Noutro dia alguém me argüiu sobre fetichismo.
Até então tudo certo. Porque ter fetiche por algum objeto
é tão normal quanto à coleção de sapatos da Duquesa de Wellington. Afinal,
fetiche vem do português feitiço e a palavra foi aperfeiçoada e seu conceito
burilado pelos franceses. Tudo que enfeitiçava virava um vício.
Mas no nosso caso fetiche tem a ver com sexualidade.
Ter fetiche por determinadas práticas sexuais envolve
algumas particularidades. Porque quando algumas dessas práticas tornam-se necessárias
e, por sua vez, repetitivas, apregoa-se a palavra fetichismo o ato de praticar.
Nesse caso, BDSM passa a ser apenas uma sigla representativa que de certa forma
não engloba todos os fetiches que se tem notícia. Porém, ela agrega e aproxima
conceitos e pessoas.
Evidente que pra quem chega vale o experimento. A
novidade fascina, aguça e às vezes tira a pessoa dos trilhos, literalmente.
Noves fora em que parte da mesa o jogador se encaixa melhor no torneio, ele
terá que decidir uma questão bem simples: ser ou não ser.
O fetichismo é permissivo e atraente. Muita gente com a
auto-estima em baixa emerge para uma nova vida captando as boas vibrações que ele
produz. A mulher antes comum se torna a rainha nas redes sociais exibindo seus
pés como dote aos súditos que se multiplicam imaginando as cenas que elas
criam. E se aperfeiçoam.
No entanto, para que essa escolha se torne efetiva há que
sair da tela e viver o papel principal.
Aprendendo, tropeçando e tendo coragem de assumir a
própria decisão. Porque nem sempre é tão simples deixar a virtualidade pra trás
e ser o protagonista da própria história.
Há que colher nas entrelinhas, beber na fonte das boas
palavras e absorver detalhes. Sim, o fetichista habita os detalhes e faz deles
a sua bandeira. Quem não o faz deixa a escola sem ter a noção da aula e voltará
cabisbaixo pra dizer que não conseguiu entender a lição.
Por isso, o fetichismo oferece ao recém chegado dois
caminhos: estar fetichista ou ser fetichista. Nada é efêmero; nesse universo a
realidade pulsa na medida em que as sensações se transformam e provocam gozos e
orgasmos diferentes daqueles que antes se conhecia.
É comum no debate deparar com pessoas que afirmam ser o
fetichismo um tipo de cultura que dormia em seus sonhos e despertou através de
pesquisas e imagens. O que pode ser a mais pura verdade ou mais doce das
desculpas. Entretanto, se esta pessoa se integrar ao tema, abraçar a própria causa
e colher os frutos pouco importa como chegou até o fetichismo, desde que saiba onde
está e o que quer realmente fazer.
O fetichismo permite todas as escolhas, mas não perdoa
erros.
É preciso se posicionar e estabelecer um elo entre
pessoas comuns ao pensamento. Desde que conheci esse mundo de forma organizada
entendo o fetichismo como integração. De forma participativa é possível a troca
de idéias e experiências capazes de levar aos novatos um pouco da garra necessária
para quebrar os tabus.
E apenas o tempo será capaz de criar uma lógica na cabeça
de quem chega.
Vi muita gente com um discurso perfeito deixar o registro
e ir embora. Sempre existe o momento em que há de fato a sucessão. Vejo gente
nova e muito competente chegando. Conceitos quase perfeitos e coragem de
defender uma causa num lugar onde uma simples forma de pensar diferente se
mescla com promiscuidade. Assim foi e assim será.
Então, se você está desembarcando nesta estação seja bem
vindo. Repare que não há uma regra comum e sequer um ditador desse conceito. O
único dono da verdade é você.
Invente e reinvente a cada dia. Torne-se senhor ou
senhora dos seus sonhos e abrace a causa se ela realmente te fizer arrepiar os
poros e aumentar os batimentos.
Com certeza absoluta este aqui é o seu lugar...
Um bom final de semana a todos!
4 comentários:
Como sempre, direto ao ponto... Espero que esse novo sangue no bdsm... traga as mudanças necessárias e o gás para trazer de volta, o que foi o bom e verdadeiro BDSM....
@Lu Mel, nem diria a palavra mudança, mas evolução. O BDSM sempre foi bom e será pra quem entende todas as suas razões.
A chegada de pessoas como você apenas garante um processo e a continuidade do entendimento.
Grande ACM:
Tudo isto aqui já dá um livro. Já pensou nisso?
Meu grande amigo MrZ
Tirando algumas daria sim, mas te pergunto: valeria a pena?
Sei lá, se houvesse tempo de criar uma boa introdução e organizasse por capítulos acho q dava...
Abraços meu bom
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