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sexta-feira, 13 de abril de 2012
Bar Esperança
As redes sociais são de grande utilidade pra quem faz delas uma ferramenta. E encontrar amigos que não se vê há tempos é um grande barato. Essa semana a Sandra reapareceu depois de algumas décadas. E foi bom reencontrar essa amiga.
A Sandra tinha uma vocação pra escutar as neuroses alheias. Não que flertasse com a tragédia pessoal de cada amigo ou amiga, mas ela dava ouvidos. Por ser de Minas Gerais morava sozinha num apartamento na Tijuca, um bairro bacana aqui do Rio, o que para uma garota com seus vinte e poucos anos era um luxo em plena década de oitenta.
Carinhosamente ou pejorativamente chamada de Rabecão pela galera, porque as más línguas insistiam em dizer que ela “pegava” os mortinhos de fim de noite, a Sandra acolhia a quem chegasse em altas horas pra um papo. Daí foi inevitável não fazer a alusão de seu apartamento com o Bar Esperança, aquele que nunca fecha suas portas.
Sempre sóbria e solícita Sandra era uma pessoa de bem com a vida. Não era a perfeição da beleza, mas muito menos posava como a feiúra em carne e osso. E costumava não dar trela pra “mimimis” naqueles dias de glória.
Numa noite de verão vindo dos lados de São Conrado aportei no Bar Esperança. Achei que era um dia propicio pra conhecer o covil da Loba. Depois de encher a goela de álcool pensei que era hora de trocar uma idéia até o sol nascer.
Olhou pela janela e me viu parado. Abriu a porta pelo interfone e me mandou subir.
Pra minha surpresa encontrei a Rabecão tão etilicamente afetada quando eu, segurando uma taça de vinho tinto, um sorriso de canto de boca e uma música de fossa que vinha de um canto qualquer.
Entrei com tudo no vinho e esqueci o café. A Sandra me achou um bom ouvinte e passou a dividir seus dramas ao invés de apenas me ouvir. E embolamos conversa sem ver a hora passar. Até que lá pelas tantas a história tomou o rumo da intimidade com perguntas pra lá e pra cá.
Ela abriu uma caixa que continha uma quantidade imensa de fitas em VHS da época com uma diversidade impressionante de filmes de sacanagem. Fiquei atônito e sem fala. Jamais imaginei a Sandra assistindo aquele tipo de produção. Nada de fetiches, só putaria mesmo inconteste.
Entretanto, ali estava o fetiche da moça. Porque ela taxativamente me confessou que pirava tanto nas noites de masturbação solitária como tinha seus filmes como uma fiel companhia durante suas estripulias sexuais com seus parceiros, os tais mortinhos do começo da matéria.
E foram muitos os papos abertos e cheios de desenvoltura. Não sei se ela ainda se recorda das minhas queixas e virtudes daquela madrugada, mas a lembrança desse fato me veio de duas formas: o reencontro com a Sandra num dia desses e uma história idêntica contada por uma pessoa muito especial sobre esse gosto por filmes pornográficos.
Os fatos, nesse caso, se agregam e corroboram com a tese de que uma mania apesar de pequena quando praticada diversas vezes torna-se um fetiche interessante. A confissão ajuda muito, evita a dúvida solitária e quando existir uma brecha temos que aproveitar pra dividir esse tipo de assunto com quem tem capacidade pra discernir sobre o tema.
Da mesma forma como o papo fluiu na madrugada do Bar Esperança entre porres autênticos, ele pode causar uma boa sensação em quem não se nega a discutir qualquer caso que possa ser uma via de apego quando as pessoas pensam em sexo.
Os fetiches são assim. Nem mais ou menos, eles são na exata medida pra quem faz deles a fantasia preferida quando tem diante de seus olhos a oportunidade de juntar o útil ao agradável.
Puritanismo demais congela os sentidos,
portanto, trate de escolher bem quem será dono de seus segredos quando achar que deve contar.
Um bom final de semana a todos!
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2 comentários:
Adorei o texto!!
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