o jogo. A surpresa, porém, foi receber uma resposta totalmente receptiva da mulher que se disse ciente quanto à escolha do Mathias, ao desejar o lugar da donzela, de ser dominado, seduzido e penetrado.
Até hoje são amigos, saem juntos e Miriam, a musicista, participa da vida de Mathias sem exteriorizar sua homossexualidade e seu fetiche. O Grego com isso tomou coragem e consegue, aos poucos, inserir cenas de bondage em suas transas o que agradece sempre a interferência sugestiva de sua amiga inseparável...

Em Tempo Real

Nunca aceitei colocar meu nome, ou iniciais, em qualquer crédito dos vídeos do Bound Brazil.
Exceção apenas aos créditos de diretor e produtor.
Só que desta vez, por sugestão do meu fiel escudeiro Evandro Ynno, aceitei dividir uma produção muito solicitada pelos assinantes, à realização de uma cena de bondage em tempo real, ao vivo, sem cortes.
Desta forma bolei um roteiro interessante o qual batizei como “stripped and bound”.

Uma historinha que mostra a menina em seu uniforme de trabalho sendo seqüestrada, despojada de seus trajes e, logicamente, imobilizada para o deleite de tantos.
A Jordana foi à parceira escolhida e todos estão convidados a assistir o filme curta de hoje que o Bound Brazil exibe aos seus assinantes.
Ótimas tomadas fotográficas também estarão na tela.
Um colírio!

Excelente final de semana a todos!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Confraria dos Tarados


O estatuto é claro: aqui cada sócio dá o recado da forma que quiser, mas está obrigado a fazer isso diante de uma imagem que ele divide com seus confrades.
Então eu cumpro com as minhas obrigações, recorro a um amigo e uma amiga, futuros membros do clube, tomo emprestado às imagens que eles produziram e dou o primeiro passo.
E como também está escrito que todos são bem vindos, aproveito o ensejo e convido a todos para dar a sua opinião.
Tá feito?
Se a condição de participação principal é estar de acordo com o conceito de democracia fica valendo opinar dos dois lados, ou seja, de quem cria a cena e pra quem a cena é criada. Dúvidas? Acho que não, ficou bem explicado.
A primeira imagem vem da Vesta, eterna musa e comandante das Divas Norteamericanas.
Ela faz uso de um instrumento chamado espaçador pra manter a menina numa posição da qual é impossível sair. Com o objeto mor do desejo totalmente exposto fica fácil deduzir que os chamados anti-bucetários virariam a página. As meninas que gostariam de estar no lugar da moça começariam a ter coceiras, espasmos, suores abrasivos e tremeliques sucessivos. Não é pra menos e o melhor é deixar que elas nos mostrem o caminho. Certo?
E nós marmanjos tarados apreciadores das buças lisinhas literalmente cairíamos de boca, como se diz na gíria. Alguns podem até retrucar e inventar outros tipos de ataques, os quais não estariam descartados numa etapa seguinte, mas como a primeira impressão é a que fica brother, minha cara estaria totalmente fora de foco neste momento, visitando uma morada onde sempre desejei viver.
Não se pode esquecer os outros brothers mascarados que chegariam de preto munidos de chibatas e palmatórias loucos pra castigar a xaninha submissa. Os mais ousados trariam maquininhas de eletro choques e grampinhos pra festa, e eu me juntaria à galera adepta dos infalíveis vibradores.
As dondocas neste momento estariam entregues. A tremedeira seria geral e o descontrole visível depois de tantas idéias as quais posso garantir que fariam um efeito devastador.
Ainda delirando com o cardápio de possibilidades sugerido passamos a admirar a segunda imagem que a confraria oferece aos seus membros.
Uma cortesia que o futuro associado Seether do site Shadowplay nos brinda.
Aqui um eficiente trabalho de cordas dá o tom, garante a imobilização da presa e encerra com a sutileza de uma mordaça de pano. Lindo...
Ao entrar no recinto é preciso encarar a fila de podo-doms e loucos por cócegas, sedentos para por em prática tudo que os pés em evidencia convidam. Pura luxúria a disposição...
A posição é estratégica. Ao mesmo tempo em que define o aprisionamento completo cria uma atmosfera única, colocando a fêmea exposta ao contrário da primeira imagem escondendo a perseguida e mostrando o ranteku (cú em árabe!).
A essa altura forma-se um burburinho nos corredores do clube devido aos desmaios das moças inebriadas com tantas idéias de cachorro – ou seria de cachorras? A marmanjada ciente de seus deveres começaria um ataque insano e soviético levando as donzelas a estrebuchar em delírios histéricos nas masmorras e aposentos construídos para evitar uma suruba coletiva.

E eu, um humilde bondagista, seria flagrado descumprindo uma regra que quase me custaria a sumária expulsão do clube, por retirar a bela mordaça da mocinha amarrada com a clara intenção de conseguir um boquetaço admirando uma criativa posição hogtied!
Que beleza...
E como festa em confraria de tarados nunca termina, a zorra continua e todos podem escrever seus delírios favoritos no espaço dos comentários, ou simplesmente me mandar lamber sabão e parar de sonhar com filé quando no menu de hoje só tem acém...
Enquanto isso, desejo vida longa a confraria, e embora ela ainda não tenha sido criada fica aqui a minha sugestão!

Pra terminar um aviso: em breve estará postado aqui no blog um livro de assinaturas e os que forem a favor da criação da Confraria podem deixar o autografo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Fábrica Fetichista


Uma introdução, neste caso, é obrigatória.
Quem escreve essa história na íntegra é a Lilian Ferreira. Uma amiga de longa data que descreve os fetiches com conhecimento de causa e há tempos tem meu convite pra postar aqui. Detalhe: ela escreveu o enredo do filme The Resort.
Vale ficar atento ao que essa moça conta.

Por Lilian Ferreira

Well, como você sabe nobre amigo ACM eu e o fetiche temos um caso de contos e dúvidas.
Ler teu blog é uma terapia, adoro de paixão.
Daí nessas terras gaúchas vez por outra esbarro com falácias ilusionistas que nem sempre têm um tiquinho de essência verdadeira.
Mas pasme grande amigo, porque uma guria em quem não apostaria um cêntimo, me contou umas tantas que não podiam passar em branco. E, finalmente, driblando o atraso, trago pra ti e tua gente uma novidade contada por essa “não fetichista”, mas assumida por direto e fato.
Foi assim: entre namoro e união não demorou mais de seis meses. Ela logo descobriu o fascínio de seu marido por seus pés. Conta que lendo uma revista, a qual nem lembra o nome, achou uma matéria dedicada ao assunto. Encontrou nas páginas tudo que precisava saber para satisfazer seu amado.
Mesmo que a reportagem não trouxesse os toques básicos sobre o fetiche ela colheu uma idéia ampla e se pôs em campo elaborando um plano prático e simples de ter seu homem aos seus pés. Como foi? Ela quebrou o gelo, mandou a vergonha às favas e dialogou com ele até entender que o cheiro de seus pés suados era o sinal da magia.
Dito e feito: passou a fabricar chulé! Soa simples, engraçado e até irônico, mas ela montou uma fabriqueta para a produção de chulé de uma maneira fácil e direta.
Escolheu o calçado que mais lhe fazia suar os pés e com ele rumava todos os dias para o trabalho. Ela leciona, trabalha de pé, causa um calor intenso, abrasivo às vezes. Ao voltar para casa retirava os sapatos e com os pés ainda suados escolhia um segundo calçado, desta vez atraente, desses que cruzamos na vitrine e perdemos a noção do saldo do cartão... Ave!
O maridão ao chegar passava horas cheirando, beijando, lambendo e alisando seus pés.
Cumpriu a profecia... Não imaginem que ela deixou de lado os cuidados com seus pés, porque toda semana se postava diante da pedicure para deixar a casa em ordem.
E quando a coisa andava feia e um rosnava para o outro a guria tacava o pé na cara do marido e logo abafavam o caso. Desta forma vivem felizes. Sem traumas e realizados.
Ela garante que não há nada demais em se dedicar a realizar a fantasia do marido que julga inocente. O que a incomoda é o fato dele um dia perceber outros aromas além da porta de casa, mas esse drama está presente em qualquer união, casamento, o que for, com ou sem chulé.
O mais importante é que sua fábrica segue sua linha de produção com um gigantesco custo-benefício.
Aqui está meu nobre como querias. Feliz da vida por te atender e me realizar.
Beijos dos Pampas
Lilian

Portanto mulherada fica aqui uma dica da Lilian que como sempre consegue descrever com maestria absoluta os mínimos detalhes, de como fabricar o encanto de forma simples, mas capaz de virar a cabeça de seus parceiros desde que gostem é claro.
Caros amigos podólatras: anotem as dicas e mãos à obra.
Espalhem a notícia!
A fotografia acima é um presente da minha amiga MoRina da Flórida, USA.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Última Casa do Lado Esquerdo


Fui até onde queria, caí quando não imaginaria e me reergui quando devia.
Talvez isso possa resumir o resultado de uma grande aventura. E que aventura...
Não vale falar de quando e nem onde, apenas numa rua estreita de um bairro que hoje nem existe mais. Minha historia com esse local começou num coletivo. Costumava sentar do lado direito do ônibus, sempre na janela, e toda vez que por ali passava aquela mulher balzaquiana estava debruçada no parapeito. E como ficava próximo a então Zona do Baixo Meretrício o interesse era legitimo.
Um dia pensei: “ainda desço dessa merda e embarco nessa aventura.”
Demorou. Semanas, meses, cheguei a perder a conta, até que numa tarde de Sábado quando meu destino tinha um caminho totalmente diferente, criei coragem e segui meu instinto indo parar naquela casa, a última do lado esquerdo da rua que cruzava com a principal onde minha condução diariamente seguia seu rumo.
Dei duas voltas. Passava de lado a outro na tentativa de achar um pouco mais de ousadia para encarar a vergonha de parar debaixo daquela janela e falar com aquela mulher. Lá pela terceira vez ela tratou de simplificar as coisas e me perguntou o que eu queria ali. Gaguejei, quase borrei as calças, mas disse a que vinha. Ela me mandou entrar.
Depois de uma ejaculação tão precoce quanto a minha ousadia, ainda guardava os ecos da imensa satisfação de ter estado com aquela mulher, comum para o mundo e descomunal pra mim, nas inúmeras homenagens físicas que lhe rendia nas minhas noites solitárias no banheiro.
Aos poucos perdi a timidez e quase tudo que conseguia ganhar trabalhando numa banca de jornais era gasto nas tardes de Sábado naquele velho sobrado. Não havia limites. Pra aquela mulher confidenciei meus primeiros sintomas fetichistas. Se havia encarado a vergonha de saltar do ônibus naquela região ante os olhares pudicos com ar de recriminação aos meus atos, por que não abrir o jogo e pela primeira vez na vida falar dos meus anseios e desejos estranhos? Ela seria a minha analista...
Se minha vida fosse comparada a um deserto aquela mulher e a possibilidade de dar os primeiros passos fetichistas era um oásis. E só tive consciência do tamanho do meu envolvimento quando me vi vendendo um relógio pra pagar a conta assim que troquei as tardes de Sábado pelas Sextas, Segundas, enfim, completa embriaguez misturada à imaturidade.
Numa noite de chuva ao sair do colégio o tesão era tanto que não pensei duas vezes. Sacrificaria tudo para estar com ela por meia hora. Nunca tinha ido até lá em horas tão tardias e nem mesmo o perigo de estar num bairro nocivo me fez voltar atrás.
Bati na porta e a encontrei entre garrafas de cervejas, amigos e amigas. Uma gente estranha, diferente das quais eu estava acostumado a conviver. Meio sem graça e encabulado entrei.
Nunca a tinha visto naquele estado etílico. Ela me recebeu pela primeira vez despida de toda a elegância que me atraiu até lá e me apresentou aos amigos. “Esse aqui é o meu garotão, lembra que falei dele? Não? O tarado que gosta de brincar com cordinhas. Não é lindo meu meninão?”
Se naquele lugar houvesse um buraco podem ter certeza de que lá eu estaria. Pela primeira vez me vi exposto ao mundo. Meus segredos revelados a pessoas que riam e soltavam piadas. A minha mente apagou as piadinhas e só me lembro dela gargalhando e uma outra brincando com meu fetiche. Fui embora...

Atravessei a rua sem cuidados, passei diante de malandros e canalhas com raiva do mundo e daqueles proxenetas malditos. Odiei a mim mesmo, roguei praga ao meu fetiche e me achei anormal, indecente e sujo. Tudo isso calado, em segredo, sem dizer nada a ninguém.
Foram anos remoendo essa história. Mudei de lugar no ônibus e nunca mais olhei aquela janela até o dia em que li no jornal que tudo havia sido demolido por conta do Metrô.
E haja forças pra segurar a barra! Se já era complicado conviver com meu fetiche mais difícil era pensar na possibilidade de me expor outra vez. Muita luta, tantos dias de solidão e reflexão até conseguir me levantar e me sentir orgulhoso por ter passado por tudo aquilo.

Talvez não fosse orgulho do que fiz, das loucuras imaturas, mas um orgulho enorme por ter sobrevivido e levado o fetiche comigo pra sempre...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Protagonistas


Nunca lidei muito bem com esse negócio de me ver representando um personagem.
Até certo ponto é aceitável, principalmente em determinadas situações relevantes, nas fetichistas, por exemplo, quando a idéia de participar de um jogo de adultos define bem a questão dos personagens e seus papéis.
Seria mais ou menos como ser protagonista de uma historinha criada a partir de uma fantasia que jamais deixou de ser o principal objetivo. Ora, se eu gosto, se me atrai, se me seduz, então por que não ser eu mesmo?
Na verdade todas as pessoas com tendências a exercer o direito legitimo de realizar uma fantasia sexual tem por obrigação encarnar seus próprios personagens. E pra ter certeza disso basta fotografar ou filmar. Tudo fica registrado e num belo dia pode ser revisitado de forma simples. Lembrar, reviver é sempre bom.
Fetichista adora criar estórias e viver seus contos.
Uma fantasia sexual bem feita deveria ser como uma redação, ter começo, meio e fim. Claro que nesses anos de escolhas vivi contos pela metade quando deveriam ser na íntegra e vice-versa. Nem sempre o vento sopra a nosso favor, é verdade, mas se existe a possibilidade de uma aventura ter um começo o melhor é imaginá-la por completo, sem cortes e sem censura.
Eu me rendo a pessoas com essa incrível capacidade de tirar as coisas do papel, da cabeça, e transformá-las em atitudes. Não pensem que é fácil, porque a realidade é cruel o bastante pra nos fazer entender que uma fantasia tem que ter o aceite de alguém que estará inserido diretamente no mesmo contexto, e esta pessoa nem sempre comunga do mesmo sonho.
Mas é uma aposta, aliás, a vida é feita de boas apostas, mesmo pra aqueles que como eu não freqüentam mesas de jogos. E um dia eu fiz uma dessas apostas...
Não apostei numa fantasia ou num relacionamento, mas joguei minhas fichas na tendência fetichista de alguém. E num desses acasos da vida, uma menina que foi minha funcionária há mais de dez anos me fez entender que uma manifestação fetichista é capaz de brotar em alguém que sequer ouviu falar no assunto.
A Dani era minha secretária. Nunca cogitei me envolver com uma funcionária. Não acho legal porque cria uma mistura num lugar errado. As Sextas ela se animava e confidenciava a todos seus planos para o final de semana e as Segundas-Feiras regressava direto dos encontros e costumava trazer umas mochilas.
Um dia questionei em tom de brincadeira o que ela trazia naquela mochila. Ela me respondeu que ali dentro havia apenas roupas usadas no fim de semana. Neste dia ela abriu seu baú e me mostrou algumas peças íntimas e dentre elas havia uma lingerie preta, um chicote e uma máscara (na época isto era utilizado pela Tiazinha). No arsenal fetichista algumas velas aromáticas faziam parte do elenco e não foi difícil arrancar uma confissão de suas fantasias.
Ela sabia da minha ligação com coisas fetichistas –nunca escondi – o que motivou a conversa.
Ela arquitetava tudo com um requinte intocável. Suas fantasias com o namorado que gostava de ser dominado tinham um enredo invejável. Ela gostava de assumir o controle durante o ato o que facilitou a realização da fantasia do sujeito.
Confesso que cheguei a invejar a Dani e suas fantasias, muito embora minha veia fetichista fosse totalmente contrária ao que ela produzia nos finais de semana. Mas a maneira como construía o cenário e a energia que empregava em benefício da aventura eram perfeitas.

