Ela nasceu com as formas perfeitas. Linda da cabeça aos
pés.
Viveu todos os sonhos e teve os homens ao redor. Escolheu
o que supôs ser o marido perfeito, um protótipo daquilo que imaginava pra toda
a vida.
Chegou à maturidade e viu tudo ir por água abaixo. O
casamento era insosso, as aventuras parcas e sem nexo, mas por alguma razão qualquer
ela insistiu na escolha e encarou com garra.
E foi numa dessas crises de foro intimo que vasculhando
na internet leu sobre BDSM. E foi fundo. Preferiu se embrenhar além das
matérias sem graça de revistas femininas e conselhos incoerentes de analistas
do bom senso. Flertou com os canais pra saber o que era aquilo.
Uma breve olhada no espelho e fez nascer uma dominatrix.
O personagem tomou forma. Evidente que num mundinho
restrito a poucos habitantes a noticia se espalha com muita facilidade. Uma
foto dos pés aqui, um salto ali, um olhar sombreado por generosas doses de photoshop
e ela se tornou conhecida.
Inteligente, bem formada, sagaz e antenada, não foi difícil
criar o estereotipo da mandona.
Era preciso se mostrar austera e eficiente, ainda que
tudo não passasse de uma mera encenação virtual com o marido na sala vendo TV.
Filhos já crescidos e tempo de sobra contribuíram significativamente para o
aparecimento da emergente dominadora do BDSM.
A vida na tela de um computador é mesmo muito simples.
Os novos súditos virtuais lhe faziam juras de fidelidade,
se ofereciam para qualquer cena de humilhação possível e lhe imploravam as
doces migalhas. A tal coleção de capachos sem rostos a fez remoçar, se sentir
novamente bela e atraente, talvez de forma diferente de alguns anos antes, mas
o suficiente para melhorar até sua condição pessoal.
Foi então que ela percebeu a possibilidade de ganhar
grana com toda aquela ousadia.
Criou um blog e ofereceu serviços através de uma tabela
muito bem elaborada, fruto de toda a leitura que ela agregou nos tempos de
estudo da causa e pela própria convivência com o povo.
Muita procura e nada efetivo. Mas ela não se fez de
rogada.
Faltava-lhe presença no meio, experiências comprovadas,
entretanto, insistia e imaginava que sua beleza e elegância fossem suficientes para
atrair a freguesia. E quando alguém se aproximou com seriedade apostando na eficiência
do que ela anunciava, buscou se aperfeiçoar para dar luz a seu personagem.
Criou amizades com submissas, de preferências masoquistas, e através delas
galgou conhecimento sem despertar a curiosidade de outras dominadoras rivais.
Entretanto, a tal sorte jamais lhe bateu à porta. Por uma
razão muito simples: BDSM é tesão.
É possível pintar um quadro, escrever um livro, criar um
personagem imaginário através de vários clichês, porém, a essência só permite participação
efetiva a quem tem a veia pulsante.
Seria simples determinar quem estaria na alça do chicote
comandando uma sessão e fazendo vibrar quem sonha em estar de joelhos. Uma
domme não se cria com um rosto bonito ou pés bem feitos e bem desenhados. Ela
precisa ter alma.

A nossa Miss BDSM vai encontrar com alguém qualquer dia
desses. A propaganda é permissiva e quem muito insiste obtém resultados. Mas
será que esses resultados serão suficientes pra fazê-la ser o que anuncia?
O mundo dá voltas. Pode ser que algum escravo novato lhe
pague as contas e os cartões e que sua incursão no meio a faça ser visionária o
suficiente para realizar desejos. Mas e os dela? BDSM é uma simbiose e sem ela
nada disso faz sentido.
Um bom final de semana e começo de ano a todos!
Um comentário:
Oie to meia sumida...Mas to voltando a visitar os amigos e desejar um feliz 2013!!bjs querido
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