segunda-feira, 21 de maio de 2012

Puristas


Quando a fantasia entra com força nas atividades sexuais das pessoas é comum elas apresentarem determinado fetiche. Por isso, certas preferências não têm conexão com comportamento social ou afins. O papo é fantasia.
E dentro desse quesito existem aqueles abertos a negociar tendências, ampliar seus horizontes visando um melhor desempenho, e há os que são intransigentes quando se posicionam quanto a viver aventuras em suas experiências sexuais. Os chamados fetichistas puros, sem mistura, que se opõem a sair de seus conceitos são os chamados puristas.
Não há demérito ou mérito nessa escolha porque é apenas uma opção.
O sujeito cria sua fantasia, nasce predisposto a viver tipos de aventuras sexuais diferenciadas e não abre mão de suas convicções, ou pode, por outro lado, aderir a idéias que ao longo da vivencia fetichista podem ser simpáticas ao seu desenvolvimento.
Os exemplos são fáceis e fartos.
Vira e mexe alguém topa com um blog de uma submissa e lê em algum perfil ou em textos uma frase quase comum onde ela se apregoa submissa de alma. O que seria isso? Na verdade o conceito tem um aspecto único e fundamental: ela não aceita negociar em outras bases fetichistas de nenhuma forma. Tem a submissão sexual latente e se propaga em cada experiência que ela vivencia ao longo de sua caminhada. Ela não encontra a libido se não for na forma da submissão e na entrega que ela se dispõe a praticar com quem escolhe para possuí-la.
Aqui já não é apenas uma questão de conceito. Trata-se de um sentimento ímpar.
Conceitos puristas acontecem de outra forma.
Em bondagistas que de forma alguma aceitam cenas um pouco mais viris quando amarram uma mulher. Os aficionados pelo soft bondage dificilmente concordam em desferir um tapa na bunda da parceria ou um puxão de cabelos, ainda que esse seja um desejo dela quando se submete a uma fantasia dessa natureza. Esses bondagistas aceitam que ela faça movimentos tentando se desvencilhar das amarras, mas negam veementemente qualquer tentativa da chamada “pegada mais forte”, como as mulheres costumam nominar.
E conceitos puristas aparecerem em outras tendências de fantasias. O fetiche por pés, por exemplo, reúne correntes distintas cada vez que há uma necessidade de prática. Por se tratar de uma parte do corpo e ter por natureza contornos e aparências distintas, os pés quando funcionam como objeto de adoração na fantasia, costumam exercer um fascínio imenso nos adoradores e logo as preferências ficam evidentes. Há matérias aqui no blog enviadas por especialistas no fetiche que explicam melhor do que minhas poucas palavras.
No entanto, não é difícil existir adaptação quando a parceira não reúne as condições que o podólatra prega em seu manual fetichista. Não deixam de ser puristas quanto a utilização do objeto do desejo, principalmente quanto a aspectos que ele admite como essências. Pés limpos ou sujos em geral acentuam essas diferenças.
Esse é um debate que nunca termina. Não há certo ou errado, apenas a defesa de teses que acentuam a fantasia para o fetichista.

Poderia citar vários casos onde a pureza do fetiche tende a estar imutável ou mutante, mas isso levaria páginas e criaria um cemitério de palavras sepultadas por conceitos dos mais diversos. Porque o fetiche é individual demais para ter balizamento.
Resumindo, um congresso de sádicos expondo suas habilidades deveria ser o nirvana de mulheres masoquistas ávidas por experimentar seus prazeres. Entretanto, nem toda prática sádica atrai a masoquista e vice e versa. Há detalhes que proporcionam as diferenças, que podem ter conotação banal a quem não está acostumado a lidar com o tema, mas é de suma 

importância para quem faz da fantasia seu canal de prazer.
De todos os fetiches o que mais evidencia o purismo é o voyeurismo, porque ele sabe o que está do outro lado da porta quando se põe a observar.

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