quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Secret Diary of a Call Girl (2008)


Secret Diary of a Call Girl, ou Diário Secreto de uma Garota de Programas, conta à história de Hannah e é baseada em um blog que depois virou livro de uma prostituta da vida real (quase uma Bruna Surfistinha), e mostra uma jovem que adora sexo e dinheiro e para juntar o útil ao agradável, resolve aderir à profissão mais antiga do mundo. Nasce à prostituta de luxo Belle.
Mesmo com um tema desses, a série consegue ser inteligente, intrigante e com um texto impecável sem se entregar à promiscuidade exagerada (deveria?). Nada de mais para quem já viu algum episódio de Californication, The Sopranos, Entourage, Tell Me You Love e etc.
A atuação de Billie Piper (Doctor Who) é o ponto forte da série. Ela está ótima na pele de Belle/Hannah e consegue transparecer toda a luta da personagem em tentar viver em harmonia em mundos diferentes. A forma como a câmera é usada como se fosse o diário pessoal dela, é um formato bem legal. O tempo todo ela olha para a câmera e faz comentários em tempo real como se estivesse escrevendo um diário e conversando com o telespectador ao mesmo tempo. Londres como pano de fundo é algo muito legal para quem só está acostumado a séries americanas. É tudo bem diferente. A trilha sonora é ótima e vai desde Madonna a Regina Spektor.
Até aqui, como drama, a coisa vai bem.
Os ingleses capricharam tanto na série que na época devido à greve dos roteiristas nos Estados Unidos, as grandes TV’s compraram o pacote. E em seguida ganhou o mundo. Porém, quando se fala nas experiências fetichistas e no desenrolar das tomadas eróticas o tempo fecha. A obra definitivamente não diz a que veio.
E dentre tantas cenas de “atendimento a clientes especiais” alguma coisa ligada ao BDSM tinha que dar o ar de sua graça. Mas, infelizmente, deixa a desejar. Alguns críticos não pouparam a direção de Yann DeMange e falam até em falta de testosterona na concepção de algumas cenas mais fortes. As cacetadas não param por aí e até as roupas utilizadas pela meretriz e sua pouca ousadia em lidar com a clientela endinheirada é motivo de revolta.
E cá pra nós, o tema tinha tudo pra abusar em ousadia se o diretor estivesse por dentro do assunto e não criasse histórias fantásticas que ouviu falar.
Com um orçamento de fazer inveja na época e com a visão totalmente voltada para o mercado americano em crise, a série merecia mais, muito mais. O que se tem é pouco comparado ao que se esperava. A versão em DVD dos episódios que foi lançada debaixo de um apelo apregoando uma exibição sem cortes é desnecessária.
Vale apenas pela beleza não muito convincente de Billie Piper e a lembrança de que fetichistas sempre procuram as prostitutas na ânsia de aplacarem a fúria de suas fantasias sem parceria.
Mas se você espera ver nos episódios experiências de BDSM convincentes não perca seu tempo e sua grana. O que se vê é uma prostituta despreparada para este tipo de atividade, sem qualquer noção básica de práticas de BDSM abusando do direito de se divertir às custas de um cidadão que estava pagando por seus serviços.
O excesso de risadas deve ter feito efeito junto ao povo que produziu as cenas, gente que nada tem a ver com fetiches e fantasias, mas o espectador que espera uma cena com seriedade e tesão fica no vácuo.

Portanto, não recomendo a série como obra ligada ao BDSM.
Se você gosta de drama, se você se solidariza com a vida difícil das mulheres que recorrem à prostituição como forma de ganhar a vida e passam por problemas acerta na mosca em assistir. Caso contrário, não ocupe espaço de sua prateleira para este DVD.
Confiram as cenas bizarras onde o BDSM é tratado com ironia.




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