
Um personagem não precisa de certidão de nascimento ou carteira de identidade para ter vida, basta nascer da imaginação de cada um que o cria. A relação dos criadores com alguns personagens chega a ser tão intensa fazendo com que eles tenham vida própria e sua história particular.
Esses “amigos imaginários” não passam de seres criados a imagem e semelhança de pessoas que gostariam ser como eles, de viver o papel desenhado para eles e vez por outra assumir o lugar desses supostos indivíduos.
Alguém pode estar pensando que fiquei maluco da noite para o dia ou entrei em definitivo estado de demência absoluta. Calma brother, não fumei nada além de um simples cigarro da Souza Cruz.
Fetichistas têm o hábito de criar personagens.
Convivem com eles algumas horas do dia e os deixam guardados em local seguro até que a próxima festa apareça e os faça reviver. Outros, porém, assumem uma dupla personalidade impressionante e caminham com ela, lado a lado, pela vida afora e se sentem felizes dessa maneira.
Há, também, os que às vezes renegam personagens criados e flertam com eles somente diante de um grupo de outras pessoas que compreendam a sua existência. Você esbarra com o sujeito na rua e tenta tocar no assunto do fetiche. O cara disfarça, olha em todas as direções possíveis e te diz: “tá maluco brother, aqui não dá pra falar, alguém pode ouvir e ferrou.”
Nem tanto ao mar e nem tanto a terra, o ideal é conviver com o personagem fetichista de forma relax, sem exigir muito, sem ter que dar satisfações e nenhum dos mundos.
Apesar de por a cara no perfil do blog não ando por aí com uma bandeira na mão defendendo o fetiche e seus praticantes como se fosse um revolucionário. Trabalho normalmente dez horas por dia, e após os compromissos escrevo os artigos aqui sem levar em conta essa questão. Meu personagem resume-se a sigla do meu próprio nome.
A intenção de escrever essa matéria visa desmistificar o universo fetichista e seus tabus.
Se um dia o famoso escritor Sérgio Porto usou o pseudônimo de Stanislaw Pontepreta e ninguém achou estranho, porque criticar alguém por criar seu próprio personagem fetichista?
Acho até que essa conversa de amigo oculto e imaginário andando do lado, invisível, é meio esquisita, e dá pinta de que o criador pode em determinado momento estar ligado a alguma coisas sem sentido, mas um personagem definido, com característica própria, principalmente quando visa à manutenção do anonimato, é perfeitamente aceitável, em todos os aspectos.
Cada um tem seus motivos. É a lógica.
E a receita só começa a desandar quando o fetichista cria mais de um personagem. O chamado fake do fake, aquele que inexiste e chega depois do que sequer existe. Porra, que doideira...
Mas é isso mesmo. Algumas vezes nascem personagens de alguns que foram criados anteriormente e, talvez por se sentirem sozinhos no planeta imaginário, arranjam espaço para um terceiro habitante da mesma mente criadora.
A essa altura todos podem pensar que estou bêbado escrevendo esse artigo dentro de um boteco em Copacabana. Explica-se: aqui no Rio, em toda a orla de Copa o sinal da internet é 0800.

Politicamente correto brother, é o princípio de auto-sustentabilidade.
Quer saber, melhor deixar que meus amigos e minhas amigas postem nos comentários as suas impressões, afinal assim como eu, também criaram os seus próprios personagens.
2 comentários:
ACM,
eu tb concordo contigo. Nosso "nome" é a expressão do que queremos.
Aqui, eu uso o meu mesmo, que acho lindo
rsrs
beijos querido
ylle
Pois então, amigo, tu sabes parte das minhas aventuras na criação da Lady Vulgata há algum tempo já. Eu vi de tudo um pouco e hoje respeito as pessoas o suficiente para entender quase tudo...
Particularmente, o meu nome significa bastante de mim e sobretudo da personagem que me habita. Quem me deu o nome foi muito feliz, na época. O que eu discordo é que é possível separar as coisas. Somos personagens o tempo todo na vida. O desafio é viver com elas sem que uma domine a outra (tsc) ou pelo menos não em horas impróprias (rs).
Beijos
LV
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