terça-feira, 18 de junho de 2013

Novos Ares


Deparei com um artigo hoje que achei interessante.
A lógica diz que ele deveria ser mais profundo. O problema é que as pessoas têm preguiça de pesquisar e acabam generalizando, mas tirando por baixo, o artigo fala que as pessoas as quais praticam sexo excêntrico via-de-regra gozam de boa sanidade mental.
No entanto, sexo excêntrico não engloba apenas o sadomasoquismo como enfoca a matéria. O fetichismo reúne um bom número de jogos capazes de criar emoções das mais diversas que arejam a nossa cuca também.
O que deveria ser frisado pelo autor ou autora quando se refere ao comportamento despojado de quem se atém a esse tipo de prática sexual, é a necessidade básica de deixar a timidez no armário. Tarefa ingrata pra quem chega, mas essencial para trazer continuidade a quem fica.
E essa talvez fosse à razão que os analistas deveriam ter trazido ao assunto. Porque ela além de dar base ao praticante, pode ser muito benéfica em casos de rejeição que ele vai encontrar pelo caminho.
O chamado “quebra gelo” inicial em quem recorre ao fetichismo no intuito de criar uma atmosfera positiva às suas experiências sexuais começa com esse paradigma. Porque não é tão simples como possa parecer ou complicado demais como querem que seja. Entretanto, alguém que se aproxima de pessoas praticantes sente-se um peixe fora d’água num primeiro approach, e, em seguindo o caminho, procura estabelecer um elo com o universo normalmente de maneira que soa até exagerada, haja vista, a forma atabalhoada em que este recém chegado procura abordar os que estão a sua volta na tentativa de mostrar a que veio.
Não é difícil observar este tipo de comportamento nas redes sociais.
E, como disse, basta pesquisar, estar atento e conhecer.
Claro que quando isso é levado ao campo da psicanálise à esfera toma uma proporção mais ampla. A matéria cita o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e entra de sola no sadomasoquismo como único exemplo de excentricidade capaz de transformar a visão de quem se dedica a criar fantasias em suas experiências sexuais. Entra em cena a cartilha do analista que trata fetiche como distúrbio psicológico ou transtorno, e pela primeira vez isso é rechaçado por algumas fontes que passaram a perceber a tal cabeça mais livre com a presença de novos ares na vida de quem se dedica a praticar a fantasia.
Aqui se estabelece um dilema.
E deste dilema apareceram pesquisas através de entrevistas com praticantes aonde foi percebido um trato melhor até mesmo com a rejeição quando da apresentação da prática, o que vem corroborar com o que foi dito no começo da nossa conversa quando abordo a timidez como o maior empecilho a quem se aproxima do BDSM.
Não pensem que é simples a uma pessoa recém apresentada ao mundo que sempre manteve trancafiado na imaginação e se declarar de todo. Desnudar sentimentos não é tarefa descomplicada.
A análise conclui, ainda, que quem busca práticas íntimas fora dos padrões considerados normais possui elevados níveis de bem-estar e segurança pessoal dentro dos relacionamentos. Nesta fase eu concordo em todos os níveis. O fetichismo traz segurança uma vez inserido de forma absolutamente correta numa relação.

E isto é notado até mesmo em relações não convencionais, as chamadas relações extraconjugais, uma vez que essa sensação de bem-estar consegue enxergar uma brecha entre o certo e o errado desde que o fetichista saiba conviver com os dois lados de maneira coerente. Mas há que se ter muito cuidado com isso, porque a consciência por uma necessidade em práticas sexuais incomuns pode levar à frustração e menos envolvimentos emocionais.
Em resumo, mais um dilema, dentre tantos que acompanham o fetichista ao longo da vida.
Evidente que o ideal seria que tudo se concentrasse num só lugar e numa só relação, 

mas nem sempre os capítulos são escritos para seguirem uma linha lúdica de racionalidade.

2 comentários:

Unknown disse...

A falta de informações sempre gera erros e abusos na prática.

ACM disse...

@Aodh Aran exatamente