quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Warm Up


Existem histórias que qualquer um duvida e esta aqui não foge à regra.
Aconteceu no “consultório sentimental” de uma conhecida. A moça, um belo exemplar de Balzac na casa dos trinta e tal se dedica a lavorar na horizontal. Pescou? A moça faz programas para sobreviver.
Pois conta que um cidadão muito estranho deu para aparecer de tempos em tempos lotado de idéias fetichistas na cabeça. As fantasias que o sujeito trazia no bolso eram fruto de um repertório intenso, totalmente voltado para o lado da submissão. Com o tempo de intimidades com a “atendente” passou a contar com a simpatia da moça e de suas duas colegas de trabalho que passaram a ser a platéia exclusiva de seu exibicionismo.
Exigente, o freqüentador da casa de massagem exigia que os pés de sua parceira estivessem sujos. Limpeza e asseio não faziam parte de seu glossário fetichista e o valente submisso chegava a oferecer boas gorjetas para satisfazer seus desejos.
Intrigada e sem muito conhecimento de fetiches e taras, aquela mulher aos poucos conseguiu satisfazer o exigente freguês que se tornou habitue do prostíbulo sempre no último horário, e assim, sem ninguém por perto, tinha tudo ao seu inteiro dispor. Mas nada aquietava sua parceira preferida que não entendia um único, porém, crucial detalhe: o cara ficava cerca de uma hora na casa, gastava uma boa grana e se retirava sem ejacular.
Certo dia não se conteve e perguntou ao rapaz a razão pela qual ele saia de lá em plena crise de paudurescência. Ressabiado, o fetichista confessou que estava em plena tentativa de engravidar sua esposa e como não havia reciprocidade quanto ao fetiche dentro de casa, ele realizava sua fantasia por lá e se mandava pra casa no intuito de completar sua obra.
Ela jura que este caso é real, sem retoques.
E mais, porque aos poucos o sujeito foi confessando sua saga. Admitiu ser o que se chama na gíria de “borracha fraca”, disse que seu cunhado pegava literalmente em seu pé por não conseguir engravida sua irmã e chegou ao cúmulo de sugerir que ele pedisse ajuda aos universitários, como no programa de TV.
Cansado de tanta abobrinha no ouvido resolveu ir à luta e tentar do seu jeito.
A tática do aquecimento antes da transa tem algum sentido nessa história. Se chegasse ao final da sessão colocando o tesão pra fora teria obrigatoriamente que dar um repeteco quando estivesse com sua esposa, e aí, na falta absoluta do fetiche não teria, quem sabe, a mesma inspiração.
O ideal seria levar seu fetiche para dentro de seu casamento, mas isso é uma matéria complicada que muito se debate por aqui. Normalmente este tipo de diálogo não deve e não pode esperar o tempo passar. As coisas têm que ser esclarecidas bem no início pra não dar vazão a alguns fatores complicados de explicar.

A desconfiança é o primeiro obstáculo. Porque se a confissão dos desejos e fantasias constantes ocorre depois de certo tempo de relacionamento, a pessoa que ouve os argumentos a principio vai imaginar que durante o tempo em que passou em branco algumas aventuras aconteceram pelo caminho. Sem contar o fato de haver rejeição total quanto ao que for apresentado como proposta de sexo.
Neste caso, a separação é iminente e as pessoas prezam por preservar a relação ante qualquer infortúnio, por isso, mantém o fetiche no escuro.
Ela contou que o fetichista há muito tempo não dá as caras.
Imagina que ele deve ter cumprido sua missão e, finalmente, engravidado sua esposa. Por outro lado, a procura do cidadão deve seguir seu rumo e talvez ele ande visitando novos lugares em busca de novas fantasias.
Um dia ele reaparece e ela vai contar o final da história.

É esperar pra ler...

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Sr.ACM
Um fetichista quando encontra uma pessoa certa consegue realizar todas as suas fantasias sexuais sem qualquer pudor, sem precisar se esconder. Um fetichista não pode ter receio de trazer todas as suas taras para um relacionamento.
Gostei do seu texto.

Anônimo disse...

Caro Sr. ACM
Sei o quanto é complicado realizar as nossas fantasias e taras.
Mesmo sendo solteira só consigo realizar com homens casados pq eles não levam os seus fetiches para o casamento.

ACM disse...

Cara Anônima

Esse debate é intenso, tanto no que toca a levar o fetiche pra dentro da relação quanto a praticar fora do casamento.

Muita gente anda às voltas com isso, e via-de-regra, passa a ser a famosa válvula de escape.

Obrigado por comentar.
ACM