terça-feira, 24 de julho de 2012

24/7, The Passion of Life


Em homenagem ao dia Internacional do BDSM, uma matéria interessante escrita em 2010.

Se você está procurando algo em especial para entreter seu próximo final de semana aqui vai uma boa dica: 24/7, The Passion of Life de 2006.
Não imagine que essa é apenas mais uma produção recheada de cenas BDSM. O aspecto é mais amplo e esse filme lançado há quatro anos vai um pouco além. O prato preferido é a sexualidade.
A sexualidade ainda é um tema muito sensível no cinema. Existe um monte de filmes falando sobre a ganância, a inveja, a família, sucesso e amor, mas ainda há poucos exemplos de temas religiosos ou sexuais - e menos ainda em que se combinam estes dois. Há uma razão para isso. A sexualidade é considerada suja, a religião é considerada muito privada. É preciso alguma inteligência para ignorar e ir mais fundo no buraco do coelho para encontrar algumas respostas.
"24/7, The Passion of Life" é uma produção independente que tenta esclarecer a sofisticação deste tema. E ao contrário de muitos outros, eles conseguem fazê-lo sem usar a sexualidade como foco apenas, mas como a verdadeira chave para o tema principal.
De fato, esse filme não é somente sobre BDSM, não foi sucesso de público, e também não quis ter essa pretensão.
É um filme com uma forte ligação ao teatro e à filosofia.
Quem estiver à procura de um filme de SM kinky, pode procurar em outro lugar. Se você já se perguntou se existe uma razão mais profunda sobre fetiches, muito além do sexo comportado debaixo das cobertas, assista a esse filme.
Para mim, a parte mais interessante deste filme foram às discussões intensas sobre a luxúria e pecado, que estiveram longe de ter o típico estereótipo preto no branco. E todos os atores foram bastante eficazes em sua luta para preencher sua vida com algum sentido - como todos nós estamos tentando fazer. Especialmente Marina Anna Eich como "Eva", me convenceu como a mulher jovem, bonita e bem sucedida, que está experimentando sua nova vida como uma surpresa, tal qual Alice no País das Maravilhas.
O roteiro é simples.
Fala sobre uma mulher que quer saber mais sobre sexualidade, especialmente sobre Femdom, Feminização, Exibicionismo, o caminho para encontrar a sua verdadeira identidade fetichista.
Conhece fortuitamente outra jovem e, ao visitar sua casa, descobre que ela leva uma vida dupla como Dominadora. A garota fica fascinada pela cultura BDSM e parte em busca de encontrar a porta de entrada desse mundo novo.
Não espere um enredo de fácil entendimento em The Passion of Life.
Tudo que engloba sexo, religião e sociologia têm uma atmosfera complicada, e, normalmente, existem opiniões formadas a respeito do assunto o que nem sempre agrada a todos.
Prepare-se para o enfoque correto e interprete o filme pelas cenas, pela excelente fotografia e pela mensagem que o diretor (Roland Reber) procura apresentar.
Realizado em 2006 na Região da Bavária na Alemanha é uma excelente possibilidade para novos e antigos praticantes de BDSM entenderem seus caminhos e conflitos.
Não é sempre que se tem um olhar tão profundo sobre sexualidade no cinema.
Aproveite a chance.
Abaixo o trailer oficial do filme em seu lançamento e link (torrent) para baixar o filme na íntegra.

http://tinyurl.com/2c3eaow


quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Mulher que Realizava Fantasias


