quinta-feira, 22 de março de 2012

Abstinência Fetichista


Chega a bater um leve desespero…
Dá tremedeira, comichão e outros bichos. Porque ficar muito tempo sem dar de cara pra fantasia preferida é como caminhar no deserto sem uma garrafa d’água. Exagero?
Nada disso, só quem sente é quem diz.
Conheço bondagista que chega a amarrar a si próprio em busca das emoções que andam em falta. De dar dó mesmo... Nunca soube de casos de sádicos que se espancam porque seria o fim dos tempos, mas que existem masocas se maltratando na encolha sem abrir o bico é fato.
Um parceirão louco por pés pedia sempre um sapato usado a namorada. Não fazia coleção, mas na falta, ele metia o nariz lá dentro e aplacava seu desejo.
Na verdade, a abstinência fetichista cumpre etapas. Porque às vezes o próprio é o responsável pelo afastamento. Basta começar a surtar com reciclagem, com a busca da parceria perfeita e o tempo passa sem pressa, mas depois o bicho pega. E quando isso ocorre se instala o terror.
Então surgem fatos constrangedores. Os marmanjos pagam um mico bem maior e a polução noturna é inevitável. Para as moças, basta lavar as roupas íntimas, mas os brothers gastam uma grana preta com lavanderia porque os lençóis viram alvo da fúria fetichista retraída.
E os efeitos não cessam nessas transas desconexas durante os sonhos.
Já vi mulher subindo pelas paredes com as unhas, dando patada em tudo e em todos porque anda distante daquilo que ela mais gosta. Se para umas pessoas sem um pezinho do lado de cá da trincheira é complicado, imaginem pra quem a fantasia é um êxtase em dobro?
Como diz o jargão: “as mina pira véi!”
E como piram. Tentar um “approach” junto a uma dominadora sem parceiro é como colocar a cabeça na boca de um leão no zoológico. E as submissas? Assumem sua própria abstinência e chegam a postar em seus espaços em letras garrafais todo seu descontentamento.
Vocês poderiam dizer que não é bem assim. Que basta abrir o berreiro e logo pinta algo novo pra consolar as moças. Porém, nem tudo que agrada Chico também agrada Francisco e o que elas querem passa longe de colocar um anuncio de classificado implorando por umas chibatadas. Na verdade, elas anseiam por um serviço completo, algo que elas possam se entregar e se sentir plenas.
Fetichismo não é sinônimo de vadiagem, pelo menos pra alguns...
Resolver a abstinência fetichista pra alguns homens não é tão complicado. Existem as moças de vida horizontal, as meninas de aluguel que uma vez cadastradas topam algumas cenas mais calmas. Mas o sujeito não admite pagar pelo sexo e muito menos pelo fetiche. Então só mesmo realizando a fantasia com uma boneca inflável ou um manequim de loja.
É lógico que o sexo de aluguel serve pra ambos os sexos. Afinal, também existem os go-go boys que topariam suprir as carências das moças. Entretanto, o grau de exigência das madames é um pouco mais acentuado que o dos homens, e isso, acaba por criar um hiato importante entre a vontade e a realização.
De fato, falar em abstinência fetichista é como enxugar gelo. O praticante pode colocar de lado, está acostumado com isso, uma vez que em noventa por cento dos casos a vida nunca foi um mar de rosas. Porém, depois de provar da fruta esquecer o sabor é muito mais difícil.

Masturbação não resolve, é paliativo.
Deixa em falta o fator pele, o olho no olho e o cigarro depois da cena não tem o mesmo sabor.
O jeito é batalhar e cortar um dobrado pra sair da crise antes que ela tome proporções gigantescas e cause danos ao patrimônio e leve o fetichista a terrível desistência.
Pra passar o tempo, basta relembrar o quanto foi difícil chegar até o entendimento de si mesmo e, com isso, o oxigênio torna-se mais puro e o tempo não vai causar a ferrugem que você tanto teme.


Depois, quando o sol voltar a brilhar, pense no quanto patético você foi ao deixar escapar o que tinha de melhor nas mãos.

4 comentários:

ternura disse...

ahhh BDSM na veia...amo muito tudo isso...

sim eu sofro de crises de absitinencias fetichistas constantes. sinto falta das práticas...afff.....se sinto.....

ao contrário do que deveria ser, o universo fetichista do qual fazemos parte é repleto de julgamentos e preconceitos....sem contar as duras criticas que recebo constantemente por tbm querer uma coleira, alguns habitantes desse minúsculo planeta de fantasias, acredita piamente que submissa sem coleira, não pode fazer parte de 'seus' padrões.....simmm lamentável.......#desabafonoblogalheio.....

Voltando ao post.....

como já fui muito criticada por exteriorizar esse sentimento no blog, agora o deixei de fazer e prefiro as letras garrafais impressas na frase do msn para manisfestar meus sentimentos...aha..simmmm....eu não consigo deixar de botar a 'boca no trombone'.

Agora já que sonnhar ainda eu posso, vou me esbaldar meio relembrando meio sonhando com os sintomas sentidos durante a realização de deliciosas práticas (prendedores, velas, cordas, spanking, tarefas, castigos).....ai meus sais....

meu querido escritor, mesmo estando em sua morada, peço licença e já tomando um generoso espaço em postagem alheia, pegando carona na música interpretada por Leo Maia venha comigo e se entregue ao poder das entrelinhas.....sinta as vibrações que seu corpo poderá emanar.......*pisc

"Os sinos vão tocar
Os pés vão flutuar
A boca vai secar
A terra há de tremer"

Apenas uma pequena e importantíssima informação, para que eu me desmanche em prazeres ao vivenciar essas fervorosas emoções, eu não abro mão de estar dentro de uma legitima D/s, aquela mesma, que um Manda outro obedece, com muito amor, muita dedicação, muitas tarefinhas, muitas ordens e, de minha parte, muita manha e muita melação...rsss, por meio de um consenso....aqui nada de patético, pois são apenas sintonias nos quereres.....*pisc²

bjs (ainda) privados

ACM disse...

ternurinha, adorei muito seu comentário/artigo...rs

Como sempre, falou tudo

E sem retoques ou truques baratos e insensatos sou claro ao afirmar que pensei muito em você quando escrevi o artigo. Sério! Lógico que a idéia partiu das letras garrafais em seu msn, mas seria totalmente patético em não afirmar que até seus exageros me encantam.

E isso não é novo...rs
A boca no trombone é sempre bem vinda e quanto a caras e bocas e muxoxos sem nexo, eu, pelo menos, evacuo um quilo exato, sem menos uma grama.

Me lixo pra quem fale em separatismo ou quebra de regras, porque a regra maior do BDSM é ser feliz...

Valeu tudo que disse, escreveu e o que pensou também.

Beijos Privados e Lúdicos
ACM

princess kitty disse...

Oi Querido!!!

AMEI o post, e o artigo maravilhoso da ternura que complentou MUITO bem, tbm sofro disso rsrs

Nada mais a acrescentar só a aplaudir os textos!!!

Miaubeijos repletos de carinho=^.^=

ACM disse...

Princess Kitty

E quem não tem ou nunca teve?

Beijos, bom te ver, sempre