sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sem consenso


Ele quando chegou jogou limpo. Trouxe o fetiche na bagagem e colocou em discussão.
Gastou o tempo necessário pra convencer uma então mulher baunilha a entrar na dança.
Ela a princípio achou tudo muito esquisito.
Claro que ninguém está imune a tentar uma fantasia aqui e outra ali quando tem intenção de sair da monotonia, inventar dias de glória, de amor intenso e entrega mútua. Mas topar com um parceiro que trazia isso na mente sempre que pensavam em ter relações era uma grande novidade.
Pensou em relatar as amigas mais próximas, mas a vergonha impediu. Ora, se o fetichista às vezes tem vergonha de suas próprias necessidades, imagina quem está no mesmo barco por um mero acaso? Daí resolveu tentar e levou a relação adiante.
E o sujeito era daqueles fetichistas de várias histórias. Switcher por definição e vocação, fazia visitas freqüentes aos sex shops e trazia muitas coisas pra dentro de casa que dividiam. O comando mudava de mão a cada nova transa e ela via surgir fantasias diferentes e às vezes ficava confusa com tanta orientação que ele fazia questão de passar.
Vez por outra ela fazia perguntas sobre coisas que ficavam fora do que tentavam e ele sempre aparecia com a cartilha do consenso, afirmando que tudo devia ser previamente acertado como manda a regra. E assim ela aceitava na boa.
Certo dia ele pirou com uma fantasia nova e falou em vê-la transando com outro.
O resultado da proposta foi o pior possível e custou uma semana de cara feia. Mas ele não desistiu e seguiu com a tentativa toda vez que rolava o papo intimo até chegar aos detalhes.
A pegou com uma ponta de interesse e começou a escrever o roteiro.
Falou em humilhação como uma forma de explicar o tal fetiche.
Ela entendeu em partes e depois de inúmeras tentativas partiram para realizar a sonhada fantasia. Através da internet ele conseguiu o tal parceiro, um podólatra. Havia estreitado a amizade com o cidadão e marcou dia e local.
Partiram para um motel dos melhores levando na mala tudo que ao longo do tempo juntaram nas idas aos sex shops. Ao coadjuvante caberia a podolatria de forma livre e o sexo da forma que ela desejasse. Mas a humilhação pretendida por ele não saia da cabeça dela...
E sua mulher não o quis livre na cena. Usou as algemas e o prendeu próximo a cama. Escapou do roteiro e tomou as rédeas o deixando atônito.
Bebeu um pouco e se sentiu mais solta pra viver tudo de forma bem real e prazerosa.
Abusou das palavras obscenas. Usou seu charme e todo o sex appeal que aprendeu nos filmes onde a mulher era a imagem da sedução. Deu ordens ao podólatra, o fez lamber seu salto e encarnou a dominatrix que ele tanto queria.

Humilhou o parceiro imobilizado com palavras, gestos e atitudes. Seguiu tudo que aprendeu durante os papos madrugada adentro. Se sentiu poderosa e fatal. Transou e gozou como nunca enquanto ele nem podia se masturbar como haviam combinado.
Fez o marido implorar por uma repetição e poder se tocar. Ofereceu uma troca. Queria a todo custo praticar um fio terra que ele tanto renegava. Deixou o sujeito sem saída e ele não tinha escolha. Era pegar ou largar.
Porém, em determinado momento ela decidiu rasgar a cartilha e deixar de ser politicamente correta. Arrancou-lhe as cuecas que ainda mantinha, meteu entre seus dentes e ouviu um urro abafado quando impiedosamente o sodomizou a força.
Cumpriu a promessa e se deitou com o podólatra para uma segunda vez e o viu explodir ejaculando como um louco. Juntaram tudo, curaram o porre tomando uma sopa num lugar qualquer e voltaram pra casa felizes, mesmo tendo praticado o fetiche sem consenso.

Um bom final de semana a todos!

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