A Dani ficou seis meses trabalhando comigo e perdemos o contato assim que ela saiu.
Ficou a sagacidade de uma menina jovem que escutou atenta a algumas dicas que lhe passei em nossos papos informais de fim de tarde e a sua dedicação em realizar os desejos de seu namorado, e por que não dizer dela, de forma correta onde não havia coadjuvantes.
Resumo da ópera: pra protagonizar uma fantasia e vivê-la em toda a sua essência, basta seguir à risca tudo que foi planejado e caprichar nos detalhes.

Normalmente os fetichistas não vivem sem seus detalhes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brinde de Feriadão


Hoje as imagens vão transmitir a mensagem.
Elas certamente falam melhor que mil palavras. A expressão do fetiche de diferentes formas, pelas mãos de bondagistas de vários lugares.
Amigos, alguns virtuais, outros pessoais.
Então, pra quem curte uma bela cena de bondage aqui vai um brinde pra durante esse feriadão introduzir um algo mais em suas fantasias. Vale a dica!
Um agradecimento especial ao David Knight, Vesta (Divas) e Bound Cuties. Além, é claro, a minha amiga e modelo do Bound Brazil Jamylle Ferrão.
Depois me conta como foi...




quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sonho Consumado


“Me encontra na saída da estação do Metrô.”
O recado foi sucinto e mesmo depois de tantas conversas pela Internet tudo que ela queria era que chegasse o momento de realizar uma fantasia.
Antes disso nunca havia escutado falar em BDSM, regras, conduta, nada. Desejava um seqüestro da forma mais real possível.
Tinha ciência de todos os riscos que estava correndo. Ele era apenas um nome e uma foto enviada por email, e ainda que tudo começasse perto de casa ela nem imaginava o que o destino pudesse revelar.
Esperou impaciente no lugar marcado até escutar o toque do celular com uma ordem: “vá até o final da passarela e não olhe pra trás.” No meio do trajeto uma mão tapou sua boca na escuridão e a voz firme ordenou que ela não olhasse para ele. Foi levada até o carro onde foi jogada com força no banco da frente. Teve os pulsos e tornozelos amarrados com força, a boca amordaçada e os olhos vendados. Não viu mais nada...
Descobriu que estava num motel horas mais tarde quando a venda foi retirada de seus olhos.
Até então, foi atendida por seu “algoz” em todos os detalhes previamente tratados. Disse que o sangramento dos lábios e o dolorido das pancadas não foram pior que o tempo que passou jogada num canto solitária entre um ataque e outro.
Conta que ele a deixou próximo de casa e nunca mais apareceu, nem na Internet e muito menos deu as caras.
Não me cabe analisar os riscos de uma fantasia às escuras. Apesar de ter um masoquismo acentuado, o medo, a angústia e o desespero foram os sentimentos que a levaram a optar por viver uma situação desse tipo. Acredito que se existisse conhecimento profundo do fetiche ela não optasse por tamanha ousadia sem pensar em possíveis conseqüências desastrosas e irreversíveis que este jogo pudesse causar.
Este é um caso real vivido por uma pessoa próxima de quem eu gosto muito e, por ter intimidades comigo confidenciou esse drama.
A experiência de vida e o encontro com o BDSM a fizeram analisar seus atos. Confessou que jamais teria coragem de repetir a façanha e não recomenda a ninguém que tenha a mesma iniciativa.
Um seqüestro lúdico como este que acabei de relatar pode se tornar um jogo muito interessante dentro dos conceitos e regras do BDSM, desde que algumas normas de segurança e consensualidade sejam seguidas à risca. Existem pessoas que praticam essas fantasias e não é preciso que do outro lado exista um desconhecido para fazer o efeito desejado.
Parceiros podem combinar as etapas e definir as regras. Como também pode acontecer num primeiro encontro pessoal, desde que exista conhecimento prévio das atividades de quem vai viver a cena, através de um tempo necessário de convivência ou até de boas informações de amigas que tenham se envolvido em práticas com o parceiro em questão.
Por ser uma prática sexual que envolve cenas violentas, as chamadas sessões de fetiches dentro do BDSM devem ser encaradas com todo o cuidado possível. Ninguém precisa se expor, se arriscar, para estar plenamente satisfeito com a fantasia criada.

Já vivi algumas cenas ousadas, mas nunca deixei o tesão sobrepor a razão.
Como o caso de um parceiro fetichista que amarrou a namorada na mala do carro para forjar um seqüestro combinado e exagerou no acelerador. A garota chegou ao motel com um galo na testa. Pedir desculpas depois é bastante complicado...
Alguns amigos às vezes me chamam de reacionário, anarquista, principalmente quando eu defendo a preservação dos impulsos sem a necessidade de andar com um livrinho de regras debaixo do braço. Porém, condeno os excessos e atitudes impensadas.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sessões e Agressões


Por: Felina

Nas relações chamadas de baunilhas, os insultos e espancamentos são claramente injustificáveis, mas nas relações BDSM nos deparamos com um problema complicado: qual é a diferença entre um ato de agressão e um jogo erótico de uma sessão?
Para definir uma sessão BDSM como uma performance livre onde vários jogadores executam
atos violentos, principamente de dominantes para os submissos, é preciso delimitar a duração no tempo e na prática, onde os danos são infligidos em comum acordo e para o prazer dos participantes. Ou seja, o que distingue o BDSM de um ato de violência banal é a reunião voluntária dos participantes.
No entanto, temos visto que este exercício de vontade pode ser minado por múltiplos fatores, incluindo o desejo de agradar o parceiro, a falta de afeto e de baixa auto-estima dos participantes ou a típica lavagem cerebral de uma relação abusiva. A submissa pode lidar com o cancelamento da sua personalidade e amor próprio e pode ir além de seus limites para agradar o dominador. Lembre-se que o dominante também têm limites, além de que, a violência exercida se não for de consenso afeta o equilíbrio emocional.
Para melhor compreensão, vou dar um exemplo real e concreto do que eu quero dizer para se ter uma idéia de quanto são ambíguos e por vezes difíceis esses detalhes nas relações dentro do BDSM.
Um casal de praticantes, mestre e submissa pode decidir dar um passo adiante e viverem juntos a experiência de uma lista completa de entrega 24/7. Um dos termos acordados no seu contrato pode ser que o dominante não tem de notificar o começo de uma sessão, que pode ser inesperada e espontânea a qualquer momento.
Isto no início é muito emocionante, porque a imposição faz com que a submissa nao tenha idéia da sessão seguinte, e espera impacientemente. No entanto, essa incontrolabilidade produz um fenômeno psicológico chamado de "desamparo aprendido". A submissa cai num estado de apatia e decepção por não ser capaz de resistir ao estresse que provoca a falta de controle sobre seu ambiente. Neste ponto, se o casal está saudável, se o seu relacionamento é bom e de comunicação farta as coisas podem se encaixar. Entretanto, a submissa pode esconder sua queixa, por medo de ser questionada a sua própria entrega.
Eu me lembro que, alguns anos atrás, num debate no Clube Rosas, de um casal que defendia até a morte uma relação 24 / 7. A dominadora se vangloriou de ser capaz de toda e qualquer decisão na relação e, por isso não estava obrigada a informar o seu submisso para iniciar uma sessão. Ela ia do trabalho pra casa à espera que ele estivesse pronto com o chicote.
Este casal tinha atitudes muito estranhas e me sentia muito mal ao ouvi-los, e várias vezes perguntei ao mestre "se ela havia tido um dia ruim, se estava cansada, ou algo assim", ao que ele respondeu: isso foi o verdadeiro parto – e muitos concordaram. Então, como eu era uma novata no ambiente, me calei com minhas dúvidas. Poucos meses depois, um escândalo estourou quando se obteve provas concretas e irrefutáveis de que eles viviam um relacionamento abusivo, com níveis muito graves de violência desmedida. Eu devo dizer com satisfação que a comunidade BDSM reagiu em bloco com a rejeição total a ambos, que foram banidos de todos os Círculos de BDSM na Espanha.

