quinta-feira, 18 de março de 2010

Num dia qualquer


Às vezes eu fico imaginando coisas e me vejo pensando por que.
Não pensem que estou ficando maluco ou andei sonhando com um disco voador. Falo de fatos e histórias que a vida nos reserva, principalmente quando há um envolvimento comunitário em que se relacionar com outras pessoas é uma condição fundamental.
Daí você topa de cara com alguém, com quatro ou cinco anos a mais na carcaça e descobre que aquele sujeito que vive lá onde as guitarras ainda tocam num pátio vazio, viveu os mesmos sonhos e trilhou os caminhos que te levaram a estar num mesmo lugar algumas décadas depois.
A vida é assim, sem fronteiras quando o desejo e o sonho se misturam como se fossem um som, saídos de um canto qualquer, num dia qualquer. Se o fetiche nasce com a gente e nos acompanha por toda a existência, é bem melhor acreditar que o tempo vence barreiras e une como os nós de uma linda cena de bondage.
E por que não? Afinal, se alguém coloca em seu perfil que encontrou o fetiche numa mesma imagem que há tempos te seduziu, dá pra deduzir que ocupamos um mesmo espaço na cadeia alimentar de idéias apesar de termos vivido distantes. É brother, o fetiche tem dessas coisas...
Aproxima, constrói e amplia horizontes. Faz nascer amizades sinceras, como se fossem uma soma de esforços em busca do mesmo ideal. Podem me chamar de louco, mas sigo acreditando nisso.
Todos ambicionam saber que não estão sozinhos. É como estar em Moscou, sem entender nada do que se passa ao redor e dar de cara com alguém que fala a sua língua e te mostra aonde ir. Na minha visão, os encontros casuais trazidos pela onda fetichista, têm uma atmosfera singular como à energia de enxergar outro “eu” no mesmo espelho.
Impulsos diferentes não impelem co-relação de pensamentos. Deve haver respeito pela forma de mostrar o fetiche que vem de outros, mesmo que seja possível imaginar que poderia ser concebido de forma diferente. O que penso eu mostro, e cabe a quem vê gostar ou não, mas criticar ou achar que poderia ser melhor é falta de respeito com quem se propõe a exibir sua arte numa galeria onde milhões têm acesso grátis.

Por isso é muito importante valorizar iniciativas que só contribuem para o aprimoramento de quem quer evoluir dentro do mundo fetichista. Quem já possui sua própria técnica e vive bem com ela, deve olhar com bons olhos o que parceiros de jornada proporcionam sempre procurando entender as razões pelas quais pessoas adeptas do mesmo segmento se apegam a determinados aspectos.
Se tenho hoje uma condição privilegiada de exibir o que aprendi – sim, porque ninguém nasce sabendo – é minha obrigação estender a quem queira a oportunidade de apresentar uma forma diferente do mesmo fetiche.
É muito legal receber de um bondagista elogios para uma cena postada, mas o que mais me agrada é a possibilidade de poder repartir e compartir com novos e velhos amigos a mesma mesa.
Gosto de ouvir e saber do universo que habita a mente fetichista alheia.
Divido as emoções com quem apresenta um trabalho bonito.


Acho importante essa integração entre “riggers” (bondagistas em Inglês), através da troca constante de idéias, ainda que elas aconteçam de forma virtual.
Não vivo num clube fechado. Minha visão é ampla e alcança todos que comunguem da mesma maneira, mostrando ou falando sobre o fetiche com harmonia, respeito e sinceridade.

Essa matéria de hoje é dedicada a todos os bondagistas espalhados pelos quatro cantos do mundo e, em especial a dois amigos: Adie (Sabrebound) do site http://www.britdamsels.com/ e NJKidnapper, um artista que expõe sua obra irretocável de forma amadora.

Foto1: Yolanda Moretti, estréia em breve no Bound Brazil
Foto2: Badass por Adie
Foto3: Bella por NJKidnapper