Quando a fantasia entra com força nas atividades sexuais
das pessoas é comum elas apresentarem determinado fetiche. Por isso, certas preferências
não têm conexão com comportamento social ou afins. O papo é fantasia.
E dentro desse quesito existem aqueles abertos a negociar
tendências, ampliar seus horizontes visando um melhor desempenho, e há os que são
intransigentes quando se posicionam quanto a viver aventuras em suas experiências
sexuais. Os chamados fetichistas puros, sem mistura, que se opõem a sair de
seus conceitos são os chamados puristas.
Não há demérito ou mérito nessa escolha porque é apenas
uma opção.
O sujeito cria sua fantasia, nasce predisposto a viver
tipos de aventuras sexuais diferenciadas e não abre mão de suas convicções, ou
pode, por outro lado, aderir a idéias que ao longo da vivencia fetichista podem
ser simpáticas ao seu desenvolvimento.
Os exemplos são fáceis e fartos.
Vira e mexe alguém topa com um blog de uma submissa e lê
em algum perfil ou em textos uma frase quase comum onde ela se apregoa submissa
de alma. O que seria isso? Na verdade o conceito tem um aspecto único e
fundamental: ela não aceita negociar em outras bases fetichistas de nenhuma
forma. Tem a submissão sexual latente e se propaga em cada experiência que ela
vivencia ao longo de sua caminhada. Ela não encontra a libido se não for na
forma da submissão e na entrega que ela se dispõe a praticar com quem escolhe
para possuí-la.
Aqui já não é apenas uma questão de conceito. Trata-se de
um sentimento ímpar.
Conceitos puristas acontecem de outra forma.
Em bondagistas que de forma alguma aceitam cenas um pouco
mais viris quando amarram uma mulher. Os aficionados pelo soft bondage
dificilmente concordam em desferir um tapa na bunda da parceria ou um puxão de
cabelos, ainda que esse seja um desejo dela quando se submete a uma fantasia
dessa natureza. Esses bondagistas aceitam que ela faça movimentos tentando se
desvencilhar das amarras, mas negam veementemente qualquer tentativa da chamada
“pegada mais forte”, como as mulheres costumam nominar.
E conceitos puristas aparecerem em outras tendências de
fantasias. O fetiche por pés, por exemplo, reúne correntes distintas cada vez
que há uma necessidade de prática. Por se tratar de uma parte do corpo e ter
por natureza contornos e aparências distintas, os pés quando funcionam como
objeto de adoração na fantasia, costumam exercer um fascínio imenso nos
adoradores e logo as preferências ficam evidentes. Há matérias aqui no blog
enviadas por especialistas no fetiche que explicam melhor do que minhas poucas
palavras.
No entanto, não é difícil existir adaptação quando a
parceira não reúne as condições que o podólatra prega em seu manual fetichista.
Não deixam de ser puristas quanto a utilização do objeto do desejo, principalmente
quanto a aspectos que ele admite como essências. Pés limpos ou sujos em geral
acentuam essas diferenças.
Esse é um debate que nunca termina. Não há certo ou
errado, apenas a defesa de teses que acentuam a fantasia para o fetichista.
Poderia citar vários casos onde a pureza do fetiche tende
a estar imutável ou mutante, mas isso levaria páginas e criaria um cemitério de
palavras sepultadas por conceitos dos mais diversos. Porque o fetiche é
individual demais para ter balizamento.
Resumindo, um congresso de sádicos expondo suas
habilidades deveria ser o nirvana de mulheres masoquistas ávidas por
experimentar seus prazeres. Entretanto, nem toda prática sádica atrai a
masoquista e vice e versa. Há detalhes que proporcionam as diferenças, que
podem ter conotação banal a quem não está acostumado a lidar com o tema, mas é
de suma
importância para quem faz da fantasia seu canal de prazer.
De todos os fetiches o que mais evidencia o purismo é o
voyeurismo, porque ele sabe o que está do outro lado da porta quando se põe a
observar.
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