Muitos se lembrarão deste evento, mas eu tenho medo e não tenho a permissão de ninguém para ser mais específica.

Nota do Blog: este resumo é parte da edição dos artigos do “Cuadernos BDSM” especial No.2.
Aos interessados em ler esta edição completa aqui vai o link.

http://cuadernosbdsm.sadomania.net/cuadernos/CBDSMESPECIAL-02.pdf

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tardes de Outono


Fazia tempo que não aconteciam produções seguidas do site.
Já dava pra sentir falta das manhãs e tardes de Sábado de Bondage. Algumas vezes escrevi aqui sobre esses dias de fetiche. Dá pra cansar o corpo, não a mente. Dói o pulso, dá calo nos dedos, mas no final o resultado do trabalho resolve esses problemas.
O fetiche prá mim é via de duas mãos. Ou entra nas minhas aventuras e torna-se parte de um desejo ou fica registrado em fotos ou vídeos numa galeria, e embora divididos com centenas de pessoas pelo mundo, sempre que posso realizo uma espécie de “mea culpa” sadia.
Ultimamente andei atendendo a pedidos de assinantes em excesso, produzindo o que a galera queria assistir. Cheguei a escrever aqui no blog sobre a necessidade de um tempo que me possibilitasse uma retomada sincera do meu próprio trabalho. Às vezes é preciso olhar pra dentro de nós mesmos e decifrar alguns enigmas. No universo fetichista algumas coisas se processam assim.
A chamada “clínica de bondage” deu resultado e num Sábado belíssimo de Outono senti que depois de três anos produzindo cenas a energia pulsa com a mesma intensidade.
A química para que uma cena de bondage tenha o esperado efeito não é tão complicada assim. Noves fora alguns aspectos de cunho pessoal, se enche meus olhos preencherá a cadeia dos desejos de outros tantos. A receita é simples: mulher bonita identificada com a cena e uma seqüência de nós corretos que impossibilite o escape e mostre beleza e simetria.
O “algo mais” está no roteiro, na câmera captando um hogtie forçado, numa mordaça que silencie gritos pelo auxílio inesperado ou produza gemidos tentadores, e na interpretação da modelo vivendo o perigo. Não há como negar que neste caso a menina e o bondagista precisam estar em total sintonia.
A razão do sucesso de determinadas cenas comprova essa tese. Dificilmente erro quanto a essa constatação. Ao observar o material produzido a experiência me diz com clareza até onde a ousadia vai alcançar o objetivo. É tiro e queda.
O resultado que transforma uma vendedora de um Shopping Center em Musa Bondagista está diretamente ligado à forma como ela se comporta diante do que é ensinado. O site não produz imagens de bonecas de cera e a participação de quem está em apuros é fundamental.
Então, de repente o que era apenas curiosidade passa a ser importante. Explico.
Normalmente por chegarem através de indicação de amigas que já realizaram trabalhos para o site, as meninas novatas já sabem do que se trata, ou melhor, têm uma idéia. Só que na prática é preciso bem mais. Quando a luz da câmera acende, ela sabe que está sendo observada por mim naquele instante e, ao mesmo tempo, estará na berlinda para centenas de consumidores atentos a todos os seus movimentos.
Houve um tempo em que era bastante complicado conseguir modelos, hoje, porém, essa busca se inverte e o número de candidatas é bem maior. O que era apenas uma brincadeira numa tarde de Sábado passou a ser um bom “bico”, parte do orçamento, e realizar o trabalho com competência é a garantia de continuidade. Fora a possibilidade de participação em outros projetos, como o longa metragem, onde os ganhos são maiores e a visibilidade aumenta.
Isso acentua a responsabilidade entre produtor e modelo desde o embrião das cenas.

Quer saber como termina tudo isso?
Em lindas e largas marcas que as cordas tatuam em seus braços e pernas. Mas elas não estão nem um pouco preocupadas com isso. Preferem pedir um espelho para ver os desenhos das cordas, acham muito bonito, e chegam a comparar afirmando que a da colega ficou melhor do que a dela e assim por diante.
Não há segredos a desvendar quando se apresenta um trabalho de bondage. O que fica registrado é apenas o feeling de quem realiza a imobilização e a interpretação da fantasia por quem aparece em cena.

O resumo fica por conta de quem olha as imagens.
Aqui Kaline e Vaní. Duas estréias e duas Musas em potencial.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quebrando as Regras


Ontem a noite rolou um convite para um rodízio de pizzas.
Aceitei na boa, fazia tempo que não me aventurava por este tipo de comilança sadia...
Foram duas horas de massa goela abaixo até voltar pra casa e ter que encarar um sal de frutas pra aliviar a pressão. Não deu em nada. Ainda bem que moro sozinho brother, pois o foguetório tal e qual dia santo começou por volta da meia-noite.
Neste momento me lembrei do velho e famoso “fart fetish”. Pra quem não está familiarizado com o assunto é o fetiche por peidos.
E não é que logo em seguida fui parar na Internet!
No lugar onde a maioria dos amigos e amigas fazem a sua morada, comecei a percorrer meu MSN em busca de alguém que naquele instante pudesse afagar minhas ânsias. Em meio a minha procura a flatulência irremediável aumentava consideravelmente e cheguei a me preocupar com os vizinhos. Nada pior que vizinhos fofoqueiros...
Digitava aqui e levantava a perna ali. E tome petardo!
Dei início a uma linha de raciocínio que buscava uma maneira de me divertir com o fetiche.
A primeira medida seria dar as costas a qualquer regra ou princípio litúrgico do BDSM. Ontem à noite a minha idéia sádica era abandonar o que se chama de principio da consensualidade. Claro que minhas cordas não ficariam de fora e serviriam para por em pratica meu plano sórdido.
A “vítima” seria cuidadosamente amarrada e obrigada a cheirar meus gases. Sem uma boa cena de bondage minha fantasia inescrupulosa não teria sentido.
Antes que me atirem todas as pedras vale lembrar que pessoas chamadas baunilhas praticam o fart fetish muitas vezes, quando o sujeito cobre a cabeça da mulher na cama e solta gases horrendos.
Mas no meu caso seria diferente e a temática fetichista estaria totalmente preservada. Ou quase! Enquanto peidava parei pra pensar em quem seria a parceira eleita pra viver comigo essa aventura? Ora a Bela do Dominna está vindo pra cá e quem sabe...
Epa! A Bela? Ela é minha amiga há séculos e não entraria nessa fria! Falta de respeito ACM...
Vários “Nicks” me vieram a lembrança, mas sinceramente, prefiro deixar isso entre eu e o Zé Mané, mais conhecido como minha consciência.
Então direcionei minhas baterias (aquela altura era uma bateria antiaérea de mísseis, brother!) para a direção certa: a minha submissa...
Daí abri o MSN e dou de cara com a Ternura!
Doce menina, a você caberá essa tarefa inglória – escrevi. Claro que a bichinha pulou mais que pipoca em panela de pressão e acendeu todas as velas que podia e que não podia...
- Eu? – seguidas interrogações.
Mas não foi um “eu” qualquer, foi como um grito de pavor digno de uma obra de Vincent Price. Apesar de estar a mais de 465 km de distância a Ternura imaginou a cena dantesca que a esperava em plena madrugada. Normalmente a realização do fart fetish se dá de forma absolutamente consensual e há muitos casos em que os fetichistas praticam a fantasia da flatulência.
Mas neste caso minha idéia não passava por nenhuma regra politicamente correta do conceito do BDSM. Minha fantasia era que tudo fosse feito sem o devido consentimento, na marra, a sangue frio, com a parceira amarrada e amordaçada só com o nariz de fora...

As horas passavam e o intervalo entre os peidos ficavam cada vez mais curtos.
E eu só pensava na pobre da Ternurinha e aquela carinha de choro cada vez que eu exercitasse toda a fúria dos gases rompendo a barreira do som. E ela ali, tadinha, amarrada ao meu lado esperando pelo cadafalso.
Minha tese estava pronta, afinal, feliz da submissa que tem o direito de sentir a podridão dos gases de seu dono... (Será?)
Ela tremeu na base, mas esqueceu que tudo não passou de uma simples brincadeira.