Tudo começou com um anuncio num site na internet.
Seis meses se passaram desde que ela optou pela vida de garota de programas. Então descobriu através de experiências com aqueles que faziam parte de seus encontros, que era possível fazer diferença num mundo muito igual.
As fantasias eram as mais diversas. Coisas que até então nem sonhava que existiam.
Confessa que na maioria das vezes fazia os caras de capacho ou os fazia de fêmea, como ela faz questão de dizer. No fundo, aquela mulher bonita vendia ilusões junto com seu corpo, mas não vendia a alma, assim ela afirma.
De tanta identificação com o tema resolveu inserir suas habilidades junto ao anuncio que já fazia sucesso entre alguns. E o negócio ia de vento em popa fazendo a mocinha colecionar clientes e tendo que recorrer à literatura pra aprender um pouco sobre o que ela própria fazia.
Veio parar aqui no blog por conta dessa busca...
Aos poucos passou a ter mais interesse por tudo e ao julgar pelas horas de práticas constantes já se imaginava uma dominadora. Entretanto, a diferença estava na realização das fantasias, e por isso, ela me pediu pra explicar. Porque uma dominadora, por mais que consensualmente se permita dividir as fantasias com seu parceiro submisso, jamais será uma fantasy maker, ou seja, uma mulher que simplesmente realiza desejos.
Faltava-lhe estilo e liturgia, sobravam-lhe práticas. Mas nada lhe restava a fazer a não ser seguir na mesma balada, fantasiando os desejos alheios e aumentando os lucros. No entanto, sua curiosidade sobre tudo que envolvia BDSM e seu universo a atraía cada vez mais.
Certo dia marcou um programa e apareceu um sujeito de cabelos compridos e uma mala na mão. Muitos traziam seus brinquedos, mas o sujeito era diferente. Conversou bastante, se disse praticante e quis inverter a ordem em que ela costumava gerenciar as fantasias. Ofereceu o dobro da grana, tentou de todos os modos, mas ela segurou a onda. Não havia dinheiro que a fizesse correr riscos.
Pensou bastante naquela oferta nos dias que seguiram. Me garantiu que não foram os Reais a mais que a fizeram querer experimentar a outra face do BDSM, diferente da que ela até então conhecia. Dessa vez o cliente era real, representava o fetiche que ela absorvia através da leitura, das fotografias, e trazia consigo um glamour totalmente diferente das vezes em que ela realizava as fantasias por puro capricho de quem pagava.
E ele só pagou no primeiro dia. Aos poucos a levou a um extremo de sentir prazer através da dor, dos açoites, da humilhação de ter que implorar por qualquer desejo. Conta que era surrada todas às vezes e o prazer que tanto desejava vinha em gotas de merecimento dentro de um critério que ele trazia dentro da mente.
Aos poucos perdia o prazer pelos programinhas sem graça com clientes banais e apostava suas fichas numa nova aventura. Trocava qualquer saída remunerada por um chamado quando ele a solicitava. Rastejava por um momento e se masturbava feito louca pensando naquelas tardes com ele.
Não deu a mínima quando ele se confessou casado e foi em frente. Pra ela o pouco era muito. A insanidade do desejo castrava qualquer tentativa de pensar duas vezes.

Com o desaparecimento do parceiro ela passou dias de penitencia. Seu número estava desconectado e ela ficou no ar. O BDSM experimentado era naquele momento um vício sem cura.
Depois de um tempo retomou sua rotina e conseguiu juntar seus cacos. Hoje segue na sua tocada forte dominando seus clientes com muito mais know-how.  Viveu na pele o gosto pela humilhação e navega numa grande dúvida que a corrói quando tenta entender tudo que se passou. Sentiu muito a falta do parceiro, mas não tem vontade de tentar viver tudo de novo da 

mesma maneira.
No ultimo email ela me disse algo assim: nunca mais vendo minha alma... Apenas realizo fantasias.    

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pontos


Noutro dia assisti num programa de TV alguém afirmando que a mulher tem quatrocentos pontos de excitação em todo o corpo. Pois bem, garanto que a maioria sabe de alguns.
No entanto, dentro dessa zona de terminais nervosos do corpo feminino sempre se fala no tal Ponto G. E tem gente que encuca tanto com isso que já se fala em fabricar um GPS pra encontrar esse famoso pontinho somente comparável ao nirvana.
Soa hilário, é verdade, mas virou moda agora as moças tratarem de enaltecer o tal Ponto G e esconder da rapaziada em noites ardentes. Tem amiga minha que diz: “o cara era fraquinho, também pudera, passou a noite toda tentando achar meu Ponto G e nada...”
Convenhamos que trata-se de uma malandragem às avessas.
A mulher que esconde seu melhor local de estímulo só pode estar de sacanagem com ela mesma. Porque fazer o cidadão perder tempo como se fosse um Indiana Jones em busca da arca perdida é dose! Brother, basta dar uma deixa que qualquer um com um mínimo de habilidade encontra esse local tão procurado.
Porém, se nada disso adiantar vale umas dicas bem fetichistas pra acabar com esse mistério.
No caso, como sugestão infalível, uma boa cena de bondage é suficiente para colocar ordem na casa.
Uma vez imobilizada somente restará à mocinha que gosta de brincar de esconde-esconde a chance de dizer onde é, ou dar a dica do mapa do tesouro. Porque na boa, dá pra arrancar até como uma confissão de guerra. É preciso apenas ter persistência e uma boa dose de BDSM se as coisas não forem fáceis.
Ela entrega, garanto!
Outra maneira mais simples é começar a fazer um percurso usando como referencia os tais trezentos e noventa e nove outros pontos de excitação.
Tomando por base que algumas mulheres flertam com doses de masoquismo, nada melhor que começar pelo lombo brother. Porque não há masoca que resista a umas boas palmadas. Daí você já encontrou uma meia dúzia lá pela terceira palmada, o que na certa vai encurtar seu trajeto em busca do Ponto G. A estes pontos se juntam, pescoço, batata da perna, pés, lóbulo de orelha, bicos de seio e etc. Mas atenção, porque por mais sádico que o sujeito seja numa sessão não vale maltratar o tempo todo cada região citada. Carinho também é bem vindo às submissas, e elas gostam.
O mais engraçado no ser humano, principalmente na mulher, é que alguns desses pontos de excitação se desvendam com o tempo. E o fetichismo é um caminho para essas descobertas.
Existe mulher que ao ter os pés beijados pela primeira vez descobre tesão onde antes era um deserto. Os pés, pra essas moças, serviam pra caminhar e nada mais. Elas não imaginariam sentir prazer em zonas nunca dantes exploradas. Mas acabam sucumbindo em largas escalas.
Até as que morrem de cócegas dão o braço a torcer...
O grande mistério que envolve essa revelação do Ponto G tem um pouco a ver com a forma como se busca e desvenda. Se o sexo for seco, sem preliminares envolventes, sem fantasias, na base do toma lá da cá, complica. As pessoas se fecham e não rola química de maneira alguma. Nesses casos, o pudor só atrapalha e a culpa deve ser creditada a ambos.
Porque sexo não é masturbação, e existem dois lados que podem somar ou subtrair.

