quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sem Preconceito


Confesso que a princípio relutei assim que recebi um email com mais uma solicitação de entrevista. Em meio a tantos que chegam à minha caixa de correio eletrônico, achei que se tratava de mais uma daquelas abobrinhas tipo assim: “como você se sente quando pratica bondage? É fácil conviver com o médico e o mostro dentro de você?”.
Esse blá blá blá irrita, satura, e embora causasse horas de aborrecimento no começo, hoje simplesmente ignoro e não dou resposta.
Mas assim mesmo resolvi responder as perguntas de uma jornalista que mostrou desde o primeiro email ter bom senso, lucidez, provando que estava entrando no nosso planeta fetiche em busca de realizar uma matéria para a sua revista, e ao mesmo tempo, passar aos seus leitores uma idéia geral de como as coisas acontecem do lado de cá dos trilhos.
Sem preconceito, sem comentários jocosos ou patrulhamento social excessivo, o artigo com o titulo de “Prazer Sem Limite” é uma viagem pelo mundo BDSM e seus personagens. O olhar fetichista sempre voltado para o prazer.
O resultado desse trabalho está na edição desse mês da Revista Viver Brasil de Minas Gerais.
Pra quem não mora na terra das alterosas aqui vai o link onde é possível ler a matéria totalmente grátis na edição eletrônica: http://www.revistaviverbrasil.com.br. No menu de opções basta clicar na palavra sexo.
Além de ter excelente conteúdo, a matéria toma o depoimento de vários praticantes de todas as vertentes que compõem a sigla BDSM. Fetichistas de renome como meus amigos Senhor Verdugo, Yago e outros mais, são o foco da reportagem e contam nas entrelinhas um pouco de suas experiências.
O aspecto histórico do BDSM é retratado em detalhes e serve como base para principiantes que almejam participar desse universo de fantasias.
A Raquel Ayres contou o que rola por trás de relacionamentos BDSM de forma correta, sem rompantes de elogios ou criticas. Baseou-se em depoimentos reais para sedimentar a sua reportagem buscando opiniões de especialistas que compreendem essas manifestações como sadias. Não tocou em parafilia ou algolagnia e fez prevalecer o prazer de praticantes que primam por seguir regras rígidas, sem sair dos trilhos.
O BDSM não precisa da mídia. Precisa que haja respeito a todos que se dedicam a criar esse tipo de fantasia erótica dentro de suas relações sexuais. E neste quesito, a Raquel e sua revista estiveram perfeitas, sem pular a faixa ou o degrau.
Talvez a matéria da Revista Viver Brasil traga benefícios a possíveis interessados nessas fantasias, uma vez que acostumados a criticas desmedidas claudicam em aceitar desejos diferentes que os acompanham por longo tempo, e por essa razão, preferem deixar de lado, esquecido, ao invés de compartilhar com alguém que também os aceite. Quem sabe, tenha também o poder de elucidar aos chamados baunilhas para que entendam que dentro de nós nunca morou um demônio que se alimenta de dor e violência sem sentido.

O BDSM necessita ser retratado da forma como ele é de verdade, mas isso só é possível quando pessoas que têm discernimento e espaço na mídia se dispõem a realizar reportagens transcrevendo o prazer em lugar da demência.
Se esse blog tem como objetivo o debate e, acima de tudo, explicar que nossas gostosas brincadeiras de adulto não passam de simples fantasias, reverencio essa menina, jornalista por excelência e inteligente por vocação.
Valeu Raquel!

3 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente ACM, eu não vejo nada de excepcional no estilo bdsm de viver a vida.

É instigante, delicioso, além de fetichista, supre as necessidades básicas de qualquer ser humano que aprecia viver assim.

Eu aprecio e muito.

bjo

yllenah

ACM disse...

Pois é YLLENAH, pena que nem tanta gente pense assim...
E esse tipo de matéria que não degrada a imagem de quem se dedica a essas práticas, é o pontapé inicial pra desmistificar um universo que para quem não conhece fica à milhões de anos luz.
Parabéns por sua visão!

Beijo
ACM

erolog disse...

Bem apanhado o post, pode parecer que não, mas as pessoas estão-se a abrir aos poucos e a aceitar estilos de vida alternativos, até porque muitos o desejam fazer secretamente.

Prova disso foi há uns dias ter visto na Discovery (em Portugal) um documentário sobre dominação feminina, embora um pouco tímido já foi um progresso valente