quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Revanche do Personagem


É incrível como o ser humano tem a douta capacidade de inventar personagens.
E isso não se limita a aventuras e fantasias sexuais. Há pessoas que criam seres imaginários e através de vidas inventadas conseguem admitir a existência de duas vidas em paralelo.
Mas criar personagens no universo fetichista é bem legal. Desde que a idéia não seja obsessiva e a questão surja bem trabalhada. É bom deixar isso claro por conta de alguns detalhes. Porque há pessoas que se cercam de grupos e criam perfis destrutivos com intuitos dos mais imbecis que se pode supor. Alardeiam intrigas, inventam fatos em busca de discussão e apostam em atitudes infames pra simplesmente chamar a atenção. Seria um caso médico, toque, escrizofenia, sei lá.
Mas vamos virar a página pra esse tipo de personagem e falar de coisas mais interessantes.
Difícil não é criar esse personagem dentro de um mundo de fantasias. É como um teatro, uma peça em que você escreve, dirige e atua. Aposta no desejo e traça o perfil do personagem de acordo com sua própria vontade. As características são estabelecidas com seu critério, com senso critico e você procura uma forma de inserir esse personagem dentro de um contexto onde inexistam formas de rejeição a quem você acaba de dar vida.
Pois bem, você agora faz parte de um circulo que antes era fechado, mas que lhe abre as portas. Porém, com o passar do tempo você ouve, vê e estuda outros elementos de personagens distintos que já transitam ao seu redor.
O mundo não se resume mais a você e seu personagem. É necessária a convivência porque você com o tempo saiu do mundo virtual e emprestou seu rosto a quem antes era apenas um avatar solitário numa pagina de internet.
E vida que segue...
Mas quando você pensa que está tudo cem por cento descobre que precisa rever alguns conceitos e necessariamente seu personagem carece de ajustes. E não são pequenas arestas a serem aparadas, porque a sua permanência no universo em que habita exige uma desconstrução do personagem por conta de um novo papel que ele precisa representar.
Você se sente inseguro e precisa de apoio.
Entretanto, se seu começo foi linear e autêntico você pode começar a ousar. Porque admitir mudanças não significa demérito ou compõe um rosário de culpas. O fetichismo permite descobertas, das mais tolas as mais significativas, e desde que você saiba lidar com tudo isso nada é motivo de desespero, afinal, lembre-se sempre que por mais lúdico que pareça seu personagem depende única e exclusivamente de você.
Não haverá revanchismo capaz de te tirar o sono uma vez que exista cumplicidade total entre o que você quer e o que te move. Afinal de contas personagens representam, nesse caso, o desejo explícito, escancarado e que deve ser um retrato daquilo que você desenha pra ele.
No entanto, se você pecou ao esconder suas fantasias quando criou seu personagem haverá problemas com essa mudança quando se fizer efetiva. Tudo é tolerável, menos a mentira, por mais sincera que seja a retratação.
Em resumo, ninguém cria um personagem pra viver só. Há o claro intuito de procurar a parceria que possa justificar a existência dos planos que foram traçados quando você escolheu o caminho. Portanto, nesse momento de desconstrução e a conseqüente reconstrução das hipóteses nada escapará ao crivo dos que junto com você criaram as regras do lugar onde você depositou seus sonhos.

Passando a limpo, essa história lhe cabe meu brother e amigo de longa data. Jamais admita que existe um senso de revanche de um símbolo que você mesmo construiu lá atrás. Ele é seu espelho e somente você pode daqui por diante abrir caminho para que ele possa de novo aparecer nos lugares aonde seus planos foram coerentes e corretos.
Mudar é preciso quando há a elegância de admitir que o que foi escrito já não faz mais parte de suas idéias e você tem um capitulo novo a escrever de uma história que só pertence a você.

Nenhum comentário: