terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Privação de Sentidos


Nesses dias de trabalho intenso em que minha paudurescência fetichista anda exilada num país qualquer da América Central o ideal é tentar passar a quem lê essas páginas alguma idéia de como o gatilho fetichista dispara em certos casos.
E um dos casos onde a veia fetichista faz a festa é a privação de sentidos.
Porque ela consegue agradar a quem tem os sentidos privados e a quem priva, uma vez que o ato pode restringir os sentidos em parte ou de forma completa. Falo de fala, movimentos e visão.
Diria que é um conceito de bondage, ou até de love bondage pra quem assim preferir. O que vem depois dessa privação de sentidos é que vai determinar a tendência que vem a seguir. Se ficar em provocação de orgasmo ou ejaculação estamos falando de love bondade, mas se a coisa tender pra castigos onde a dor é o instrumento de prazer o sadomasoquismo toma conta da cena.
Entretanto, o que entra em atividade após a privação de sentidos não é tão importante nesse artigo quanto ela própria. Porque em primeiro lugar há que saber se as duas partes interessam ao fetichista ou apenas uma delas. Aqui não existe capacitação, apenas desejo. Não adianta tentar obter prazer num lado quando ele só existe do outro. No entanto, em vários casos o prazer está na troca.
Noutro dia em conversas tentando explicar como o fetiche processa nas pessoas que têm tendência a gostar dessas fantasias, um detalhe me chamou a atenção. O nome que dei a matéria assusta os principiantes. E não é pra menos. A fobia de ter os sentidos privados é iminente, não há como negar. Lógico que sem confiança o sujeito sequer atravessa uma rua, porém, a simples idéia de ser manietado durante o ato sexual e ter a visão e fala interrompidas causa apreensão. O que se pode sugerir nestes casos é que haja cumplicidade entre quem se habilita a praticar e que a condução seja entregue a quem tem o medo em pauta.
Mas espera: e se quem tem está em duvidas for justamente quem deseja ter os sentidos privados como conduzir? É simples. Em fantasias nada se perde. Até mesmo a capacidade de comando de quem vai ser comandado. Explico melhor. A auto-imobilização, ou o self-bondage como é mais conhecido seria um caminho. Basta fazer com que um sentido de cada vez deixe de existir naquele momento, conduzido pelas próprias mãos e pronto. Aos poucos se logra êxito, garanto.
E depois que a coisa engrena fica aquele gostinho de quero mais. A entrega se dá, a parceria é estabelecida e com isso, a fantasia passa a ser parte da vida do casal sem medos e sem culpas.
Engana-se quem pensa que uma fantasia só provoca calafrios se realizada pela primeira vez. Os tremores seguem e toda vez que houver a possibilidade de realização eles se farão presentes. Pode anotar. A automatização da fantasia significa que a liga acabou.
Segundo os próprios fetichistas que experimentam a privação de sentidos em suas costumeiras fantasias é tiro e queda. Nada é capaz de provocar tanto frisson em quem se habilita a uma prática deste tipo. Porque a privação da visão provoca sensações incríveis até em fetichistas que necessitam dela pra disparar o próprio gatilho.
Ser privado de um desejo também é um fetiche. Experimente! Tem sempre uma dose de masoquismo num ser humano, por menor que seja. Que digam os sádicos...

Então agora é colocar em prática tudo que foi dito aqui. Ficar de olho no material a ser usado, sempre lembrando que coisas de aspecto mais agressivo como correntes, coleiras e afins, devem ser introduzidas aos poucos em quem chega pra festa.
Tente começar com coisas leves. Cordas macias em pequenos pedaços ou lenços. Fitas adesivas e Ball gags devem entrar no segundo ato. Algemas são bem vidas e se preferir use de cara as que tem a trava de segurança. Sempre dá confiança a quem pensa em se livrar rapidamente se nada der certo.
No mais, boa festa!

2 comentários:

Lena disse...

Bom dia!
Assusta sim, os que se sentem atraidos (como eu), mas tem total desconhecimento da "tecnica".
Como sempre, meu ja tao querido, vc esclarece, ensina, desmistifica!
Adorei a sugestao do "self bondage". Continuarei voltando, aprendendo e quem sabe...treinando!
Meu beijo, sempre LENA

ACM disse...

Pois é Lena, a vida é feita de desafios e vencer essa barreira do desconhecido é um deles.

Mas quando a força de vontade fala mais alto as coisas acontecem e uma boa dose de energia muda todo o cenário.

Obrigado e beijos
ACM