Então, a fim de evitar a compra do tal GPS pra encontrar o Ponto G das moças, o sujeito deve antes de tudo saber conduzir o barco. Confiança não se toma, se adquire, e o mesmo serve pras mocinhas que se julgam moradoras de uma ostra. Sem essa de achar que ser boa de cama tem a ver com esse papo furado de deixar o cara se fuder todo pra achar seu local predileto.
Até em parques de diversões existem placas de aviso. 
Portanto, se o camarada tem de andar na Montanha Russa pra saber o passo da dança ele deve pelo menos ser avisado que o brinquedo é 

naquele local, ou poderá andar em círculos sem rumo.
Dessa forma a menina perde a libido e ele acaba achando que tudo não passou de uma noite terrível dentro de um trem fantasma.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Corno Oficial


Às vezes uma fantasia soa esquisita. Causa arrepios em quem escuta falar.
Porque o desejo em muitos casos extrapola a razão, principalmente de quem entende o fato de maneira totalmente diferente.
O prazer em ser humilhado passa por várias fases. O sujeito pode desejar ser flagelado em público, mostrar-se vulnerável diante de olhos atônitos e entregue aos caprichos de uma mulher má. A piração encontra lógica nos pensamentos dele e de quem divide suas taras.
Mas há os que vão além. Querem se sentir traídos de verdade, alvejados em sua glória e dessa forma obter prazer.
E como eu sempre afirmo que qualquer prática fetichista deve ser precedida de detalhes, a humilhação também tem os seus. Porque não imagine que o cidadão quer ser humilhado no mundo da fantasia apenas. Quer ver sua mulher ou parceira lhe traindo. Entretanto, ser um corno de mentirinha não é a jogada dele. Na verdade, ele quer muito mais. Quer uma certidão de casamento lavrada em cartório, ou melhor, quer ser um corno oficial.
Pois é, o universo fetichista é mesmo muito estranho até pra quem lida com isso há décadas.
Há fetiches inexplicáveis, aceitáveis, porém, porque eu imagino que tudo que leva a pessoa a ter seu prazer atendido deva ser considerado uma prática positiva, pelo menos para quem dela tira proveitos.
Tenho que concordar que a idéia de ser corno apavora qualquer um. Por séculos o ser humano desenvolveu ojeriza ao fato de ver a pessoa amada nos braços de outro e conviver com determinadas práticas é um imenso exercício de compreensão. Porque assim como na vida, no universo fetichista tem gosto pra tudo, até pra ser corno. E convenhamos: não há maior humilhação do que ser corno e ter total conhecimento do que se passa e de preferência assistindo a tudo. Aqui, nem todo castigo pra corno é pouco!
Alguém poderá levantar a tese de que em práticas de swing onde impera a troca de casais o fato de existir a traição, ainda que momentânea, é tolerado. Digamos que nesses casos exista a revanche, ou seja, você é corno, mas o sujeito ao lado também será. Perfeito, mas a humilhação não aparece nessas práticas, pelo menos da forma como o nosso personagem deseja.
Realmente se trata de um fetiche de extremos, de difícil concepção e realização. Porque o postulante a corno oficial tem de encontrar a parceira que aceite tal fantasia e tire proveito do fato de ter de estar com vários homens dentro de um casamento. O cara rabisca a fórmula, monta o cenário que acha perfeito, mas precisa encontrar eco na sua aventura.
Talvez seja bem mais simples convencer a parceira a aceitar dar umas chibatadas, levar algumas até, usar cordas na hora do sexo, dar umas pisadas de salto agulha ou até fabricar chulé. Mas pedir a uma mulher que escolha o casamento e faça dele uma aventura totalmente inusitada são outros quinhentos.
O pensamento dentro do universo fetichista não é opaco. Pelo contrário, ele é muito bem definido. Apenas considero que este tipo de fantasia deve ser muito bem negociada antes de haver qualquer tentativa de ser colocada em prática.

