quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sobre Fetiche e Sentimento


Claro que a regra diz que há duas formas de lidar com o fetiche.
Na prática, pura e simples, ou se envolver com ele de vez com sentimento, CPF e identidade. Parece simples, mas às vezes o raciocínio complica.
Porque é fato que existem envolvimentos e envolvimentos. Tudo se difere por detalhes. A fantasia é o alvo, ainda que seja simplista, e quem atua como coadjuvante tem seu papel.
É bem verdade que tudo quando é bem costurado tem mais chances de ser bem sucedido. Basta apresentar os planos e seguir o traçado. Você está dentro da fantasia e conhece os riscos, porque foram devidamente calculados.
Desassociar sexo de envolvimento é complicadíssimo quando o que está em jogo é um sentimento raro, uma fantasia, um fetiche. Aqueles que conseguem tal façanha são tão raros quanto anões negros. Lógico que há casos extraconjugais, mas isso é papo pra outra conversa.
Ainda assim o cinto aperta.
A lógica começa lá atrás. O fetichista ao longo da vida sofre um processo solitário de exclusão social. Pois é, não pensem que é fácil ser diferente, ter gostos raros e andar no meio de quem numa simples conversa os renega. Ouvir críticas de pessoas próximas ao que é importante pra qualquer um é extremamente ingrato. E pra piorar, o enxovalho diz respeito a algo que se guarda em segredo.
O fetichista nato, de berço, recebe porradas de todos os lados. Fica de pé porque não se confessa a qualquer pessoa. Prefere o isolamento pessoal à própria exclusão. A única saída está na busca e no esperado encontro. E a tão esperada luz no fim do túnel cria um elo forte entre a razão e a emoção. E isso se chama sentimento.
Unir as duas pontas é tão complicado quanto andar na água. Existem casos solitários em que esse negócio dá certo, porque normalmente alguns fatores inexpugnáveis atravessam esse caminho. Por mais que o fetichista tenha atração pela poligamia ele vai avaliar os riscos de perder o que foi tão difícil conseguir.
A tal busca da cena perfeita se encerra. Cabe ao fetichista depositar suas fichas onde foi acolhido. Hora de desfazer as malas e ter a certeza que a viagem chegou ao fim.
Claro que nada é tão simples como possa parecer. O fetichismo através de algumas práticas abre espaço para relações de todos os tipos, as mais esquisitas aos olhos de pessoas que não costumam ter contato estreito com esse universo. É um fato comum encontrar sadomasoquistas que aceitam a pluralidade de parceiros de forma natural. A tal cadeia que se costuma chamar de irmãs de coleira ou submissos de ocasião corrobora com esse processo.  
Nesse caso, o tal plano de conduta dito aqui é fundamental, o que não isenta qualquer praticante de sucumbir diante do sentimento e mudar de postura.
Em casos como o bondagismo e outros fetiches, principalmente os bizarros, a monogamia é mais latente. Por mais que seja um desejo talhado no tempo, o bondagista sabe que não terá a diversidade das chamadas bondagettes que ele assiste nos filmes.

Eu tenho uma posição bem simples quanto a isso: creio que quando há total cumplicidade na relação o fetichista fecha a conta. Mas isso é o que eu penso o que não significa uma sentença transitada injulgado. E penso dessa forma porque aposto na teoria dos detalhes.
A simplicidade da fantasia depende da realização plena dos pequenos detalhes que compõe um todo. Isso intensifica o envolvimento de tal forma e cria uma relação solida o suficiente pra decretar o encarceramento definitivo da procura.


Quando não há a entrega plena e total sem segredos ou desejos escondidos por medo ou timidez, a relação tende a ficar a deriva, provocando a inevitável volta ao começo do caminho.
Mas, como dizia o poeta, tudo na vida depende de fatores que juntos comandam dois corações. Por isso, é bom ficar atento às intempéries da vida e botar as barbas de molho pra segurar o que foi conquistado.
Se o lance é não abdicar de unir sentimento e fantasia dar valor a relação é fechar com o certo.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo contigo. Mas vou postar o que penso no nosso grupo secreto.hehehe