quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Traição e Castigo


Não há como prever limites para a submissão das pessoas enquanto fetiche.
O sentimento de se sentir humilhado na presença alheia excita o fetichista submisso. Ele cria roteiros, inventa personagens e vive sua peça teatral na sua relação afetiva desde que haja comprometimento consensual.
Dentre tantas fantasias a traição por parte da pessoa amada é uma delas. Os que se autodenominam cornos submissos deliram quando dominados e obrigados a assistir de perto sua mulher subjugá-los deitando com outro.
Mas não é uma fantasia tão simples assim. Alguns requintes são fundamentais para realizar estas pessoas. Açoites diante do amante de sua dona, humilhações verbais e outros elementos são comuns quando o casal pratica este tipo de fetiche.
Amarrados e amordaçados, trancados no armário ou até dentro de lixeiras, esses fetichistas realizam suas fantasias vendo sua parceira se derretendo em prazer com um desconhecido. Normalmente contratam garotos de programa bem dotados para compartilhar o fetiche. Tratam de explicar cuidadosamente a cena para que não haja rejeição ou espanto. Sei de casos, reais, de mulheres que colocaram cintos de castidade em seus parceiros submissos para que não conseguissem se masturbar diante da cena, por pura crueldade, consentida é claro.
Alguns submissos assumem o fetiche publicamente no meio, outros escondem e deixam que tudo aconteça apenas entre os dois.
O que se pode analisar relativo a este assunto é o aspecto humilhação. Ora, se a cena não for observada por um terceiro participante o humilhado não se sente plenamente satisfeito com a fantasia. O exibicionismo fala alto e ele precisa que assistam ao ato para ter cem por cento de prazer.
O fato em si – outro homem beijando, transando e acariciando sua parceira – representa a humilhação com todas as letras. Misturado a impulsos de bondage e sadomasoquismo significa a química perfeita para estes praticantes. O problema está na dependência absoluta de obter prazer sempre à sombra do mesmo enredo. O fetiche é sadio enquanto não se transforma em parafilia.
Alguns submissos procuram lésbicas para participar de suas fantasias. Existem motivos que os levam a buscar essa opção. Os que não querem ter a masculinidade afetada pela invasão de outro macho em sua vida privada, sobretudo em contrair relação íntima com sua parceira, aqueles que têm o desejo de ver duas mulheres se tocando e têm sua submissão atendida pela proibição de participar, ou ainda, os que buscam satisfazer o desejo de suas próprias parceiras com tendências homossexuais.
Não se pode ignorar os que sentem prazer em “perder para uma mulher”. Neste caso, a humilhação ocorre através do sentimento de perda, de incapacidade que ele mesmo, o submisso, faz questão de criar.
Escondendo o rosto, borrando fotografias, é comum navegar pela Internet e encontrar farto material de homens se auto-intitulando cornos submissos. A parceira, também exibicionista, delira expondo suas partes íntimas e o sujeito faz questão de dizer que tirou a foto na espreita, como um comportado e obediente voyeur.
Os clubes de casais (casas de swing) são a primeira opção desses fetichistas em busca de aventuras.

Conhecem pessoas e trocam contato quando vislumbram a possibilidade de estar diante de um futuro promissor. Não é difícil haver essa interação entre casais. Basta que tenham desejos ao menos semelhantes.
Claro que o fetiche tem um aspecto complicado, aliás, quase todos têm. Mas se duas pessoas conseguem chegar a um denominador comum é muito mais fácil alcançar o objetivo de ter uma terceira ou quarta pessoa disponível para aceitar a idéia, ou pelo menos, pensar a respeito.

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