Se tudo fosse começar e terminar num final de semana ainda é passível de reflexão, mas aqui estamos falando de um contrato de sociedade de direito, onde existem dois lados a serem preservados, e qualquer deslize pode custar caro pra ambos e para os frutos dessa união.
Mas o bravo sujeito não deve desistir. Haverá de existir alguém com os mesmos pensamentos vagando por aí. Basta que ele seja tão especifico na abordagem como foi na escolha da fantasia.
Não devemos julgar os desejos alheios porque todos nós temos um lado pervertido, a nossa maneira, é claro, e renegar seria como aceitar a encarar o sexo apenas como um meio de 

reprodução. Sendo assim, a traição estaria mais próxima do que a fantasia do corno oficial.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sensíveis Diferenças


Muita gente que não conhece bem o assunto vira e mexe me pergunta o que é BDSM.
Ok. Há tópicos aqui demais sobre isso, mas vale lembrar que se trata de uma sigla que resume algumas práticas como bondage, disciplina ou dominação como sugerem alguns, sadismo e masoquismo.
Claro que algumas práticas consideradas fetichistas não constam na sigla, mas elas existem e convivem com essa sopa de letrinhas. No entanto, não basta gostar ou praticar BDSM, ou até alguma dessas práticas que não constam na legenda, no meu ponto de vista, a pessoa que curte alguns destes elementos, listados ou não, antes de tudo precisa ser fetichista.
Sim, porque há casos de pessoas que gostam de BDSM e não são fetichistas.
Você há de me perguntar: mas tudo isso não significa fetichismo? Ou melhor, a prática constante de determinada fantasia não é um fetiche, ou um feitiço?
Galera a diferença está no detalhe e fetichismo é ter apego aos detalhes. Porque existem praticantes que celebram suas cenas, abraçam suas causas e não refletem o fetichismo. Eu já vi dominadora indo para uma cena de short, camiseta de alça e chinelo de dedo. Por mais que o fetiche esteja na mente é preciso demonstrar. BDSM não é só putaria, a identificação com o conteúdo da proposta é essencial.
Seria inadmissível supor um bondagista se apresentando para uma cena com um punhado de cordas velhas, desgastadas e rotas. O que a parceira sedenta por uma cena lotada de glamour vai achar disso? Elegância e fetichismo são parelhos e dependentes diretos.
Gostar de BDSM e suas práticas é bom, mas caprichar não custa nada.
Mesmo que você esteja em casa ou num verão próximo a uma praia onde relaxamento é palavra de ordem, colocar pimenta na fantasia pra fazer bem feito deveria ser regra. Não me apego muito a liturgias, a códigos de conduta restritos e absolutos. Me considero um tanto anarquista pra lidar com isso, mas acredito na química que existe entre o praticante e a fantasia, senão ela não seria uma fantasia.
Lógico que há exceções. Há artigos aqui em que conto passagens em que a fantasia apareceu ao acaso e por conta disso quem gosta não vai deixar passar. Nesse caso, qualquer rima é válida pra criar o soneto. Mas são casos raros e se rolar a chance de uma próxima vez o planejamento se faz necessário pra não deixar o barco à deriva. Porque se a prática fetichista é um antídoto contra a rotina e monotonia, nada melhor que ser levada a sério e cercada de todo capricho possível.
Agora, se a onda é enaltecer as práticas em redes sociais, fetichistas ou não, e ter trabalho de postar fotografias mostrando o entendimento do fetiche é obrigação do praticante ter cuidado com o que apresenta.
Tenho visto coisas terríveis pela rede e custo a acreditar que naquele perfil existe um fetichista de verdade ou se trata de alguém querendo fazer sucesso num gueto restrito. Porque tem essa sim. Pessoas que por obra do acaso acham espaço entre fetichistas e começam a colecionar admiradores, abusam do direito de infestar perfis com fotografias que teoricamente seriam fetichistas, mas na verdade não passam de pedaços de corpos sem qualquer conexão com o significado da palavra.

