quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Vizinha


Ele tinha mania de chegar em casa e dar uma paquerada na janela da vizinha.
Mulher gostosa, de passar em frente à padaria da esquina e receber todos os “elogios” da galera da construção de um prédio prestes a ser entregue na rua ao lado.
Um dia ele acompanhou seus passos e a esperou chegar. Era verão. Apagou a luz de seu quarto e como bom voyeur ficou na espreita. Já tinha visto uma calcinha aqui, um peitinho ali, coisas básicas como ele mesmo afirma.
Mas aquela noite reservava uma surpresa. Ela colocou um DVD pra assistir, dava pra ver seus movimentos. Imaginou o que seria, ficou intrigado e suas pernas dobradas no sofá de short e camiseta era um convite. Pensou num filme pornô, num clássico, comédia, enfim, a cada cruzada de pernas idéias rolavam e a curiosidade fazia o bicho dar voltas dentro das calças.
É bom que se diga que a ansiedade do voyeur em ter a cena é o combustível necessário para a explosão final...
E o cara já se mexia e contorcia apoiado na própria imaginação. Até que o vento balançou a leve cortina e deu pra notar que a moça começava a colocar a mão por dentro do short.
Foi à deixa brother. O sujeito meteu o centroavante pra fora e partiu em busca do tão sonhado gol, ainda que nos acréscimos, sem mesmo enxergar com detalhes a meta adversária. Esperou tanto por aquilo que o mundo se resumia ao que naquele momento estava ao alcance dos seus olhos e nada mais.
Vai e vem de lá e vai e vem de cá. A coisa era frenética e pareciam em perfeita sintonia.
Seria ela, a moça, a gostosa, uma exibicionista? Estaria ela ciente de que alguém lhe observava em suas caricias íntimas? Pouco importava naquele instante quando tudo estava prestes a virar uma grande lambança – no bom sentido é claro.
Antes que ela chegasse ao ponto culminante o cidadão entregou os pontos e melou as calças.
Tentou se controlar ao máximo, mas a vontade era tanta e a espera tamanha que não deu. Jogou a toalha e aproveitou aqueles famosos segundos de glória.
Seguiu olhando, vidrado, e esperou que ela virasse a cabeça nas costas do sofá e se esticasse toda. Pena que não dava pra escutar...
Por um momento abandonou a cena e foi tomar um banho. Ajeitou tudo, passou um pano no chão e a mulher ainda estava lá atenta ao filme que rolava naquela TV. Ele ficou de butuca, seguiu sua linha e pensou até em repeteco. Seria possível?
Não deu. Ela apagou tudo, fechou a cortina e foi dormir.
Nunca tinha visto aquela mulher acompanhada, nem em casa e sequer na rua. A conhecia apenas de vista fora e dentro de seu apartamento. Um bom voyeur curte o fetiche assim.
Passado algum tempo precisou ir ao banco e deu de cara com ela no caixa da agencia. O cara gelou, perdeu o ar por alguns instantes, pagou a conta e praticamente fugiu.
“ACM, fiquei meio desgovernado quando ela se tornou real na minha frente. Para um voyeur ter a fonte de seus desejos personificada diante dos olhos, sem uma janela entre nós, é difícil, é como tirar a roupa em público. A sensação que se tem é que a pessoa observada sabe da sua existência e o que você faz diariamente quando ela chega do trabalho. Morri de vergonha de olhá-la nos olhos e ouvir sua voz.”

A fantasia continua. Ele segue observando aquela moça bonita quando se troca de janela aberta sempre com a impressão de que ela sabe que alguém está ligado em todos os seus movimentos. Pra ele a masturbação foi de propósito, mas jamais vai criar coragem pra tirar a prova dos nove. Prefere estar lá na janela por horas intermináveis esperando que ela chegue e tire cada peça de roupa como de costume.
Seria mais fácil para este voyeur dizer a que veio? Tentar conhecê-la pessoalmente e mais tarde abrir o jogo ou não?


Talvez, mas o fetiche simplesmente não teria mais sentido.

8 comentários:

Aninha Telles disse...

Poxa ACM...

Minha janela é indevassada - rsrsrsrs

Beijos da sua amiga carioca
Aninha

ACM disse...

É Aninha, os nossos amigos voyeurs de Botafogo vão ficar na mão...rs

Olha aí: tem festa dia 20 de Abril, a Delirium. Depois não reclama que faltou o convite hein?

Beijos
ACM :)

((dog pet))_PH disse...

amei o conto!!
tem certas fantasias, que se concretas perdem o tesão. melhor ficar observando...

;)

petbeijos...

ACM disse...

Pois é dogpet, o voyeurismo é assim!

Beijos
ACM :)

princess kitty disse...

Helloooo!!!

Hummm...acho que nesse caso o fetiche do voyeur é o mais importante. Se acontecesse o fetiche não teria mais razão de ser.

Nesse tipo de fetiche como descreveu o que vale para ele é a observação e ele se realiza dessa maneira.

Eu me considero uma voyeur e exibicionista light, mas pra mim o fetiche de observar e ser observada é só um modo de tornar minhas fantasias reais. No meu caso esse fetiche não é o mais forte, é só um complemento.

E pra viver o meu verdadeiro fetiche (que é o BDSM como um todo), eu tornaria real. O que não é o caso do que descreveu.Apenas divagações...rsrs

Miaubeijos querido =^.^=

ACM disse...

Pois é Princess Kitty, cada um enxerga o fetiche de acordo com uma ótica particular.

Esse lance de voyeurismo é complicado porque alguns praticantes preferem ficar na fantasia da observação do que se arriscar em coisas reais.

Dificil também é explicar à pessoa obervada o tempo decorrente antes do encontro em si.

Beijos
ACM :)

ternura disse...

Olá querido ACM, nossa será que tenho mais um fetiche?? Hummm sabe qual é?? pitacar no seu blog...afffffffff...deixa eu tratar de praticar essa delícia e me realizar enquanto fetichista...*pisc!!!

Falar com propriedade de causa sobre o voyeurismo, não conseguiria, pois eu preciso da realização da fantasia para sentir prazer.
No entanto acredito que tanto eu que preciso do real como o voyeur sentimos algo parecido, alguma coisa do tipo, no momento pontual aquilo toma conta das sensações e dos sentidos de uma maneira estonteante, as altas ondas de endorfina se esparramam pelo corpo dando a sensação, junto e misturada...rss, de euforia e bem-estar, culminando num delicioso prazer....nosssaaaa...delícia!!

Ahhh que diferença faz o jeito que apreciamos o fetiche, os dois são tão importantes qto, acho de verdade que o que vale é encontrar um jeito de praticar e curtir...*pisc

bjs realizados
ternura_ACM

ACM disse...

Ternurinha

Mais um eficiente "pitaco".

Se pitacar é um fetiche ou não, pouco importa, porque a melhor fatia do bolo é aquela que nos satisfaz.

Levando-se em conta a equação fetiche x prazer o melhor é realizar o nosso e apreciar o dos outros, nesse caso uma bela cena de voyeurismo.

Beijos
ACM :)