segunda-feira, 13 de abril de 2009

Isto é bondage


Finalmente em casa depois de um domingo de Páscoa cansativo com viagem, parei para uma pequena reflexão e reparei que muitos blogs, grupos, sites, têm a preocupação de explicar aos leitores as diferenças fetichistas de bondage.
Muito se fala e defende, mas o fetiche é muito pessoal e por conseqüência individual para ter uma definição coletiva como querem alguns.
O bondage vive sem o sadomasoquismo e o SM leva a vida dele muito tranqüila sem bondage. Na verdade, se criou uma sigla chamada de BDSM (bondage, disciplina, sadismo e masoquismo) e por isso toda essa celeuma. E qual é o conceito de bondage?
Está aqui mesmo, na apresentação dessa página um dos vários conceitos que se apregoam ao fetiche de bondage, e claro, dentro dessa ótica, variadas e diversas vertentes povoam a imaginação de cada individuo apaixonado por isso e que tem a sua visão do assunto. E esse detalhe é que faz toda essa diferença, ou seja, a prática.
Ontem à noite, assisti a um filme no Canal Brasil da Net que nada tem de fetichista, o ótimo “Doces Poderes” (1996) da competente Lúcia Murat, e numa cena em que o ator Tuca Andrada amarra a excelente Marisa Orth na cabeceira da cama e inicia uma sessão de carícias e beijos, posso daqui afirmar pelos anos de experiência que levo que esse é o conceito principal de bondage. Daí em diante, todos podem tirar a conclusão devida, os caminhos que acharem conveniente, mas a essência é puramente essa.
Alguém que por acaso tenha visto o filme e reparado na cena pode comentar que não houve a utilização de nenhuma corda, que ela não estava amordaçada, que não havia uma técnica específica empregada, mas não importa, porque a intenção é que é o xis da questão, e os detalhes somente contribuem na medida em que exista um fetiche mais apurado e concebido de forma consensual.
Outros dirão que a pessoa amarrada com um pedaço de pano ou uma tira pode soltar-se com facilidade, e é bem verdade que já ouvi de diversas fontes que a pessoa imobilizada gosta tanto do que está sendo praticado que sequer pensaria duas vezes em livrar-se. Porém, aí está um outro aspecto que merece toda uma discussão, porque o ideal para uma prática de bondage é que quem está imobilizado sinta a sensação da impossibilidade de escapar naquele momento, para que a cena produza o efeito necessário.
E isso seria uma condição “sine qua non” (*) para uma prática de bondage?
Não necessariamente, mas deveria ser para produzir a sensação desejada. E não precisa de uma técnica apurada para se fazer valer essa possibilidade, porque basta um “nó diagonal” (para quem tem ou teve noção de escotismo é fácil saber o que é isso) aquele em que você cruza os punhos, amarra em forma de cruz sempre com o nó finalizando atrás do alcance dos dedos, atando novamente por trás da haste de sustentação da cabeceira da cama.
Difícil? Elementar demais meu caro Watson, não, eficiente e basta um pouco de prática e qualquer pessoa está habilitada para fazer. Lembrando sempre que qualquer prática de bondage onde haja somente duas pessoas, deve ser precedida de cuidados fundamentais, como a colocação de um objeto cortante (faca ou tesoura) ao alcance de quem está imobilizada. Prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém, certo?

Mas bondage trás também os defensores e admiradores das heroínas em perigo, das chamadas donzelas em apuros (Damsels in Distress), que deliram ao ver uma mulher mordendo uma mordaça se debatendo para se ver livre das amarras. Embora tenha um conteúdo inocente, esse pedaço do fetiche é apenas uma tendência entre tantas que o assunto aborda, porque remonta a tempos adolescentes quando do despertar fetichista numa época distante.
Uma segunda corrente defenderia ardentemente o uso de práticas sadomaso a partir da eficiência dos nós, mas isso é matéria para outra conversa e pauta para uma discussão infinita que começa e termina no direito de cada um de pensar e fazer o que achar conveniente.
Então, trocando seis por meia dúzia, bondage é o ato de imobilizar uma pessoa para práticas sexuais, através de carícias, beijos, sem o emprego de ações que possam conotar dor ou tortura, mesmo de forma consensual. Se for light ou hard vai depender da força empregada no ato da imobilização, e não necessariamente na utilização de práticas sadomasoquistas.
Essa releitura de bondage que virou tema no blog hoje é apenas a expressão livre de uma opinião pessoal, jamais ousaria pensar que tenho o dom da verdade ou a consciência absoluta do que se imagina ser o fetiche. Aliás, creio que uma explanação como essa busca uma discussão sadia e aberta sobre o ponto de vista de cada praticante que naturalmente têm visão própria sobre o que foi mencionado.

(*) Sine qua non ou condição sine qua non originou-se do termo legal em latim para “sem o qual não pode ser”.

4 comentários:

vh carioca disse...

Compartilho da mesma opinião.

As pessos são diferentes apesar de terem algo em comum.

Abraços do amigo

VH Carioca

Anônimo disse...

Porque tanta preoculpação em separar bondage de sadomasoquismo ?

não consigo entender isso. Várias vezes, constantemente, você se preoculpa em fazer essa separação no teu site, apresentando inclusive o conceito de love bondage.

Gostaria de saber e entender isso.

Abraços.

ACM disse...

Caro amigo(a),
Não existe uma preocupação em separar bondage de sadomasoquismo, é uma necessidade já que o blog é um canal elucidativo e os fetiches apesar de seguirem caminhos parecidos são diferentes. No entanto, nada tenho contra o sadomasoquismo, aliás, se você procurar com calma várias são as matérias em que enfoco o sadomasoquismo sem preconceitos ou desprezo. Porém, ao falar de bondage é obrigatório lembrar a quem quer entender o fetiche que é diferente de práticas sadomasoquistas. Nada mais.
Quanto a Love Bondage classifico como uma tendência do fetiche de bondage, apenas isso.
Obrigado por sua partipação e um forte abraço. Volte sempre!

Anônimo disse...

Prezado ACM,

Obrigado pelos esclarecimentos.