
Antes vale uma explicação.
Muita gente me pergunta se algumas histórias contadas aqui no blog são verdadeiras ou fazem parte da imaginação, tanto minha, como de leitores amigos. Na verdade, uma pessoa ligada ao fetiche há tanto tempo como eu, têm em arquivo centenas desses casos, uns que presenciei e outros que soube.
Portanto, trocam-se os nomes dos personagens, retoca-se daqui e dali, mas no final sempre haverá uma ponta de veracidade em várias dessas histórias, como essa que me lembrei e achei interessante contar.
Norberto é sádico, mas não pensem que é um sádico qualquer, o cara é muito sádico mesmo, capaz de cenas extremas e coloca o fetiche acima de qualquer coisa na vida. Figurinha carimbada em qualquer evento na capital paulistana no começo do milênio buscava a todo custo uma parceira que aceitasse suas práticas fetichistas.
A galera que se encontrava uma vez por mês no bar América resolveu fazer uma festinha no dia seguinte na casa de um amigo, enfermeiro, também praticante de BDSM. Muitos convidados e no meio dessa gente nova uma garota loira sentada numa mesa com um casal no canto da sala de estar.
A beleza daquela mulher a todo o momento ajeitando seus longos cabelos era mesmo pra ser reparada. Papo vai papo vem, ninguém notou quando o Norberto já gastava sua saliva ao lado da bela garota sem deixar espaço para outra tentativa de alguém.
Como reunião de fetichistas acaba sempre em samba, bastou alguém apresentar as armas pra começar algumas cenas. Amarra daqui, pinga vela de lá, enfim, dentro do respeito coletivo os mais desinibidos colocaram seus instintos à prova. Foi quando o Norberto levantou-se e se ofereceu a espancar a bunda de uma conhecida submissa presente. Quem sabe na tentativa de mostrar serviço diante do olhar atento de sua “paquera”.
Na sexta ou sétima estalada a submissa entornou o caldo e usou a “safeword” – palavra de segurança que impede a continuação da cena – causando descontentamento no sádico. Só que num impulso repentino a sua companheira de mesa levantou oferecendo-se para o lugar da desistente mulher que ajeitava o vestido.
A surpresa foi geral. Desconhecida pela maioria dos presentes, a garota não demonstrou nenhum constrangimento ao encostar na parede e descer as calças até a altura das coxas sorrindo para o Norberto. Mas foi uma das raras vezes em que vi o cara constrangido, não pela ousadia da amiga recente, mas pelos olhares que repararam o defeito físico numa das pernas da bela garota. Ela era manca.
Mas durou só uns míseros minutos, porque o sádico começou uma sessão de torturas que obrigou o anfitrião a buscar uma caixa de primeiros socorros. Um festival de palmadas e chibatas de todos os tipos que só arrancavam pequenos gemidos da garota, tanto que chegou a ser alertada por uma dominadora presente a respeito da palavra de segurança.

Os fatos que sucederam aquela noite renderam fotografias de tirar o fôlego, principalmente para os que não têm a veia sadomasoquista. Ele exibia as fotos de suas cenas com os olhos brilhando, sempre acompanhado de sua nova escrava.
Se divertiram muito com tudo aquilo.
Dois anos mais tarde deixei de lado a cena fetichista por causa da vida profissional e por conta disso nunca mais tive notícias do Norberto e sua parceira, mas aquela noite ficou gravada em razão da felicidade de um cara que sempre estudou tudo sobre BDSM, mas era dono de um fetiche tão complicado de entender quanto trazer para a realidade.
Na noite do sádico ele não desafinou e encarou todos os olhares preconceituosos de tanta gente que jamais deveria ter esse tipo de sentimento.
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