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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Intolerância
Preferência sexual é coisa particular. O nome já diz: eu prefiro isto àquilo.
Daí, em certos casos, algumas dessas preferências se tornam práticas repetitivas e por conseqüência passam a ser consideradas um fetiche.
Alguns exteriorizam esses desejos outros não. Preferem o segredo.
Mas quando a preferência é pouco comum nem sempre a compreensão da sociedade é bem vinda. Porque é mais fácil admitir quem goste de bunda a quem goste de pés, por exemplo.
Muitas vezes o politicamente correto é preconceituoso.
E exclusão nesse modelo de sociedade latino infestado de dogmas e paradigmas é regra. Basta mencionar que você tem tendências a gostos diferentes dos considerados normais pelos gênios da intolerância e o tempo fecha. Porque todo mundo considera Freud um gênio, incontestável, e o que ele viu há cem anos atrás ainda é regra num lugar onde já existe luz elétrica.
E pior do que os especialistas são os entendidos. Pessoas que nunca flertaram com um assunto desses e quando batem de frente recorrem ao Google, a Wikipedia, na ânsia de achar um mísero significado sem saber que qualquer mortal pode postar o que quiser nesses lugares sem ao menos ter a noção básica exigida. E tome porrada!
As manifestações fetichistas não devem ser encaradas com desprezo, apenas com respeito.
Isso acontece invariavelmente quando alguém tenta convencer quem nunca experimentou uma fantasia a tentar. E por que não escolher pessoas do meio para esse tipo de jogo? Porque muitas vezes os encontros acontecem do lado de fora do circulo, justamente porque as pessoas que gostam de fetiches têm uma vida tão normal como de qualquer outro ser humano. Elas trabalham, estudam, se dedicam a projetos de vida nem sempre ligados a este tipo de atividade.
A sociedade impõe códigos de conduta em todos os sentidos. É midiático, moderno, cultural às vezes. As mulheres cheinhas hoje não têm vez diante da magreza assoberbada que preenche as páginas de revistas masculinas. Mulher pra ser gostosa e fatal nos tempos modernos tem que malhar seis horas por dia e tomar bomba. É a moda. E fodam-se as gostosas gordinhas porque elas têm uma barriguinha protuberante e estão fora de padrão.
Porém, acredita nisso quem quer. Os “maria-vai-com-as-outras”, os pobres de espírito, os que seguem as receitas da Ana Maria Braga e dão ouvidos as recalcadas do Saia Justa.
Meu desejo escolho eu, não a mídia.
Meu prazer é assunto pessoal e intransferível e nem tem na mão de cambista pra vender. Pra mim tanto faz, magra ou gordinha, se for mulher e gostar do que gosto é bem vinda. Mas não me venham com esse papo de perna dura ou perna mole, porque o que tem que estar duro é outra coisa, não as pernas.
Portanto, a intolerância social nos dias de hoje é algo a ser discutido. Não pode haver conformismo e ninguém deve fazer o papel de vaca de presépio a quem tenta impor o que é certo ou errado. Quem trepa sou eu, não esses críticos idiotas ou fotógrafos metidos a besta que criam esse tipo de banalização da mulher e do sexo. Porque alguns, nem de mulher gostam. Nada contra o homossexualismo, entretanto, há que haver reciprocidade do lado de lá com quem é hétero.
Por isso, eu sigo a minha receita que vem dando resultado faz mais de meio século. E pasmem, as fantasias sexuais têm tido boa penetração no universo baunilha. Cada vez mais é comum ver pessoas que não têm acesso a glossários fetichistas admitindo interesse em algumas práticas. O resultado disso é a divulgação, porque embora alijado da mídia que só se interessa quando uma celebridade lança mão de cenários fetichistas pra ganhar grana, o fetiche é atrativo pra quem quer mudar de ares, experimentar coisas novas e mandar a mesmice de vez pro espaço.
Então, dou as boas vindas aos novos habitantes desse universo que recebe quem chega sempre com os braços abertos e um sorriso no rosto. A intolerância aqui é assunto encerrado!
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6 comentários:
Caro Sr. ACM:
Belo texto.
Quando as preferências se tornam práticas repetitivas pode ser considerado fetiche? Ex. eu gosto de sorvete de chocolate se eu comer todos os dias isso seria considerado fetiche? Se possível gostaria de um melhor esclarecimento.
Infelizmente vivemos numa sociedade cheia de pré-conceito e preconceito (Pré-conceito= uma opinão pré formada, ou seja, sujeita à alterações. preconceito= não respeitar a individualidade de cada um).
Sr. ACM:
Boa noite!
Existem outros psicanalistas como Melanie Klein. Winnicott. Bion. Freud (pai da psicanálise). Jacques Lacan. Ana Freud. Carl Jung. Os psiclólogos e psiquiatras são os especialistas que entendem desses assuntos pq dominam o conhecimento e não precisamos recorrer ao Google, a Wikipedia.
Não desprezamos nenhum assunto em relação aos fetiches apenas expressamos as nossas opniões. Ao contrário do que o senhor pensa esses assuntos são interessantes para debates pois com isso podemos estudar, explorar e entender um pouco mais da mente humana.
Perfeito Srta. Anonima, agradeço seu comentário.
Mas, como já disse antes, essa gente toda citada, os papas da mente humana, não costumam me servir de base nas vésperas em que decido realizar meus desejos.
Um beijo e boa semana
ACM
Boa Tarde!
Belissimo texto, como sempre!
E esclarecedor, pra pessoas simples como eu, que recorrem ao Google e Wikipedia, para esclarecer suas duvidas e acabam saindo sem esclarecer absolutamente nada.
Ha que se ter conhecimento de causa! E assim , voce me fez enxergar que sou DIFERENTE do que a sociedade propoe, e nao DOENTE como a mesma sociedade insiste em afirmar.
Vivi amordaçada e amarrada, sem usufruir do prazer...que injustiça!
Maravilhoso descobrir que a BAUNILHA pode ter um sabor surpreendente...so depende de quem degusta!
Obrigada pelas boas vindas e pelo sorriso aberto!
Bati na porta certa!!!!
Meu beijo, cheio de orgulho de voce!
A coisa aqui está bem anonimamente ativa...rs
Bom, Srta Anonima 2.
É assim. Primeiro queria agradecer por suas palavras de incentivo. Fico feliz que tenha gostado do texto.
E quando é esclarecedor toma ares de perfeição, pelo menos do ponto de vista de quem escreve. E cá pra nós, ganhar um elgio destes não é pra guardar na gaveta...rs
Pena que seus momentos amarrada e amordaçada tenham sido de escuridão, de desconhecimento de coisas que estavam dentro de você e agora se fazem vivas. Poderia ter utilizado esse período amarrada e amordaçada tendo o prazer...rs
Mas nunca é tarde.
Pessoas inteligentes sempre acham seu ninho. E como você disse, a porta está escancarada e pode entrar sem bater. A casa é sua!
Mil beijos
ACM
EM TEMPO...A ANONIMA2 se chama Lena, e vive em Niteroi!
Na proxima me identificarei como se deve, afinal, estou aprendendo....rs
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