quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Quinto Elemento


Desde a época dos Egípcios, dos Celtas, dos Romanos, dos Gregos e de outras civilizações animistas, os elementos da natureza foram divinizados e a eles associados vários deuses de onde se extraíram rituais e símbolos misteriosos com finalidades, muitas vezes heterodoxas, para benefícios próprios, de uma sociedade ou simplesmente com fins especulativo.
A terra, o fogo, a água e o ar...
Será que como fizeram essas antigas civilizações ainda preservamos esses importantes elementos para as nossas gerações futuras?
Há tempos que destruímos o que de graça recebemos e nunca poupamos esforços pra isso, assim como em nossas próprias vidas, no momento em que mandamos pelos ares o que nos é necessário.
Considero o quinto elemento a vida de cada um que habita este planeta. Nele escrevemos nossa história, guardamos nossas lembranças e falamos de nossas lendas pessoais. Colecionamos amigos e os deixamos para trás da mesma maneira como vieram. Vivemos paixões e sofrimentos na mesma escala de proporção, mas sempre lamentamos as coisas más deixando o bem de lado como se fosse obrigação da vida nos cobrir de bons momentos.
Assim caminha o ser humano e suas incertezas.
Ninguém é perfeito, claro, e basta fazer apenas uma reflexão pra descobrir quanto.
E o que nos dá prazer? Como tratamos nossos desejos?
Nem sempre dispensamos a eles um tratamento digno de um elemento às vezes vital a nossa própria sobrevivência. Porque quando o fetiche aparece não são raras as vezes que o desprezamos e preferiríamos viver sem ele.
Depois somos obrigados a conviver por ser mais forte que nós mesmos, porém aceitamos a segregação a que somos submetidos nos meios sociais sem luta acabando por nos entregar ao silêncio.
Viver o fetiche na solidão e anonimato não é demérito, é necessidade, o que não pode existir de modo algum é a falta de respeito com o próximo ou a simples ignorância de aceitar o desejo alheio.
Um dia é possível que se possa fazer uma escolha e, quem sabe, o universo num momento único faça essa concessão, entretanto há que haver a preservação, da mesma forma como os elementos da natureza precisam de nós, do nosso carinho e respeito, temos que ter dignidade com nós mesmos aceitando o que aos olhos dos outros parece defeitos, como virtudes que alcançamos ao longo da vida.

É preciso saber conjugar o verbo além da primeira pessoa e viver em comunidade e, porque não dizer, em comunhão.
Trazer de volta quem ficou esquecido lá atrás e dar mostras de sentimento, só assim é possível construir um caminho que vai além das fronteiras fetichistas.
Vida, mundo e natureza. Talvez essas três palavras nunca estiveram tão ligadas quando nos dias de hoje, afinal vivemos num mundo onde a natureza já não se renova com a mesma velocidade como outrora por culpa exclusiva de nossos atos impensados e sem sentido.
Se quisermos mudar esse quadro, basta começar a fazer uma leitura correta de nossas vidas e de nós mesmos, pois como bem sabemos somos produtos do meio em que vivemos. Podemos mudar os hábitos e escrever nossa história num lugar melhor, aproveitando o que a vida nos dá sem medo, valorizando sempre cada segundo o ar que ainda podemos respirar para viver enfim, nossos grandes momentos regados a tudo aquilo que nos dá um imenso prazer.

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