Incrível como pairam tantas dúvidas sobre as diferenças
entre os fetiches de bondage e sadomasoquismo. Muito se fala e defende, mas o
fetiche é muito pessoal e por conseqüência individual para ter uma definição
coletiva como querem alguns.
O bondage vive sem o sadomasoquismo e o SM leva a vida
dele muito tranqüila sem bondage. Na verdade, se criou uma sigla chamada de
BDSM (bondage, disciplina, sadismo e masoquismo) e por isso toda essa celeuma.
E qual é o conceito de bondage?
Está aqui mesmo, na apresentação dessa página um dos
vários conceitos que se apregoam ao fetiche de bondage, e claro, dentro dessa
ótica, variadas e diversas vertentes povoam a imaginação de cada individuo
apaixonado por isso e que tem a sua visão do assunto. E esse detalhe é que faz
toda essa diferença, ou seja, a prática.
Noutro dia assisti a um filme no Canal Brasil da Net que
nada tem de fetichista, o ótimo “Doces Poderes” (1996) da competente Lúcia
Murat, e numa cena em que o ator Tuca Andrada amarra a excelente Marisa Orth na
cabeceira da cama e inicia uma sessão de carícias e beijos, posso daqui afirmar
pelos anos de experiência que levo que esse é o conceito principal de bondage.
Daí em diante, todos podem tirar a conclusão devida, os caminhos que acharem
conveniente, mas a essência é puramente essa.
Alguém que por acaso tenha visto o filme e reparado na
cena pode comprovar que não houve a utilização de nenhum instrumento de tortura
ou ações que causassem a dor, que não havia uma técnica específica empregada,
mas não importa, porque a intenção é que é o xis da questão, e os detalhes
somente contribuem na medida em que exista um fetiche mais apurado e concebido
de forma consensual.
Porque o ideal para uma prática de bondage é que quem
está imobilizado sinta a sensação da impossibilidade de escapar naquele
momento, para que a cena produza o efeito necessário.
E isso seria uma condição fundamental para uma prática de
bondage?
Não necessariamente, mas deveria ser para produzir a
sensação desejada. E não precisa de uma técnica apurada para se fazer valer
essa possibilidade, porque basta um “nó diagonal” (para quem tem ou teve noção
de escotismo é fácil saber o que é isso) aquele em que você cruza os punhos,
amarra em forma de cruz sempre com o nó finalizando atrás do alcance dos dedos,
atando novamente por trás da haste de sustentação da cabeceira da cama.
Difícil? Elementar demais meu caro Watson, não, eficiente
e basta um pouco de prática e qualquer pessoa está habilitada para fazer.
Lembrando sempre que qualquer prática de bondage onde haja somente duas
pessoas, deve ser precedida de cuidados fundamentais, como a colocação de um
objeto cortante (faca ou tesoura) ao alcance de quem está imobilizada.
Prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém, certo?
Mas bondage trás também os defensores e admiradores das
heroínas em perigo, das chamadas donzelas em apuros (Damsels in Distress), e
delira ao ver uma mulher mordendo uma mordaça se debatendo para se ver livre
das amarras. Embora tenham um conteúdo inocente esse pedaço do fetiche é apenas
uma tendência entre tantas que o assunto aborda, porque remonta a tempos
adolescentes quando do despertar fetichista numa época distante.
Uma segunda corrente defenderia ardentemente o uso de
práticas sadomasoquista a partir da eficiência dos nós, mas isso é matéria para
outra conversa e pauta para uma discussão infinita que começa e termina no
direito de cada um de pensar e fazer o que achar conveniente.
Então, trocando seis por meia dúzia, bondage é o ato de
imobilizar uma pessoa para práticas sexuais, através de carícias, beijos, sem o
emprego de ações que possam conotar dor ou tortura, mesmo de forma consensual.
Se for light ou hard vai depender da força empregada no ato da imobilização, e
não necessariamente na utilização de práticas sadomasoquistas.
Essa releitura de bondage que virou tema no blog hoje é
apenas a expressão livre de uma opinião pessoal, jamais ousaria pensar que
tenho o dom da verdade ou a consciência absoluta do que se imagina ser o
fetiche. Aliás, creio que uma
explanação como essa busca uma discussão sadia e
aberta sobre o ponto de vista de cada praticante que naturalmente têm visão
própria sobre o que foi mencionado. Simples assim!
4 comentários:
Bem comentado amigo.
Infelizmente a palavra "bondage" é muito genéricamente usada por muita gente, o que gera essas confusões em relação a seu conceito.
Sua explanação mostra que como diz o sÁbio: Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
As "Fantasias Sexuais" são extremamente pessoais e muitas se misturam, mas serão sempre diferentes.
Em relação ao termo, é mais ou menos isso mesmo.
Brother VH
Bondage hoje está na mídia, nos livros, e normalmente tem um elemento sempre a mais, por isso, é legal explicar as sutis diferenças.
Abraço!
concordo em tudo q o VH carioca disse
Concordo com tudo que o ACM disse...rsrsrs lindooooooo!!!!!!!
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