terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quando Vias se Encontram


Noutro dia alguém me disse assim: esse negócio de amarrar a pessoa na hora do sexo é coisa de maluco. Ok, mais uma opinião desse tipo é fácil de absorver. Pra quem não sabe, por dia chegam aqui vários emails, dos mais interessantes, como o de ontem, aos mais absurdos.
Daí, o fetiche ser taxado de maluquice é pouca areia pra botar no caminhão.
E nesse emaranhado de correspondências uma me chamou a atenção.
Não vem de nenhuma bíblia fanática ou de revoltados fundamentalistas sociais.
Alguém que quando descobriu que amarrar é um fetiche interessante na hora da transa, comparou com épocas da vida em que pensou nesse ato de forma totalmente contrária.
Ela disse assim: “eu tinha um fetiche lá na minha empresa: era amarrar a minha ex-orientadora e tirar página por página de um livro dela e fazê-la vê-lo navegar em forma de barquinhos de papel no rio Faria Timbó.”
Claro que dessa forma o ato de amarrar não tem nada a ver com fetiche. Trata-se de uma vingança altamente cruel, porque quem mora aqui nesta cidade maravilhosa certamente sabe que o Rio Faria Timbó é um verdadeiro esgoto a céu aberto...
Mas a moça segue com outros pensamentos que de um momento pra outro, amparado nas entrelinhas aqui de um blog fetichista a fizeram relembrar de certos delírios.
Aspas pra moça outra vez: “isso sem contar a minha versão heavy metal para a explosão do cemitério dos Inocentes em Paris e o desejo atual de bagunçar o cabelinho de Justin Bieber do meu orientador atual completamente amarrado (coitadinho... Esse até que escreve direitinho)”
Bom, antes de qualquer coisa vale salientar a veia sádica de nossa amiga leitora. E fico aqui pensando nas coisas que ela poderia pensar a meu respeito e, sem qualquer cerimônia, me encaixar nesses delírios de verão que ela anda flertando.
Esse papo é bom. E com toda a certeza servirá pra esclarecer de uma vez por todas que o ato de amarrar durante o sexo nada mais é do que um fetiche inofensivo e de resultados surpreendentes. A maldade está implícita no pensamento de quem critica sem conhecimento ou inflado por idéias conservadoras de quem gosta de se achar o dono da verdade.
Neste caso, duas vias se encontraram num paralelo que foi possível traçar diante de uma leitura de um tema especifico. A leitora aproveita o embalo e usa sua imaginação pra se encontrar onde as cordas fizeram parte de seus pensamentos. E, com certeza, sabe perfeitamente separar as coisas, porque quando existe o argumento da gozação sem ser jocoso é sinal de que a inteligência falou mais alto.
E muitos bondagistas tiram sarros desses papos. Em tempos difíceis, quando ninguém falava de bondage como um fetiche, era comum achar tesão em argumentos desse nível.
Um amigo outro dia me relembrou que nos tempos de colégio, na adolescência, costumava provocar situações de vingança nas meninas e ficava a espera de uma resposta que satisfizesse sua ânsia fetichista. Segundo ele mesmo afirma, quando o papo colava e as garotas vociferavam desejos de vingança mesmo em tom de brincadeira, e afirmavam que amarrariam a fulana pra lhe cortar os cabelos. Então ele plasmava a imagem que lhe rendia umas cinco bronhas na semana. Dias que se foram...

A conclusão é simples. O ato de amarrar durante a transa não visa privar alguém da liberdade ou forçar qualquer acontecimento. A coisa funciona de forma consensual e a idéia é privar os sentidos e ser o dono da situação no ato. Pra quem gosta é um prato cheio, costuma causar terremotos e devaneios suficientes que se prolongam na medida em que os parceiros se tornam praticantes dos jogos.
No entanto, não existe insanidade ou demência capaz de transformar uma brincadeira de adultos num ato psicopata.
Se praticar bondage é um ato de loucura como alguns insistem em dizer, só posso afirmar que a
minha loucura será perdoada...

8 comentários:

C. disse...

perfeito, como sempre!
Como as ideias mudam!
As prisões que imobilizam não são contituídas de cordas ou fitas,para apimentar a relação mas são aquelas que nos roubam a sintonia com o bem-estar!

bjos

Anônimo disse...

Caro Sr. ACM:
O fato de praticar bondage de forma esporádica não significa que uma pessoa é fetichista, pois cada vez que eu vou transar com o meu parceiro a gente costuma ter situações apimentadas de forma diferenciada e nem por isso eu me considero uma fetichista, como por exemplo: hoje a gente usa algema, amanhã uma roupa erótica, no outro dia alguns atrativos e por ai vai. Eu considero isso um ato de não deixar um relacionamento cair na rotina,e não comer todo dia arroz com feijão.
Gostamos de variar o cardápio.
E se isso é loucura então por favor me ponha numa camisa de força e me interna num hospício mas se fizer isso comigo pode ter certeza que estou deixando de viver a vida de forma intensa, verdadeira e prazerosa.

ACM disse...

Obrigado C.

Resumiu de forma definitiva...

ACM disse...

Anônimo (a)

Se te internarem, vou pro mesmo hopício, com certeza...

Sua definição está perfeita do fetiche

Anônimo disse...

Caro sr. ACM:
Não sei se terá vaga no mesmo hospício para a gente. Até mesmo por que se a gente for pro mesmo hospício não vai prestar vamos continuar realizando as nossas fantasias e aventuras sexuais e o pior que pode acontecer entre a gente.Rs

ACM disse...

Anonima

O pior?
O melhor eu diria...

Pior pra eles, os donos do hospicio...

Concorda?

Jonas Bond disse...

Hum... ta beleza, todos concordamos que fetiche é preferencia de cada um e ninguem tem nada com isso... agora deixe eu levantar uma bola interessante:
- Tem uma penca de gente que gosta do bondage "DID" (donzela em perigo) e a gente sabe que quanto mais reais as cenas do filme melhor.... mas ai tem um lance, quando a gente está praticando "na real" com uma parceira, consensualmente, é claro, eu jogo a pergunta para todos: Não falta aquela pimentinha de saber que é tudo interpretado ? Claro que não estou sugerindo ninguem sair por ai raptando ninguem... só levantando a bola mesmo... Como levar a experiencia a excelencia ? Fora o fato de que na maioria das vezes a parceira não é atriz profissional para fingir a ponto de ficar tao real assim....
Ainda tem o lance de que no que você já marcou no motel já cortou uma boa parte de uma possível interpretação real...
ACM, manda sua experiencia ai....

ACM disse...

Brother Bond,

Olha, essa dá matéria...
Vou falar hoje

Abraço