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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Estranha Coleção
Convivi com o Barry na virada do milênio. O conheci em Orlando na Florida e fizemos alguns negócios juntos exportando para os Estados Unidos. Eram só negócios.
O Barry é o típico Red Neck como dizem os americanos, ou um caipira como se fala por aqui. Um termo pejorativo, mas que alguns como ele mesmo, não dão muita bola.
A coisa evoluiu e um ano mais tarde resolvemos exportar de Buenos Aires e pra lá fomos.
Ele se hospedou próximo a Recoleta e eu fiquei pelos lados do Centro.
Não deu muito certo, ele sentia dificuldades com o idioma e mudei pra o mesmo hotel. Na primeira noite eu tinha compromissos com os muitos amigos que tenho por lá e mesmo diante de insistentes apelos do Barry não pude acompanhá-lo ao Black, um famoso puteiro da Capital Argentina.
Arranjei um motorista que o levou.
Cheguei tarde e fui descansar. Lá pelo meio da madrugada o telefone toca e acordo assustado. Barry queria que fosse ao seu quarto já que estava com duas lindas portenhas que não entendiam uma palavra de Inglês proferido por um sujeito já alcoolizado. Tentei ajudar e tive que traduzir que o Barry queria depilar as meninas. Talvez seja uma saga, sei lá, mas fato é que em meio a negócios o fetiche apareceu. Papo daqui e dali até que num amplo consenso as meninas resolveram aceitar a depilação a maquina de cortar cabelo em troca de uma módica ajuda financeira além do combinado.
Voltei pro quarto e dormi. Despertei de manhã e caminhando pelo quarto percebi que havia um envelope enfiado por debaixo da porta, coisa típica de hotel quanto às correspondências. No envelope estava a data escrita a caneta ao lado do nome Lila. A letra era do Barry.
Dentro, um pequeno bilhete em Inglês se misturava a um maço de pentelhos dizendo que eu havia perdido a festa. Me lembro da frase que balbuciei: “filho da puta!”
Desci para o café de envelope na mão doido pra encontrar o gringo e dizer umas boas. Ele tranqüilo e calmo tomava seu café e me viu chegar com o envelope apontando pra ele. Sorriu e pegou de volta alegando que lhe pertencia. Como não me interessava entreguei na hora e pensei nos negócios achando melhor deixar barato.
Mas a história deu uma guinada justamente quando ao terminarmos o café ele me chamou para ir ao seu quarto. Lá puxou uma caixa branca como de sapatos lotada de envelopes iguais, brancos, com um nome de mulher e uma data. Percebi que Barry era um fetichista e além de gostar de depilar nas mulheres ele colecionava os pentelhos que conseguia retirar.
Explicou que fazia com todo o cuidado, que era um especialista em depilar as meninas com máquina e que todos os nomes que apareciam nos envelopes eram de prostitutas que conhecia e as convencia a serem depiladas por ele.
Uma vasta, porém estranha coleção que jamais tinha visto na vida embora estivesse ligado ao meio fetichista há bastante tempo.
Claro que é preciso ter condições financeiras para realizar este tipo de desejo bizarro. E Barry era um cara bem sucedido, portanto, ele exibia com orgulho um troféu sem nem mesmo saber da minha vida e das minhas preferências fetichistas. Um cara descolado e bem resolvido com o próprio fetiche.
Lá se vão dez anos desde esses dias em Buenos Aires e não tive mais noticias do Barry. Sei de algumas passagens, que está bem e coisa e tal, mas nunca mais houve qualquer contato mais próximo em que eu pudesse perguntar sobre a tal coleção. Como um fetichista jamais abandona suas crenças acredito que nada mudou, ou se houve qualquer mudança espero que tenha sido pra melhor e que ele hoje em dia viva bem suas loucuras.
Por mais inusitado que possa parecer o fetiche é particular. Não cabe julgar ninguém.
Todos os atos e pensamentos pertencem a quem faz de suas próprias fantasias uma forma de obter prazer. Este fato real resume meu conceito
sobre fetiches: cada um sabe por onde seus sonhos caminham...
Um bom final de semana a todos!
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