quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E agora José?


José era um trabalhador. Um cara de fé que ganhava a vida com o suor na luta diária.
Mas um dia José resolveu acabar com a própria vida.
Escolheu uma tarde de Sábado e foi por jardim, um lugar calmo no final do condomínio onde morava com uma arma na mão.
Só que antes de tomar tal atitude resolveu conversar com o alto, falar das razões que o levaram a cometer esse ato. E quando se preparava pra puxar o gatilho ouve uma voz grave que lhe pergunta o porquê daquela cena. Era sua consciência.
José não titubeou e desandou a falar das coisas que via, de tudo de errado que havia num mundo injusto que o levou a decidir pelo seu fim.
- Não posso conviver num mundo de corrupção, de gente que rouba os outros e aparece de cara limpa na TV – falou.
A voz firme insistia:
“Calma José, você não é o responsável por isso e essa gente terá o que merece em breve.”
Mas José não estava satisfeito e seguia com suas lamúrias.
- Também não é justo que eu veja meus filhos crescerem num lugar onde o medo de acordar é maior que a própria esperança de viver. Onde a gente não saiba se quem a gente gosta não vai voltar pra casa da mesma forma como saiu.
A voz da consciência mais uma vez tratou de demover José de sua angustia.
“José, você é um lutador, e sabe que a vida é feita de desafios e o não saber o amanhã é o maior deles. Entretanto, a sua ausência será pior e sua covardia ficará pra sempre. Pense bem!”
E José estava decidido. Nada o faria mudar de idéia. Havia pensado muito antes de estar ali.
E soltou à última.
- Mas a razão principal de tudo isso é mais forte. Eu tenho um problema grave.
“E qual é?” Perguntou a voz da consciência atenta
José mandou assim
- Sabe, eu tenho um segredo que não posso dividir. Gosto de coisas que de uma forma geral guardo comigo há anos e não estou conseguindo mais viver com isso entalado.
“Mas o que é José? De que se trata?”
- Uma coisa simples, mas que me causa um drama que não sei conviver com ele. Penso nos prós e contras, nas conseqüências se tudo for revelado, na vida que virá e nos dias sombrios que passarão a ficar a minha volta...
“Desembucha homem”, insistiu a voz firme e direta.
- Até pra confessar aqui eu tenho vergonha. A timidez não me deixa nem falar com meu próprio pensamento e só de pensar eu me arrepio. Olha só!
“Fale agora ou cale-se pra sempre”, falou a voz da consciência já sem paciência.
- Esse mundo não foi feito pra mim. Eu sou fetichista.
A voz então foi sucinta.
“Te manda daí Zé!”

Bom, a história do José é mais ou menos como a de muita gente que vive e convive com o velho drama de se assumir fetichista diante do mundo. Claro que a solução não é essa do José e muito menos o conselho, pois tudo não passa de uma piada.
Mas vale refletir e de repente imaginar que a vida tem problemas gigantes a serem tratados, em todos os lados, e convivemos com todos, os justos e os injustos.
Porém, o que se guarda por dentro e não se pode expressar tem uma força tão grande que somente sabendo o que se passa nos corações e mentes de quem sente pra tentar entender.


Fica Zé, e encara de frente!

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