Retribuir nem sempre significa um ato bacana. Às vezes a retribuição
tem duplo sentido.
Daí hoje eu li algo assim: “ACM, sabe aquela posição que você
colocou a tua modelo? Quero você igualzinho pra mim”.
Muitos esfregariam as mãos em sinal de total aprovação,
claro, uma dominadora de tirar o chapéu mandando uma dessa é sinal que algo de
bom paira no ar, mas nesse caso, eu tenho minhas crença e convicção definida
porque conheço a moça e já fiz dois exames de próstata para saber como essas
coisas funcionam.
Tá legal – soa hilário isso, mas não é a primeira vez e tão
pouco será a ultima que uma mulher mandará um tipo de recado desses. Porque
vira e mexe tem alguém me mandando uma que nem sempre tem o mesmo tom da
dominatrix citada. Simplesmente porque minha amiga conhece o assunto enquanto
outras fazem viagens desgovernadas. E pasmem, porque já levei muito esporro de
mulheres por estar exibindo garotas em poses “inferiores”.
Vá lá que eu admita que tem gente que confunde mesmo. E
se embaralha tanto que nem consegue alcançar o âmago da questão. Ainda que se
tratasse de fotografias com caráter de submissão sexual, isso nada tem a ver
com submissão social, complexo de inferioridade e outros elementos que
componham esse quesito. E as fotos de bondage onde a mocinha aparece em perigo
têm a ousadia de apresentar um fetiche que se chama “damsels in distress”, ou
em bom português, donzelas em perigo.
Então, se a modelo está em perigo ela não está mostrando submissão
alguma. E ainda que estivesse à submissão sexual é uma fantasia que nada tem a
ver com inferioridade ou qualquer outra comparação esdrúxula.
Mas eu prefiro voltar ao que minha amiga me disse hoje.
Melhor deixar de lado a opinião de pessoas que não se interessam em saber do
assunto e saem vociferando asneiras.
Admito que toda fantasia precede de uma escolha, fato
normal. A entrega deve se dar pela via do prazer, jamais por qualquer outro
fator. Se fosse do meu interesse assumir o papel que ela propõe na fantasia
tenho certeza que ela saberia como conduzir.
E assim todos devem proceder.
Qualquer fantasia sexual tem um grau de risco. Até uma
simples brincadeira de bondage que parece inocente pode trazer danos. É preciso
saber como se faz e acima de tudo respeitar os limites do parceiro. E quando
essa química funciona não há quem derrube.
O fundamental de quem tem desejo de praticar fantasias
sexuais com a freqüência necessária para se transformar num fetiche, é atentar
para algumas regras elementares como a negociação certa na hora de escolher a
fantasia. Mudar a cabeça de quem tem um desejo tão latente e essencial é
complicado. Não diria impossível, principalmente para as pessoas que passeiam
pelas avenidas do planeta fetiche. Existem casos de rompimento de desejos, mas são
tão raros quanto políticos honestos e bem intencionados.
Admirar alguém pela conduta, beleza, simpatia e outros
aspectos é normal. Eu sou fã de carteirinha das amigas que tenho com acento
dominante, no entanto, não tenho desejos sequer escondidos de estar ajoelhado
diante delas, da mesma forma que algumas se ligam na simetria dos meus nós, mas
não se submeteriam ser imobilizadas por mim.
Há a recíproca, mas não há a retribuição fetichista.
A reciprocidade existe quando dentro do fetichista mora um
desejo chamado “switcher”.
E quando isso acontece basta jogar a moeda pro alto pra
saber quem comanda a cena.
Dito isso, posso até dar umas aulas pra essa pessoa
maravilhosa a quem me referi na matéria de hoje e por tabela me inspirou a
escrever essas linhas. Mas, além disso, o bicho pega...
A gente não deve cuspir pro alto e tão pouco dizer que
jamais faria certas coisas, mas nesse instante meu instinto e faro bondagista não
me fazem um bondageiro...
Beijo pra você!
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