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segunda-feira, 22 de julho de 2013
Uma Noite de Primavera
Ele olhava para o celular e não se importava muito com o que se passava ao redor naquele bar.
Sequer sabia a razão de estar ali. Mas estava. Não esboçava emanar simpatia gratuita e tão pouco dirigia o olhar a algo específico. Parecia um turista em terra estranha.
De repente um vulto e um cabelo milimetricamente cuidado lhe chamaram a atenção.
Era impossível ver o rosto que ostentava o penteado alinhado e o corpo perfeito. Ela estava de costas.
Bradou pra si mesmo: “santa perdição! Se eu pudesse...”
Naquele instante ela deu uma guinada e ele pode ver a magia absoluta através de um olhar lindo que lhe chamara tanta atenção e cada vez mais se convencia que a bela imagem seria somente admirada, e nada mais.
Distraiu-se com o celular e num instante aquela bela mulher já não estava. Lamentou.
Pôs-se a levantar em busca de um trago e ao fazer a volta no estreito corredor recebeu um pisão na ponta do dedo junto com um esbarrão. Nessas horas que se admite a cumplicidade do Cosmos com o desejo. Porque a dona do cabelo inconfundível encabulada lhe pediu desculpas. Retribuiu com um sorriso, e se lixando se doía ou não a convidou para um drinque. Foi a melhor dor do universo!
Todas as conversas que se seguiram desde então traduziam um encontro que tinha ares de estar previamente marcado. Não se sabia onde ou por que, mas o destino os levava a algum ponto qualquer, parecido com o oceano em busca do céu. O limite não tinha lógica alguma.
Até acontecer a inevitável primeira noite.
Do alto de sua experiência tinha total ciência que deveria saber como lidar com o vaso de porcelana chinês que trazia em mãos. Pensou em Dustin Hoffman, na primeira noite de um homem e seduziu. Era preciso. Aquela Deusa de Negro não cairia num conto qualquer. Era inteligente, sagaz e perceptiva demais pra cair num canto do cisne sem graça.
Porque a idéia era conflitante com o que hoje se entende por encontros. Ela a queria, pra ele, pra sempre, como um todo.
E aquele quadrado mágico rodeado de espelhos e com uma linda banheira próxima a cama era o pedaço mais valorizado do universo naquele dia. Foi então que ele tremeu. Quem sabe o coração quarentão não estivesse pronto para viver aquele tipo de sentimento, mas como ele se preparara a vida toda pra viver a melhor de todas as fantasias que havia sonhado não se deixou abater.
Desembrulhou pernas perfeitas enrolando a meia fina de seda para baixo. Pôde contemplar a olhos nus o que a natureza havia desenhado com extrema relevância. Os pés irretocáveis davam um contorno final a todo o contexto emanando volúpia. E lá estava ela com o busto desnudo como tivesse sido esculpida durante anos em que esperou por aquele dia.
Imaginou o fetiche. A parceria estava numa tira de roupão e com ela amarou-lhe as mãos.
Ela consentiu com um breve sorriso enquanto ele explorava cada pedaço de pecado que tinha diante de si. Chamou-a ao orgasmo, uma, duas, várias vezes. Ela palpitava doses de tesão como quem toma um Martini.
Nem se importou quando ela sem qualquer delicadeza livrou-se das amarras e iniciou uma cavalgada sem fim. Àquelas horas estavam destinadas a que o prazer fosse todo dela, porque o maior dos gozos que ele poderia sentir aconteceu quando cruzou a porta.
Daquela noite levou uma fotografia de um sorriso no celular. Eternizou o momento num simples registro do que foi uma noite fria de começo de primavera.
Sabia que haviam feito um pacto de cumplicidade que o tempo seria incapaz de destruir, e nem mesmo qualquer desistência mudaria o destino traçado por eles naquele dia.
Passado tanto tempo eles conservam o amor e o desejo que construíram através de olhares e doses exatas de fetiche bem feito. Hoje ele a pediu em casamento e ela anda pensando no assunto.
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2 comentários:
Lindooooo texto! Delicia de ler!
Amei e Amo
Erika
Obrigado Erika :)
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