
Me lembro, era primavera de setenta e seis.
Meu último ano do antigo clássico hoje segundo grau, inesquecível, mesmo porque no verão seguinte a bosta do vestibular era calça de veludo ou bunda de fora...
Nessa época pintou a Kátia, bonita, culta com aquele ar de papo cabeça, cheia de “não me toques”, e como diria Tião Macalé: “ô crioula difícil”...
Mas mesmo assim eu queria porque queria, e aquela bela garotinha de cabelos castanhos claro, de sardinhas nos ombros, recém chegada aos dezoito assim como eu, ex-miss piscina de um clube da zona sul era o nirvana. Desistir, nem pensar.
Passava noites em claro com o mastro da bandeira (!) envernizado pensando nela e toma Led Zeppelin na orelha para abaixar o facho! Mas a bateria do Bonham aumentava os batimentos cardíacos funcionando como um energético na veia, e eu sonhava com ela e com um novelo de cordas. Nos meus delírios já havia inventado umas trezentas posições de bondage e acho até que foi meu grande aprendizado platônico.
Porém, tal e qual um Steve McQueen no papel de Papillon (*) eu não desistia nunca, comeria até baratas se preciso fosse e minha conversa já fazia falta ao ouvido daquela sereia. E de tanto insistir ganhei de presente um chopinho inocente num dos muitos bares de esquina dessa cidade maravilhosa.
E foi só chope, tentativas e resistência. Nada, nem beijinho de selo, nadinha mesmo.
Pegamos o ônibus e a deixei em casa como manda o figurino.
Acho que minha atitude foi meu grande mérito, porque daquele dia em diante aquele ar de intelectual foi ficando mais ameno e passei a colher sempre um sorriso a mais, um abraço apertado depois dos beijinhos de despedida. Faltava pouco para o ano terminar, o clássico acabar, para a formatura e quem sabe a universidade, portanto minha corrida era contra o tempo, e como fazem os ciclistas, passei a correr contra o relógio disputando pau a pau com a folhinha.
Um dia ela aceitou o convite para ir a uma boate que eu tocava, juntou-se a galera que era habitue e apareceu. Pronto, derramou a parafina e nem nas musicas consegui me concentrar. Rolou um amasso de praxe na lentinha, uns beijinhos no pescoço e aquele beijo de cinema foi o “gran finale”. Peguei!
Meu último ano do antigo clássico hoje segundo grau, inesquecível, mesmo porque no verão seguinte a bosta do vestibular era calça de veludo ou bunda de fora...
Nessa época pintou a Kátia, bonita, culta com aquele ar de papo cabeça, cheia de “não me toques”, e como diria Tião Macalé: “ô crioula difícil”...
Mas mesmo assim eu queria porque queria, e aquela bela garotinha de cabelos castanhos claro, de sardinhas nos ombros, recém chegada aos dezoito assim como eu, ex-miss piscina de um clube da zona sul era o nirvana. Desistir, nem pensar.
Passava noites em claro com o mastro da bandeira (!) envernizado pensando nela e toma Led Zeppelin na orelha para abaixar o facho! Mas a bateria do Bonham aumentava os batimentos cardíacos funcionando como um energético na veia, e eu sonhava com ela e com um novelo de cordas. Nos meus delírios já havia inventado umas trezentas posições de bondage e acho até que foi meu grande aprendizado platônico.
Porém, tal e qual um Steve McQueen no papel de Papillon (*) eu não desistia nunca, comeria até baratas se preciso fosse e minha conversa já fazia falta ao ouvido daquela sereia. E de tanto insistir ganhei de presente um chopinho inocente num dos muitos bares de esquina dessa cidade maravilhosa.
E foi só chope, tentativas e resistência. Nada, nem beijinho de selo, nadinha mesmo.
Pegamos o ônibus e a deixei em casa como manda o figurino.
Acho que minha atitude foi meu grande mérito, porque daquele dia em diante aquele ar de intelectual foi ficando mais ameno e passei a colher sempre um sorriso a mais, um abraço apertado depois dos beijinhos de despedida. Faltava pouco para o ano terminar, o clássico acabar, para a formatura e quem sabe a universidade, portanto minha corrida era contra o tempo, e como fazem os ciclistas, passei a correr contra o relógio disputando pau a pau com a folhinha.
Um dia ela aceitou o convite para ir a uma boate que eu tocava, juntou-se a galera que era habitue e apareceu. Pronto, derramou a parafina e nem nas musicas consegui me concentrar. Rolou um amasso de praxe na lentinha, uns beijinhos no pescoço e aquele beijo de cinema foi o “gran finale”. Peguei!

