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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
La Cucaracha
Por essa ela não esperava.
Anos de experiência fetichista não foi o bastante.
Claro que ela se produziu. Ignorou o calor tropical e lançou um preto que misturava couro e vinil em toques harmoniosos. Uma bota com uns quinze centímetros de salto que chegava a cobrir parte dos joelhos. Mini saia, meias de seda pretas por baixo, um corselete e mil e uma armações na mente dominadora.
No carro do parceiro deu as ordens e mandou ele se enfiar no primeiro motel.
O inexperiente submisso atendeu na hora... Ai dele! E entrou. Pediram as chaves e se dirigiram aos aposentos. Fechou a porta da garagem e notou que a luz estava queimada. Péssimo sinal.
Tentou achar os degraus com o salto fino sem perder a pose. Distribuía ordens e falava firme. O coração do sujeito parecia de passarinho quando avista um gato. Saltava e quase dava pra ouvir as intermitentes batidas.
Ela o mandou ficar de joelhos e naquela posição ele viu uma venda lhe cobrir os olhos. A tensão aumentou, a adrenalina o tomava em doses cavalares. Ficou pelado no quarto enquanto ela procurava as luzes. Queria penumbra e nada... A luz era forte, daí deixou acesa a saleta e o banheiro. Ele não via nada...
Postou os pés em cima da cama e mandou que ele lhe beijasse as longas botas. Ele o fez.
Pegou o flogger na bolsa, seu companheiro fiel que segundo ela lhe dá apoio e prazer na mesma medida. As dominadoras em geral sempre têm seu próprio amuleto. Cena pronta.
Ela adora esses instantes de prelúdio. Confessa que nos minutos que antecedem o ato em que se concentra no que está por vir faz todas as medições possíveis do que tem planejado para seu parceiro. É infalível o bote felino da dominatrix no comando. Delira...
Procurou a imagem no espelho, desgastado com o tempo exibindo um zinabre que contrastava com a perfeição de seus trajes. O ambiente não era condizente com sua sessão. Mas como reclamar? Ela o havia ordenado a entrar no primeiro letreiro luminoso com a palavra Motel.
Seguiu.
Rodeou seu súdito com ares conscientes e o sentiu harmonizar a submissão com seus desejos.
Despretensiosamente num canto do quarto de piso branco uma barata assistia a cena. Antenas ligadas, assustada com o imenso salto da Senhora a barata tentou se esconder e correu em ziguezague completamente desorientada. Ato continuo a Madame entrou em transe.
Atônito o submisso não sabia o que fazer diante dos berros assustadores da dominadora em fuga. Resolveu desobedecer e tirou a venda. Refugiada em cima da cama, se equilibrando no salto em cima de um colchão macio a dominatrix entrou em pânico. Ordenava, gritava, e quase implorava que seu parceiro desse um fim a pobre barata em fuga. Procurou um chinelo, o predador destes insetos que aterrorizam as mulheres, mas não havia nenhum por perto.
Com um sapato em mão o submisso partiu em missão: esmagar a pobre barata abelhuda, acalmar sua Senhora e achar um jeito de retomar os trabalhos. E corre daqui e dali e nada, a bichinha era valente e dava um olé digno de um touro bravio na arena...
De repente ela ouviu um som de sola de sapato batendo forte no chão vindo do banheiro. Orgulhoso, seu parceiro lhe pedia calma e totalmente pelado com um sapato na mão decretou a morte da invasora. A madame não se fez de rogada e falando baixinho pediu para ver o cadáver. Queria ter certeza do triste fim que foi dado ao inseto aterrorizante.
Amparada por ele ela chegou à porta do banheiro na ponta dos pés, pronta pra bater em retirada no primeiro sinal de sobrevivência da barata. Constatou o assassinato cruel. Quis ter certeza de que o inseto estava imóvel sem chances de revanche.
Já sem qualquer sinal de soberania diante de seu súdito ainda restou forças para uma última ordem:
- Pede a conta,”por favor”.
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