Um ótimo final de semana a todos!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Agonias


Hello crazy people!
Alguém já viu um fetichista agoniado? Tipo prestes a explodir, remexendo os olhos, esfregando aos mãos, doido pra por em prática seus estranhos desejos diante de um fato?
Pra quem já viu vale o replay e quem nunca teve acesso a uma cena desse tipo não custa ficar antenado. Essa vem das alterosas, da doce BH.
O Mauro é um parceiro virtual. Podólatra de fato, de direito e com carteirinha no bolso.
Pouca gente sabe desse seu lado – digamos – exótico, e, por isso, me mandou essa mensagem que sem sombra de dúvida tinha que ser dividida com todos.
Quis o destino (e, neste caso, foi mesmo o destino) que o nosso amigo Mauro ao buscar uma grana extra no final do ano passado, fosse parar dentro de uma sapataria de um Shopping Center. Triste sina ou seria somente comparável a incrível fábula da Raposa tomando conta do galinheiro? Segundo conta, um amigo indicou uma loja que já havia fechado a cota e dali foi parar num lugar onde seus sonhos encontraram abrigo.
Em meio a histórias de risco e a realização do fetiche através de lascas inocentes aos olhos alheios, Mauro ficou até Fevereiro (eram três meses de contrato) e de lá trouxe casos incríveis.
Vou tentar resumir alguns.
Era instrução da gerencia a colaboração de todos visando o aumento das vendas e, por isso, os vendedores deveriam insistir junto às clientes mostrando as novidades e ofertas. Mauro não fugiu às regras e a cada pedido que recebia sobre determinado calçado, trazia pelo menos mais três ou quatro a reboque. “Era um tal de experimenta pra cá e pra lá que algumas vezes esquecia até onde estava” – Afirma.
Numa noite de correria uma mulher alta e magra chegou acompanhada do namorado (seria marido?). Mauro foi solícito e trouxe alguns pares de calçados para que a moça experimentasse. Ato contínuo agachou diante daquela mulher e ela prontamente esticou o pé em sua direção para que ele realizasse a troca.
“ACM, aquela não deu pra resistir. Ao retirar o sapato que ela usava o chulé alcançou as minhas narinas em questão de segundos. Os pés eram longos e os dedos compridos, na minha medida. Nem liguei para o cara que estava com ela. Ao retirar seu sapato usado alisei delicadamente à sola de seu pé, toquei sua pele suada o que me remeteu a uma imediata ereção.”
Imaginem os percalços de um fetichista em agonia...
Em meio a uma crise aguda de paudurescência, agachado diante da razão de seus desejos e encantado pelo aroma que lhe impedia de resistir. Um verdadeiro suplício de Tântalo vivido em pleno terceiro milênio numa sapataria dentro de uma metrópole.
Existem outros casos vividos em três meses com doses de humor e um quase desespero.
Da garota que não queria mais o sapato velho e ao pedir que Mauro desse fim ao calçado hoje se tornou um regalo em seu armário, a outra cliente que supostamente identificou seu fetiche e a todo o momento com um sorriso no rosto perguntava se o calçado lhe caía bem.
Mauro conta que durante os mais de noventa dias em que esteve na loja chegou ao cumulo de se masturbar duas vezes ao dia, uma antes de ir pra o trabalho com o claro intuito de acalmar os ânimos e outra em casa ao voltar do batente.

Claro que esse caso do Mauro não serve como exemplo. É apenas uma história comum em que o sujeito consegue um trabalho num local que lhe desperta outros interesses. Toda a agonia do Mauro por estar diante do objeto de seu fetiche não é diferente de tantos outros fetichistas que se deparam com seu fetiche predileto ao cruzar uma esquina.
Ceder ao tesão é humano, por isso existem casos em que é possível tirar proveito de determinadas situações, embora a maneira correta de lidar com o fetiche é trazer pra nossas vidas aquilo que nos dá prazer.
Não vale como critica ao Mauro, meu parceiro aqui do blog, mas somente a constatação de que o que é bom quando não fundamentado dura muito pouco.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

E Quando Forem Vinte?


Em tese, deveria ser uma daquelas histórias do cara que conhece a gata...
Mas quando a fantasia se desvenda sem retoques o lugar dos plebeus se encanta. Um idioma diferente ao redor, luzes e sombras se misturaram numa dose correta de Mojito.
Mais uma dose! Entre tragos e suspiros o olhar da serpente do deserto anunciava o canto da sereia no mar. À esperteza de encontrar o lugar onde todos os males se curam e as dores desaparecem.
O realejo começou a contar uma história que tinha ares infinitos e cumplicidade com a eternidade. Neste dia, o pássaro solitário escolheu a trama perfeita ao deixar à gaiola. Um caso de anjos e demônios vivendo em plena sintonia debaixo do mesmo teto.
O mundo era meu e o sentimento de posse absolutista era fruto dos desejos realizados na plenitude. Cada detalhe trabalhado a exaustão, com fita métrica, na exata medida. Fetiche e sexo sem medos ou limites, ouro sobre azul.
A agonia da incerteza anulada por total dedicação.
Era chegada à hora do velho caçador desfrutar do descanso. Cordas e mordaças finalmente encontravam a parceria perfeita num lugar em que todas as bússolas apontavam como o quadrante exato onde o fetichista deixaria suas malas.
Bastava desejar e num piscar de olhos as coisas aconteciam cada vez mais intensas.
Um fetichista se descobre realizado quando sua intensidade é plenamente atendida e, principalmente, quando a parceira entende e conhece todos os atalhos capazes de te fazer acreditar que existe realmente abrigo para todas as suas pretensões.
Mas como disse Gracián, tudo o que é muito bom sempre foi pouco e raro. O muito é descrédito. A extensão sozinha nunca pôde exceder a mediocridade, e essa é a praga dos homens universais, por quererem estar em tudo, estão em nada.
Então é fácil concluir que o bondagista perdeu o trem da sua própria história.
A paixão pelos desejos alheios cedeu à boçalidade de acreditar que o brinde era maior que o ganhador. E talvez esse vencedor não tenha entendido que dentro de toda magia havia um ponto de cisão onde uma linha imaginária delimitava o bem e o mal num conceito confuso.
O mundo já não me pertencia e decidi apostar todas as fichas em nome de um passado recente e tentar recriar uma formula que já não fazia qualquer efeito. Passei a entender as palavras de Gracián e me contentei com o pouco.
Finalmente a estranha sensação de ver a vida através de uma gangorra. A felicidade em fragmentos fazendo valer a teoria macabra em que dia de muito é sempre véspera de pouco. Inúteis reflexos vazios, vãs tentativas de mudança de rota contrastando com o desejo de vingança traduzido na esperança de nunca mais querer o cálice da plenitude.
Anjos e demônios já não se entendiam mais e restavam as sobras. Naquela altura chegava à conclusão de que o realejo não mostrou a outra face da sorte e minha única chance era escapar ileso, sem comprometer meus desejos e sem perder a minha própria razão.
Hora de juntar os cacos, fazer as malas e voltar pra casa.
Entender que a cumplicidade havia sido efêmera e a razão, neste caso, sobrepôs à emoção.

O fetiche carregou a culpa e já que veio comigo se havia um culpado esse alguém era eu. Era preciso pegar a tempestade e colocar dentro de um copo d’água e reerguer, procurar a dignidade perdida e sair de cabeça em pé como um cara dedilhando seu violão no centro de um imenso pátio vazio tocando uma canção.
Não levei as fotos, mas guardei comigo um monte de boas lembranças.
É incrível admitir que esse tipo de sentimento ainda desperta o lirismo que nos leva a divagar entre sonhos e desejos desfeitos com tamanha naturalidade. Jamais imaginei ainda sentir coisas tão vibrantes após tanto tempo.


