“Tá certo, você diz e eu acredito. Como acredito em todas
as pessoas, mesmo aquelas que não existem.”
Sabe, a internet mudou o mundo e trouxe uma grande
contribuição. Globalizou, divulgou, mas fez nascer o “fake”, o embusteiro, o
falso, o montado, o irreal.
Conviver com isso é complicado pra alguém que todos sabem
quem é, mas mesmo assim eu tento, embora veja flagrantes disparidades, em blogs
ou em redes sociais. As pessoas mexem com o imaginário alheio de todos os
modos, mas quem trabalha com material humano, lida com corpos radicados no
fetiche, sabe diferenciar uma foto real da outra montada e às vezes furtada.
Por isso, talvez eu seja tão descrente quanto à
virtualidade ou as coisas que parecem ser. Converso com todos. Independente de
serem reais, abstratos ou até brincalhões.
Mulheres que são homens, homens que são mulheres, tudo na
NET é valido, permissivo, dinâmico, mas nem sempre isso é agradável.
O BDSM não perdoa os personagens que se mantêm presos ao
anonimato pra sempre.
O BDSM não costuma punir esses personagens junto ao meio
em que vivem, mas os pune de forma definitiva, aprisionando o personagem no
contexto da pessoa que o cria.
E o pior de tudo isso é que algumas pessoas se
especializaram tanto nesse negócio de “fake” que estão fazendo escola. Uma
verdadeira corrente habita um mundo paralelo e imaginário onde um se conecta
com o outro. Concordo que muitas vezes esses internautas sabem quem é quem e
que nada além de um perfil falso está do outro lado da tela. Entretanto, o conteúdo
muitas vezes é interessante, faz bem aos olhos, aguça, instiga, e tudo passa.
É bom esclarecer que “fake” nada tem a ver com anônimo,
antes que comecem a jogar pedras nos comentários. Há pessoas que por razões
pessoais não podem se expor, daí aparecem na NET anônimos, mas se apresentam
quando há um evento, ou quando encontram alguém com a confiança suficiente pra
se mostrar.
Algo que o “fake” jamais fará. Pelo simples fato de ser
uma grande mentira montada.
Não há como criar um personagem totalmente falso e dar
vida a ele. Seria o mesmo que supor que o Clark Kent exista de verdade e que de
vez em quando ele voa por aí. Não rola.
Noutro dia conversando na NET com um desses “fakes”
cheguei à conclusão de que essa pessoa é louca ou o louco sou eu. Porque esta
criatura me disse que quando cansar do personagem e este não suprir as idéias
que ele se dispôs ao construir tal montagem, ela construirá outro perfil, e,
assim, sucessivamente até acabar o estoque.
Pergunto: pra que? Que graça tem isso?
Se o grande barato da internet, o bem maior que ela
trouxe em beneficio da população foi facilitar o contato, como funciona uma
mente que decide viver nessa “deep web” aprisionada?
Conheço muita gente dentro do BDSM que já arrancou os
cabelos com esse papo de “fake”.
Gente que construiu esperanças de um dia ter na realidade
o que alcançou pelo mundo virtual. Estas pessoas hoje nutrem ojeriza aos fakes
que aparecem e reaparecem no BDSM de forma avassaladora.
E como evitar que estas pessoas apareçam em suas redes de
amigos?
Bom, um “fake” não é um idiota, ainda que seja totalmente
imbecilizado ele pensa. Procura adicionar pessoas conhecidas no meio, puxa
papo, mostra que conhece alguém que todos sabem quem é. Dessa forma ele inicia
a incursão no BDSM.
E quando topar com uma criatura desse tipo procure se
proteger de todas as formas. Não adianta pensar em instrumentos que faziam
diferença num passado remoto como webcam, porque essa gente possui dispositivos
pra burlar isso, através de vinhetas programadas que resistem alguns segundos e
depois desaparecem. Então a velha desculpa de que o sinal da NET caiu ainda
rola.
A melhor maneira de lidar com o “Fake” é ignorar. Pode
parecer simples demais, mas quem se dedica a essa brincadeira de péssimo gosto
detesta ser ignorado...
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