quinta-feira, 12 de abril de 2012

Notícias da Terra do Nunca


Acho muito gozado quando leio algumas mensagens, ou através de bate-papo na net sobre essa brincadeira de esconde-esconde quando se toca em fatos relacionados com sexo.
Daí me lembrei de quando era adolescente e furava sessão vespertina de cinema poeira pra ver o Carlo Mossy comendo a Vera Fischer. Fato normal pra mim e minhas inseparáveis punhetas, porém, estranho pra caras engravatados que se espremiam na ultima fila.
Esses sujeitos significavam a boçalidade em pessoa. A carcaça de aço inexpugnável que mostrava o moralista em pleno exercício de sua falsidade mórbida ocultando um cidadão comum, porém, envergonhado de gostar de sacanagem como qualquer pessoa normal.
Lógico, dirão os conservadores em sua douta sabedoria de boteco. Ele estava prezando a família e exercendo o dever que o padre disse na missa de domingo.
Tudo em nome da aparência...
Mudou alguma coisa dos anos setenta pra cá? O tabu é o mesmo e o pavor aparente é ululante. Ando pensando que qualquer dia desses as tais donas de casa organizarão outra passeata como a de sessenta e quatro em nome da moralidade.
Tudo isso porque vivemos numa terra atrasada e acorrentada a conceitos de dois séculos atrás. A mesma liberdade de expressão que se cobra tanto por aí deveria servir para assuntos mais abrangentes. Conservadorismo emperra e acaba enferrujando.
Então, é normal que certas conversas chamadas de apimentadas sejam relegadas a assuntos secretos entre rodas de amigos e amigas. Os bares e botecos são testemunhas de furores reprimidos e papos animados de pessoas em busca de uma vida sexual mais abrangente.
Pra que vocês que me dão a honra de ler as minhas linhas tenham um exemplo nítido do conservadorismo, basta atentar para o que está estampado quando você digita o endereço deste blog. Vale perder um tempinho e ler o que o Google diz com a propriedade de um sensor, pois ele tirando o rabo da reta afirma que pessoas anônimas os contataram e denunciaram o blog como conteúdo impróprio.
O remédio está na mudança. Pois assim que meu escudeiro terminar de elaborar um novo template e uma fórmula de preservar o que há quase quatro anos está aqui postado o Wordpress me espera, com domínio e tudo. Porque eu cago um quilo exato pra o que esse provedor diz a meu respeito e como qualquer cidadão tenho minha opção de escolha.
De duas coisas não morro: de medo ou de parto. Portanto, se coloco minha cara no perfil e assino e assumo tudo que escrevo em nome da minha própria moral acho que cumpro o papel para o qual os blogs servem como canais: opinião.
Tenho família da mesma forma que os moralistas de plantão também têm. Meu conceito de moral talvez seja igual ou mais elevado do que os de idiotas travestidos de representantes da sociedade imaculada. Portanto, o que deve ser dito eu digo e aceito opiniões contrarias sem moderar comentários, como pede o espírito democrático.
Não passa por minha cabeça escrever tudo isso na ânsia de mudar a opinião alheia e trazer todo mundo pra roda e falar abertamente de sexo e fetiches. Respeito os motivos de cada um, desde que respeitem os meus por optar pela forma direta de me expressar e ser autêntico.
O anonimato é necessário para alguns, mas não impede que mesmo de forma apócrifa as opiniões sejam convergentes.
Talvez isso explique o sucesso de produções brasileiras fetichistas alcançarem êxito fora das nossas fronteiras. Quem sabe esses anos de atraso e mentalidades retrógadas nos tragam um futuro mais sólido em que fatos tão comuns sejam tratados com relevância?

Volto ao caso das pornochanchadas dos anos setenta: por que hoje elas se tornaram Cult quando na época de seu esplendor foram tratadas como lixo pela sociedade?
Por que os intelectuais e críticos afirmavam que debaixo de regras rígidas de um governo de exceção elas eram a saída para anular filmes com cunho político-social e hoje novos apreciadores da sétima arte conseguem enxergar a arte entre cenas de sexo?
A resposta deve estar na consciência de cada um.
Ontem, hoje e amanhã.

2 comentários:

vh carioca disse...

Antes de tudo, gostaria de saber qual o critério que essas pessoas usam para dizer que um blogger é impróprio.

Fico estarrecido que em pleno século 21 ainda tem gente que não conhece a liberdade de expressão.

Também fico impressionado com a falta do devido processo legal e da ampla defesa, direitos garantidos em nossa costituição, visto que pessoas anônimas julgam que o blogger é impróprio e a empresa já condena o blogger.

Acho uma covardia o julgamento secreto.Isto é coisa de regime de exceção.

É por isso que o País continuará sendo o País do futuro e nunca do presente.

Amigo, não posso negar que invejo a sua coragem de se mostrar. Espero um dia ter condições de fazer o mesmo.

Grande abraço

VH Carioca

ACM disse...

Grande VH

Parceiro, você é uma daquelas pessoas que faz a diferença no anonimato.

Tua luta vem de longe e só não reconhece quem não se interessa pelo assunto.

Concordo que é hora de fazer com que o que pensamos seja pelo menos respeitado.

Abraço!