Claro que a regra diz que há duas formas de lidar com o
fetiche.
Na prática, pura e simples, ou se envolver com ele de vez
com sentimento, CPF e identidade. Parece simples, mas às vezes o raciocínio complica.
Porque é fato que existem envolvimentos e envolvimentos.
Tudo se difere por detalhes. A fantasia é o alvo, ainda que seja simplista, e quem
atua como coadjuvante tem seu papel.
É bem verdade que tudo quando é bem costurado tem mais
chances de ser bem sucedido. Basta apresentar os planos e seguir o traçado.
Você está dentro da fantasia e conhece os riscos, porque foram devidamente
calculados.
Desassociar sexo de envolvimento é complicadíssimo quando
o que está em jogo é um sentimento raro, uma fantasia, um fetiche. Aqueles que
conseguem tal façanha são tão raros quanto anões negros. Lógico que há casos
extraconjugais, mas isso é papo pra outra conversa.
Ainda assim o cinto aperta.
A lógica começa lá atrás. O fetichista ao longo da vida
sofre um processo solitário de exclusão social. Pois é, não pensem que é fácil ser
diferente, ter gostos raros e andar no meio de quem numa simples conversa os
renega. Ouvir críticas de pessoas próximas ao que é importante pra qualquer um
é extremamente ingrato. E pra piorar, o enxovalho diz respeito a algo que se
guarda em segredo.
O fetichista nato, de berço, recebe porradas de todos os
lados. Fica de pé porque não se confessa a qualquer pessoa. Prefere o
isolamento pessoal à própria exclusão. A única saída está na busca e no
esperado encontro. E a tão esperada luz no fim do túnel cria um elo forte entre
a razão e a emoção. E isso se chama sentimento.
Unir as duas pontas é tão complicado quanto andar na
água. Existem casos solitários em que esse negócio dá certo, porque normalmente
alguns fatores inexpugnáveis atravessam esse caminho. Por mais que o fetichista
tenha atração pela poligamia ele vai avaliar os riscos de perder o que foi tão difícil
conseguir.
A tal busca da cena perfeita se encerra. Cabe ao
fetichista depositar suas fichas onde foi acolhido. Hora de desfazer as malas e
ter a certeza que a viagem chegou ao fim.
Claro que nada é tão simples como possa parecer. O
fetichismo através de algumas práticas abre espaço para relações de todos os
tipos, as mais esquisitas aos olhos de pessoas que não costumam ter contato
estreito com esse universo. É um fato comum encontrar sadomasoquistas que
aceitam a pluralidade de parceiros de forma natural. A tal cadeia que se
costuma chamar de irmãs de coleira ou submissos de ocasião corrobora com esse
processo.
Nesse caso, o tal plano de conduta dito aqui é
fundamental, o que não isenta qualquer praticante de sucumbir diante do
sentimento e mudar de postura.
Em casos como o bondagismo e outros fetiches,
principalmente os bizarros, a monogamia é mais latente. Por mais que seja um
desejo talhado no tempo, o bondagista sabe que não terá a diversidade das
chamadas bondagettes que ele assiste nos filmes.
Eu tenho uma posição bem simples quanto a isso: creio que
quando há total cumplicidade na relação o fetichista fecha a conta. Mas isso é
o que eu penso o que não significa uma sentença transitada injulgado. E penso
dessa forma porque aposto na teoria dos detalhes.
A simplicidade da fantasia depende da realização plena
dos pequenos detalhes que compõe um todo. Isso intensifica o envolvimento de
tal forma e cria uma relação solida o suficiente pra decretar o encarceramento
definitivo da procura.
Quando não há a entrega plena e total sem segredos ou
desejos escondidos por medo ou timidez, a relação tende a ficar a deriva,
provocando a inevitável volta ao começo do caminho.
Mas, como dizia o poeta, tudo na vida depende de fatores
que juntos comandam dois corações. Por isso, é bom ficar atento às intempéries da
vida e botar as barbas de molho pra segurar o que foi conquistado.
Se o lance é não abdicar de unir sentimento e fantasia
dar valor a relação é fechar com o certo.
Um comentário:
Concordo contigo. Mas vou postar o que penso no nosso grupo secreto.hehehe
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