
Ontem, numa conversa super agradável com um velho conhecido fetichista, surgiram grandes gargalhadas quando abordamos um assunto pra lá de interessante: a famosa “bandeira”.
O que é “dar bandeira”?
Em meio a um punhado de definições, escolhi uma tremenda bandeira daquelas quase impossíveis de disfarçar. Digo quase, sempre acreditando que pra tudo existe uma solução, ainda que tardia.
Vamos lá. O cara é podólatra, daqueles que não resistem a uma cena involuntária de dangling ou sentar ao lado de uma mulher de pernas cruzadas calçando uma linda sandália num coletivo. Tudo isso acontece e o “cara de pau” está fingindo ler um jornal e ao se distrair a perna relaxa e encosta “acidentalmente” nos pés da passageira ao seu lado.
De tanto ter os olhos grudados ao entra e sai do sapato fechado nos pés a sua frente, ao mesmo tempo esbarrando a perna nos pés de sua vizinha de banco, a inevitável excitação ganha corpo e, ato continuo, surge a ereção.
É chegada a hora do disfarce, da dissimulação descarada. Pegar a mochila ou a pasta de documentos para colocar sobre o colo evitando que a ereção tome corpo e fique aparente.
Assim como esse exemplo de um amigo louco por pés, outros casos chamam a atenção pela criatividade na hora de evitar que alguém descubra o tesão iminente.
O convicto bondagista alucinado por cenas tipo Damsels in Distress se acomoda no cinema ao lado da namorada que ainda não tem total conhecimento de seus desejos. A mulher inocente, recém apresentada ao fetiche, imagina cenas entre ambos envoltos em lençóis de cetim, lingerie no corpo esbelto e cordas macias.
De repente, numa cena de pavor na parte final do filme, a protagonista aparece amarrada num local imundo, tipo armazém abandonado. Cercada de poeira, presa por cordas velhas e esfarrapadas de sisal com um pedaço de pano de uma camiseta velha por dentro da boca. A heroína do filme está prestes a sofrer conseqüências inimagináveis e nesse momento a namorada nervosa, rezando para que alguém apareça em socorro da atriz, coloca as mãos nas pernas de seu parceiro e descobre que ele está com a atenção voltada para a tela e se encontra em crise total de paudurecencia aguda.
Que bandeira Mané! Como sair dessa?
Até explicar que focinho de porco não é tomada lá se foi à melhor parte do filme. O tempo fecha e ela já não sabe se está ao lado de um cara com um fetiche gostoso de praticar, ou de um psicopata alucinado que obtém prazer ao ver uma mulher em perigo num filme de ação e suspense.
Prepare a saliva, porque a tarefa será das mais ingratas a ser concluída.
Por mais que eu diga aqui que o melhor é abrir o jogo e contar tudo sobre seu fetiche à sua parceira, nem sempre a banda toca nesse ritmo e abrir o jogo demais pode dar zebra.
Melhor ir falando aos poucos e torcer pra não acontecer um fato que estrague a ordem que você elaborou na cabeça.

Mas como quem está na chuva está arriscado a se molhar, a coisa certa a fazer é viver o fetiche da maneira que for possível, e assim como os caras na escola jogavam a caneta no chão pra ver as calcinhas das mulheres subindo as escadas, porque não perdoar um podólatra que atira um objeto ao lado dos pés de uma mulher pra ver de perto tudo que lhe faz bem?
Toda manifestação fetichista deve ser preservada, jamais condenada.
Impossível imaginar que alguém torça o nariz a um homem que fique excitado com uma cena de um filme no cinema e achar graça dos caras que tiram sarro em ônibus lotado.
Tente disfarçar, mas se não der jeito, empunhe a bandeira e saia por aí feliz, afinal ficar excitado faz muito bem à saúde.
2 comentários:
É uma delícia ficar excitado com pequenos detalhes, detalhes estes que ninguém imagina, detalhes individuais que vivem dentro de cada cabeça fetichista.
é meu amigo vivendo e aprendendo.
realmente eu ficaria assustada com a cena do cinema, mas se ele explicasse com detalhes e eu pudesse ter lido o que já vi por aqui, acho que dava pra entender.
mas o disfarce é interessante.
beijocas
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