São fatos que o tempo não apaga, mesmo depois de mais de dez anos.
E quando forem vinte?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Poligamia Bondagista


Dizem as más línguas que gostar de muito é pecar por excesso. Sem problemas, nós bondagistas assumimos a culpa. Aliás, todas as culpas e nem nos importamos em pagar penitência. E como diz um amigo, quanto mais corda melhor e quanto mais mulheres em perigo melhor ainda.
Basta ver por um filme que marcou época pra galera que já está nos “enta”. Horas de Angústia – terror among us –. Já falei dessa obra aqui algum dia. Nada menos que cinco aeromoças amarradas para deleite da turma do gargarejo. E por aí vai...
Diria o advogado do diabo que as meninas aparecerem amarradas numa cena que começa e termina representando apenas a inocência da garota em apuros e nada mais. Talvez no filme seja assim, mas na nossa tese a trama tem outro final.
Pode parecer que todo bondagista é viciado em surubas ou orgias. Nem tanto ao mar e nem tanto a terra, porque a imposição da imobilização é o que realmente interessa. Se vier algo agradável depois logo se vê, mas o detalhe está na sinfonia das bocas amordaçadas e no balanço dos braços que se movem lutando contra o improvável.
Algum leitor desavisado sobre o conteúdo deverá dizer: “mas esse cara é louco!”. Ainda não, apenas um tarado em potencial.
Isso prova que o bondagista tem a poligamia a correr nas veias. Ainda que suas cenas fiquem restritas a uma relação totalmente monogâmica, o bondagista imagina coisas algumas vezes consideradas impossíveis de se tornarem reais. E se ainda assim essas cenas perfeitas seguirem confinadas ao imaginário, melhor pra quem sonha um dia trazê-las pra suas fantasias.
Neste caso, não contam trabalhos profissionais, como os que eu produzo no site. Vale a realização da fantasia. Seria fácil e simples pegar três, quatro ou cinco modelos e colocá-las de uma só vez dentro de um enredo bem elaborado. Já fiz isso no Bound Brazil e talvez tenha ajudado a aguçar a imaginação alheia, embora pra mim tivesse o pleno e chato sentido da realidade virtual. Punheta aqui não vem ao caso.
A fantasia sexual é um jogo de adultos e o que vier desse desafio tem que estar combinado e pré-estabelecido. Algumas pessoas gostam de aventuras e outros se limitam a desenvolver os temas com mais cuidado e simplicidade. No entanto nunca é demais ousar, entender as novidades e abraçar a causa fetichista através de uma ótica diferente. É nisso que acredito.
Se vai dar certo ou não é outro detalhe, mas sem tentar brother até atravessar uma rua se torna um exercício extremo de compreensão absoluta.
Uma vez falei a uma amiga sobre esse tipo de desejo e ela me chamou de exagerado. Retrucou com veemência e mandou uma frase que até hoje ecoa em meus tímpanos: “por que não cinco caras e apenas uma mulher amarrada?”.
Pois é, se o sonho fosse dela seria admissível, mas aqui o delírio é meu e nesse vagão só tem lugar pras minhas aventuras. Meus sonhos são egoístas.
Da mesma forma que as minhas próprias realizações também.
Machismo? Diria que não, apenas desejos, ainda que insanos, mas meus.
O fetichista constrói seus planos na fase adolescente e carrega com ele por longos anos. Parte desordenadamente em busca da realização. No começo de forma primitiva, com o tempo e aprendizado convive com o desejo de forma sutil e dá início a realização de maneira detalhada.


Os bondagistas trazem seus anseios dos desenhos animados, das séries de TV e de filmes de ação. Idolatram atrizes em perigo e introduzem pessoas comuns em seu estrelato particular.Cada um conta sua história de forma diferente e embora haja uma conexão entre elas no principio, com o passar do tempo desenvolvem suas teses de forma que alcance seus objetivos.
Por isso, guardo as minhas cenas privadas como segredo de Estado e as tranco a sete chaves.
Faço isso por respeito a quem resolveu participar dos meus sonhos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Espelho de Mim


Sábado fui à festa Lapa Feet aqui no Rio.
Muito bom rever a galera, principalmente quando há um clima descontraído e leve. Parabéns à Lotus e ao pessoal que colaborou.
Trouxe comigo uma gripe sem vergonha e importuna. Paciência, nem tudo são flores...
Trouxe também algumas coisas interessantes em forma de pensamento. Solidão e exame de consciência são coisas que se combinam. Daí, dialoguei.
- Quem foi sua primeira musa bondagista?
- Porra, tem tempo Zé Mané. Faz anos...
- Pensa aí. Vai lá atrás e conta
- Quer saber mesmo? Acho que foi a mulher do Seu Carlos, o dono da farmácia, meu vizinho.
- Quanto tempo?
- Sei lá, anos, muitos, bastante. Ela era mais nova que ele, uns quinze anos menos.
- Como foi?
- Rendia homenagens físicas. E era só.
- O que é isso?
- Punheta Zé, bronha. Sacou?
- Ah claro, era moleque né?
- Era, tinha uns quinze e ela uns trinta e tal, quase quarenta.
- Tão jovem e ela bem mais velha... Algum complexo?
- Você deve saber brother, estava lá. Nunca se esqueça. Meus complexos sempre foram seus também. E eu só queria vê-la como uma mocinha dos filmes. Nada mais.
- Não sou tão emblemático assim.
- E quer que eu seja?
- Claro, esta é uma sessão de análise.
- Ok, sou grato, mas quem disse que necessito de análise?
- Você, ora bolas, me chamou e eu vim. Lembra?
- Quando? Ontem? Hoje?
- Você não anda bem. Quer saber ACM, bota um avatar no seu blog, troca o Nick e vira santo.
- Por quê?
- Estás escrevendo muitos textos cheios de críticas e muita falta de humor. Já foi melhor nisso.
- Sabe que você tem razão?
- Tenho sempre amigo! Faz em exame de consciência...
- E que caralho estou fazendo? Jogando conversa fora contigo num Sábado à noite?
- Pensei que queria falar mais sobre a mulher do Seu Carlos...
- Você falou nela, não eu. E como falar de alguém que só fez parte dos meus sonhos?
- Fechado. Vai e escreve.
- Por exemplo?
- Sobre ela, a mulher do Seu Carlos.
- Você ta de sacanagem...
- Ok, então sobre fetiches deliciosos e fotos excitantes.
- Bondage?

- É, pode ser, embora você tenha visto tantas outras cenas de tirar o chapéu...
- E que algumas vezes viraram drama de consciência...
- E então por que não reviver essas coisas e acabar de vez com esses dramas? Isso incomoda?
- A mim não, a você é lógico!
- ACM, o dia em que eu resolva ter vida própria pode se preparar para se internar num hospício.
- Quer saber Zé Mané?
- Fala
- Foda-se você e boa noite!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Swing


O que os olhos não vêem o coração não sente.
O ditado é antigo, mas não cabe quando a fantasia sexual é assistir a parceira ou o parceiro se acabando de prazer com alguém que não é você. Claro que não há limites para as fantasias. Há muitos aspectos de delimitam o espaço compreendido entre a vontade e a razão.
A fantasia sexual procede. Ela habita o subconsciente de qualquer um e não incomoda, até o momento em que se torna real. Há tempos conheci uma mulher que criava situações dentro das relações monogâmicas com o parceiro e nos momentos de clímax invocava a presença de uma terceira pessoa. Homens e mulheres apareciam do nada em seus delírios segundos antes do orgasmo e eram aceitos pelo parceiro sem restrições. Porém, isso nunca foi além de uma orgia imaginária e jamais passou pela cabeça de ambos transformar tudo em realidade.
Há casos, porém, em que existe a necessidade de efetivar esses sonhos na vida real.
Seja por apetite sexual identificado na troca de parceiros ou até mesmo em casos de humilhação submissa. Pra simples trocas existem os clubes de swing.
Há décadas atrás essa atividade sexual era restrita a grupos que se cercavam de extremos cuidados para realizar suas fantasias. Era obrigatória a apresentação de certidão de casamento ou comprovação de união de fato para que os casais fossem aceitos nos nichos que praticavam o troca-troca.
Os lugares dos encontros variavam. Desde as residências dos praticantes a casas noturnas ou até mesmo inferninhos de baixo meretrício que eram alugados quando o grupo sofria um aumento considerável. Não havia internet e os novos parceiros vinham por indicação.
O aumento do espaço na mídia e a liberdade de expressão trouxeram novos rumos a essa atividade fetichista. Vieram os clubes especializados e o interesse de novos adeptos.
Tendo como base os clubes de swing de Las Vegas nos Estados Unidos, considerada a capital mundial do “swap” como eles chamam, os clubes cresceram e se espalham hoje em grandes cidades por aqui chegando a ser procurados por praticantes comuns ou pessoas com o faro da curiosidade apurado.
É comum ver grupos marcando comemorações de aniversários em clubes de swing. Uns o fazem em busca de inspiração para uma possível adesão futura e outros por mera especulação.
O swing também convive com atividades fetichistas diversas, desde práticas exibicionistas até humilhações. A exibição fica evidente na atividade da troca de parceiros. Observar e se mostrar é parte do jogo da troca de casais o que torna as coisas bem mais simples quando analisadas, além, é claro, do próprio interesse dos praticantes ávidos por sexo poligâmico.
A humilhação submissa é mais complicada. Geralmente o swing não convive com cenas de BDSM, portanto, quando existe a necessidade do submisso se humilhar assistindo sua parceira em cenas de sexo com terceiros, tudo acontece às escondidas.
Embora alguns não reconheçam o swing é um fetiche sexual.
Basta virar uma atração para a prática do sexo para ser classificado como tal. Em alguns clubes é comum dar de cara com comportados voyeurs de olhos grudados nos buracos de espia que cuidadosamente se utiliza nos locais apropriados para a prática.

