É incrível como o ser humano tem a douta capacidade de
inventar personagens.
E isso não se limita a aventuras e fantasias sexuais. Há
pessoas que criam seres imaginários e através de vidas inventadas conseguem
admitir a existência de duas vidas em paralelo.
Mas criar personagens no universo fetichista é bem legal.
Desde que a idéia não seja obsessiva e a questão surja bem trabalhada. É bom
deixar isso claro por conta de alguns detalhes. Porque há pessoas que se cercam
de grupos e criam perfis destrutivos com intuitos dos mais imbecis que se pode
supor. Alardeiam intrigas, inventam fatos em busca de discussão e apostam em
atitudes infames pra simplesmente chamar a atenção. Seria um caso médico,
toque, escrizofenia, sei lá.
Mas vamos virar a página pra esse tipo de personagem e
falar de coisas mais interessantes.
Difícil não é criar esse personagem dentro de um mundo de
fantasias. É como um teatro, uma peça em que você escreve, dirige e atua.
Aposta no desejo e traça o perfil do personagem de acordo com sua própria vontade.
As características são estabelecidas com seu critério, com senso critico e você
procura uma forma de inserir esse personagem dentro de um contexto onde
inexistam formas de rejeição a quem você acaba de dar vida.
Pois bem, você agora faz parte de um circulo que antes
era fechado, mas que lhe abre as portas. Porém, com o passar do tempo você
ouve, vê e estuda outros elementos de personagens distintos que já transitam ao
seu redor.
O mundo não se resume mais a você e seu personagem. É
necessária a convivência porque você com o tempo saiu do mundo virtual e
emprestou seu rosto a quem antes era apenas um avatar solitário numa pagina de
internet.
E vida que segue...
Mas quando você pensa que está tudo cem por cento
descobre que precisa rever alguns conceitos e necessariamente seu personagem
carece de ajustes. E não são pequenas arestas a serem aparadas, porque a sua permanência
no universo em que habita exige uma desconstrução do personagem por conta de um
novo papel que ele precisa representar.
Você se sente inseguro e precisa de apoio.
Entretanto, se seu começo foi linear e autêntico você pode
começar a ousar. Porque admitir mudanças não significa demérito ou compõe um
rosário de culpas. O fetichismo permite descobertas, das mais tolas as mais significativas,
e desde que você saiba lidar com tudo isso nada é motivo de desespero, afinal,
lembre-se sempre que por mais lúdico que pareça seu personagem depende única e
exclusivamente de você.
Não haverá revanchismo capaz de te tirar o sono uma vez
que exista cumplicidade total entre o que você quer e o que te move. Afinal de
contas personagens representam, nesse caso, o desejo explícito, escancarado e
que deve ser um retrato daquilo que você desenha pra ele.
No entanto, se você pecou ao esconder suas fantasias
quando criou seu personagem haverá problemas com essa mudança quando se fizer
efetiva. Tudo é tolerável, menos a mentira, por mais sincera que seja a
retratação.
Em resumo, ninguém cria um personagem pra viver só. Há o
claro intuito de procurar a parceria que possa justificar a existência dos
planos que foram traçados quando você escolheu o caminho. Portanto, nesse
momento de desconstrução e a conseqüente reconstrução das hipóteses nada escapará
ao crivo dos que junto com você criaram as regras do lugar onde você depositou
seus sonhos.
Passando a limpo, essa história lhe cabe meu brother e amigo
de longa data. Jamais admita que existe um senso de revanche de um símbolo que você
mesmo construiu lá atrás. Ele é seu espelho e somente você pode daqui por
diante abrir caminho para que ele possa de novo aparecer nos lugares aonde seus
planos foram coerentes e corretos.
Mudar é preciso quando há a elegância de admitir que o
que foi escrito já não faz mais parte de suas idéias e você tem um capitulo
novo a escrever de uma história que só pertence a você.
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