sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Expressão de Perigo


É inegável que as revistas fetichistas de bondage foram pioneiras na introdução de imagens com atrizes ou modelos interpretando o perigo através de expressões faciais.
Talvez a mais antiga das revistas de que se tenha notícia, as chamadas “detective bondage magazine” foi a "Magazine Detective Real", cuja primeira edição apareceu em novembro de 1937.
As primeiras fotos coloridas que apareceram numa capa destas revistas data de fevereiro de 1939 e foram exibidas na revista “True”. E a edição de Fevereiro de 1940, aparentemente, foi a primeira a apresentar uma donzela em perigo amordaçada.
A época áurea dos magazines foi entre 1959 e 1986. No final dos anos oitenta houve um renascimento das revistas tipo “detective” que perdurou até a virada do Milênio quando elas praticamente desapareceram.
Claro que não é exagero afirmar que a Internet sepultou as revistas, entretanto muito do glamour que é até hoje apresentado pelos trabalhos de bondage em fotos e vídeos é oriundo desse período. E a expressão de perigo nos olhos das primeiras modelos que figuraram nessas capas de revistas ainda é o segredo da história, a chamada cereja do bolo.
O fetiche denominado nos Estados Unidos de DiD (Damsels in Distress) que traduzido para o português seria meninas em apuros, significa a exibição de mulheres em perigos reais, produzidos por capturas e raptos. O conseqüente aparecimento de posições de bondage vem desde essa época, assim como o aperfeiçoamento das imobilizações criadas pelos riggers, também conhecidos como bondagistas.
A construção dos nós delimita o aprisionamento perfeito dessas heroínas e o publico que busca esse tipo de imagem em fotografias ou filmes, é especialista em admirar estes detalhes. Como eu sempre escrevo por aqui o fetiche é detalhe, e, neste caso, o DiD é rico e abrangente.
O que nós produtores de clipes e fotos na rede reproduzimos nos dias de hoje é a continuidade do que foi proposto pelos pioneiros que apresentaram suas obras em páginas de revistas. O fetiche cresceu, é fato, mas houve apenas uma evolução tecnológica que os dias de hoje permitem, ou seja, as mudanças surgiram com o passar dos anos e o aparecimento de recursos que num tempo remoto não estavam disponíveis.
Entretanto, o feeling permanece intacto e o que se faz em pleno século vinte e um é a reprodução do óbvio, que muitos anos foi estampado em páginas a cores ou ainda em preto e branco. A expressão de perigo da conta do significado do tesão de quem é espectador deste tipo de cena e não seria leviano admitir que esses mestres dessa arte apenas levaram para o deleite de todos o que sempre existiu. Ou será que alguém tem em mente que o fetiche nasceu com esses caras no começo do século vinte?
A diferença básica entre uma cena perfeita de bondage e uma não muito eficiente está na interpretação da modelo. Algumas se descaram ao longo do tempo por este aspecto, outras pela ousadia que representou posar em tempos difíceis, como foi o caso de Bettie Page.

Page não era a musa perfeita e pouco de verdadeiro perigo se encontra em seus trabalhos sempre bem dirigidos pelo mestre deste assunto Irving Klaw. Ela foi ousada, desafiou o preconceito e topou levar adiante um trabalho que um segmento sempre sonhou assistir. Por isso, ela levou todos os merecidos louros e deixou tanta saudade.
Existem centenas de sites espalhados pela rede onde é possível ter acesso as capas dessas revistas que foram citadas no artigo de hoje, assim como, alguns colecionadores expõem seu acervo na rede e costumam buscar por trocas com alguns de interesse relevante.
É possível colecionar imagens em HD dessas capas, o que recomendo aos interessados em ter guardado um pouco da história do fetiche de bondage e o aspecto DiD. Na América onde estas edições foram lançadas é mais fácil encontrar exemplares, mas por aqui, onde tudo começou bem mais tarde a melhor jogada ainda é a coleção virtual.

Um bom fim de semana a todos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Sr. ACM:
Antes de mais nada parabéns pelo belo texto Essa da revista veio do fundo do baú.
Gostaria de fazer uma colocação. O senhor afirma que fetiche de bondage não é a mesma coisa que fetiche por BDSM, mas eu descordo da sua colocação. Na minha concepção Bondage e BDSM tem o mesmo significado e não existe diferença entre ambos.

ACM disse...

Anonimo

O texto é claro e não deixa duvidas: bondage, apesar de significar a primeira letra da sigla BDSM é um fetiche amplo, tem diversos aspectos.

Claro que não existe BDSM sem bondage, afinal, bondage nada mais é que servidão, aprisionamento, mas num contexto que inclua manifestações sadicas ou masoquistas, o aspecto DiD explicado hoje fica de fora.

Tecnicamente é isso, mas você tem direito a entender o fetiche como achar conveniente.

Obrigado por participar
ACM