quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Afrodisíaco


Todo fetichista tem no fundo uma confissão a fazer. Não aquela que se conta pro Padre. As mais sórdidas são as de foro íntimo. E se um blog tem um aspecto de diário eu já andei me confessando por aqui.
E acho legal isso, afinal, se o sujeito não diz a que vem num lugar onde o desejo está à flor da pele ninguém é obrigado a ser vidente pra saber. Por isso, há artigos em que me declaro um batatólatra. Inventei o termo? Bobagem, muitos criam suas próprias peças e as encenam, então por que não eu?
E foi por essa pequena perversão que zoei a fotografia das batatas das pernas da Julia no Fetlife.
A Julia é daquelas pessoas que são como vinho. Quanto mais tempo se conhece mais se aprecia. O seu blog é um encontro entre o abstrato e o real, mas dentro de uma atmosfera de fazer inveja ao mais pensativo pensador. E essa história tem muito mais a ver com as opiniões da Julia do que seu belo blog onde dança na beira de um abismo ou até mesmo as suas lindas batatas de pernas que desafiam qualquer escultor.
Porque quando se conversa com fetichistas vários temas aparecem sem prévio aviso.
O que desperta interesse para alguns é sinônimo de rejeição para outros. Diria um grande amigo com a veia dominadora mais latente que uma blusa amarelo-limão debaixo da Luz Negra, que a melhor sensação que existe é dobrar a resistência de uma mulher submissa.
Já tenho outra visão. Porém, levo em conta todas elas.
O que significa que toda rejeição tem um ponto de cisão. Seja na base do papo, da entrega ou mesmo à força. Aspas aqui, por favor: “estamos falando de fetichismo, BDSM, essas coisas, portanto, entendam na boa porque tem muita cena consensual em que esse – à força – faz sentido”. E se existe um ponto de cisão em algum lado as pessoas precisam trabalhar as razoes pelas quais não conseguem se livrar dos próprios paradigmas que inventam.
Toda fobia quando não esmiuçada vira um paradigma na cabeça de alguém.
Lógico que as barreiras são enormes, mas em termos de fetichismo alguns casos são repetitivos e acabam atrapalhando alguns adeptos em suas caminhadas. Não estou falando de mudança de rota, atropelamento de desejos em detrimento de outrem ou algo do gênero. Fobias são medos. Simples.
É comum ver pessoas com rejeição ao aprisionamento. Cordas e correntes são como tubos de concreto que criam um muro na cabeça do fetichista ao ponto de rejeitar qualquer aproximação com esses objetos. Já perdi boas modelos do site Bound Brazil por conta desse tipo de fobia. No entanto, já recebi de volta àquelas que trabalharam seus subconscientes e conseguiram se livrar da fobia.
Mas tratam-se de pessoas sem qualquer interesse fetichista em busca de um trabalho remunerado que elas podem apenas exercer por um período. Enquanto o fetichista convicto perderia oportunidades por conta dessa rejeição. Por tal razão, é preciso trabalhar bem esse problema a fim de evitar a perda do próprio interesse futuro.
Fetichismo, BDSM é troca, jogo, prazer e fantasia. Extrair sensações prazerosas do que hoje é receio faz parte do aprendizado de cada um. Tudo pode ser afrodisíaco e bem vindo. Temor por cócegas, escuro, velas e outros, acabam afastando o fetichista do seu lugar comum.

O maior do males – e isso eu debatia com a Julia hoje – é a falta de interesse em tentar entender por outro ângulo um roteiro que se pré-estabelece como um mantra. Quando praticantes de BDSM entendem que o prazer comum vem acima do individual à tendência é que haja um crescimento em conjunto e a perfeição será a meta.
Em relações onde existe o respeito ao fetiche como necessidade fundamental qualquer tentativa de individualizar o prazer é o começo do desinteresse. Tal exemplo serviria para qualquer relação entre duas pessoas, sendo as que

admitem o fetichismo como parâmetro são as mais evidentes.
Resumindo, e como toda mulher tem sempre razão, dou de bandeja pra Julia e suas batatas por seus sábios argumentos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde Senhor...
Diria ser fundamental conversas abertas e naturais assim como as deliciosas que tivemos, é muito bom fala,r expor, deixar falsos pudores de lado, estamos aqui para vivermos nossos fetiches , seremos censurados apenas se deixarmos outras pessoas tomarem conta de nossas vidas, então....se nos faz bem e nada de mal faz ao outro, qual o problema? Temos mesmo que é falar de fantasias, de desejos , vontade e o mais importante, aproveitar, viver!
“... a melhor sensação que existe é dobrar a resistência de uma mulher submissa.”
Extasiante é a sensação de sentir o Domínio tomando conta do ser, sentir-se invadida , ir vergando-se aos desejos do outro em função de teus proprios desejos de ser dobrada.
O primeiro passo é abrir-se, por pra fora seu medo, sua fobia , estar aberto a um papo sobre o assunto, eu sempre digo que uma boa conversa resolve muita coisa, claro que existem medos e fobias difícies de serem lidados como muitas outras coisas na vida, cabe a ambos os lados tato e delicadeza para tal.
Muito bom conversar com pessoas que nos fazem pensar, refletir, por a mente pra funcionar, realmente afrodisíaco.
Adorei a postagem , argumentos, contra-argumentos (rsrs)
Agradeço o carinho...

Beijos da julia

ACM disse...

Julia

A melhor parte dá conta do contra-argumento. O debate dentro do BDSM, entre pessoas interessadas em evoluir e agregar ainda é o melhor caminho.

Esse papo tinha que render um artigo.
Aliás, foi pouco, muito mesmo perto do tanto que representa poder dialogar com pessoas do seu nível.

Obrigado por comentar.
Beijos