
Pra muitos a distância entre a inocência e a perversão tem a extensão da estrada Belém Brasília. Outros, porém, não vêem dessa forma e, assim como eu, defendem uma tese muito simples: depende do olhar.
É possível enxergar a perversão numa obra de arte onde o nu artístico seja confundido com pornografia, da mesma forma que uma imagem tem uma conotação totalmente diferente do ponto de vista de quem a vê.
Na primeira fotografia que ilustra esse texto, por exemplo, a modelo Jamylle Ferrão gravou uma seqüência interessante que pode servir de fundo para esse assunto. Bolei uma cena de bondage deixando a nudez fora do contexto. Entretanto, algumas pessoas podem imaginar pornografia pela posição que a coloquei, embora ela esteja trajando um simples conjunto de short e blusa.
Pra mim as imagens são perfeitas, definem de todos os ângulos o sentido do fetiche de bondage, o aprisionamento total sem a mínima chance de escapar. Porque o site tem este padrão e o compromisso de mostrar através das imagens que produz aquilo que os assinantes querem ver.
Cacete! Mas precisava estar “arreganhada” desse jeito?
Ao receber esse tipo de comentário só posso responder que a primeira intenção foi à imobilização e o que vier adiante é pura conseqüência. Existem assinantes do site que repetem as cenas com suas parceiras e muitos deles utilizam esse recurso para elaborar suas fantasias.
E se existir aquiescência consensual para reproduzir a cena em circuito fechado, onde cada um responde pelos seus atos, fico com a sensação de dever cumprido, de ter produzido o que as pessoas esperam e desejam.
A posição em questão é comumente chamada de “frogtied” e faz alusão real a um sapo, devido à própria concepção da imagem, e não é fácil de ser reproduzida. A modelo tem que possuir elasticidade capaz de dar sentido ao que se quer encenar. Mas se me perguntarem se essa posição carrega o sexo nas entrelinhas posso dizer que sim, cem por cento, embora o clipe e as fotos postadas no Bound Brazil somente interpretem o fetiche de bondage.
Se o aprisionamento inocente sugere a perversão quando é exibido nos sites fetichistas com esse contexto, qualquer imagem pode ter essa relação, sem importar se expõe as partes íntimas ou não.
Nesse caso, uma posição hogtied que muitos têm como preferência, também leva esse selo.
Mesmo assim ainda fico com a questão do olhar. Do modo como o espectador encara o que vê e o efeito que isso produz. Qualquer um que não seja fetichista pode achar uma barbaridade pessoas admirarem fotografias de meninas amarradas. Concorda?
Daí, se a posição tiver um aspecto “mais doloroso” a paulada é certa e tem que ter caixa pra agüentar.
Como ninguém está obrigado a nada, o melhor é dizer que os incomodados que se mudem. Mas não é bem assim que a banda toca. A Internet é pública e mesmo que os sites sejam fechados por senhas de acesso e seu conteúdo exclusivo de seus assinantes, sempre escapa alguma dessas pérolas pela Internet, como aqui no blog, o que acaba gerando esse tipo de comparação.

Se você tem paixão por esse fetiche guarde, colecione e leve consigo.
Se não tem, observe e imagine que para alguns isso serve de incentivo para os fetichistas e suas loucas fantasias inocentes e ao mesmo tempo perversas. E ao menos para nós, é como a melhor fatia do bolo.
Não fosse assim, o que seria do verde se todos gostassem do azul?
(Fotos: Jamylle Ferrão Bound Brazil e Hogtied do site Trussed Up)
2 comentários:
se é posição de saco, eu não sei
mas que é sensual e instigante, ah isso é!
rsrs
até eu gostei!
Linda a foto da Jamylle Ferrão Bound Brazil, bastante criativa e sexy.
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