Portanto, contestado ou não o swing virou moda. Não diria uma febre, mas uma moda. Às vezes passageira para alguns, que se arriscam em escapadas ocasionais a esses clubes ou definitiva para outros que fazem dessa atividade uma aventura consistente para realizar suas fantasias sexuais.

Hoje no Bound Brazil um ótimo vídeo curta com Jamylle Ferrão e Daphne encenando belas tomadas de bondage, bem ao estilo damsels in distress. É só conferir.


Um excelente final de semana a todos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Anomalias e Mitos


Quando voltei ao Brasil em 1993 após quase três anos vivendo em Amsterdam tive acesso ao livro Different Loving de autoria de Gloria & Willian Brame e Jon Jacobs. Considerado por muitos como a bíblia do BDSM o livro narra uma viagem ao universo da dominação e submissão sexual como fonte de prazer.
A obra desvenda ao mundo os bastidores de uma anunciada febre cultural – assim denominada pelos autores – e deixa claro aos leitores que naquela obra alguns temas como pedofilia, necrofilia e zoofilia estariam fora do debate. Os dois primeiros por serem considerados crimes bárbaros na maioria dos lugares do planeta e o terceiro por não ter o princípio consensual que as atividades do BDSM exigem.
Naquele momento eu finalmente juntava a beleza das imagens e experiências vividas na Europa com o conhecimento necessário para entender de uma vez por todas os caminhos desse universo e seus habitantes. Embora muitas das atividades assistidas por mim não me mostrassem um rumo, ou interesse de me aliar aos grupos praticantes, o primeiro critério era compreender aquele mundo como um todo, uma vez que minhas práticas, ainda que diferentes, estavam inseridas num mesmo contexto.
Se considerarmos determinadas práticas como anômalas apenas por critério de escolha alijamos demais alguns fetichistas e seus desejos, porque na verdade, todas devem estar misturadas num mesmo pote, pelo menos no quesito de coisas fora dos padrões do que se passou a entender como regra social de conduta.
De fato, apenas os fetiches considerados bizarros fariam parte de um segmento distinto, muito mais por lógica do que por outra razão.
Se não é considerado normal alguém obter o prazer através de açoites e castigos, também não pode ser analisado como normal um sujeito e sua adoração por partes do corpo humano, como pés e outros elementos ou o cara que tira doses de prazer fazendo uso de cordas ou algemas durante a prática sexual imobilizando a parceira. Está certo que não machuca tanto como os flagelos, mas pode-se dizer que foge aos conceitos de normalidade.
Pesando dessa forma me vi identificado com o BDSM. Passei a interagir com toda aquela gente que minha visão nada periférica e interiorana já traçava linhas de preconceito.
Destruí um mito e acabei com barreiras. Todos a partir de meu próprio entendimento passaram a fazer parte de uma mesma platéia. Nunca precisei experimentar certas práticas para entendê-las, pois havia o conceito e, sobretudo, uma integração ampla bem mais consistente.
Toda essa historia demonstra que o fetichista tem por obrigação conhecer o universo que o acolhe. Muitos falam em acolhimento, mas sem saber ao certo o porquê de existir esse termo. O BDSM acolhe as práticas de adultos que gostam de jogos e fantasias para apimentar suas transas, mas ao mesmo tempo, ensina sobre comportamento e atitudes. Disserta sobre a história dos fetiches e faz o individuo ter a noção de que não está sozinho no mundo.
Claro que ninguém aceita ser taxado de anormal dentro de um conceito de sociedade. Muitos temem por afastamentos familiares e por perdas irremediáveis. Isto tudo força o fetichista a criar um universo paralelo dentro de sua própria existência, assumindo uma falsa identidade para assim conviver em grupos sociais desconexos.

Porém, o mais importante consiste em se aceitar como fetichista e ter a absoluta certeza de que suas práticas são as mais convenientes para satisfazer as suas fantasias, mesmo que tudo isso se processe de forma clandestina. Um fetichista não identificado com suas práticas fica sem rumo. Vaga de um lado a outro apostando aqui e ali e jamais encontra a realidade de seus desejos. Por outro lado, um fetichista consciente e plenamente realizado em suas fantasias é capaz de compreender outros passageiros de um mesmo trem, ainda que viagem por diferentes direções.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Vizinha


Ele tinha mania de chegar em casa e dar uma paquerada na janela da vizinha.
Mulher gostosa, de passar em frente à padaria da esquina e receber todos os “elogios” da galera da construção de um prédio prestes a ser entregue na rua ao lado.
Um dia ele acompanhou seus passos e a esperou chegar. Era verão. Apagou a luz de seu quarto e como bom voyeur ficou na espreita. Já tinha visto uma calcinha aqui, um peitinho ali, coisas básicas como ele mesmo afirma.
Mas aquela noite reservava uma surpresa. Ela colocou um DVD pra assistir, dava pra ver seus movimentos. Imaginou o que seria, ficou intrigado e suas pernas dobradas no sofá de short e camiseta era um convite. Pensou num filme pornô, num clássico, comédia, enfim, a cada cruzada de pernas idéias rolavam e a curiosidade fazia o bicho dar voltas dentro das calças.
É bom que se diga que a ansiedade do voyeur em ter a cena é o combustível necessário para a explosão final...
E o cara já se mexia e contorcia apoiado na própria imaginação. Até que o vento balançou a leve cortina e deu pra notar que a moça começava a colocar a mão por dentro do short.
Foi à deixa brother. O sujeito meteu o centroavante pra fora e partiu em busca do tão sonhado gol, ainda que nos acréscimos, sem mesmo enxergar com detalhes a meta adversária. Esperou tanto por aquilo que o mundo se resumia ao que naquele momento estava ao alcance dos seus olhos e nada mais.
Vai e vem de lá e vai e vem de cá. A coisa era frenética e pareciam em perfeita sintonia.
Seria ela, a moça, a gostosa, uma exibicionista? Estaria ela ciente de que alguém lhe observava em suas caricias íntimas? Pouco importava naquele instante quando tudo estava prestes a virar uma grande lambança – no bom sentido é claro.
Antes que ela chegasse ao ponto culminante o cidadão entregou os pontos e melou as calças.
Tentou se controlar ao máximo, mas a vontade era tanta e a espera tamanha que não deu. Jogou a toalha e aproveitou aqueles famosos segundos de glória.
Seguiu olhando, vidrado, e esperou que ela virasse a cabeça nas costas do sofá e se esticasse toda. Pena que não dava pra escutar...
Por um momento abandonou a cena e foi tomar um banho. Ajeitou tudo, passou um pano no chão e a mulher ainda estava lá atenta ao filme que rolava naquela TV. Ele ficou de butuca, seguiu sua linha e pensou até em repeteco. Seria possível?
Não deu. Ela apagou tudo, fechou a cortina e foi dormir.
Nunca tinha visto aquela mulher acompanhada, nem em casa e sequer na rua. A conhecia apenas de vista fora e dentro de seu apartamento. Um bom voyeur curte o fetiche assim.
Passado algum tempo precisou ir ao banco e deu de cara com ela no caixa da agencia. O cara gelou, perdeu o ar por alguns instantes, pagou a conta e praticamente fugiu.
“ACM, fiquei meio desgovernado quando ela se tornou real na minha frente. Para um voyeur ter a fonte de seus desejos personificada diante dos olhos, sem uma janela entre nós, é difícil, é como tirar a roupa em público. A sensação que se tem é que a pessoa observada sabe da sua existência e o que você faz diariamente quando ela chega do trabalho. Morri de vergonha de olhá-la nos olhos e ouvir sua voz.”

