segunda-feira, 3 de outubro de 2011

BDSM no Cinema


O BDSM é um conceito que abarca o SM ou sadomasoquismo, a disciplina erótica e fetichismo sexual, a dominação ou flagelação erótica e o bondage. Como tal, se viu refletido na filmografia de duas formas bem diferentes, tanto na ordem cronológica como no aspecto contextual.
Reproduzindo exclusivamente alguns dos conceitos ou práticas englobadas no BDSM, em especial o sadomasoquismo, mas também a Flagelação, o cinema historicamente, mostrou sua forma de falar sobre o BDSM que começou já no nascer das primeiras obras cinematográficas, a partir de 1920, e vai até princípios dos anos 90. Um bom exemplo desse período e dessa forma de encenar, são os filmes como Martha do diretor alemão Rainer Werner Fassbinder (1974) ou Belle de Jour, dirigida por Luis Buñuel (1967).
Desde os anos 90, com a difusão do conceito BDSM como elemento integrador da cultura do sexo não convencional, aparecem filmes que relatam palcos generalizados e de síntese, empregando uma visão do BDSM como filosofia de vida, como modelo de atuação pessoal que transcende o meramente sexual. Um exemplo desta filmografia atual pode ser encontrado em 24/7 - The Passion of Life, dirigida por Roland Reber em 2005.
Os critérios dessa relação não são tão simples.
Encontrar obras, diretores e atores que tenham um elo com a cultura BDSM como um todo. Não é válido citar filmes que meramente participam de certa estética superficial ou usam de alguma cena tópica, mas sim, filmes que tratem de forma fundamental ou exclusiva o tema do BDSM ou alguns de seus aspectos parciais, ou ainda, obras que sem se dedicar centralmente à temática, contenham um importante número de cenas da mesma.
Outro aspecto relevante dá conta da metragem das obras relacionadas diretamente ao BDSM (deve superar os 55 minutos de duração), o que faz com que, por exemplo, os capítulos de CSI e do Comissário Rex, que refletem parte da temática BDSM, não figurarem nessa pesquisa. Leva-se em conta também, que esses longas devem ter sido exibidos necessariamente nos circuitos comerciais ou em televisões abertas ou a cabo. Ficam à margem, as séries do tipo "Arquivo X".
Filmes com muitas referências da literatura do gênero, como O último tango em Paris, Emmanuelle, Instinto Selvagem, A Laranja Mecânica ou A História de O, são à base de sustentação de qualquer enfoque sobre o cinema e o BDSM.
As obras não fetichistas, os chamados filmes de aventura ou terror, estariam inseridos neste contexto? Creio que não. Não basta que o enredo tenha uma donzela em apuros amarrada num porão qualquer, ou esteja vestida de branco presa por correntes e pronta para ser sugada por Christopher Lee interpretando o conde Drácula.
Apesar do fetiche de bondage fazer parte da nomenclatura BDSM, qualquer divisão que se faça soa como tendência, não como forma de expressar a cultura. A prova disso é o aparecimento da cena na tela, ou seja, em cinqüenta e cinco minutos de filme somente três são dedicados ao fetiche.

É importante frisar que os alicerces de muitas produções com temática BDSM advém das páginas de livros. Escritores ou escritoras, como Pauline Réage que nos brindou com uma trama incrível a qual resiste ao tempo e sobrevive às tentativas de recriação, funcionam como fonte de inspiração e garantia de sucesso. Se o livro vende o cinema fatura.
A velha ordem capitalista também abriga o BDSM debaixo das asas.
A relação é extensa. O enfoque sempre é muito particular.
Embora alguns possam citar obras como Lua de Fel, A Secretária, O Colecionador e outros, o importante é perceber o filme como um todo, a forma como ele expressa a cultura do sexo não convencional. Se serve como parâmetro, somente o espectador que carregue consigo a veia fetichista, pode analisar de maneira firme e correta.

Que a sétima arte continue trazendo aquilo que queremos assistir.

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