sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ela, a Vizinha


Acho que a vizinha não lê meu blog.
Não tem cara de fetichista. Mas fetichista tem cara?
Não sei não, mas tirando uma meia dúzia nem todos andam de preto todos os dias ou caminham pelo planeta com um letreiro na testa.
Mas a vizinha tem um negócio interessante. Um não. Vários. Porém, aqueles braços compridos e as pernas perfeitas dão o que pensar.
Talvez se ela participasse de algum concurso de beleza balzaquiana não ficasse entre as finalistas, mas isso é entre ela e eu, diga-se de passagem. Várias vezes já me peguei de olhos grudados naquela panturrilha, aliás, que batata brother... É de babar.
O cheiro da vizinha também é de parar o trânsito. Refresca minhas narinas e renova meus sentidos quando coincidentemente nos esbarramos no elevador. Aquele bom dia suave, convidativo (pelo menos pra mim) e a sensação de que será um dia perfeito. Claro que tudo é uma questão de educação e bons modos, mas aquele sorrisinho de lado já despertou grandes idéias neste coração fetichista cinqüentão.
E posso garantir que em todas as situações criadas por minha mente pervertida ela estava amarrada. Ah, se estava. Totalmente! Também, a cabeça é minha e dentro dela vale tudo.
Começa a existir um problema quando essas idéias tomam forma.
Mas minhas taras têm limites. Ainda bem que sempre existiu uma boa dose de consciência entre eu e meus pensamentos mundanos. O problema é que a vizinha é convidativa, diria.
Está sempre elegante e isso me tira do sério, um suave veneno que mata aos poucos sem deixar pegadas.
Noutro dia descia apressado já imaginando aquele trânsito cruel em Botafogo e fui agraciado por sua presença. Mudança de humor instantânea e ato continuo já estava com as minhas baterias antiaéreas voltadas para uma bela cena fetichista na imaginação. Nada a ver com punheta mental, apenas delírios.
Imaginem, a verdadeira e legitima “girl next door” das fantasias de bondage. E não é? Ela mora ao lado, quer dizer, quase ao lado, mas mora no mesmo prédio. Ela poderia topar ser atriz dos meus filmes, musa das minhas fotografias fetichistas, nunca se sabe! Certo mesmo é analisar a questão como uma tentação platônica causadora de uma paudurescência momentânea.
Porque minha idéia não é trazer a vizinha a uma exposição pública. A onda é fazê-la participar de minhas cenas secretas, aquelas que guardo a setecentas e setenta e sete chaves.
E se a vizinha for lésbica? Diria o advogado do diabo aqui ao lado: traz pra uma suruba!
Insano pensamento cretino! Se bem que, analisando o caso com calma...
Na verdade seria necessário ter um pouco mais de dados para analisar a coisa como um todo.
Tudo que consegui até agora foi um “oi” e um sorriso amarelado. No mais, ela já chega de olho no celular e nas mensagens que verifica enquanto o elevador faz o percurso. Ela fica no térreo, eu desço até a garagem e se despede com o tchauzinho cinzento. O que é um fato normal, afinal a sacanagem está apenas dentro da minha cabeça e não na dela.

Tivesse uns trinta anos a menos podia pensar em ficar nu pra chamar a sua atenção como na musica, mas hoje em dia daria internação, nem diria um processo, seria internado num manicômio qualquer por tempo indeterminado.
O pensamento do fetichista é muito interessante. Ele é capaz de construir um castelo em poucos segundos e depois habitá-lo toda vez que for preciso reconstituir a cena. Basta que exista alguém como alvo perfeito de suas taras, ou diria, virtudes. E meus castelos sempre foram lindos e bem arejados...
No próximo encontro com a vizinha talvez eu lhe

diga um alô com mais ênfase. Quem sabe não puxo conversa ou até mesmo lhe faça um elogio? E se ela não gostar, pior pra ela, melhor pra mim.

Um excelente final de semana a todos!

2 comentários:

Aninha Telles disse...

ACM meu lindo

Acho que vou mudar para seu prédio colocar meu melhor perfume pra ser merecedora desses elogios.
Moramos perto lembra?

Beijos da Aninha ^^

ACM disse...

Aninha meu anjo, moramos tão perto e às vezes tão distante... Vai ver é por conta do transito caótico de Botafogo a que me referi no texto...

Entretanto sua idéia é fantástica.
E mais, com enormes possibilidades de tudo se tornar uma cena real...rs

É muito legal cultivar os sonhos e vê-los florescer. Experimenta!

Beijos Engarrafados
ACM :)