A fantasia continua. Ele segue observando aquela moça bonita quando se troca de janela aberta sempre com a impressão de que ela sabe que alguém está ligado em todos os seus movimentos. Pra ele a masturbação foi de propósito, mas jamais vai criar coragem pra tirar a prova dos nove. Prefere estar lá na janela por horas intermináveis esperando que ela chegue e tire cada peça de roupa como de costume.
Seria mais fácil para este voyeur dizer a que veio? Tentar conhecê-la pessoalmente e mais tarde abrir o jogo ou não?


Talvez, mas o fetiche simplesmente não teria mais sentido.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Amigos Imaginários


Muita gente já ouviu falar nisso: pessoas que em pleno exercício da adolescência desenvolvem parcerias com seres invisíveis e com eles dividem suas emoções, sonhos e até planos.
Para alguns essa historinha acaba com a maturidade. O envolvimento com pessoas reais na juventude sepulta esses amigos imaginários criados num tempo de estio. Outros, entretanto, por alguma razão qualquer conservam esses hábitos e em determinadas situações em que é preciso se arriscar, trazem de volta esses personagens escondidos e os fazem renascer.
O fetiche, em principio, é uma dessas situações de risco iminente.
A priori ele foi tema de confissões íntimas a esses amigos imaginários lá atrás, quando ninguém poderia entregar seus segredos a pessoas reais. De fato, o amiguinho dos tempos de adolescência passa a fazer parte dessa nova descoberta e por várias vezes reaparece, mas desta vez como parceiro de cenas fetichistas.
Ele pode ser o dono de uma submissa insegura ou a dominadora de um submisso aflito.
A segurança afaga os desejos de ter um dono real e a aflição é atenuada com a presença de alguém como protetora de um fetichista carente.
Muitos já experimentaram essas situações. O amigo imaginário é o dono capaz das mais incríveis cenas que a submissa deseja viver, alguém que pode ter uma identidade clandestina revelada por um blog, um perfil no Google, enfim, ele e ela se fundem num mesmo desejo.
Enquanto a pessoa não se decide a abandonar o mundo virtual para se arriscar em ter os primeiros passos corpo a corpo, esses supostos compromissados perfeitos seguem sendo idolatrados. Alguns chegam a escrever afagos em forma de poesia ou até de maneira direta e ao mesmo tempo respondem por quem foi o alvo das ditas homenagens. Entendem-se, se completam e este suposto romance inventado acaba virando alvo de saborosas masturbações.
Tais atitudes são compreensíveis?
Diria que são necessárias para alguns por certo tempo. Durante o período de adaptação à nova vida é aceitável. Muitos ainda se sentem inseguros para cruzar a linha que delimita o sonho e a realidade e, por isso, recorrem a esta ajuda eficaz. Entretanto, chega o momento em que se torna impossível viver duas vidas numa só e é hora de afastar de vez o amigo, fruto da imaginação e se despedir dele pra sempre.
Entretanto, existem os que nunca cruzam essa fronteira e permanecem num mundo irreal conservando esses supostos parceiros. Algumas dessas aventuras duram anos e anos a fio e todas as desculpas do planeta fazem parte de um cardápio farto, toda vez que se declina de um convite para que ambos dêem o ar de sua graça.
O assunto é complexo e sempre haverá os que acreditam piamente que tais coisas não existem. Embora os fetichistas se acostumem com o fato de viver duas vidas, os chamados lado A e lado B, a teoria é completamente diferente. Porque ainda que existam dois tipos de comportamento essas pessoas o fazem de uma forma real, ao vivo, mesmo que sejam passageiros de dois mundos.
Já o fetichista que aposta suas fichas no abstrato tende a viver momentos de conflitos, cai em depressão solitária tentando dar vida a alguém que não passa de fruto de sua imaginação.
Nesses anos de convívio com os fetiches fui testemunha de casos deste tipo. Uns tiveram uma duração mais longa e outros sobreviveram por um breve período. Após algum tempo ambos desapareceram e nunca mais se ouviu falar do que antes era decantado em prosa na rede.

Houve um caso, em particular, em que uma submissa anunciou a desistência definitiva de qualquer ação fetichista, após confessar a todos uma suposta morte prematura do parceiro.
Foi mais uma historinha dentre tantas com riqueza de detalhes, desta vez com um final indesejado e lamentado por todos, dentre os quais me incluo, que acreditaram em tudo que ela contou por um longo tempo.
Pra encerrar deixo a todos a possibilidade de dar uma resposta a uma excelente pergunta de uma amiga a quem contei esses casos: “seria tal comportamento um tipo de fetiche?”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Festa


A Ana foi convidada pra uma festa.
Mas não era uma festa pobre, era chique. Caprichou no visual; a melhor roupa, um trato nas unhas, no cabelo e partiu.
Ela não levou a marmita pra festa, preferia arranjar a merenda por lá se alguma novidade estivesse pulsando na mesma sintonia. Saltou do táxi, retocou o batom e entrou.
Normalmente um fetichista quando vai a uma festa fora de seu circuito dá uma paquerada geral pra ver se esbarra em conhecido. Pois é, isso é fato, porque algumas vezes tem outro estranho no meio da galera e pode ser a garantia de um papo interessante.
E a Ana tem um fetiche pouco comum, onde o visual nem sempre é o que importa, mas até numa festinha onde o fetiche passe longe da porta de entrada ele pode aparecer. Basta o povo esquentar as turbinas e rolar uma musica dançante que o sangue ferve, porque nos primeiros sinais em que o cidadão se esbaldando na pista passa a exibir aquela mancha de suor debaixo do braço, ela dá um jeito de chegar perto na esperança de sugar o odor de suas axilas.
O fetiche por axilas é mais difundido entre mulheres. Claro que existem homens que gostam de axilas femininas, mas as mulheres além de gostar desta parte do corpo como um fetiche, apreciam também os odores. Conheço várias praticantes que anonimamente conseguem realizar suas fantasias.
Aproveitam os ônibus lotados, metrô, enfim, qualquer lugar público onde possam tirar suas casquinhas. Quando se relacionam com homens considerados baunilhas e não desejam expor seus fetiches, inventam rimas, apelam para a conhecida tática do cara suado com cheiro de homem.
Aliás, esconder desejos fetichistas não é exclusividade de mulher com tendências a gostar de axilas. Muitos o fazem com assuntos, digamos, menos complicados e não há mal nenhum nisso, desde que a timidez não chegue a inibir a tentativa de conseguir a tão sonhada prática.
A festa da Ana foi até o final e nada demais aconteceu que justificasse toda a expectativa.
Mas ela não vai desistir tão fácil.
Como boa fetichista enquadrada em seu desejo assumido – perante os amigos íntimos – ela acha mais fácil descolar as atividades longe do meio fetichista. Não considera viável abrir o jogo porque tem medo do preconceito. Pois é, dentro de um meio onde esse problema simplesmente deveria ser banido, ainda é uma praga a ser vencida.
Porque todo mundo acha normal um cara gostar de chulé, se arrastar pelo chão e beijar todos os pés que caminhem ao seu lado. Como também é natural um bondagista abusar de suas cordas para o beneficio de sua prática, como o sádico em busca da dor do masoquista. Mas vai alguém dizer que o sovaco do cara ali é o seu alvo?
O mundo desaba brother, e o fetichista ou a fetichista, neste caso, arruma as malas e nunca mais aparece ou sequer manda lembranças.
É preciso, urgentemente, mudar os nossos conceitos

Entre Quatro Paredes

Num banheiro pequeno, sem espaço, sem movimentos.
Dessa forma o desafio de uma cena de bondage sadicamente merece ser vista.
A Éris é um daqueles sonhos de consumo do Bound Brazil, e porque não dizer, desse bondagista a procura da perfeição.
Ela hoje está no vídeo Caught in The Toilet que o site exibe aos seus assinantes em cenas pra serem gravadas e arquivadas. Uma mulher aprisionada por seu próprio desejo.
Um photoset com as melhores imagens estará disponível aos assinantes nesta Sexta.
É imperdível.

Um ótimo final de semana a todos!