Em resumo, essa onda fetichista que está invadindo a rede através de ensaios isolados de famosos, livros e filmes acaba atraindo pessoas com pouca identificação com o meio. A internet é um avanço, mas ela pode significar um atraso irremediável se o postulante a praticante não sair de trás da tela pra viver no mundo real.
É preciso sentir o odor das velas ardendo, o cheiro do couro que se espalha no ambiente e flertar com imagens ao vivo. Lembrando sempre que toda prática precede de literatura, de conhecimento, e a chave é procurar pra depois de entender realizar.


E que toda realização seja rica em detalhes, adornada em fetichismo para que a prática do BDSM valha realmente à pena.

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Prática do Sploshing


O tesão é esparramar comida no corpo da moça.
Essa moda que pegou no Reino Unido agora se espalha pelo planeta e entra de vez no glossário fetichista. O Sploshing Fetish, como é conhecido, tem seus detalhes e algum requinte, porque o negócio não funciona apenas com a comida a ser espalhada.
A começar pela qualidade dos alimentos, a cena e a performance das mulheres que deixam os caras de queixo caído na terra da Rainha. Porque é criado um cardápio de primeira, com comidas pastosas, pra fazer sujeira mesmo e ter a possibilidade de espalhar pelo corpo nu. Daí é comum a utilização de feijão, tortas salgadas, cremes de ovos, manteiga e milho sem esquecer da sobremesa onde os pudins e tortas fecham com chave de ouro a lambança.
Entretanto, como todo fetiche que se preze, o sploshing tem seus cenários perfeitos.
Uma cliente que chega ao restaurante e pede a comida que lhe é espalhada pelo rosto e seios pela garçonete abusada. Começa então a brincadeira com ares de comédia pastelão e as moças duelam com vontade até ficarem literalmente impregnadas por todo o tipo de alimento que está sobre a mesa.
As roupas começam a desaparecer e as mocinhas peladas enfiam comida em todos os orifícios que conseguem enxergar. Sempre lembrando que o desperdício não é total e elas costumam comer as caldas e cremes na medida em que esparramam pelo corpo.
A história de difundir o sploshing como um fetiche partiu de um cara doidão chamado Bill Shipton. Em 1989 ele criou a revista Splosh, uma publicação voltada para os caras que curtem essa brincadeira de forma a se tornar uma fantasia. O negócio deu certo, e o aparecimento da Internet possibilitou expandir as fronteiras além do Reino Unido levando o fetiche por vários países da Europa.
A revista ainda tem publicações esporádicas e Shipton promove através das edições uma série de encontros de praticantes do fetiche, mas tem na Internet a ancora que o ajuda a manter seu negócio, hoje comandado também por sua esposa, a ex-modelo Hayley.
O incrível é que estes clipes não são curtos e normalmente tem a duração de uma hora. Os caras produzem enredos que começam com elegância e terminam numa bagunça de dar dó. Shipton se queixa da faxina posterior às produções e seu maior desejo é não gastar mais de dois terços da vida fazendo limpeza.
Se houver um comparativo quantitativo podemos dizer que o universo fetichista é bastante reduzido. Obviamente, neste contexto um amontoado de práticas se mistura formando uma espécie de gueto onde vários segmentos se intercalam. É evidente que há fetiches de menor expressão, com menos apelo e por conseqüência, praticantes, sugerindo que alguns grupos por não ter qualquer identificação com os demais criem seus próprios nichos.
É o caso do sploshing e outras práticas pouco comuns.
A chegada da Internet em meados dos anos noventa aproximou fetichistas que antes tinham um sentimento de solidão absoluta em relação a tendências de prazer. O sujeito era um náufrago numa ilha e não lhe passava pela cabeça que alguém no universo comungasse da mesma idéia.

É interessante salientar a forma de visão das cenas de sploshing de quem pira com a idéia e de quem jamais supôs que uma cena até certo ponto hilária, pudesse despertar interesses sexuais em quem as assiste. O que não é uma exclusividade do sploshing, visto que pessoas não identificadas com algumas idéias costumam não entender a conexão entre desejo e cenas em vários segmentos fetichistas.
Não se tem noticia de praticantes de sploshing em terras tupiniquins.
No entanto, muita gente gosta de fazer uso de cremes e chocolates em transas comuns, o que de repente indica alguma semelhança entre o 

sploshing e atos provocativos costumeiramente apreciados numa transa qualquer.