Os caminhos fetichistas muitas vezes se definem por meio
de incertezas. É preciso acreditar, estar aberto a ouvir e refletir. Pois eu
conheço uma história, um caso, uma dessas coincidências da vida que o acaso
resolve não deixar impune.
Há muito tempo se conheciam. Tinham interesses fetichistas
comuns, deixavam claro suas preferências que unia pensamentos e afastava os
egos. E assim levaram por um bom tempo.
Um dia, por uma razão qualquer, rolou um clima.
E de repente começaram a falar em encontros, em fetiches
comuns e ele, até então um apaixonado por bondage totalmente fissurado em
mocinhas em perigo e nós alinhados, passou a colecionar vontades por fantasias
que até aqueles dias não constavam de seu cardápio.
De repente, ela falou num final de semana na Serra.
Tempo frio, tudo a favor, e muita adrenalina através de
papos na rede, armaram uma fantasia. Verdade que a vontade sobrepôs qualquer tendência
fetichista e ele topou ir ate a casa na Serra com a obrigação de colocar uma
mascara de esqui e uma venda negra nos olhos assim que batesse à porta.
Portando um set de cordas que havia recebido de presente
de seu amigo e convidado, a moça tratou de fazer às vezes da bondagista. Seguiu
seus ensinamentos e meticulosamente o imobilizou de forma correta. Ele tremeu.
Sentiu o outro lado da moeda lhe apertar a pele e achou uma ereção de onde
jamais imaginou partir. Ela o tinha por completo.
Deitado na cama e indefeso ouvia o salto rilhar no chão.
Sentiu frio, ignorou.
Trajando uma lingerie negra contrastando com sua pele
clara ela sabia o caminho que a levaria aos orgasmos programados. Ajeitou seu
sexo nos lábios do sujeito e nem precisou dar ordens pra sentir a língua percorrendo
sua intimidade. Ele sabia das preferências daquela mulher e tratou de fazer o
dever de casa.
Ela sussurrou: - vou abusar e acabar com você!
Ele não sabia ao certo como se portar diante da dominação
feminina e tratou de seguir com o jogo. Entendia que os limites seriam
respeitados e as marcas daquele encontro ficariam mais nas mentes que nos corpos,
ainda que as cordas deixassem um rastro. Mas não era o momento de cuidar disso,
havia muitas coisas em jogo no encontro pra pensar em cartilhas.
A opção da dama de negro era clara. Tê-lo de todas as
formas. Ele cooperou. Aceitou a fantasia sem muito acerto prévio e até mesmo
quando ela desatou seus pulsos e lhe mandou beijar seus pés enquanto com um
pequeno brinquedo lhe excitasse o clitóris, ele optou por não tirar a venda dos
olhos.
Quando a sua parceira já arfava e não tinha mais de onde
tirar tanto prazer ele pediu pra tomar as rédeas e foi atendido. Usou sua
técnica e a manietou de forma segura, sem chances. Notou o medo nos olhos
daquela dama ao mesmo tempo em que sabia que ela guardara um pouco da libido
pra cena derradeira. Penetrou-lhe com os dedos e tirou-lhe o último orgasmo.
SDC é uma mulher sábia. Conhece as estradas do fetiche
como poucas. Muito tempo de práticas e leitura a fizeram encontrar o tesão nas
noites solitárias ou em encontros sorrateiros.
Tinha plena consciência de que aquele momento seria
perfeito e afagaria com cuidado seu lado switcher de maneira segura e eficaz.
Porque este é o principio básico de todas as relações fetichistas. Confiança.
Pois quando ele a mergulhou num banho de esperma ela
sabia que aquela marca seria eterna, ainda que jamais repetissem a dose. O
universo havia conspirado a favor e o tal encontro imaginário se tornara
realidade naquela tarde de inverno na Serra.
Ambos garantem ter vivido uma fantasia perfeita, mesmo
que ela não tenha saído de nenhum manual que eles levavam no bolso. Talvez um
dia tudo se repita. Quem sabe no próximo inverno?
Um bom final de semana a todos!
2 comentários:
Quem Sabe, Outro Inverno. Outra Primavera Ou verão!?
Sim, bem pensado...
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