
Pode parecer simples, desconexo, mas existem pequenos impulsos que mesmo praticados vez por outra podem ser considerados como fetichistas.
Qual mulher não gosta de um puxão de cabelos ou um tapa na bunda durante a relação?
É um bom começo, porém nem tanto ao mar e nem tanto a terra, porque para significar um fetiche tem que haver uma seqüência.
Tipo assim: é impossível viver sem isso!
Há exemplos, concordam? Um amigo que nunca postulou ser fetichista acha que a excitação está numa bofetada no rosto da parceira na hora do “vamos ver”. Quando comentei sobre o possível fetiche ele apenas me respondeu: “gosto, pronto, e só isso.”
Poxa, mas nem um salto, meias sete oitavos, um espartilho, uma cordinha aqui e outra ali... Nada, o cara se diverte com uma bolacha bem dada, e garante que é infalível, que nunca houve mal estar.
São fatos, fatos fetichistas.
Faz um tempão obtive com uma antiga namorada uma constatação: toda vez que eu tentava começar uma conversa sobre bondage ela escorregava, mas na hora da transa ao tentar colocar uma pimentinha na história, tampava-lhe a boca e o orgasmo era quase imediato. Cheguei a tentar argumentar, mas não houve continuidade. A fila andou e depois disso fiquei com a impressão de que poderia ter sido melhor caso ela desse espaço para determinados assuntos, e com o tempo, cheguei a pensar que aquela garota podava algo que tentava aflorar por algum tipo de medo. Talvez ela tivesse tesão por asfixia, não sei muito bem, mas a sensação de ter a boca coberta libertava um desejo maior que a levava ao orgasmo mais rápido.
É meu caro, são coisas da vida.
Na verdade, o fetichista só se descobre quando tenta entender a existência do fato. Penetra dentro de seu íntimo e vislumbra alguma coisa que o faz sentir melhor, que atrai, que enfeitiça. Se perder o fio da meada na hora certa, vive sem admitir e foge a sua própria realidade. Por isso, eu costumo dizer que o fetiche está dentro de cada um, basta encontrar ou ficar sem ele pra sempre.
Se a fonte de prazer é através da dor basta assumir e procurar alguém que possa entender que isto é plenamente passível de acontecer. É difícil, o mundo é guiado por preconceito, foda-se, porque sempre haverá um chinelo velho para um pé cansado, afinal se existe quem se satisfaça com a dor haverá quem sinta prazer batendo.
Por falar em pé, o mesmo se aplica aos podólatras, aos voyeurs ou a qualquer outro fetichista.
Ninguém está obrigado a nada. Não há a intenção de fazer lavagem cerebral em ninguém.
Essa conversa é restrita aos que em determinado momento da vida sexual adulta e ativa foram atraídos por certos impulsos e, por qualquer razão, não sabem de onde isso vem.
Resumo da ópera: quase tudo na vida tem explicação e o que não tem a gente fuça por aí tentando encontrar uma razão.

Se um fato fetichista ou um simples impulso estranho te flecha em certa fase da vida, é o momento certo de pensar na possibilidade de sua existência, mesmo que seja na fase adulta, porque não há hora, local ou razão para que isso aconteça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário