quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Fetiche e os Detalhes


Ainda sobre a matéria de ontem que gerou emails, comentários e postagens no twitter em profusão: se olhar fosse traição eu seria um grande canalha...
Mas hoje a história é outra e resolvi escrever sobre os detalhes de determinados fetiches que impressionam por serem inusitados.
Campeões disparados nesse tipo de modalidade, os podólatras são tão detalhistas que juntos reuniriam um glossário de por menores devido à variedade de pequenos desejos.
Nessa vasta relação, figuram os que apreciam as marcas que botas e sapatos fechados deixam nos pés das Deusas assim que retirados, unhas sem pintar, cor de esmalte quando são pintadas, pés pequenos ou grandes, cheiros, enfim, a lista é imensa, quase do tamanho de uma avenida.
Para um melhor entendimento, a coisa funciona mais ou menos assim: cada louco com sua mania, afinal fetiche e mania são duas coisas que se completam.
Um fetichista convive com seu “detalhe” da mesma forma, embora com desejos diferentes.
Dentro do mesmo contexto há uma história de tirar o chapéu.
Já faz um longo tempo, aliás, bota tempo nisso, um amigo de quem eu já falei aqui no blog, possuía um caderno nos tempos de faculdade que me foi emprestado um dia para copiar uma matéria perdida. Notei que nas primeiras páginas havia uma em particular onde numa seqüência apareciam traços na vertical, e a cada quatro desses traçinhos uma circunferência em volta os separava dos demais. Acho que deu pra entender.
Encucado, perguntei ao meu amigo, fetichista confesso, a razão das fileiras que tomavam conta da página quase por completo. Pra minha surpresa, tomei conhecimento de que cada traço representava uma garota com belos pés que passara diante dele e fora “homenageada” através de uma bela masturbação.
Vida louca... O abstrato e o real se confundem quando se fala em fetiches. Isso é inevitável.
Fetichista adora guardar objetos que um dia lhe deram prazer, coleciona fotos e vídeos, e dá importância a certas coisas que para um não fetichista passaria despercebido.
Se é verdade que o diabo habita os detalhes então ao mesmo tempo instiga o fetichista a estar cada vez mais atento a eles, sempre em busca da perfeição.
Um bom exemplo disso que pode ser citado está relacionado com meu próprio desempenho nas cenas de bondage exibidas em meus trabalhos no Bound Brazil. Nem sempre fico satisfeito de imediato com a amarração, mas em alguns casos quando revejo através de fotografia ou do vídeo em si, sou capaz de refazer meu próprio conceito e mudar de opinião.
E como para toda regra existe a exceção, o contrário também acontece e torço o nariz para algumas cenas.

Procuro me policiar e com isso melhorar a minha leitura do fetiche. Sempre é legal tirar lições de nós mesmos quando temos humildade de reconhecer aonde erramos.
Já apostei minhas fichas em determinadas modelos e me arrependi amargamente com o resultado, enquanto em outros casos me surpreendi com desempenhos antes impensáveis.
Isso ocorreu porque aprendi a estar atento aos detalhes.
Esse ciclo que move o fetichista se renova na medida em que o conhecimento e a vontade caminham lado a lado durante as práticas, gerando o desejo de ser perfeccionista e a atração pelos detalhes.
Independente do tesão de cada um, quanto mais interesse em desenvolver o fetiche maior a importância dos detalhes, por isso a relevância dessa associação.
O objeto do desejo enfeitiça e o fetiche nada mais é que o feitiço que liga o ser humano àquilo que ele mais gosta.

Eu adoro os detalhes. E você?
Foto: Samyra num ensaio perfeito do Bound Brazil. Esse eu assino!

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