Daí a sustentar uma relação, levar pra cama e falar de bondage havia uma estrada do tamanho da Belém-Brasília, e mesmo estando disposto a tudo eu tinha consciência dos limites e suas conseqüências. E como quem não tenta não leva, segui meu caminho e resolvi apostar naquilo que tanto havia planejado, assumindo o tal “estou namorando”.
Famílias apresentadas e devidamente introduzidas parti resoluto em busca do plano B que era convencer a Kátia a uma relação mais “caliente”. Foram dias terríveis que guardo até hoje na lembrança e, principalmente, as inevitáveis dores escrotais que se sucediam aos sarros de portão. É bom lembrar que naquela época, nessa cidade ainda havia lugar para esse tipo de relação, porque os marginais ainda não haviam tomado conta dos espaços públicos.
E foi assim, devagar, com uma paciência budista que consegui as primeiras intimidades nas vezes em que descolávamos um lugar na casa dela quando não havia ninguém. Finais de tardes intermináveis... As mãos já percorriam partes íntimas e a confiança já se fazia presente. Apesar do longo caminho até meu Shangri-La, eu tentava de todos os modos e maneiras possíveis conseguir o que parecia impossível, mas em determinado momento eu pensei: se não vier a transa virá o bondage...
E como? Através das brincadeiras, de amarrar sem compromisso, sorrindo, e isso dá um tesão incrível, principalmente na fase adolescente.
Agindo assim, consegui as primeiras cenas de bondage com aquela Deusa.
Brincando de amarrar com o que tinha, sem cordas especiais ou alguma coisa pré-planejada, descolei tardes inenarráveis que terminaram em masturbação mútua.
A virgindade (tabu naquela época) e meu fetiche estavam devidamente preservados em lugar do bom e velho sexo.
Feliz com o que eu havia conquistado deixei o rio seguir seu curso por dias e dias, até que consegui juntar uma grana para dar entrada no meu fusquinha, mas isso é parte de uma outra história que conto em outro capítulo.
A Kátia, o Zeppelin e aquele tempo nunca mais voltaram, mas seguem vivos num cantinho especial guardado pra sempre... E vida longa ao Rock and Roll.
(*) O filme Papillon (1973) conta a história de um homem injustamente preso na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Detalhe, para sobreviver ele comeu baratas...
"O feedback para essa matéria aconteceu depois de escutar o Zeppelin versão de 2007, com o filho do Bonham na bateria noite adentro, que fazendo jus ao nome, me levou através dessa viagem a algum ponto da memória. Em homenagem a essa banda inesquecível, posto esse clipe de um de seus grandes sucessos."
Feliz com o que eu havia conquistado deixei o rio seguir seu curso por dias e dias, até que consegui juntar uma grana para dar entrada no meu fusquinha, mas isso é parte de uma outra história que conto em outro capítulo.
A Kátia, o Zeppelin e aquele tempo nunca mais voltaram, mas seguem vivos num cantinho especial guardado pra sempre... E vida longa ao Rock and Roll.
(*) O filme Papillon (1973) conta a história de um homem injustamente preso na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Detalhe, para sobreviver ele comeu baratas...
"O feedback para essa matéria aconteceu depois de escutar o Zeppelin versão de 2007, com o filho do Bonham na bateria noite adentro, que fazendo jus ao nome, me levou através dessa viagem a algum ponto da memória. Em homenagem a essa banda inesquecível, posto esse clipe de um de seus grandes sucessos."
3 comentários:
Bela narrativa com excelente trilha sonora...rs rs rs
Adoro a forma como você descreve o assunto, é como se eu estivesse denro dessa época...
¡HOLA, QUE TAL!
¡QUE DRAMA! JAH JAH
TENÉS QUE SEGUIR CON LA HISTORIA DESPUES DEL AUTO
BACCIOS
FACU
O tempo passa. Os cabelos caem cada vez mais, muitas coisas mudam. ...but "the song remains the same". A paixão pelo Rock e pelo Bondage nunca muda. Os clássicos estão em alta. Bandas clássicas como Led Zeppelin, Queen, Scorpions, Pink Floyd, só para citar algumas, estarão sempre vivas, não importa o passar dos anos, pois não se trata de arte descartável, como hj em dia muitos artistas produzem. Assim também é com o bondage, quando bem executado. Cenas bem feitas, com belas modelos, nunca serão esquecidas. Que o diga os fãs de Bettie Page.
abraços
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